Project Downfall | Review
Project Downfall é um jogo de tiro em primeiro pessoa, em muito inspirado pela onda shooter e cyberpunk que passamos no momento (não aquele cyberpunk, entretanto), desenvolvido pela MGP Studios em parceria com a Solid9 Studio, e publicado pela RedDeer.Games. Nele, controlamos um vingador à lá John Wick que inicia uma cruzada contra o crime, enquanto enche a cuca de pílulas alucinógenas. Que combinação!
E aí, será que vale a pena seguir nessa doideira? É o que veremos agora, em mas uma análise afetuosa do Pizza Fria!
Que onda
Devo dizer, leitores e leitoras, que sou um grande apreciador de obras que tenham essa pegada cyberpunk. Desde que li Neuromancer, escrito por William Gibson em 1984 e tidos por muitos como o precursor do gênero, fiquei simplesmente fascinado por tudo que envolva ideias de um futuro super tecnológico, no qual a vida humana vale cada vez menos e as corporações ganham cada vez mais força.
Claro que todo aquele lance de braços cibernéticos, sandevistans e synthwave também fazem parte. São a cereja do bolo, eu diria. Mas, o comentário social é chave. De toda forma, digo isso para contextualizar nosso jogo da vez, Project Downfall, e para chamar a atenção que, muito embora ele não envolva os visuais que esperamos após acompanhar aventuras como a de V em Night City, ele ainda pode se enquadrar no gênero.
Também admito que me interessei pelas influências que, como dizem os próprios desenvolvedores, o jogo teve. John Wick, Hardcore Henry, Falling Down e, principalmente na parte da jogabilidade, Hotline Miami. Nomes de peso para se mostrar por aí, de fato. Mas, será que o título consegue honrar seus irmãos mais velhos, ou apenas fez uso das referências para ganhar uma moral? É o que veremos agora.
História
A trama do jogo nos convida a ir para Crimsom Tide, uma megacidade europeia construída para representar o melhor do que a humanidade tem a oferecer. Saúde, segurança, arquitetura e liberdade. De fato, um marco na história das civilizações. Ou deveria ser, em tese. Na verdade, o local é um poço de crime, descaso e violência, dominado de um lado por diversas gangues e sindicatos criminosos e, por outro, grandes corporações que visam apenas o lucro independente das consequências.
No meio dessa existência sublime e maravilhosa se encontra nosso protagonista, um cara (até então) normal que, um belo dia, acaba perdendo o controle. Por trás de um pacato cidadão de classe média se encontra um vingador que, portando armas de fogo e uma quantidade exagerada de oxi, sai pela noite matando o máximo de gangsters que encontra pela frente. Bom, ao menos é assim que deveria ser.
Um dos pontos altos de Project Downfall, além de sua ambientação e atmosfera, é a forma com que a trama é conduzida. Tudo que fazemos influencia o rumo que a narrativa toma, podendo levar a uma boa quantidade de finais diferentes. Se estamos ficando loucos de usar pílulas demais, se estamos matando inocentes no fogo cruzado (ou por querer), qual rota escolhemos, quais fases passamos, e por aí vai. Essa liberdade, também, convida o jogador a refazer a jornada para ver no que determinadas ações podem dar. Aprovado.
Jogabilidade
Toda missão de Project Downfall começa no apartamento do protagonista. Nele, podemos ver qual notícia nos indicará atrás de quais bandidos ir, podemos repetir fases em busca de scores maiores, jogar minigames de combate, e coisas do tipo. Além disso, podemos selecionar quais pílulas levar para a treta e selecionar o caminho que vamos tomar.
A ação de Project Downfall realmente nos faz pensar em um Hotline Miami em primeira pessoa. As fases, geralmente, são bem curtinhas. Temos um ponto inicial, um número x de inimigos e precisamos matar o máximo na maior velocidade, e com o máximo de violência, que for possível. O jogo possui multiplicadores de pontos que nos recompensa por ações como tiros na cabeça, nas “joias da coroa”, matar com bicudas, e por aí vai. Tudo muito visceral, frenético e divertido.
Contudo, nosso camarada morre fácil, e repetir as fases é uma constante. Contudo, diferente de Hotline Miami, o tempo de carregamento entre uma tentativa e outra acaba sendo maior do que devia, ao menos no Nintendo Switch. Na realidade, algumas missões são tão curtas que levamos mais tempo esperando elas começarem do que jogando de fato. Além disso, a existência de rotas paralelas faz valer a pena voltar nas missões, e isso acaba sendo um problema.
Do lado da ação, no entanto, Project Dowfall tem boas ideias. Toda missão começamos sem armas, precisando encontrar alguma para colocar a pancadaria pra rolar. Contudo, temos nossas poderosas pílulas (quatro delas), que ajudam a dar um bom gás nas coisas. Além de fazer com que o tempo fique mais lento, essas belezinhas aumentam consideravelmente a força de nosso herói.
Por exemplo, durante a duração dos efeitos das pílulas ganhamos acesso ao super kick, um chute cabuloso capaz de matar a maioria dos inimigos em uma pézada só. Além disso, podemos chutar portas e outros objetos com tanta força que eles explodem qualquer um com quem colidirem. Esses efeitos são todos sangrentos, bombásticos e legais de ver.
E imagem a cena. Vamos em câmera lenta, chutamos um cara. Pegamos a espingarda dele e vamos atirando, depois jogamos em cima de outro e o matamos pra pegar uma faca. Jogamos em um terceiro, pegamos os dois revólveres caindo e saímos cuspindo chumbo enquanto os multiplicadores sobem. O potencial para fazer jogadas dessa está lá, e elas dão uma boa carga de adrenalina.
O grande problema, infelizmente, é que Project Downfall não funciona tão bem no Switch. Mesmo com o auxílio de mira, infelizmente necessário, é complicado acertar os inimigos enquanto sambamos de um lado para o outro tentando evitar virar um queijo suíço. Isso me gerou muita frustração, admito, inclusive fazendo com que eu colocasse o jogo de lado em alguns momentos. Levando em conta que ele se faz em cima da ação, acaba sendo uma coisa meio chata.
Sons e Visuais
Project Downfall tem um estilo visual bem impactante e particular. Misturando aqueles conceitos cybernoir/punk com uma boa dose de synth, o título nos mostra muitos cenários bem feitos e legais de se ver. A cidade, dessa forma, passa a ter um papel central na construção da atmosfera e na ambientação da trama que o jogo explora.
A trilha sonora e os efeitos sonoros também são chiques. As músicas, aliás, ficaram em minha cabeça e acredito que agradarão em cheio os apreciadores desse estilo musical. Além disso, elas embalam muito bem os momentos caóticos em que os tiros estão voando e os chutões na cara estão estalando pra todo lado. Totalmente demais.
Vale a pena comprar Project Downfall?
É chegada a hora, leitores e leitoras. Será que Project Downfall vale nosso suado tempo e dinheiro? Papel moeda esse que foi ganho com nosso duro trabalho para as corpos ? Bom, vamos fazer um apanhadão do que falamos até o momento para tentar chegar a um consenso sobre essa pergunta de milhões de créditos. E aí, será que o jogo vale a pena?
Bom, Project Downfall entrega um universo cyberpunk/noir muito legal, com visuais bem feitos e com cores e efeitos legais de se ver. A trilha sonora, também, ajuda na construção dessa atmosfera. Temos uma trama interessante, com diversos finais, acompanhadas de uma jogabilidade variada, bombástica e difícil. Entretanto, os controles não ajudam. Pelo contrário, acabam nos frustrando a toa. Junto disso, temos tempos de carregamento mais longos do que o devido para um título com essa proposta.
Mas, no fim das contas, Project Downfall ainda diverte bastante. Principalmente por poder ser jogado em pedaços pequenos, sem perda de performance significativa, no modo portátil. Embora ocasionalmente frustrante, a ação agrada e possui poder o suficiente para carregar boa parte da experiência. A trama e ambientação entram como um extra muito bem vindo, fechando o pacote.
Project Downfall será lançado para Nintendo Switch, Xbox One e Xbox Series X|S no dia 2 de fevereiro. O game já está disponível para PC, via Steam, desde dezembro de 2022.
*Review elaborada em um Nintendo Switch, com código fornecido pela RedDeer.Games.