Stray Gods: The Roleplaying Musical | Review

Stray Gods: The Roleplaying Musical é um game que oferece uma proposta única e intrigante. A música, parte intrínseca de nossas vidas, é capaz de nos transportar para viagens artísticas e interpretativas. Esse jogo combina elementos artísticos da música com mitologia grega, diversificando a arte musical com um toque místico.

Mas será que essa ideia de mesclar uma história mágica tendo a música como elemento central realmente funciona? Descubra em nossa review do Pizza Fria!

A ascensão de uma nova Musa

A trama de Stray Gods: The Roleplaying Musical introduz Grace, a carismática protagonista que, após desistir da faculdade, embarca em uma jornada musical com sua melhor amiga, Charlie. Juntas, elas formam uma banda e almejam viajar o mundo com seus shows. No início, a banda realiza audições para um novo integrante, porém sem êxito.

Em um momento introspectivo no auditório, Grace canta, expressando seus pensamentos. Durante sua performance, uma figura misteriosa a ouve e entra para observar. Elas iniciam um dueto, introduzindo algumas das mecânicas centrais de Stray Gods: The Roleplaying Musical. Uma delas é a escolha de traços de personalidade para Grace, como ser mais agressiva, otimista ou realista. A escolha influencia diálogos e versos nos duetos.

Stray Gods: The Roleplaying Musical
O game oferece diálogos adicionais, permitindo ao jogador uma maior compreensão dos personagens e de suas percepções sobre os eventos da história. (Imagem: Divulgação)

Enquanto ambas cantam, a letra narra a história de uma musa. Durante o musical, podemos escolher versos que alteram tanto a narrativa musical quanto a apresentação visual da performance. Depois desse encontro, ambas se despedem, mas a misteriosa figura reaparece mais tarde no apartamento de Grace, gravemente ferida e, infelizmente, falece. Nesse momento crucial, Grace herda o poder da Musa e é convocada para responder por um suposto assassinato.

Um mistério a ser resolvido

Ao chegar ao local do julgamento, Grace se depara com deuses gregos que há séculos vivem ocultos entre os humanos. Athena, líder deste grupo divino, acusa Grace de assassinato, determinando que ela deve ser punida com a morte. Contudo, a protagonista se defende, alegando inocência e se prontificando a encontrar o verdadeiro culpado. Assim, é concedido um prazo para ela investigar o assassinato da Musa anterior.

Ao longo da investigação, encontramos vários deuses da mitologia grega. Alguns desses deuses auxiliarão Grace, sendo Apollo, com seu dom de previsão através de profecias, o mais prestativo. Conversas com Apollo revelam eventos históricos e a reação das divindades a tais eventos.

Stray Gods: The Roleplaying Musical
Stray Gods: The Roleplaying Musical destaca-se ao aprofundar seus personagens. A protagonista pode auxiliá-los em dilemas pessoais e superar traumas antigos. (Imagem: Divulgação)

A narrativa faz um excelente trabalho em humanizar cada um destes personagens. Embora eles sejam divindades, isto não os livre de dilemas morais e de humanidade. Além disso, durante a campanha, descobrimos que muitos deles possuem traumas e não se dão muito bem uns com os outros por decisões do passado. Assim sendo, por meio de conversas, Grace pode opinar sobre determinados assuntos e até mesmo tentar reconciliar a relação de alguns personagens. Por exemplo, durante a campanha existe uma grande tensão entre Apollo e Persephone.

Durante a história descobrimos o motivo e por meio de conversas podemos usar as habilidades de Grace para convencer ambos a se reconciliarem. O jogo apresenta vários segmentos em que teremos que fazer estas escolhas e elas levarão para diferentes finais ao decorrer da campanha.

O poder da Musa

Ao se tornar a Musa, Grace adquire o dom de influenciar através da arte. Ela pode canalizar sentimentos em manifestações musicais e artísticas. Logo, funciona da seguinte maneira, em determinado momento de uma conversa, ela iniciará um dueto em que ambos os personagens começaram a cantar uma música. O som contará uma história que representa uma analogia para os acontecimentos daquele momento da campanha ou até mesmo do passado dos personagens. Logo, durante este dueto, precisaremos escolher os diálogos corretos para convencer a pessoa a nos fornecer a informação que precisamos.

Stray Gods: The Roleplaying Musical
O poder da Musa é fundamental em Stray Gods: The Roleplaying Musical (Imagem: Divulgação)

Esses segmentos musicais também são influenciados pelos traços de personalidade escolhidos no início do jogo, que servirão para determinar o tipo de abordagem. Por exemplo, se escolhermos um traço mais agressivo para a protagonista, ela terá uma postura mais confiante e agressiva quando cantar as músicas, conquistando o que precisa usando a arrogância e agressividade. A parte mais interessante é que o ritmo da música muda dependendo da forma que abordamos estes duetos, uma abordagem mais agressiva apresenta notas mais agudas e até mesmo voltadas para o rock. Porém, se abordamos a situação de uma maneira mais suave, teremos notas mais lentas e suaves.

Stray Gods: The Roleplaying Musical impressiona com segmentos musicais variados e visualmente cativantes. Além da música, há uma rica tapeçaria visual que enriquece o dueto, proporcionando uma experiência quase surreal.

Trama e desenvolvimento de personagens

O jogo Stray Gods: The Roleplaying Musical não se destaca apenas por seus elementos musicais, mas também possui um enfoque na narrativa. Contudo, esse aspecto demonstra uma qualidade variável. O mistério em torno do assassinato da Musa se mostra como um dos pontos mais fracos do game. A investigação carece de momentos marcantes, fazendo com que outros temas se mostrem mais envolventes do que o próprio enigma central. Embora o game tente enriquecer a trama com detalhes do passado da antiga Musa, isso não é suficiente para dar profundidade ao mistério.

Essa discrepância se torna mais evidente quando observamos o desenvolvimento dos outros personagens divinos. Ao interagir com eles e descobrir seus passados e motivações, percebemos que cada um é extremamente bem construído, quase ofuscando o enredo principal. Essa rica caracterização, contudo, não se conecta efetivamente ao cerne da trama, tornando-a ainda mais tênue.

Stray Gods: The Roleplaying Musical
O enigma central do game apresenta oscilações, mas os segmentos musicais quase surrealistas são, sem dúvida, o brilho da campanha. (Imagem: Divulgação)

Em Stray Gods: The Roleplaying Musical, o desenvolvimento dos personagens é certamente um dos pontos fortes. Cada divindade que encontramos ao longo da aventura traz seus próprios dilemas e histórias. Grace tem a escolha de se envolver ou não nessas narrativas secundárias. É altamente recomendável que os jogadores se aprofundem em cada uma dessas subtramas, pois, além de serem cativantes, o conhecimento sobre o background desses personagens se prova crucial no desenlace da história.

Trilha sonora

Stray Gods: The Roleplaying Musical brilha com sua trilha sonora impecável. Considerando que a principal mecânica de jogabilidade é centrada na música e em suas representações artísticas, o game entrega performances visuais e sonoras excepcionais, enriquecendo a trama e o desenvolvimento dos personagens. Além disso, a diversidade de ritmos nas cenas musicais assegura que cada momento seja único e profundamente ligado ao segmento específico da história.

Gráficos e desempenho

Visualmente, Stray Gods: The Roleplaying Musical adota um estilo gráfico cartunesco que remete aos quadrinhos. As cenas da campanha, majoritariamente estáticas, exibem movimentos manuais evocativos de visual novels. A direção de arte merece destaque pela atenção meticulosa aos detalhes dos cenários e pela precisão nas expressões faciais dos personagens. A jornada leva os jogadores a diversos ambientes, desde clubes urbanos e casas à beira-mar até locais místicos como o submundo e o Olimpo.

Os segmentos musicais se sobressaem não apenas pela trilha, mas também pelos cenários visualmente encantadores, quase oníricos, onde as histórias cantadas pelos personagens ganham vida, elevando a experiência a um patamar esteticamente impressionante.

Stray Gods: The Roleplaying Musical
Stray Gods: The Roleplaying Musical destaca-se pelo seu deslumbrante universo visual, sobretudo ao explorar ambientes místicos ligados à mitologia grega. (Imagem: Divulgação)

Quanto ao desempenho, testei o jogo no PlayStation 5. Beneficiou-se de tempos de carregamento ágeis e não apresentou problemas gráficos ou bugs. Dado que a experiência se aproxima de um visual novel, a taxa de quadros por segundo (FPS) torna-se irrelevante.

Vale a pena comprar Stray Gods: The Roleplaying Musical?

Stray Gods: The Roleplaying Musical é um jogo extraordinário que combina com maestria elementos musicais e da mitologia grega em uma narrativa envolvente. Apesar do mistério central da trama não ser o seu ponto mais forte, com um desenlace algo previsível, o game brilha no desenvolvimento profundo de seus personagens, envolvendo o jogador em uma experiência única, tanto sonoramente quanto visualmente.

Desenvolvido pela Summerfall Studios e publicado pela Humble Games, Stray Gods: The Roleplaying Musical foi lançado em 10 de agosto para PC, via SteamXbox One, Xbox Series X|SPlayStation 4, PlayStation 5 e Nintendo Switch.

*Review elaborada no PlayStation 5, com código fornecido pela Humble Games.

Stray Gods: The Roleplaying Musical

+ R$ 88,99
9

História

8.0/10

Gameplay

10.0/10

Gráficos e Sons

10.0/10

Inovação

8.0/10

Prós

  • O game apresenta um excelente desenvolvimento de personagens
  • As músicas são excelentes
  • Os segmentos músicais são visualmente impressionantes, transmitindo uma atmosfera surrealista
  • O gráfico é bonito e os locais que visitamos na campanha são visualmente variados e detalhados

Contras

  • O mistério principal da campanha poderia ter mais profundidade e desfechos
  • Sem legendas em PT-BR

Leandro Paiva

Um estudante de jornalismo e o primeiro estagiário do site. Degustador nato de coxinha e pizza fria com ketchup. Amante de RPG, principalmente aqueles em que é possível pescar em vez de fazer a missão principal. Piadista em tempo integral e um grande degustador de café. Defensor de Birds of Prey e da DC em geral nas horas vagas.