Road 96: Mile 0 | Review
Road 96 foi um dos jogos marcantes de 2021, após ter sido lançado para PC e Nintendo Switch. Com uma jogabilidade roguelite, que traçava rumos diferentes para jogadores que viajavam por Pétria, dentro de uma linha pré-determinada de histórias, o título alcançou uma parcela interessante de jogadores com uma narrativa política intrigante, personagens interessantes e reviravoltas. Agora conhecemos Road 96: Mile 0, uma prequela que visa contar parte da história que colocaram alguns dos personagens do game na estrada.
No papel de Zoe, uma das principais personagens do jogo original, e de Kaito, um personagem inédito na franquia, mas originário de Lost in Harmony, game lançado pela DigiArt em 2018, exploramos a relação entre os dois adolescentes que se tornaram, de uma forma improvável, melhores amigos, mas que possuem vidas bem diferentes. Os detalhes desse título eu te conto agora, em mais uma review antecipada do Pizza Fria!
Conhecendo os protagonistas
Road 96: Mile 0 é um jogo narrativo, com foco em escolhas, que funciona de forma similar à franquia Life is Strange. No game, vivemos parte da história de amizade entre Zoe e Kaito, moradores de Pétria. Enquanto Zoe é uma adolescente que vive com no luxo, afinal, é filha do Ministro do Petróleo, Kaito é um rapaz que precisa se virar, assim como seus pais, e vive em uma situação precária. O jogo aborda parte dessas nuances e da relação entre os dois amigos, que se influenciam mutuamente para um caminho a seguir.
Isso porque, tanto quando controlamos Zoe, quando como estamos com Kaito, há uma barra no canto superior esquerdo, que anda para a esquerda ou para a direita de acordo com as respostas que os jogadores definem. É a partir dela que boa parte da história vai se desenhar. Road 96: Mile 0, assim como o primeiro jogo, conta com um sistema de escolhas, em que cada decisão que tomamos influenciará não só a barra que citei, como também o tom da conversa em si, bem como o fim da narrativa.
No entanto, ao contrário do primeiro jogo, em que tínhamos um sistema de progressão aleatório, onde cada partida era diferente, Road 96: Mile 0 é mais linear. Isso significa que boa parte das decisões que o jogador tomar não vão afetar o desenrolar do jogo, mas sim, como ele termina. Isso porque em quase todas as decisões “chaves”, as que influenciam na história, são liberadas durante todo o gameplay, podendo escolher para um lado, ou outro. Apenas no final que as escolhas opostas ficam travadas, isso se você foi muito mais para um lado do que para o outro.
O sistema narrativo de Road 96: Mile 0 me lembrou muito mais Life is Strange do que os da sua própria franquia. Ao abrir mão do sistema randômico que vimos no jogo inaugural da franquia, apostando em uma história mais linear, o gane acabou perdendo uma das suas principais características, embora eu entenda que, de um ponto de vista para se contar uma história como a que foi apresentada, faz mais sentido ter uma narrativa canônica, divergindo bem pouco, de acordo com o que o jogador define.
Um gameplay mais solto
Uma dos grandes pontos positivos de Road 96: Mile 0 é que o jogo não é “apenas” narrativo. Isso porque o game conta com dez trechos musicais específicos, que o game chama de “Volta” em que basicamente é versão um pouco mais aprimorada de Subway Surfers, um clássico mobile. Nosso objetivo é terminar cada uma das dez corridas que o jogo oferece, que acabam marcando os Atos do jogo, coletando o máximo de pontos possíveis, desviando de obstáculos, e cumprindo missões de Quick Time Events, que consiste em apertar botões na hora certa, seja para ganhar pontos extras, seja para avançar na própria Volta. Falhar não é um problema, pois o jogo sempre volta ao ponto mais próximo.
Essa é a principal e mais impactante mudança que os jogadores vão ver, em comparação com o primeiro Road 96. A essência de escolhas e exploração segue a mesma: em uma perspectiva em primeira pessoa, em que o protagonista da vez é apenas a câmera, sem pés, mãos ou voz, nós andamos pelo mapa, encontramos outros personagens, pegamos colecionáveis, escolhemos uma ação, que terá uma reação, e assim o game evoluí. Há também alguns minigames divertidos espalhados ao longo do gameplay, como um para pichar, outro para jogar games retrôs da década de 1990, um para coletar itens no quarto e afins. Mudanças que acrescentam uma sobrevida.
O grande problema de Road 96: Mile 0, no entanto, é a sua duração. O jogo se divide em uma introdução, dois atos e uma conclusão. No fim, é um jogo que pode ser completado em cerca de quatro horas, ou menos até, dependendo do estilo do jogador. Por mais que as voltas ofereçam um desafio maior no gameplay, completá-las com uma pontuação específica não é obrigatório para avançar. Na verdade, é até possível pular trechos das voltas que você encontrou dificuldades, caso queira.
Graficamente competente
Road 96: Mile 0 segue o mesmo estilo gráfico de Road 96. Os traços e personagens caricatos seguem os mesmos, e o grande destaque, sem dúvida nenhuma, fica por conta das Voltas, que são inspiradas em Lost in Harmony, o jogo anterior da DigiArt. Elas são variadas e, apesar de serem apenas dez, contam com características únicas, que oferecem uma certa diversidade, tanto gráfica, como em termos de gameplay.
Jogando em um PlayStation 5, o jogo se comportou muito bem no console, mantendo 60 FPS estáveis em boa parte da jogatina. Me chamou atenção é que os loadings não parecem otimizados e são um pouco demorados para o padrão que o PS5 estabeleceu. Depois da preview em um SSD SATA III, eu esperava um desempenho bem melhor nos consoles next-gen.
Vale a pena comprar Road 96: Mile 0?
Road 96: Mile 0 é quase que uma DLC standalone de Road 96, seja pela curta duração da narrativa, ou pelos elementos centrais de gameplay e gráficos, que são bem semelhantes ao que a franquia apresentou. Ele traz uma novidade bem interessante, as Voltas, mas pode não ser o suficiente para atrais novos jogadores. Logo, é um título indicado em especial para quem jogou, e curtiu, o primeiro game, ou está interessado em conhecer a história de Pétria.
Road 96: Mile 0 chega nesta terça-feira, 4 de abril para PlayStation 4, PlayStation 5, Xbox One, Xbox Series X|S, PC, via Steam e Epic Games Store, e Nintendo Switch. O game conta com textos em português do Brasil.
*Review elaborada em um PlayStation 5, com código oferecido pela PLAION.