The Knight Witch | Review

Sou um fã confesso de metroidvanias. Já falei outras vezes que me apaixonei pelo gênero ainda no meu primeiro videogame, o Mega Drive, quando pude jogar Turma da Mônica na Terra dos Monstros, a versão comercializada pela TecToy, inspirada em Wonder Boy in Monster Land. De lá pra cá, passamos por muitos – mesmo! – jogos do gênero, até chegarmos ao mais novo queridinho do meu coração: The Knight Witch.

Chegando nesta terça-feira, 29, para PC, via Steam, e na sexta, 2 de dezembro, para Nintendo Switch, PlayStation 4, PlayStation 5, Xbox One e Xbox Series X|S, o game me chamou atenção logo ao ser anunciado. Porque ele mudava uma característica essencial do gênero, e dava mais liberdade aos jogadores, em especial no quesito movimentação, permitindo desde o início ser possível voar. Além disso, a mistura com shoot ‘em up também parecia trazer um desafio interessante. E você quer saber o que achei do jogo? Vem comigo em mais uma análise antecipada do Pizza Fria!

Bruxinha bonitinha

Em The Knight Witch, assumimos o papel de Rayne. Rayne fez todo o treinamento para fazer parte das Knight Witches, um grupo de guerreiras que não usam vassouras de capim, mas conseguem ficar mais fortes através da gratidão que recebem das pessoas. Elas foram criadas durante uma grande guerra, que culminou no fim da da vida na superfície do planeta e obrigando toda a população a se mudar para o subsolo. Vivendo embaixo da terra, a vida prosperou durante anos, graças à uma fonte de energia descoberta justamente no momento em que o mundo da superfície colapsava.

No entanto, um acontecimento inesperado fez com que os causadores da Última Guerra retornassem, e atacassem a paz que reinava no subsolo. E assim nossa heroína enfim assume seu posto como uma Knight Witch. O grupo, originalmente formado por quatro guerreiras, aparentemente está bastante ocupado, e cabe à Rayne tentar resolver os problemas e salvar sua família e sua cidade.

The Knight Witch
A movimentação em The Knight Witch é livre desde o começo, podendo o jogador explorar o cenário tanto na horizontal, quanto na vertical (Imagem: Divulgação)

A partir daí, a história se desenvolve de uma forma bastante interessante. Apesar de não haver um grande número de missões, ou mesmo missões secundárias, os jogadores podem encontram um game com uma boa duração e uma narrativa com reviravoltas interessantes. Particularmente, eu gostei muito da história de The Knight Witch, que também conta com uma boa dose de humor, emoção e até mesmo críticas sociais. Ao todo, finalizei o jogo com pouco mais de 10 horas, segundo o próprio contador de horas do Nintendo Switch.

Um gameplay viciante

Como disse acima, metroidvania é um dos meus gêneros preferidos, até por incluir uma boa dose de nostalgia na maioria dos jogos do estilo. Então eu fiquei bastante surpreendido positivamente quando joguei The Knight Witch, que misturava as características do gênero, com um shoot ‘em up frenético. Explico melhor:

The Knight Witch é um jogo difícil. Bem difícil, pra falar a verdade. É um nível de dificuldade que eu não encontrava desde Aeterna Noctis, por exemplo. Ao mesclar os dois estilos, e o fato de Rayne voar, fica um verdadeiro caos na tela quando chegamos em momentos onde há muitos inimigos, ou mesmo durante as boss battles. Isso acontece porque temos pouca vida, e cada hit que sofremos, perdemos um coração. No começo não há um botão de esquiva, já que adquirimos o dash só em um momento mais à frente no jogo. Logo, é preciso contar com a sorte, e ter muita habilidade para superar os desafios iniciais.

The Knight Witch
Quando o pau quebra em The Knight Witch, tudo vira um pandemônio (Imagem: Divulgação)

Somado à isso, o game adiciona alguns elementos de colecionar cartas, que é onde usamos nossa magia. Cada carta adquirida ao longo do jogo fornece um tipo diferente de habilidade à Rayne, com o jogador podendo alocá-las para os botões Y, X e A, no caso do Switch. A questão é que a ordem que a carta será disponibilizada é randomizada, baseada em uma escolha prévia dos jogadores. Ou seja, você tem três botões, e pode escolher, em determinado momento do jogo, o triplo disso. Tudo gera uma dinâmica de dificuldade e desafio muito grande. Para usar, precisamos de mapa, que é recuperada em alguns Totens que encontramos pelo game.

Outra coisa interessante a se destacar em The Knight Witch é a a evolução de Rayne. Como eu expliquei acima, as Knight Witches ficam fortes quando recebem a gratidão da população. No jogo, isso se chama Link. Você precisa fortalecer o Link com NPCs para evoluir as habilidades de Rayne, e para isso, é preciso explorar o mapa e salvá-los de determinadas situações. Além disso, ao término de primeira missão principal, esse sistema nos é explicado com mais detalhes, e participamos de uma coletiva de imprensa. Nela, podemos falar a verdade, e ter menos Links, ou mentir, e ganhar ainda mais o apreço da população. Mas tudo tem o seu preço, que é cobrado ao longo da narrativa.

The Knight Witch
O sistema de colecionar cartas em The Knight Witch é um dos grandes atrativos do jogo (Imagem: Divulgação)

Além disso, enquanto exploramos, colemos Fragmentos, que são muito úteis ao longo do jogo, principalmente para adquirir armaduras, que nos dão corações extras. Há também moedas com um Y gravado, que são coletadas para trocar por cartas que você ainda não tem, de forma randômica.

O game ainda traz o tradicional desbloqueio de habilidades, e a necessidade de se retornar em algumas regiões para avançar na história. Em The Knight Witch, adquirimos um dash, um golpe muito forte com espada e um gato, que quando ativo, recebe toda magia disparada contra Rayne. São adições bem interessantes no gameplay, e que também foram integradas à narrativa e ao level design, aumentando a experiência de jogo.

Também é importante citar que The Knight Witch conta com algumas boss battles interessantes e bem complicadas, em especial o último chefe, e momentos de Perigo (fique tranquilo, o jogo te avisa ao melhor estilo Mega Man), em que somos atacados por um enxame de inimigos. São elementos que adicionam ainda mais um bom nível de desafio ao game.

The Knight Witch
Momentos de perigo em The Knight Witch adicionam um alto grau de desafio ao jogo (Imagem: Divulgação)

8 ou 80: você decide como jogar!

The Knight Witch também pode ser um jogo extremamente fácil. E essa escolha depende única e exclusivamente do jogador. Isso acontece porque no game há uma opção chamada Truques no Menu, que conta com 10 cheats para desbloquear, de acordo com uma ordem de tabletes de pedra que definimos. Pelas minhas contas, são 256 possibilidades, o que não é muito. Mas descobri-los também não é difícil, e pós-lançamento, os segredos serão públicos na internet.

E eu achei válido falar sobre isso porque isso é completamente game changing. Há alguns Truques “bobos”, como exibir números de dano na tela, mas há outros que podem mudar completamente o gameplay, tanto para ficar mais fácil, quanto para ficar ainda mais difícil! Há um cheat, por exemplo, que torna a personagem vulnerável à apenas um golpe. Ou seja, se um inimigo te acertar, retorna ao último ponto de salvamento. Há outros que tornam o jogo mais fácil, como vida, mana e durabilidade de armas ilimitada, inimigos podendo dropar vida (algo comum em metroidvanias e desabilitado por padrão aqui), ou deixar os disparos dos inimigos mais lento.

The Knight Witch
Se vai ser difícil ou não, depende de como você joga… e de quais truques ativa! (Imagem: Divulgação)

Um deleite visual

The Knight Witch segue um padrão muito usado na indústria recentemente, que é de trazer cenários desenhados à mão para os jogos. E o game cumpre um papel muito bonito nesse quesito, apresentando fases e mundos muito bem construídos. O level design de The Knight Witch também é bastante criativo, com boas pitadas de desafio e se tornando um jogo familiar e amigável com pouco tempo de jogo, já que sua apresentação é muito agradável. Sua trilha sonora também é competente. Não é nada memorável e que vai grudar na mente, mas cumpre bem o propósito de entreter e ditar o ritmo da história. É importante ressaltar que o jogo também está totalmente legendado em português.

Além disso, o desempenho é bastante satisfatório no Nintendo Switch, rodando aparentemente em 60 FPS, com algumas quedas em momentos onde há muitas explosões na tela. Por fim, no período de review, só encontrei um bug, que ocorreu justamente quando um momento de Perigo não se encerrou, mesmo após todos os inimigos terem sido derrotados.

Vale a pena comprar The Knight Witch?

Chegou o momento da verdade, mas se você chegou até aqui, e leu tudo, provavelmente já sabe o que eu direi: sim, The Knight Witch é um jogo muito recomendado, principalmente para os fãs de um bom e velho metroidvania. O game entrega uma excelente história, com um gameplay bem variado e diferente para o gênero, ao mesmo tempo em que mantém firme suas raízes no que consagrou o estilo. Além disso, conta com gráficos muito bonitos e com uma dificuldade totalmente personalizável pelo jogador, podendo ser um jogo muito fácil, ou muito difícil. Pra mim, o que vale é que o Super Mega Team e o Team17 pensaram em todo o tipo de jogador.

The Knight Witch tem o lançamento previsto para esta terça-feira, 29, para PC, via Steam, e na sexta-feira, 2 de dezembro, para Nintendo Switch, PlayStation 4, PlayStation 5, Xbox One e Xbox Series X|S. Até o momento, a única versão que ganhou preço foi a de Switch: R$ 69,00, o que é um valor bem justo para a experiência que o game oferece.

*Review elaborada em um Nintendo Switch, com código fornecido pela Team17.

The Knight Witch

R$ 69,00
8.6

História

8.5/10

Gameplay

9.5/10

Gráficos e Sons

9.0/10

Extras

7.5/10

Prós

  • Ótima história
  • Dificuldade personalizável
  • Lindos gráficos
  • Mistura com shoot ‘em up

Lucas Soares

Jornalista e fã de videogames desde criança. Já teve Mega Drive, Game Boy Color, PS1, PS2, PS3, PS4, PSVR, PS Vita, Nintendo 3DS e agora tem "só" um PS5, um Nintendo Switch e um PC Gamer. Para ele, o melhor jogo da história é Chrono Trigger, mas Metal Gear Solid 3, Final Fantasy X, The Last of Us Part II e Red Dead Redemption 2 completam o Top-5.