Remnant II | Review

Remnant II é um jogo de ação, com mecânicas de RPG, desenvolvido pela Gunfire Games e publicado pela Gearbox Publishing. O título chega como continuação de Remnant: From the Ashes, lançado em 2019. A continuação nos coloca em conflito direto com os velhos monstros de sempre, agora acompanhados de novas ameaças, enquanto pulamos de mundo em mundo buscando por uma forma de destruir a ameaça de uma vez por outra. Agora para valer, ao menos.

E aí, será que vale a pena investir nosso curto dinheirinho nessa empreitada? É o que veremos agora, em mais uma análise antecipada do Pizza Fria!

A raiz do problema

A natureza é realmente algo maravilhoso, leitores. Seja a compreensão da relação da proporção áurea com as conchas de caracóis, seja o belo florescer de uma árvore de ipê no outono, é inegável que a boa e velha mãe terra nos agracia com abundância e estilo. Bom, pelo menos na maioria das vezes. Do lado menos agradável do que acabei de falar temos pequenos terrores como mosquitos, pernilongos e, dada minha experiência recente, cristais.

Recentemente encontrei um pequeno cristal alaranjado brilhante que me chamou a atenção. Mal sabia eu que, ao pegá-lo, seria transportado para uma dimensão bizarra, completamente fora da realidade e tomada por um sem fim de raízes maléficas que, de alguma forma, podiam tomar forma de pessoas e me atirar com armas laser. Esse lugar idílico, amores, era o mundo de Remnant II.

Remnant II, não é? Como o tempo passa. Me lembro de pensar, uns quatro anos atrás, que o primeiro título poderia ser o começo de algo grandioso, capaz de sair da sombra de outros soulslike/roguelike. Tanto o universo da obra quanto sua proposta de ser mais focado no bom e velho chumbo grosso em terceira pessoa era bem interessante, e pouco explorada (até onde sei) até então. E será que conseguiram dar esse avanço com o segundo capítulo da franquia? Bom, vejamos.

Remnant II
A fauna é mágica e amigável. (Imagem: Divulgação)

A história de Remnant II se passa uns bons anos após o final do primeiro título, mostrando um mundo que continua lutando contra a invasão de um mal lovecraftiano que, dia após dia, segue espalhando suas raízes por todos os lugares. Nossa aventura começa enquanto nosso herói ou heroína, junto de sua amiga Cass, procura por uma comunidade chamada Setor 13. Os boatos são que lá é um local de relativa tranquilidade e bonança, tudo o que precisam no momento.

E eles o encontram, de fato, após serem salvos da morte certa por dois moradores do lugar. No setor 13, nosso herói é apresentado ao fundador Ford, retornando do primeiro jogo, o responsável por manter tudo ali funcionando e operando. O bom velhinho solicita que o ajudemos a visitar uma pedra do mundo, localizada no Setor 13, para vermos uma coisa. Nada suspeito, não é mesmo? Certamente!

O resultado desse pequeno passeio é sermos lançados em um mundo alienígena estranho, nos perdendo de Ford e de uma de nossas aliadas chamada Clementine. Daí em diante, a trama acompanha nossos esforços para, inicialmente, encontrar a moça e, depois, utilizar a ajuda de uma entidade extraterrestre para descobrir, esperamos, uma solução para o problema da Raiz que ameaça toda existência em diversos planetas. Ah, e sem nos esquecer de encontrar o velho fundador do Setor 13, claro. Que trampo, não é mesmo?

Remnant II conta com uma série de personagens, alguns mais interessantes que os outros, que ajudam a trazer vida ao mundo e expor os conflitos e dramas daqueles que o habitam de uma forma mais agradável e direta. Ainda que esse aspecto não seja o mais essencial para um jogo com essa proposta, me senti adequadamente envolvido no conflito e interessado em descobrir onde essa treta ia dar.

Remnant II
Conheceremos todo tipo de gente. (Imagem: Divulgação)

A jogabilidade de Remnant II gira em torno da exploração dos diversos mapas, ou biomas, enquanto enfrentamos uma oposição ferrenha da Raiz e utilizamos todo nosso arsenal de habilidades e poderio bélico. Além disso, fortalecer nossas classes e construir/aprimorar equipamentos cada vez mais fortes é um pilar essencial para uma aventura bem-sucedida. Falemos sobre cada um deles.

Para começar, a exploração. O título utiliza uma ideia muito conhecida dos gêneros rogue, a boa e velha aleatoriedade. Temos uma série de biomas, cada qual com seu tema e padrão visual, que são criados randomicamente cada vez que começamos uma campanha ou aventura. A primeira trata das missões principais que devemos seguir para terminar a história do jogo, e a segunda lida com uma exploração livre de cada mapa para encontrar tesouros e realizar missões específicas, ou enfrentar inimigos e chefes.

Um ponto interessante é que podemos reiniciar a campanha a qualquer momento, gerando novas configurações de biomas que trazem outros desafios, espólios e chefes. As armas que encontraremos, chefes que enfrentaremos e habilidades que receberemos variam em cada run, trazendo um frescor que facilita a manutenção da sensação de novidade e dando motivos para revisitar cada lugar. Ponto para o fator rejogabilidade, de fato.

Amarrando nessa parte, devo dizer que Remnant II foi bem sucedido na aplicação dos conceitos de roguelike. Reiniciei a campanha algumas vezes para ver no que dava, e consegui deixar meu herói bem mais forte, seja tomando decisões diferentes em eventos obrigatórios ou derrotando chefes que não haviam aparecido na primeira vez que passei pelo cenário.

Remnant II
Será que encontraremos esse chefe? Quem sabe? (Imagem: Divulgação)

O segundo pilar de Remnant II é sua jogabilidade, que segue o velho estilo de tiro em terceira pessoa com a introdução de elementos de RPG e um sistema de classes. A parada funciona mais ou menos assim: quando começamos o jogo, fazemos uma escolha de qual arquétipo (ou classe) queremos ser. Temos uma classe de tank, uma classe médica, uma focada em dano de alcance, outra de curta distância e uma focada em utilidade que ganha um belo cachorrinho como companheiro. E ainda podemos fazer carinho nele! Escolhida a classe principal, podemos pegar uma secundária para aproveitar algumas habilidades extras e flexibilizar nossa build.

Cada classe contém uma habilidade primária, exclusiva dela, que serve tanto para dar dano quanto para aguentá-lo ou curá-lo. Eu cá gosto muito desses sistemas, e acredito que tornem a experiência mais diversa e agradável. Além disso, o jogo possui um foco em cooperação que incentiva pensarmos em qual papel nossa classe poderia tomar em um time de até quatro outras lindas pessoas, e como poderíamos enfrentar os perigos da jornada junto deles.

Uma das coisas que me agradou em Remnant II foram as armas, sejam elas de curto ou longo alcance. Temos aquelas mais chatas como rifles, pistolas e escopetas, mas também podemos utilizar algumas outras infinitamente mais interessantes que soltam raios (funcionando como um chain lightining dos shamans de Wolrd of Warcraft), pequenas nanomaquinas que devoram inimigos, ácido e até flechas!

Construir esse armamento variado se torna possível através da coleta de recursos provenientes de inimigos comuns do mapa, que fornecem a boa e velha sucata tão amada por jogos do estilo, e de alguns exclusivos de chefes. Visto que nem todo chefão aparece em cada tentativa, isso acaba se tornando um bom incentivo para reiniciarmos as campanhas e darmos uma rodada pelos mapas. Em suma, achei essas mecânicas competentes e bem feitas.

Remnant II
Enfrentar a Raiz em equipe é o que há. (Imagem: Divulgação)

Remnant II controla como um título de tiro em terceira pessoa, então espere mirar e rolar para todo o lado. Uma virada na mecânica é que possuímos uma barra de vigor, que gastamos sempre que corremos ou rolamos como um Sonic enlouquecido. Isso adiciona mais uma camada de dificuldade, visto que correr e desviar feito louco só nos deixará cansados a toa, podendo nos deixar na mão na hora que precisarmos realmente sair da frente de algo.

Fora isso, temos pedras do mundo que permitem renascer após morrermos, ou descansar para recuperarmos vida e poções de cura, mediante a volta de todos os inimigos normais do cenário. O jogo funciona muito bem no geral, e só senti falta de poder esconder de maneira mais simples, sem necessitar agachar toda hora. Levando em conta que enfrentamos muitos atiradores, seria legal essa facilidade.

Minha reclamação final é que alguns chefes acabam sendo mais enjoados do que desafiadores. Não me entendam errado, a maioria é bem criativa e divertida de enfrentar, sendo difícil e desafiador na medida certa. Contudo, alguns deles são tão chatos e com mecânicas tão punitivas e aleatórias que torna o confronto mais um martírio do que uma alegria.

Remnant II
Sai pra lá com isso, cara. (Imagem: Divulgação)

Sons e Visuais

Remnant II conta com visuais variados, em muito devido aos diferentes biomas, que ajudam a experiência a ser menos enfadonha. Além disso, a diversidade de cenários permite que haja variedade nos inimigos, dando tanto opções na parte estética quanto na mecânica da coisa. Salvo umas texturas falhando em carregar aqui e acolá, e o excesso de tons escuros, o jogo agradou.

A trilha sonora também é boa, com vozes competentes, músicas que casam bem com o universo e barulhos de tiros e combates que ajudam a criar uma ideia de impacto e atmosfera. E, além de tudo isso, temos legendas em português. Isso sempre deve ser louvado.

Remnant II
Os cenários são bem atmosféricos. (Imagem: Divulgação)

Vale a pena comprar Remnant II?

É tempo, leitores e leitoras. Será que Remnant II valerá nosso tempo curto e dinheiro, infelizmente, mais curto ainda? Bem, vamos recapitular e tentar encontrar a resposta para esse dilema das eras. Começando pelo positivo, temos um título que mistura bem alguns elementos rogue com um ciclo de jogo divertido e profundo em igual medida, ajudado pelo sistema de classes e características que favorece a exploração e reinicio da campanha regularmente. Além disso, o cooperativo é uma boa adição.

Como negativo maior eu colocaria apenas alguns chefes enjoados e chatos, que geram frustração desnecessária e acabaram por me fazer terminar certas sessões de jogatina antes do devido. Problemas técnicos como texturas que não carregam ou personagens que andam pelas paredes ocorrem, mas não encontrei falhas que impedissem o progresso.

Ao fim e ao cabo, caros e caras, curti meu tempo com Remnant II e acredito que seja um sucessor de respeito ao título original, expandindo onde era possível e mantendo o padrão de qualidade proposto no começo. A jogabilidade agradável somada ao fator rejogabilidade carrega boa parte da experiência nas costas, e compensa com folga qualquer ponto que ele venha a falhar. Por isso, posso recomendar tranquilamente.

Remnant II será lançado no dia 25 de julho para Xbox Series X|S, PlayStation 5 e PC, via Steam e Epic Games Store.

*Review elaborada em um PC equipado com uma GeForce GTX, com código fornecido pela Gearbox Publishing.

Remnant II

+ R$ 184,95
8.6

História

8.0/10

Jogabilidade

9.0/10

Sons e Visuais

8.0/10

Extras

9.5/10

Prós

  • Variação de chefes, inimigos e atributos para liberar incentiva jogar a campanha várias vezes
  • Sistema de classes bem feito e divertido de explorar
  • Alguns chefes são bem criativos
  • Modo cooperativo enriquece a experiência
  • Muitas opções de armas e equipamentos

Contras

  • Ainda que criativos, alguns chefes são bem enjoados
  • Problema de carregamento de algumas texturas
  • Poderia ter um sistema de entrar em cobertura

Matheus Jenevain

Redator de idade não especificada e habilidade excepcional (segundo o próprio, acredite se quiser). Curte Metroidvanias, RPGs e jogos de luta. Reza toda noite, intensamente, para receber um remake de God Hand. Nunca foi atendido.