Shakes on a Plane | Review
Shakes on a Plane busca o mesmo sucesso de títulos cooperativos e rápidos para se jogar no sofá da sala e com mais três pessoas, como Overcooked e tantos outros. Desenvolvido pela Huu Games e lançado 15 de dezembro de 2020 pela Assemple Entertainment, Shakes on a Plane chegou ao Nintendo Switch e ao Steam com uma proposta simples: ser o comissário de bordo durante um voo caótico e tentar servir os passageiros, levando os pedidos e recolhendo o lixo.
Para um gênero tão de moda quanto o party game ou também couch co-op (traduzidos do inglês, respectivamente, como “jogo de festa” e “cooperativo de sofá”), descubra o que Shakes on a Plane tenta apresentar para conquistar sua atenção e se vale a pena jogá-lo!
Há alguns anos, Overcooked redefiniu todo um gênero e os jogos cooperativos para quatro pessoas na mesma sala nunca mais seriam os mesmos. A premissa era simples: trabalhar em equipe para atender os pedidos que chegavam a uma cozinha incomum; tudo isso com o uso da alavanca e de, no máximo, dois botões. O contexto definia a tarefa a ser executada, como, por exemplo, parar em frente a tábua com facas para picar um legume. Aperte um botão e faça uma tarefa; aperte o mesmo botão e faça outra tarefa. Simples, funcional e, acima de tudo, divertido.
Apertem os cintos, os desenvolvedores sumiram!
Shakes on a Plane foi desenvolvido pelo pequeníssimo time de três pessoas da Huu Games. Vale a pena destacar essa informação porque isso reflete a qualidade final: um total três pessoas fizeram Shakes on a Plane. Vou até apresentá-los: Teemu Vilén é o líder do time e responsável pelo design e pela programação; Henna Leppänen, artista responsável pelas texturas, pelas animações e pelos modelos 3D; e Janne Riikilä, responsável pela interface, artes de divulgação e também pelo design.
Não me entenda errado: jogos incríveis foram feitos por poucas ou por uma única pessoa, como Hollow Knight e Stardew Valley. A grande questão é saber comprar suas batalhas e, neste caso, talvez a equipe tenha sido ambiciosa demais.
… E a tripulação não dá conta de tudo!
Shakes on a Plane só tem um modo de jogo, a campanha. Talvez seja pela limitação de mão de obra. Outras pessoas são creditadas nos agradecimentos pelos testes, mas há diversos problemas por todo o jogo, que fica difícil deixar passar.
Quando vi o trailer de Shakes on a Plane, logo pensei que poderia ser um clone bacana de Overcooked e tantos outros, mas numa proposta e numa ambientação diferentes. Queria saber como viria. O humor trash e incomum poderia ajudar, mas…
Ao ligar o Shakes on a Plane, a primeira ofensa são os comandos e a navegação dos menus. É difícil saber qual opção está selecionada, tudo sobre uma paleta de cores com pouquíssimo contraste. A maior dificuldade foi ao tentar começar a partida: o letreiro de “Pronto?” tem uma legibilidade péssima e não parece de forma alguma conectado com o botão correspondente.
Outra pequena dor de cabeça foi escolher a primeira localidade. No total, são 27 aeroportos (fases) pelo globo. Só que, durante o primeiro acesso, não só o cursor estava fora de posição, como é preciso marcar qual aeroporto está disponível. Isso com todos visíveis.
A qualidade final reflete a enxuta equipe de desenvolvedores. Shakes on a Plane tem mais mérito pelo esforço de se tornar realidade do que como jogo.
Jogabilidade
Além de atender os pedidos dos passageiros, levando comidas como hamburgueres, milkshakes, café ou água, durante os voos ocorrerão turbulências, cobras (sim!) e carrinhos malvados. Não fosse o bastante, os passageiros serão mal-educados e se levantam frequentemente só para atrapalhar a sua rota de afazeres.
As primeiras fases são relativamente simples e ensinam os conceitos (já básicos) de Shakes on a Plane. Ao começar, escolham entre quatro personagens e toda a campanha pode ser jogada por quatro pessoas ou menos. Caso jogue sozinho (algo que não recomendo), dois personagens estarão na tela, assim como em Overcooked. Os botões L e R servirão para alternar entre eles e isto significa que um personagem pode executar uma tarefa (esperando a máquina de café, por exemplo) enquanto o segundo é direcionado para outra coisa (como recolher o lixo de um passageiro).
Cada personagem tem uma habilidade especial (teletransporte, arremessar os objetos ou virar uma caixa para não sofrer golpes). Estas habilidades raramente serão usadas, principalmente quando usamos a corrida (dash) para sermos mais rápidos e atravessar o cenário.
É no interior dos aviões onde acontece toda a ação e a organização deste espaço muda a cada voo. Alguns têm as máquinas de bebidas à frente e comidas ao fundo, outros têm a cozinha condensada no meio e assentos de passageiros aos lados.
Aos poucos, novas formas de levar os respectivos pedidos são apresentadas, como combinar diversos pratos em uma bandeja para servir, assim como para recolher lixo. Fase a fase (ou aeroporto a aeroporto), a dificuldade varia de forma desequilibrada. Tudo progride bem até chegarmos pelo quarto ou quinto voo, quando o pico de dificuldade surta e, sozinho, foi impossível passar.
Shakes on a Plane ainda tem algumas surpresas: fases que exigem entregar a bagagem com o número certo para o passageiro correspondente e colocá-lo em uma plataforma para ejetá-lo da aeronave.
As ideias são legais, mas claramente falta refino na execução. Não quero bancar que a culpa é pelo fato do time ser pequeno (pois citei exemplo de pequenos times com trabalhos que são favoritos meus e aclamados)… Só que falta capricho, falta um tipo de polimento que se dá depois de colocar o produto a teste e de revisar o trabalho.
Shakes on a Plane, assim como tantos outros jogos recentes, segue a fórmula de Overcooked: em uma fase com tempo determinado, você e seus amigos precisam entregar pedidos e evitar obstáculos para pontuar até com três estrelas.
Dificuldade, progresso e pontuação
Ao contrário de outros jogos do estilo, contudo, Shakes on a Plane não oferece opções para saltar níveis e preencher a estrela é crucial para avançar. Não existe a velha “colher de chá”, mesmo em se tratando de um jogo família ou casual.
Atropelar passageiros nos corredores não parecem afetar a pontuação final, que é – assim como a dificuldade – um pouco esquisita. Aliás, o jogo não indica bem como a pontuação funciona – ainda imagino que se trate de entregar o máximo de pedidos sem falhar.
Tal qual em Overcooked, não há uma dificuldade para se selecionar, mas você e seus amigos devem conquistar até três estrelas por mapa. Ou seja, leve os pedidos, gerencie bem o tempo, recolha o lixo e mantenha um fluxo bacana para poder seguir adiante.
Voltando ao tópico da interface bem rústica, não há opção de reiniciar uma fase ao apertar a pausa – ou seja… é necessário esperar o tempo acabar, ver a animação de saída dos passageiros e tentar outra vez.
Os desafios impostos soam interessantes, porém já citei a provável falta de testes para dar equilíbrio a Shakes on a Plane. O pico de dificuldade está atrelado em boa parte ao fato que fases mais avançadas só jogam mais e mais destes desafios (sem nenhum critério) sobre os jogadores.
A dificuldade é inconstante durante a campanha de Shakes on a Plane – você pode passar por uma fase muito fácil e penar na seguinte. Definitivamente não se deve jogar sozinho.
Minha recomendação (antes mesmo de dizer se vale a pena) é que Shakes on a Plane deve ser considerado para ambientes com múltiplos jogadores, nunca para um único jogador. Em todo caso, os jogadores terão um único modo de jogo, a campanha.
Modo de jogo: apenas campanha
Já em seu nome, Shakes on a Plane apresenta o estilo de humor de seus desenvolvedores. A referência é ao filme de Serpentes a Bordo (2006, Snakes on a Plane em inglês) e, como efeito, temos alguns personagens como uma boneca inflável com defeito e uma pessoa morta ao estilo de Mortícia Addams, além cenas típicas de comédia pastelão.
Mas vamos lá, você joga como um comissário de bordo controlados por alienígenas. A história é que, numa espécie de Master Chef intergaláctico, uma raça passa a dominar o reality e uma aliança alienígena resolve invadir a Terra por nossas comidas, como pizzas e milkshakes. Enfim…
É inegável que Shakes on a Plane fica mais divertido em grupo e, mesmo com as tosquices, é possível encontrar diversão na bagunça. Aliás, as tosquices serão as responsáveis pelas risadas muitas vezes. No total, serão 27 voos até concluir a campanha. Contudo, sempre se supõe a existência de margem para buscar três estrelas ou melhorar a pontuação.
Uma vez mais voltando ao tópico da interface, não dá para entender por que entre cada voo é necessário escolher a quantidade de jogadores e os respectivos personagens novamente. Esse é um dos detalhes que tornam a experiência mais arrastada e maçante de maneira desnecessária.
Pelo menos, todos os jogadores de Steam podem jogar a distância com o recurso Remote Play Together.
Visuais e som
Shakes on a Plane foi feito por três pessoas, já sabemos disso! Mas o curioso é que nenhuma delas (até onde vi) compôs algum efeito sonoro. Tudo foi buscado em bibliotecas com direitos autorais livres para uso. É difícil mensurar a capacidade do time num aspecto destes, mas não resta muito para dizer a não ser que os efeitos sonoros e os temas são genéricos e fora de lugar.
Por outro lado, os visuais apresentam uma cara própria dos artistas. As caixas de colisão não são as mais perfeitas, no entanto o estilo me lembra como se estivéssemos jogando Os Jetsons em 3D. As inconsistências iconográficas e escolhas tipográficas são tema para a interface, mas os visuais são suficientemente charmosos para chamar a atenção e deixar o desejo de que o jogo fosse mais consistente.
Por falar uma última vez da interface… Acho que não via uma interface tão estranha desde os tempos de Nintendo 64… Talvez esteja jogando poucos indies… Deixo a minha pequena lista de reclamações neste parágrafo: dificuldade de leitura no menu inicial e submenus por causa das cores e contrastes; disposição pouco intuitiva da escolha de personagens e repetitiva confirmação de jogadores; tipografia estranha e misturada torna difícil a legibilidade da informação; é impossível reiniciar uma fase ao apertar a pausa, obrigando a espera pelo término; sistema de pontuação confuso e pouco claro.
As interfaces precárias contrastam com os gráficos interessantes e com certa personalidade que parecem teletransportar os jogadores para uma versão de Os Jetsons, mas em 3D.
Vale a pena jogar Shakes on a Plane?
A eterna pergunta, complicada de ser respondida… Vejo em Shakes on a Plane um esforço de um pequeno time em tentar publicar um jogo, só que o jogo saiu antes do tempo e talvez sem todo o amparo que precisava. Há potencial no conceito e vou sempre experimentar jogos cooperativos para curtir na mesma TV – acho que faltam jogos assim, principalmente jogos deste gênero com qualidade. As risadas virão naturalmente e, neste caso, fiquei querendo ver um produto mais polido.
A compra de Shakes on a Plane para você pode ter como delimitador o preço ou a falta de opções. Caso tenha um orçamento reduzido, Shakes on a Plane é uma das alternativas mais baratas, pois custa menos que a maioria de seus concorrentes diretos (Overcooked, Overcooked! 2 e Moving Out). Particularmente, pelo preço na Steam, recomendaria a compra apenas se você já tiver virado o Pacote Cooperativo da Team 17 do avesso.
No Switch, a decisão também é complicada: o jogo não está na Loja Nintendo brasileira e, se estiver procurando um jogo para co-op local, Moving Out e Overcooked! 2 ainda são preferíveis, mas menos acessíveis e nem tão baratos assim.
Mais sobre Shakes on a Plane
Lançamento: 15 de dezembro de 2020 | Preço: US$ 19,99 (Nintendo eShop), R$ 28,99 (Steam) |
Cooperativo até 4 jogadores | Tamanho: 804 MB (Nintendo Switch), 4 GB (PC) |
Textos e menus traduzidos ao português do Brasil | Livre |
É possível adquirir Shakes on a Plane nas seguintes plataformas:
Especificações para computadores
Mínimo | Recomendado | |
Sistema Operacional | Windows 7 | Windows 7 ou superior |
Placa de vídeo | GeForce GTX 630 | GeForce GTX 650 |
Processador | Intel i3-2100 | Intel i5-6500 |
Memória RAM | 4 GB | 8 GB |
Espaço em disco | 4 GB | 4 GB |
*Review elaborada em um Nintendo Switch, com código fornecido pela Assemble Interactive.