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Tales of Kenzera: ZAU | Review

Tales of Kenzera: ZAU é um metroidvania, nome dado aos jogos do estilo feito famoso por Castlevania, desenvolvido pela Surgent Studios e distribuído pela Electronic Arts. Nele, controlamos Zau, um xamã que parte em uma aventura perigosa em busca de uma maneira de trazer seu pai de volta para seu lado. Um conto típico, mas ainda relevante e impactante.

Mas e aí, será que vale a pena entrar nessa? É o que veremos agora, em mais uma análise do Pizza Fria!

A dor e o alegria de se deixar partir

Atenção atenção, leitoras e leitores, para um aviso prévio antes de aproveitarem mais esse análise cirúrgica do seu site preferido de notícias jogabilísticas. Tales of Kenzera: ZAU , o bonitinho da vez, aborda temas tão interessantes quanto sensíveis e, em alguns pontos, até tristes. Mas necessários e bem abordados, de todo modo. Portanto, criei um plano para que possam aproveitar a review e sorrir, independentemente de qualquer coisa.

Me imaginem narrando este texto vestido de Diddy Kong, boné e tudo, enquanto danço o rap do Donkey Kong 64 . Ah, as coisas que fazemos pelo nosso amado e adorado público. Bom, e agora é tempo de colocar esse bloco na rua. Nosso queridinho de hoje, que por sinal foi desenvolvido por um estúdio fundado (salvo engano) pelo dublador do protagonista de Assassins Creed: Origins, realmente chamou minha atenção nos dias anteriores ao lançamento.

O primeiro motivo se dá por ser um metroidvania, e todos sabem como amo esse estilo criado pelos deuses virtuais. Segundo, e mais importante, pela temática inspirada pela cultura bantu. Esse povo possui uma cultura rica, linda e fascinante, e fico realmente contente de ver o meio dos videojogos explorando realidades e artes que saiam do lugar comum. Dito isto, vamos em frente.

Tales of Kenzera: ZAU
Que calor dos infernos. (Imagem: Divulgação)

História

Tales of Kenzera: ZAU começa após o jovem Zuberi começar a ler um livro deixado pelo seu pai recém falecido. Nele Zau, protagonista do conto e nosso protagonista do ponto de vista da jogabilidade, passa pela mesma dor e decide tentar fazer uso de seus poderes xamânicos para trazer a alma do pai de volta ao mundo dos vivos.

Após fazer contato com Kalunga, o deus da morte, Zau sai em busca de três Grandes Espíritos com a missão de ajudá-los a cruzar o véu entre os mundos. Ao longo da jornada, que passa través de diversos locais do reino de Kenzera, a dupla enfrenta uma série de perigos, ao mesmo tempo que nosso herói passa pelas fases do luto e processa sua dor.

Tales of Kenzera: ZAU, sem dúvida, é um dos jogos que melhor explora a temática que tive o prazer de jogar em tempos recentes. A brevidade da vida, e a dor da partida, são assuntos pesados e muito fáceis de se explorar de forma errada. Contudo, senti que o título o faz com respeito e carinho, mostrando todos os sentimentos envolvidos no processo. Zau não passa o tempo todo se lamentando, mas a intensa dor de ter visto o pai falecer doente fica clara em todas as interações dele com Kalunga.

Todos nós, infelizmente, já perdemos alguém querido. Portanto, fica mais fácil se conectar emocionalmente com o protagonista e sua angústia. Contudo, Tales of Kenzera: ZAU não apresenta o luto como apenas uma dor, mas sim como algo natural da vida. Da necessidade da passagem, e de como pode ser enxergado como o fim de algo para o surgimento de outra coisa nova.

Tal como existem diversos tipos de luto, a perda pode resultar em diversas formas de mudança. É através da dor que Zau encontra forças para seguir em sua jornada, crescendo em força e maturidade. A dor é terrível e consome, o jogo bem mostra. Mas também deixa claro que um dia ela se assenta, e apenas as memórias confortáveis se mantém.

Tales of Kenzera: ZAU
A herança do pai. (Imagem: Divulgação)

Jogabilidade

Pronto, agora posso voltar ao meu jeito totalmente bacanas de sempre. Tales of Kenzera: ZAU é um metroidvania, então passamos um bom tempo andando em mapas 2D enquanto enfrentamos inimigos, abrimos passagens, pulamos por cima de perigos perigosos e encontramos novas habilidades que nos permitem acessar cada vez mais lugares do mapa. Algumas fazem a dobradinha entre exploração e combate, e outras não.

Um dos pontos focais da experiência são as máscaras que Zau leva consigo, e que utiliza para canalizar seus poderes de xamã. Uma delas, da lua, é focada em gelo e ataques de longo alcance. A outra, do sol, é focada em pancadaria de perto. Ambas possuem habilidades diferentes, melhoradas à parte, assim como algumas que são utilizadas para manipular o ambiente. Por exemplo, a lua pode congelar água e a lança de fogo ativa interruptores de longe.

As outras habilidades que encontramos são mais focadas em exploração e movimentação, demandando uso de certos elementos específicos do cenário. Particularmente acho isso uma oportunidade perdida, visto que muitos metroidvanias, tal como Castlevania Aria of Sorrow , aplicam essa ideia com resultados interessantes.

Uma das metades de Tales of Kenzera: ZAU nos coloca para pular de um lado para o outro, resolvendo alguns quebra-cabeças simples e nos locomovendo entre os diversos cenários. Os controles são bons, mas algumas partes são frustrantes por conta da insistência do título em colocar armadilhas que nos matam instantaneamente, o que é levemente mitigado pelo generoso sistema de checkpoints. Mas, tudo considerado, essa é a melhor faceta da experiência nesse sentido.

Tales of Kenzera: ZAU
Quase lá! (Imagem: Divulgação)

Eventualmente, Tales of Kenzera: ZAU nos colocará para trocar tapas e berros com um número relativamente pequeno de inimigos e chefes. Eles não saem muito do lugar comum, se dividindo entre alguns com ataques de perto, de longe ou que explodem. Muitos acabam demorando demais para morrer, e a presença de barreiras que nos obrigam a usar apenas um tipo de ataque pode deixar alguns combates ainda mais longos.

Eu diria que essa é a parte menos gloriosa da experiência. Ela até funciona e tem potencial, levando em conta que as duas máscaras possuem movelists diferentes, bem como dois “supers” que podem ser usados gastando a mesma barra que usamos para curar, e que enfrentar os chefes até pode ser divertido. Mas, nada é realmente impactante, e as arenas em que lutamos contra alguns fazem uso das amaldiçoadas armadilhas da morte, o que torna tudo ainda mais enjoado.

Em suma, a jogabilidade de Tales of Kenzera: ZAU é maneira, tudo considerado. Contudo, acredito que as partes focadas puramente em exploração, enquanto encontramos as coisas escondidas no caminho e descobrimos como chegar até o próximo ponto de avanço da história, são as melhores. O combate, me pareceu, entrou mais para poder fechar o pacote.

Tales of Kenzera: ZAU
Legal de ver. nem tanto de enfrentar. (Imagem: Divulgação)

Sons e Visuais

Tales of Kenzera: ZAU é um jogo muito bonito de ver, repleto de cenários suntuosos e exuberantes. Tudo é animado com muito esmero, e os modelos e artes são bem legais de se ver. Além disso, as ideias da cultura bantu permeiam tudo o que vemos, assim como por onde passamos, e realmente achei que deu uma cara bem especial ao jogo, destacando-o dos demais.

A trilha sonora também não desaponta, com músicas no estilo cultural que são tão instigantes quanto impactantes, e uma série de efeitos de qualidade. Menção honrosa para os atores, principalmente de Zau e Kalunga, que entregam uma performance estelar. Além disso, temos legendas muito bem realizadas.

Tales of Kenzera: ZAU
Belíssimo. (Imagem: Divulgação)

Vale a pena comprar Tales of Kenzera: ZAU?

Tales of Kenzera: ZAU, senhoras e senhores. Será que vale a pena? Ou será que é apenas uma promessa, um sonho que se desfaz como a névoa ao amanhecer de um belo dia de verão? Bom, vamos mandar nossa mente ao passado e relembrar os pontos levantados, certo?

Começando pelo lado positivo, o título apresenta uma trama em igual medida bonita e melancólica, explorando de maneira sensacional uma temática tão sensível. Isso fica ainda mais impressionante ao se unir com seus visuais e trilha sonora. Do lado da jogabilidade, a exploração é boa e a ideia das máscaras também. Contudo, o combate é bem sem sal, e até entediante em alguns momentos. Ainda, o excesso de uso de armadilhas fatais também incomoda. Por fim, acho que poderíamos ter mais o que encontrar no mapa.

Mas, de toda forma, recomendo Tales of Kenzera: ZAU para todos. Principalmente, ainda, para aqueles que estiverem passando por uma situação parecida com a de Zau. O jogo diverte, e isso basta para a maioria de nós. Mas o que faz o título subir acima de seus pares, além de sua premissa cultural, é a forma com que ele lida com uma realidade, e certeza, tão temida e inevitável.

Tales of Kenzera: ZAU, disponível agora para PlayStation 5, Xbox Series X|S, Nintendo Switch e PC, via Steam, Epic Games Store e aplicativo EA.

*Review elaborada em um PlayStation 5, com código fornecido pela Electronic Arts.

Tales of Kenzera: ZAU

R$ 109
8.5

História

10.0/10

Jogabilidade

7.0/10

Sons e Visuais

10.0/10

Extras

7.0/10

Prós

  • Trama muito bem feita e explorada
  • Explora temas sensíveis de maneira respeitosa e bem realizada
  • Zau e Kalunga são personagens incríveis
  • Dinâmica das máscaras é bem legal
  • A jogabilidade de exploração e plataforma agrada

Contras

  • Armadilhas fatais dão dor de cabeça onde não precisava ter nenhuma
  • Combate um pouco sem sal
  • Pouca variedade de inimigos
  • Poderia ter mais habilidades úteis em combate e exploração ao mesmo tempo

Matheus Jenevain

    Redator de idade não especificada e habilidade excepcional (segundo o próprio, acredite se quiser). Curte Metroidvanias, RPGs e jogos de luta. Reza toda noite, intensamente, para receber um remake de God Hand. Nunca foi atendido.