Stray Blade | Review

Stray Blade é um RPG de ação e aventura de mundo aberto, com uma boa dose de exploração, desenvolvido pela Point Blank Games e publicado pela 505 Games. O título nos coloca no controle de Farren, um aventureiro (no meu caso) ou aventureira que se vê em uma grande enrascada após decidir explorar o vale perdido de Acrea. Tesouros, poder, fama e tudo mais. Como não se interessar pela empreitada?

E aí, será que o rolê vale nosso tempo cada vez menos farto? É o que veremos agora, em mais uma análise chiquérrima do Pizza Fria.

(Des)Aventuras

Saudações, caros leitores e leitoras! Se estão recebendo essa review, então eu provavelmente ainda estou enfiado em algum matagal, deserto ou tundra em busca de sucesso, riqueza, fama e aventura. Ou, na pior das hipóteses, estou girando dentro da barriga de uma monstruosidade. Como eu, um recluso nato, me enfiei em uma empreitada dessas, você deve estar se perguntando. Pois lhe respondo que houve boa influência do último jogo que aproveitei: Stray Blade.

Falemos de Stray Blade, então. Uma as coisas que me interessou no título, logo de cara, foi seu estilo visual. Essa cara cel-shaded, com uma pegada mais cartunesca e super colorida simplesmente me aquece o coração. Além disso, todo esse jeitão de armaduras cheias de detalhes e espadas gigantes realmente agradam.

Outro ponto de atração foi com a proposta de transportar um combate meio puxado para o soulslike, pense em Elden Ring, com um mundo aberto cheio de lugares para explorar, alguns dos quais acessíveis apenas com certas habilidades adquiridas ao longo da aventura. Nenhum exemplo seria mais adequado do que o bom e velho Zeldinha.

image 1 1 Stray Blade
Zelda souls? (Imagem: Divulgação)

Stray Blade nos coloca no controle de Farren, um aventureiro (no meu caso) ou aventureira conhecido por desbravar diversos lugares do mundo, desde os mais exóticos e convidativos até os mais desolados e inóspitos. Após gastar muito as solas de suas botas, e fazer um bom número de inimigos pelo caminho, nosso chegado F chega ao vale de Acrea, um local outrora maravilhoso, mas agora desolado e tomado por toda sorte de monstros e malfeitores.

Porém, Farren não é o herói imbatível que pensa. Um erro crítico de julgamento acaba matando, algo que, salvo pela intervenção mágica do curioso lobo antropomórfico Boji, poderia ter dado fim à sua lenda e prodigiosa carreira de explorador. Após revivê-lo, Boji explica que apenas através da obtenção dos poderes dos elementos que existem no vale, tomados das garras dos chefões que os guardam, fará com que nosso herói possa deixar o vale sem expirar. E, dito isto, lá se vão os dois rumo ao horizonte.

Como podem notar pela minha dificuldade de argumentar este ponto, Stray Blade não é lá essas coisas no que se trata da trama. Temos um objetivo claro para nos guiar, mas nada que gere aquela tensão ou vontade de saber o que acontece nos próximos capítulos. O que salva, aqui, é que Farren e Boji foram muito bem escritos, com uma dinâmica e química muito divertida que é bem explorada ao longo de toda a duração. Um dos pontos altos da experiência.

Stray Blade
A dupla ternura. (Imagem: Divulgação)

Ah, agora chegou o momento mais esperado da noite. Ou tarde, ou manhã, que seja. Bem, Stray Blade é um jogo que, como falei, tenta mesclar um combate que lembra vagamente o soulslike, com uma exploração mais refinada e focada na descoberta incremental do mapa, através da aquisição de novas armas e magias. É uma empreitada louvável que, em certos pontos mais que os outros, o título até consegue realizar.

Comecemos pela treta. O combate em Stray Blade se dá através, em sua maior parte, do uso de ataques fortes e fracos, esquivas e aparos. Todo golpe ou esquiva errada drena nosso fôlego, todo aparo e desvio certo o recupera. Também podemos equipar runas, criadas por Boji com materiais que pegamos por aí, para dar efeitos adicionais como mais críticos ou recuperar vida quando finalizamos um inimigo, por exemplo. Até aí, tudo bem. Contudo, algumas coisas que o jogo tenta inovar deixaram esse sistema que, embora devesse ser bom em teoria, deveras frustrante.

Exemplifico. Todo inimigo possui dois tipos de ataque, os que os fazem brilhar azul e vermelho. O primeiro se apara, pois tentar esquivar faz o dano conectar. O segundo se desvia, e tentar aparar faz tomarmos um choque de realidade em forma de porrete nas fuças. “Mas oras bolas, grande mestre supremo, todo jogo é assim”, devem se perguntar. Quem me dera, padawans.

O que Stray Blade quer dizer com essas cores é apenas que um ataque do tipo vem por aí. Como o jogo mesmo reforça, não devemos agir na hora que a cor de aviso aparece. Reconheço que, em todos meus anos nessa indústria vital, nunca vi um sistema desses. E por boa razão, visto que fica extremamente confuso de entender a hora que devemos executar o comando, principalmente por inimigos possuírem, muitas vezes, mais de um ataque de mesma cor com animações e tempos diferentes. É algo frustrante, e me levou a proferir palavras de tal graça que a mera menção iria me fazer levar uma vigorosa bronca dos editores do Pizza.

Stray Blade
Pera, essa é a que devo desviar pra lá ou pra cá? (Imagem: Reprodução)

Por outro lado, Stray Blade acertou a exploração bem no alvo. O jogo conta com mapas grandes e cheios de coisas para descobrir, inimigos para enfrentar e buracos para cair e morrer, apenas para ouvir o Boji dizer que nos avisou que isso iria acontecer. Clássico. E zanzar pelos cenários realmente vale a pena, visto que eles escondem muitos itens de valor. Receitas para armas e armaduras, armas lendárias, cores de roupas, pontos para melhorar as habilidades de nosso chegado. Vale a pena se perder.

Outro ponto interessante, e que reparamos desde o início, é que os cenários que exploramos foram todos pensados para se interconectarem e se expandirem conforme avançamos e ganhamos novos poderes (que também servem para brigar). Voltar nas primeiras zonas e ver que posso explorar em lugares mais altos, ou que derrotar um chefe mudou a geografia do lugar, realmente ajuda a ver que estamos realmente em um mundo vivo.

Como tudo no jogo, infelizmente, algumas coisas sugam rapidamente a alegria do descobrimento. Bugs de inimigos ficando presos nas coisas, lugares que deveríamos poder ficar e não ficamos, o fato de sempre que abrimos o menu ele sempre está no inventário, e nunca no mapa. Se precisamos ver onde estamos e onde ir a todo momento, por quê nos obrigar a ficar mudando de aba toda hora? Ao longo de muitas horas acaba se tornando realmente chato. Algo que, imagino eu, poderia ser facilmente resolvido em uma correção.

Vejam, não estou dizendo que Stray Blade seja chato, ou quebrado. Pelo contrário, o jogo foi uma das minhas melhores surpresas do ano até o momento. O ponto é que para toda grande alegria, duas pequenas chatices são colocadas de brinde. Não tivesse o jogo um charme tão inegável, ou protagonistas tão maneiros, nem uma exploração tão divertida, talvez não aproveitaríamos tanto

Sons e Visuais

Stray Blade possui visuais muito bonitos, embora não muito complexos, que evocam um ar bem aventuresco e despretensioso. Tudo é muito colorido, bonito de ver e suficientemente variado para que não fiquemos enjoados de ver as mesmas vistas durante todo nosso tempo perdido pela terra de Acrea. Ainda, temos uma boa variedade nos modelos de inimigos e chefes, ainda que os dois primeiros não fujam muito do padrão humano/inseto ou animal gigante.

A trilha sonora é muito boa, com faixas bem calmas enquanto exploramos vários lugares e com algumas mais pegadas quando a coisa aperta. O que me surpreendeu, positivamente devo dizer, foram as vozes. Principalmente as de Farren e Boji. Elas foram feitas com esmero, o que ajuda a vender ainda mais a noção de parceria e amizade que os dois tem. Muito bem feito.

Stray Blade
Tudo é bem colorido. (Imagem: Divulgação)

Vale a pena comprar Stray Blade?

É tempo, marujos e marujas. Vejamos se Stray Blade vale a pena pela aventura, ou se vai ser só mais um para ficar esquecido nas cavernas do tempo. Bom, vamos lá. O jogo é uma boa pedida para quem procura uma aventura legal, leve e despretensiosa. Os protagonistas são maneiros, a exploração ocupa bem o tempo, o combate tem seus bons momentos e os chefes são divertidos. Me surpreendi com o que vi, e me diverti bastante.

Contudo, cada avanço em Stray Blade vale meio retrocesso, também. O combate diverte, mas o sistema de aparos e esquiva irrita. Explorar é ótimo, mas uns bugs chatos e doideiras na câmera incomodam. Boji e Farren são chiques, mas a história é meio fraca. Tira o mérito do jogo? Jamais. Mas, ainda assim, dificulta seu aproveitamento por conta de pequenezas que, sendo sincero, nem deveriam estar ali.

Ao fim e ao cabo, eu posso dizer que meu tempo com Stray Blade foi bem passado, e espero que não seja lembrado apenas como “aquele jogo com os aparos coloridos estranhos”. O título acertou em muito do que se propôs a fazer e, embora não seja a união SoulsZelda, ainda acabou se saindo muito bem. Não é de longe perfeito, mas diverte bastante. E, no fim das contas, não é isso que importa de verdade?

Stray Blade já está disponível para PlayStation 5, Xbox Series X|S e PC, via Steam e Epic Games Store. No Metacritic, o título ficou com uma média de 59 pontos na versão avaliada.

*Review elaborada em um PlayStation 5, com código fornecido pela 505 Games.

Stray Blade

+ R$ 133,99
7.5

História

6.0/10

Jogabilidade

7.0/10

Sons e Visuais

8.0/10

Extras

9.0/10

Prós

  • Farren e Boji são demais
  • Combate divertido, quando se encaixa bem
  • Explorar é divertido, e temos muito para encontrar
  • Muitas armas para encontrar, criar e utilizar
  • Chefes legais de enfrentar

Contras

  • Sistema de aparo e esquiva com cores mais bizarro que já vi na vida
  • Ter que mudar de aba toda vez para ver o mapa é horrível
  • Bugs, mesmo que leves, ocorrem com frequência
  • Combate pode ser frustrante quando quer

Matheus Jenevain

Redator de idade não especificada e habilidade excepcional (segundo o próprio, acredite se quiser). Curte Metroidvanias, RPGs e jogos de luta. Reza toda noite, intensamente, para receber um remake de God Hand. Nunca foi atendido.