The First Berserker: Khazan | Review
Antes de iniciar esta review, preciso dizer algo: não sou um grande fã do gênero soulslike, nem nada muito próximo a isso. Não tenho paciência e me embolo todo com os botões de defesa, bloqueio e ataques. Sério… é uma experiência que me deixa até meio atordoado. Isso sem contar com as mortes surreais que vão minando toda a nossa calma, transformando um dia lindo em um verdadeiro inferno.
Porém, The First Berserker: Khazan, game da NEXON e da Neople lançado para PC via Steam, PlayStation 5 e Xbox Series X|S, foi uma surpresa. Tá, ele não é o melhor exemplo do gênero, mas traz aquela mesma sensação de perda. Enfim… Nesta análise, contarei minha saga e todos os detalhes do jogo. Confira!
Sangue, vingança e demônios
A narrativa de The First Berserker: Khazan nos é apresentada de forma muito rápida, por meio de uma introdução e de cutscenes no desenvolvimento da jogatina. No entanto, já adianto que ela não traz consigo nada grandioso. Basicamente, ela lembra aqueles filmes dos anos 90, em que o protagonista é puramente por ódio e vingança. Desta forma, assumimos o controle de Khazan, um ex-general traído, assassinado e, digamos… ressuscitado por uma legião de espíritos capirotescos sedentos por… vingança. No entanto, os planos do ex-general e dos espíritos são diferentes. Com isso, homem e espírito entram em um consenso de se ajudarem a resolver suas tretas.
Assim, o jogo vai contando as coisas, mas sem muito aprofundamento. O negócio aqui é bater, morrer, bater de novo – repita isso infinitas vezes. Como é possível perceber, nosso protagonista começa a história na fossa, mas com a tal entidade, ele vai se recuperando. Isso vai ficando cada vez mais perceptível conforme enfrentamos chefes e exploramos os ambientes, algo que nos auxilia a entender o passado de Khazan. Como eu disse, é uma história bem direta, sem firula. Mas ela te prende, seja pela jogabilidade, pela vontade de se superar ou até mesmo em auxiliar o protagonista a descer a ripa em todo mundo que o traiu. Desta maneira, posso dizer que, mesmo sendo simples, a narrativa colou.

Desafiador na medida certa, eu acho…
Pois é. The First Berserker: Khazan não é um jogo difícil de aprender. Os combos inimigos não são impossíveis de se gravar, os comandos são explicados e funcionam muito bem. Mas sei lá, há algo em mim que me deixa meio perdido com a pressão do gênero soulslike. Talvez seja aquela sensação de morrer e ter que voltar tudo de novo, ou simplesmente falta de habilidade, já que me enveredei por outros gêneros de jogos. Sei lá. Mas a questão é que este é um jogo que requer teimosia para ser superado. Não só isso, claro. Precisa-se de atenção, cautela e estratégia. Caso nada disso dê certo, deixe a raiva te guiar, assim como guia Khazan. Comigo tem dado certo…
Porém, eu seria mentiroso se dissesse que The First Berserker: Khazan não tem nem comparação com jogos como Dark Souls ou o famoso Elden Ring. Ele é bem mais agradável. Talvez por conta dos gráficos cel-shading, mas com toda a certeza do mundo, é pelo fato dele ser mais agradável na parte do combate, que tende a nos ensinar, mais do que torturar. Mas é aquilo… vamos morrer bastante pra isso. Os inimigos têm padrões claros, os chefes revelam suas fraquezas gradualmente, e a sensação de progresso vem na marra, sendo essa parte o ápice do jogo.

Um destaque que vale a pena ser mencionado são os chefes. Logo no primeiro, já encaramos um desafio enjoadinho, dando aquele recado do que nos espera adiante. Quando você acha que já dominou as mecânicas do camarada, eis que ele surge com um golpe novo, quebrando você no meio. Custei a entender isso e, quando peguei o jeito, suei mais um pouco, e consegui derrubá-lo. Po, e esse era o primeiro chefe… Adiante, teremos chefes cada vez mais bem elaborados, com mecânicas mais complexas e visuais que renderiam uma tatuagem, de tão bonitos que são.
No geral, The First Berserker: Khazan tem uma jogabilidade bem bacana. Todavia, preciso dizer que em alguns momentos, seremos encurralados por inimigos, sem ter muito pra onde ir. Nesses casos, nos resta aceitar a derrota, voltar e dar um jeito neles. De outra forma, claro. Essa parte é meio chata, pois o vigor do personagem, parte fundamental do combate, se esvai rapidamente, seja atacando, defendendo, ou até mesmo correndo. Com isso, Khazan fica exausto e vira um alvo fácil. Dá raiva às vezes, mas é uma mecânica essencial para que o game não vire um hack and slash. Ah, e vale citar que você pode cair de vários pontos do mapa. Portanto, ao lutar, tome cuidado com os arredores!

Meio RPG, meio caos
Embora tenha seus elementos souls, The First Berserker: Khazan traz também sua camada de RPG. Com isso, podemos ir evoluindo o protagonista, colocando alguns atributos como força, resistência e inteligência. Além disso, é possível desbloquear habilidades, divididas em uma árvore de habilidades interessante. Através dela, moldamos Khazan ao nosso estilo de jogar. Porém, ela não é tão ramificada, o que não chega a ser necessariamente ruim. Vale ressaltar também que ela está ligada a algumas habilidades gerais e às armas utilizadas pelo ex-general sedento por vingança.
Outro ponto que não deve nada aos RPGs que já joguei é o sistema de loot do jogo, que vai dropando armas aleatórias de inimigos e chefes, além de trazer alguns baús escondidos. Porém, preciso mencionar aqui que os mapas de The First Berserker: Khazan são meio lineares, não trazendo tanto de exploração. Eu até gosto, já que acabo perdendo muito tempo caçando coisas aleatórias. Portanto, você poderá colocar diferentes armaduras em Khazan, que, além de darem mais defesa e atributos, mudam o estilo do personagem. Por fim, o sistema de progressão é marcado no estilo das fogueiras dos souls, recuperando sua vida, mas também trazendo todo o mal de volta ao jogo.

Neste aspecto, The First Berserker: Khazan não traz nada de inovador, é verdade. Porém, a forma como é desenvolvido traz toda uma leveza, diferente da tensão de outros títulos. A árvore de habilidades é bem simples, mas consegue mudar drasticamente a maneira de Khazan lutar e se defender. Gosto dessa customização ao gosto do freguês. Ou melhor, jogador.
Gráficos e trilha sonora surpreendem
The First Berserker: Khazan é um jogo bonito, formoso. Ele poderia ser mais um no estilo cel shading, genérico. Mas, felizmente, preferiu apostar num estilo mais sombrio, detalhado e visceral, que amplia também a ambientação de um mundo caótico e da própria perspectiva desgraçada do protagonista. Sendo assim, os cenários são detalhados, os inimigos bem variados e o design dos personagens merecem um grande destaque. Aliás, Khazan é cheio de detalhes: seus cabelos se movem e sua roupa vai mudando conforme você vai adquirindo novos equipamentos. Os inimigos, por sua vez, não ficam com aquela aparência genérica, como em muitos jogos. Gosto disso.
Por sua vez, a trilha sonora também merece sua menção. Ela traz consigo um rock meio pesado, chriffs sujos, trazendo uma atmosfera meio raivosa, meio dark. Ou seja, ela combina perfeitamente com a ideia de vingança e violência que toma conta do jogo. As dublagens também são excelentes… Embora eu tenha jogado a versão de PC em um controle de Xbox, li que, no PlayStation 5, a voz do espírito que acompanha Khazan sai pelo controle. Isso aí é loucura, tá? Imagina o susto que não deve dar no peão, sobretudo jogando na calada da noite? Tá maluco… Com esse conjunto de qualidades, The First Berserker: Khazan é um dos jogos mais bonitos que joguei até então em 2025.

Vale a pena jogar The First Berserker: Khazan?
Serei muito sincero neste veredito: comecei a jogar The First Berserker: Khazan meio desiludido, sobretudo por perceber só durante a gameplay que se tratava de um soulslike. Porém, como eu precisava jogar mais a fundo para escrever esta análise, deixei o monge budista que existe em mim me guiar, ao passo que Khazan descia a ripa na galera toda. No entanto, na maioria das vezes, era ele que levava lapada. Mesmo assim, com toda a teimosia e vontade de vencer, o jogo conseguiu me conquistar de um tal jeito, que me surpreendeu.
Misturando os desafios dos souls, algumas camadinhas de RPG a uma história de pura vingança e violência, algo evidenciado pelos ótimos combates, The First Berserker: Khazan é um título que pode agradar aos fãs de Elden Ring e também aos apaixonados por God of War (novos ou antigos, tanto faz). É democrático, trazendo dois níveis de dificuldade (normal e fácil), não é tão desesperador quanto seus irmãos maiores e é um título que vai direto ao ponto, sem muitos caminhos tortos, sem muita contação de história. É pá, pum! Não tem nenhuma grande novidade, mas tudo o que se propõe a fazer, faz bem.
Por fim, fãs ou não de soulslike, deem uma chance para The First Berserker: Khazan. Sou uma testemunha viva de que este jogo pode surpreender.
*Review feita em um PC equipado com uma GeForce RTX, com código fornecido pela NEXON.