Star Overdrive | Review
Star Overdrive, game exclusivo para Nintendo Switch, desenvolvido pela Caracal Games e distribuído pela Dear Villagers, traz uma proposta bem incomum para o mundo dos jogos. Misturando RPG de mundo aberto com ação e velocidade, dando um grande destaque para o hoverboard, o título nos coloca em um mundo diferente, de ficção científica, em que teremos que lidar com criaturas, desafios e muito mais. No entanto, será que tudo parece ser tão bom assim como a sua sinopse? Pois é, vamos explorar isso e muito mais nesta review. Confira!
O mundo conta a história
Ao adentrarmos em Star Overdrive, somos apresentados a uma trama complicada: o protagonista recebendo uma mensagem de socorro da sua parceira, Nous, vinda de um planeta estranho chamado Cebet. E, ao que tudo indica, algo deu muito, muuuuito errado por lá. A partir disso, começa nossa jornada: sozinho, com um hoverboard estiloso, uma keytar (uma guitarra-teclado, se é que me entende) como arma e uma missão bem pessoal para descobrir o que rolou com a Nous. Desta forma, a narrativa já vai direto ao ponto. E, andando pelo mapa, somos encontrados pelo hoverboard que nos acompanhará durante toda a jornada. Ele foi enviado por Nous.
Com isso, começamos nossa narrativa. O hoverboard é a grande mecânica do jogo, sendo essencial para se locomover por Cebet. Aliás, todo o planeta é feito para ser uma espécie de parque de diversões para nós, que poderemos sair correndo e pulando com esse transporte futurista. E isso funciona muito bem. Quando pegamos o jeito, conseguimos aumentar ainda mais a velocidade por meio de manobras e outros truques. Além disso, a sensação de velocidade é real, sendo um detalhe interessante. O único probleminha que podemos encontrar aqui é a movimentação da câmera, que acaba ficando um pouco comprometida com tanta velocidade. Fora isso, tudo funciona muito bem!

Enfim… diferente de muitos jogos, o enredo de Star Overdrive não te enche com falas infinitas nem cutscenes enormes (talvez por isso caia tão bem no Nintendo Switch). E isso não significa que o jogo seja vazio de história. Ele só nos deixa no controle da situação, juntando as peças com o tempo, através do cenário, dos equipamentos largados por aí e dos áudios da Nous espalhados por todo o planeta. Com eles, a narrativa revela um pouco mais do que aconteceu. Desta forma, tudo vai se encaixando. É claro, não temos uma jornada digna de virar filme, mas a ideia funciona legal com a proposta do jogo.
Atravessar Cebet com um hoverboard é uma ótima ideia, mas o jogo vai além
A ideia do hoverboard totalmente customizável é simplesmente formidável, sendo o maior destaque de Star Overdrive. Você começa com ele do zero e, gradualmente, vai aprimorando suas várias peças. Com isso, ele vai ganhando mais características, que serão essenciais para a jogabilidade. Com esse meio de transporte estiloso e veloz, temos muito mais facilidade de investigar todo o planeta de Cebet. Contudo, a câmera fixa desse transporte acaba dando um trabalho na hora de se guiar, atrapalhando um bocado no controle, sobretudo em alta velocidade. Se a câmera também fosse móvel, ajudaria bastante no processo.
Porém, a jogabilidade de Star Overdrive não se resume a esta mecânica. Há muito mais coisas em jogo. O título também sabe quando é a hora de desacelerar. Com isso, o jogo toma novas características, misturando ação, aventura e um bocadinho de hack and slash. De alguma forma, o estilo do jogo passa a ser algo mais próximo a Breath of the Wild, tendo diversos quebra-cabeças por todo o mapa, que é relativamente grande para um jogo de Switch. Assim, teremos diversas tarefas a fazer: explorar minas abandonadas, dispositivos misteriosos, laser para redirecionar, plataformas de pressão e por aí vai.

Porém, tudo exige um pouco mais de raciocínio do que o apertar infinito de botões. Com isso, nós, jogadores, acabamos dando um respiro no meio de tanta velocidade, lutas e caos. E a ideia é legal, não quebrando a imersão do jogo, como é comum de se ver em outros títulos. Desta forma, Star Overdrive mescla muito bem momentos de ação e velocidade com a calmaria de se resolver puzzles e outros mistérios de Cebet. A jogabilidade neste ponto não é incrivelmente arrojada, mas casa muito bem com a proposta de Star Overdrive. Resumindo, é um jogo gostosinho de jogar, mesmo não sendo revolucionário.
Uma keytar como arma?
Pois é. Star Overdrive mete na mão de nosso protagonista este instrumento incomum, que casa maravilhosamente bem com a estética sci-fi descolada e jovem que o jogo busca passar. O papel dela vai de uma de espada para as batalhas, com uma estranha chave-mestra cósmica. Portanto, ela permite descer a porrada nos mais variados inimigos e para ativar habilidades, tipo lançar ondas de energia, controlar objetos, criar plataformas ou até hipnotizar robôs. Embora os movimentos sejam limitados, a ideia funciona. Bem… mais ou menos.
O combate acaba sendo um pouco travado, sobretudo pelo fraco sistema de mira. Com essa bagunça que fica, acabamos ficando perdidos, sem saber quando desviar ou bater. É claro, a prática ajuda a melhorar, mas a questão vai além. Ao lutar com os chefões, por exemplo, parece que fica um bocadinho pior a situação, algo que acaba nos frustrando. Com isso, o que poderia ser mais uma parte divertida de Star Overdrive, que conta com uma boa variedade de inimigos, acaba sendo algo meio abaixo das expectativas.

Gráficos e sons
Graficamente, o jogo tem aquele charme de indie, meio cel-shading, meio 3D. Com isso, cada bioma em Cebet tem sua própria identidade, com paletas de cores bem marcadas, detalhes únicos e um céu muito bonito. No entanto, uma coisa que demorei a perceber é que o jogo não tem um ciclo de dia e noite para variar um pouco o visual. Isso é um detalhe, claro, mas seria bem legal ver Cebet sob a luz do… luar, talvez? Além disso, os personagens e inimigos tem traços agradáveis e bem funcionais para a ideia, estando tudo em consonância. Neste ponto, a Caracal Games mandou muito bem.
Além disso, o som de Star Overdrive é massa demais, nos apresentando uma trilha sonora que é o combustível perfeito para um passeio interplanetário. Ao longo do jogo vamos encontrando diversas fitas-cassete, cada uma com uma música diferente para embalar as viagens. Porém, o jogo não tem música de fundo o tempo todo. Com isso, quem acaba escolhendo a trilha sonora somos nós, um ponto interessante. Aliás, a atmosfera do jogo acabou me lembrando Hi-Fi Rush, com a música sendo um ponto de relevância no enredo. E isso é um baita diferencial. Os sons são pesadinhos, bem no estilo do synth rock oitentista (Top Gear, lembra?), daquele tipo que dá vontade de acelerar ainda mais só para acompanhar o ritmo.

Vale a pena jogar Star Overdrive?
Veja bem… se após ler esta review você está se perguntando se Star Overdrive merece aquele espacinho no seu precioso tempo gamer… a resposta é: depende. Depende muito do que você está buscando, se o estilo te agrada, etc. É aquilo: se o que te anima é acelerar por paisagens alienígenas com um hoverboard estiloso, mandar manobras insanas no ar e sentir aquela vibe oitentista pulsando nos fones de ouvido, então vale muito a pena. Agora, se você curte algo mais denso, detalhado e com uma narrativa mais profunda, talvez o que você busca não esteja por aqui.
Star Overdrive brilha forte no quesito movimentação e exploração. A sensação de liberdade é real, e a trilha sonora só deixa tudo mais imersivo. O jogo ainda entrega uma história simples, mas com seus mistérios, com ambientação caprichada e puzzles que quebram bem o ritmo da correria. No fim das contas, Star Overdrive é aquele tipo de jogo que tem mais essência do que polimento. Ele não é perfeito, mas entrega uma experiência diferente, estilosa e divertida. E para quem curte jogos indie com personalidade e um precinho ótimo (R$ 63,90), isso já é mais do que motivo suficiente para dar uma chance. É bom, mas não é revolucionário.
Enfim… antes de concluir essa review, vale a pena ressaltar que o jogo também chegará no futuro para PC via Steam. Com isso, é possível que Star Overdrive consiga corrigir problemas e acrescentar características que o Nintendo Switch infelizmente não consegue “tankar”.
*Review feita em um Nintendo Switch, com código fornecido pela Dear Villagers.