NeoSprint | Review
Aqueles que, como eu, são da velha guarda, talvez se lembrem (ou não) do nosso amado Atari (o primeiro console popular no Brasil) e seus jogos incríveis para aquela época… Entre eles, havia um fascinante game de corrida chamado Sprint 2 (isso mesmo, 2!), que oferecia uma perspectiva aérea da corrida.
É, meus amigos e minhas amigas, em mais uma dose de nostalgia, mais uma série clássica de corrida está de volta! O novíssimo NeoSprint, publicado pela Atari e desenvolvido pela Headless Chicken, traz muitas novidades, que vamos discutir agora, em mais um review antecipado do Pizza Fria!
A série Sprint, da Atari, começou em 1976 com Sprint 2, seguida por Sprint 1, Super Sprint e Championship Sprint, estabelecendo-se como alguns dos primeiros games de corrida arcade. Inclusive, Sprint 2 teve o pioneirismo em usar a ideia de adversários “semi inteligentes”, na época em que inteligência artificial em jogos era algo que nem se sonhava em existir.
NeoSprint foi idealizado por John Kauderer, Diretor de Arte Sênior da Atari, criando um novo capítulo na história da franquia. E, seguindo a premissa dos seus antecessores, foi desenvolvido para ser um título que agrada tanto quando jogado em single player ou com a famosa divisão de tela. Particularmente, a pessoa aqui que vos escreve, enxerga o brilho máximo nesses jogos quando jogado dividindo o sofá com mais uns amigos e boas risadas. E, na versão de Xbox (que foi a resenhada), podemos dividir a tela com impressionantes sete pessoas no mesmo console! Levando à uma experiência de até oito players, offline, simultaneamente, bem à moda antiga.
Mas ’peraí’, tio… eu não lembro desse game ou dessa série em específico. Ela se parece com o que? Pois bem, meu jovem… Se você é fã de títulos de corrida isométricos como Super Off Road do SNES, R.C. Pro-Am do NES ou Rock ‘n Roll Racing, NeoSprint certamente irá agradar. Assim como esses clássicos, NeoSprint oferece uma visão isométrica que proporciona uma sensação bacana old school, em que podemos também observar a corrida como um todo, não só do nosso entorno mais próximo.
Isso traz, além da emoção, um toque de adrenalina e estratégia nas corridas. A jogabilidade e os controles lembram bastante os melhores aspectos desses games nostálgicos, mas adaptados aos controles mais robustos atuais, utilizando mais botões e funções e c mas com gráficos modernos, mesmo que mantendo um estilo meio que retrô, atualizando, por fim, a experiência.
Modos de jogo e gameplay
NeoSprint, para um título arcade, chegou até que “metendo o pé na porta” em termos de modos de jogo e variedades. Já no menu inicial, deparamos com um primeiro item do menu, chamado CORRA AGORA. Quando o acessei, imaginei que fosse ter poucas alternativas e literalmente ia “entrar no game pra correr naquela hora” . Mas qual não foi minha surpresa quando , neste modo de jogo, além de escolher se queria uma experiência multi ou single player, iria me deparar com uma série de opções, sobretudo no modo parra um jogador, incluindo Modo Campanha, Grand Prix, Corrida Livre, Pistas de Obstáculos e Contra o Relógio.
Vamos destrinchar um pouco mais dessas opções:
No modo campanha, NeoSprint conta com uma série desbravável de torneios, no melhor estilo Mario Kart da vida, em que o jogador corre geralmente em 4 circuitos com outras IAs, sempre com um terreno ou padrão de pista que distingue uma torneio de outro. Este modo conta também com pequenos diálogos cartoonezados, com os principais “rivais” daquele referido torneio, trazendo algo mais personalizado à cada competição. Assim, nas primeiras pistas corremos contra este tal rival principal os demais CPUs. Porém, na última corrida de cada torneio, competimos contra este rival específico, que nos desafia num “mano a mano” em uma pista exclusiva e, no “loading”, temos frase de efeitos desafiadoras destes personagens.
NeoSprint apresenta nove carros, divididos em categorias como Turismo, Fórmula e Protótipo, cada um com atributos e manuseio diferentes. Inspirados em tipos de carros do mundo real, os jogadores podem escolher entre carros esportivos de alta tecnologia, muscle cars clássicos e tudo mais. Cada carro tem classificações próprias para aceleração, velocidade máxima e curvas. Complete corridas no Modo Campanha para desbloquear novas opções de cores e decalques para personalizar seus veículos.
Já o modo Grand Prix nos trás corridas modulares, em que podemos meio que mixar pistas, de modo mais personalizado, digamos assim.
O Modo Corrida Livre, por sua vez, temos a opção de usar pistas criadas por nós ou pela comunidade para competir (falaremos mais tarde sobre esta questão interessante do jogo, de editor de pistas)
Nas Pistas de Obstáculos, é como se participássemos de torneios, mas ao invés de enfrentarmos adversários, nosso principal desafio são os obstáculos tradicionais, como buracos na pista, barreiras, cones, entre outros. Além disso, há o desafio contra o tempo, adicionando um elemento extra de dificuldade e emoção.
Contra o relógio, por sua vez, é auto explicativo: o famoso e já amado Time Trials “das massas” rolando pros mais desafiadores.
NeoSprint, honrando sua história, oferece uma experiência de estilo arcade simplificado, que permite a jogadores de variados níveis de habilidade competirem entre si, até mesmo em partidas de até oito jogadores. Contudo, não se pode subestimar seus desafios; o jogo apresenta diferentes níveis de dificuldade e incentiva a progressão ao desbloquear novas pistas, veículos e complementos, mantendo os jogadores competitivos engajados, sem esquecer dos jogadores casuais.
Som, imagem e criador de pistas
Embora a trilha sonora de NeoSprint tenha uma batida empolgante, remetendo aos anos 80 e 90, ela pode se tornar repetitiva após algumas horas de jogo. A música adiciona uma camada de nostalgia e energia às corridas, mas poderia se beneficiar de uma maior variedade de faixas. Senti muito isso no decorrer do game. No início, a música me empolgou, mas depois não aguentava mais o “mais do mesmo”. O som dos carros, freadas e tudo mais é bem fidedigno, mas sem ser espetacular. Mas nada mais justo do que um som “ok” para um jogo que pretende apenas entreter e não ser um simulador.
A parte visual me agradou. Conseguiu modernizar os gráficos sem perder a essência dos games antigos de corrida arcade isométricos. Em termos de efeito gráfico, mas com um foco até mais para gameplay, chama atenção: é a câmera especial que entra em ação quando os carros estão próximos da linha de chegada. Este efeito de câmera lenta, no melhor estilo “corrida de cavalo”, traz um momento de tensão e excitação adicionais, destacando os finais de corrida mais acirrados.
NeoSprint conta com uma sacada nostálgica e moderna ao mesmo tempo, um criador de pistas. Isso volta e meia é o sonho de consumo de muitas pessoas nos jogos de corrida arcade, desde os tempos mais primórdios: poder criar sua pista, sem complicações! Neste sentido, além de intuitivo, o jogo nos incentiva a além de criar, compartilhar nossas pistas na internet, como em jogos como Mode Nation, etc. O criador de pistas oferece horas de entretenimento (para quem é fã)!
Você pode projetar pistas cheias de curvas, saltos e voltas, ou tentar imitar pistas reais. Dá pra testar e, se gostar, usar nas próprias partidas single e multiplayer, com opção de compartilhar suas criações com a comunidade, e , obviamente experimentar pistas feitas por outros jogadores. Particularmente acho essa ideia de dar “Poder” a comunidade de criar fenomenal, apesar de eu particularmente não ter muito paciência para esses processos criativos, mas acho super “bola dentro” engajar a comunidade assim!
Vale a pena comprar NeoSprint?
Jogar NeoSprint foi uma viagem no tempo para mim, trazendo à tona memórias de tardes gastas com Super Off Road e R.C. Pro-Am e da própria franquia Sprint, nos sofás das casas de tias, vós, com primos e colegas. Poder jogar em um mesmo console (no caso de Xbox e Switch) com até oito pessoas, também é algo extraordinário pros tempos de hoje! A sensação de controlar carros em uma perspectiva isométrica, tentando dominar cada curva e competir divertidamente (ou não) com amigos, é algo que NeoSprint captura perfeitamente. A integração do criador de pistas e a capacidade de compartilhar e competir em pistas feitas pela comunidade adicionam uma longevidade significativa ao jogo.
NeoSprint é um excelente revival do estilo isométrico de corrida arcade, bem como uma alegria de trazer uma tradicional e nostálgica empresa do mercado, a Atari, “ de volta ao jogo”. O legal é que o game consegue combinar nostalgia com incrementos de gameplay mais modernos bem como utilizar a questão colaborativa, com o criador e compartilhador de pistas. Vale destacar que NeoSprint também conta com algumas menções e “easter eggs” dos jogos da Atari, que é melhor deixar pra você, caro leitor, conferir. O título é uma ótima opção para quem curte jogos old school e uma jogatina offline com amigos, os fãs de corridas.
O destaque do modo single player é o Modo Campanha, que coloca você contra oito rivais em quase 50 pistas únicas. Cada circuito do Modo Campanha termina com uma corrida 1 vs 1 contra o seu principal rival. Vencer desbloqueia novos troféus e recompensas, incluindo peças para o criador de pistas e decalques para os carros. Recomendo NeoSprint, especialmente se você é fã de jogos de corrida clássicos e aprecia uma jogabilidade arcade envolvente e acessível. Com uma variedade de modos de jogo, um criador de pistas robusto e uma experiência multiplayer divertida, o game oferece muitas horas de entretenimento tanto para jogar sozinho quanto para remorar as velhas rivalidades.
NeoSprint chega nesta quinta-feira, 27, para PC, via Steam, Xbox, PlayStation e Nintendo Switch, trazendo uma série de inovações e características que prometem reviver o espírito dos jogos de arcade da era dourada. O game já estava disponível no Atari VCS.
*Review elaborada em um Xbox Series S, com código fornecido pela Atari.