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Sonokuni | Review

Sonokuni é um jogo de ação 2D em que os jogadores assumem o papel de Takeru, enfrentando uma série de inimigos em cenários surrealistas. Fortemente inspirado em Hotline Miami, o jogo desafia os jogadores com uma protagonista que possui um número limitado de golpes para lidar com adversários variados. Além disso, a jogabilidade exige estratégia, pois qualquer golpe inimigo é fatal.

O título foi desenvolvido pela DON YASA CREW, um grupo de artistas de uma banda japonesa de hip hop que decidiu se aventurar no desenvolvimento de jogos pela primeira vez. Com uma proposta intrigante, jogabilidade desafiadora e uma trilha sonora empolgante, Sonokuni promete uma experiência única. Mas será que ele realmente entrega uma aventura divertida? Confira agora nesta review antecipada do Pizza Fria.

Fortes inspirações japonesas e surrealismo em uma história que poderia ser mais

Em Sonokuni, os jogadores acompanham Takeru, uma guerreira determinada a resistir ao avanço da neotecnologia e preservar a cultura de sua tribo. A narrativa se desenrola através de diálogos entre as fases, permitindo interações com NPCs que oferecem mais informações sobre esse povoado. No entanto, apesar da premissa interessante, a história se mantém superficial, falhando em desenvolver personagens cativantes, incluindo a própria protagonista. Há momentos em que o título acerta, especialmente ao explorar as motivações de Takeru, levantando questões morais em certos diálogos. No entanto, essas reflexões nunca se aprofundam o suficiente para causar um impacto.

Sonokuni
A narrativa de Sonokuni é simples, mas alcança seu proposito de dar contexto para as ações da protagonista. (Imagem: Divulgação)

A influência da mitologia japonesa é evidente, principalmente nos segmentos mais abstratos e oníricos de Sonokuni. O game frequentemente insere elementos visuais surreais e apresenta a protagonista imersa em seus pensamentos, o que adiciona uma camada de mistério à narrativa. Curiosamente, essa abordagem visual acaba contando a história do mundo de forma mais envolvente do que os próprios diálogos. No fim, a trama serve mais como um pano de fundo para aquilo que realmente brilha no jogo: a jogabilidade.

Uma jogabilidade desafiadora e tática

O grande destaque de Sonokuni é sua jogabilidade. O game adota uma perspectiva top-down, alternando para um estilo 2D em momentos narrativos e nas interações com NPCs. Durante o combate, os jogadores podem correr, atacar com a espada, criar um escudo que desvia projéteis e até realizar contra-ataques contra investidas inimigas. Além disso, há a habilidade de desacelerar o tempo, embora com uma duração limitada, o que incentiva o uso estratégico desse recurso para maximizar sua eficácia.

O loop de gameplay segue uma estrutura bem definida: ao entrar em um cenário, os jogadores exploram diversas salas repletas de inimigos, precisando determinar a melhor abordagem para eliminá-los. Um detalhe crucial é que qualquer golpe recebido é fatal, forçando a protagonista a reiniciar a partir da porta daquela sala. Esse sistema difere de Hotline Miami, onde a morte leva ao reinício da fase inteira.

Sonokuni
Cada fase adiciona uma nova camada de desafio para os jogadores, tornando a ação sempre frenética. (Imagem: Divulgação)

O que realmente impressiona em Sonokuni é a variedade de inimigos. Cada fase introduz novos adversários e combinações inéditas, exigindo constante adaptação por parte do jogador. Por exemplo, em uma determinada sala, podemos enfrentar arqueiros que disparam flechas após um curto tempo de preparação, guerreiros com espadas que lançam rajadas vermelhas e inimigos que correm em direção à protagonista com ataques de ácido.

Cada um demanda uma estratégia diferente: o arqueiro força a protagonista a atacar em um momento específico antes de disparar, o inimigo ácido exige esquiva imediata e o espadachim pode ser derrotado ao rebater seu próprio ataque com um contra-golpe. Essa dinâmica reforça o caráter tático do jogo, forçando o jogador a definir a melhor ordem para enfrentar cada ameaça.

Outro ponto que se destaca é o design das fases, que se torna cada vez mais complexo conforme o jogo avança. No início, as salas são relativamente simples, o que pode gerar a impressão de que o level design será pouco desafiador. No entanto, essa impressão logo se desfaz conforme as fases se transformam em verdadeiros labirintos, exigindo planejamento não apenas para derrotar inimigos, mas também para escolher os melhores trajetos a seguir.

As batalhas contra chefes são boas, mas algumas não funcionam como deveriam

Sonokuni acerta em cheio nas batalhas contra chefes, que colocam o jogador frente a frente com criaturas poderosas em arenas. Esses confrontos exigem a aplicação de todo o conhecimento tático adquirido ao longo do jogo, tornando cada luta um desafio único. Além disso, o game incorpora elementos de bullet hell, com alguns chefes disparando orbes de energia que precisam ser esquivadas ou rebatidas no momento correto.

Sonokuni
As batalhas contra chefes empolgam, embora algumas tenham problemas no hit box. (Imagem: Divulgação)

Um dos chefes, por exemplo, realiza ataques elétricos em sequência, exigindo que o jogador domine o tempo exato para contra-atacar e desviar dos golpes. No entanto, é nesse ponto que Sonokuni apresenta alguns problemas. Em certas lutas, os comandos nem sempre respondem de forma precisa, o que pode gerar frustração. Em uma ocasião específica, precisei executar um contra-ataque e rapidamente me mover para o outro lado da arena para evitar um ataque inimigo. No entanto, mesmo estando visivelmente fora do alcance, o jogo ainda registrou o golpe, forçando-me a reiniciar todo o confronto. Esse problema se repetiu em algumas batalhas contra chefes, o que prejudica a experiência nesses momentos cruciais.

Visuais em pixel art e trilha sonora focada no hip hop

Visualmente, Sonokuni adota uma estética pixel art ao longo de toda a campanha e faz um excelente uso desse estilo. A atmosfera surrealista reforça a sensação de mistério e desconhecido, complementando a narrativa. O maior destaque gráfico está nos momentos de exploração das vilas, onde o jogo realmente transmite uma sensação quase etérea, tornando a ambientação memorável. Além disso, o design dos chefes é um dos grandes acertos do jogo, com criaturas que se tornam cada vez mais impressionantes conforme a história avança.

Sonokuni
Sonokuni apresenta bons visuais em pixel art, principalmente nos trechos de interações com NPCs. (Imagem: Divulgação)

Já a trilha sonora, como mencionado anteriormente, reflete as origens da DON YASA CREW como uma banda musical, sendo focada no hip hop. Esse estilo musical encaixa muito bem nas batalhas e mantém a energia das fases. No entanto, jogadores que não apreciam esse gênero podem acabar achando a trilha repetitiva ao longo da experiência, o que é um ponto a se considerar.

Desempenho

Minha experiência foi no PC, equipado com uma RTX 3060. O jogo apresenta gráficos em pixel art e é bem leve, rodando facilmente em 60 FPS na resolução 1440P. Em relação a bugs e travamentos, não tive problemas, com exceção do caso das lutas contra chefes citados anteriormente.

Vale a pena comprar Sonokuni?

Sonokuni apresenta uma narrativa que, embora tenha potencial, poderia ser mais envolvente. No entanto, o jogo compensa essa limitação com uma jogabilidade desafiadora, que exige estratégia e raciocínio tático dos jogadores. Cada fase adiciona novas camadas de complexidade, mantendo a experiência sempre dinâmica e estimulante, sem se tornar repetitiva ou cansativa.

As batalhas contra chefes também impressionam, trazendo confrontos intensos e repletos de tensão. Apesar de alguns problemas pontuais na resposta dos comandos, esses duelos ainda proporcionam momentos empolgantes, impulsionados por uma trilha sonora de hip hop que combina perfeitamente com a ação frenética do jogo.

No fim, embora não seja perfeito, Sonokuni é uma experiência que vale a pena, especialmente para fãs de Hotline Miami e jogadores que apreciam desafios estratégicos, onde cada cenário exige uma abordagem tática única.

Sonokuni foi desenvolvido pela Don Yasa Crew e lançado nesta segunda, 24 de março, para PC, via Steam. O game também chegará ao Nintendo Switch em 31 de março.

*Review feita em um PC equipado com uma GeForce RTX, com código fornecido pela Kakehashi Games.

Sonokuni

BRL 73,99
7.3

História

6.0/10

Gameplay

8.0/10

Gráficos e Sons

8.0/10

Inovação

7.0/10

Prós

  • A jogabilidade é desafiadora e exige pensamento tático
  • Excelente arte em pixel art inspirada na mitologia japonesa
  • A trilha sonora focada no hip hop ajuda a manter a empolgação nos momentos de ação
  • Legendas em PT-BR

Contras

  • Algumas batalhas contra chefes com problemas de hit box
  • A narrativa poderia ser mais aprofundada

Leandro Paiva

Um estudante de jornalismo e o primeiro estagiário do site. Degustador nato de coxinha e pizza fria com ketchup. Amante de RPG, principalmente aqueles em que é possível pescar em vez de fazer a missão principal. Piadista em tempo integral e um grande degustador de café. Defensor de Birds of Prey e da DC em geral nas horas vagas.