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The Last Caretaker | Preview

The Last Caretaker é um jogo de sobrevivência e exploração em que os jogadores assumem o papel de um robô cuja principal missão é restaurar as últimas sementes da humanidade em uma Terra devastada.

Além disso, o jogo promete um forte foco em quebra-cabeças e, como grande fã do gênero, fiquei curioso para descobrir o que o título desenvolvido pelo estúdio finlandês Channel37 tem a oferecer. Confira agora nossas primeiras impressões em mais um preview antecipado do Pizza Fria!

As últimas sementes da humanidade

The Last Caretaker é um jogo sobre descobrir o próprio lugar em um mundo devastado e encontrar meios para que o pouco que resta consiga seguir adiante. O game me deixou bastante reflexivo nesse aspecto, ainda que não aborde diretamente essa questão por meio de diálogos. Entretanto, o título acerta ao transmitir com precisão o sentimento de solidão em um ambiente vazio e desconhecido, em que resta apenas viver cada segundo na esperança de que o futuro ainda possa reservar uma vida melhor. Acredito que boa parte dessa reflexão surge justamente por assumirmos o papel de um robô encarregado da difícil tarefa de preservar o que restou da humanidade.

Quando The Last Caretaker começa, nos encontramos perdidos em uma imensa megaestrutura de ferro no meio do oceano, com o simples objetivo de explorar, restabelecer a energia e tentar fazer com que o local volte a funcionar. O game se destaca na criação de uma atmosfera de solidão ao longo da jornada, reforçando a sensação de que tudo realmente depende de nossas ações. Durante a exploração, encontramos diversos cabos espalhados que precisam ser religados em pontos específicos para restaurar a energia do ambiente em que estamos.

The Last Caretaker
Religar os sistemas de energia e ver tudo em funcionamento é uma das sensações mais satisfatorias em The Last Caretaker. (Imagem: Divulgação)

Essa é uma das principais mecânicas do jogo: quando não estamos explorando em busca de recursos ou realizando atividades de crafting, precisamos reconectar os cabos de energia. Embora pareça simples à primeira vista, essa foi uma das partes de que mais gostei em The Last Caretaker. Apesar de começar de forma bastante acessível, a tarefa de religar os cabos logo evolui para quebra-cabeças bem elaborados, que exigem raciocínio e planejamento para determinar como reconectar cada fio e conduzir a energia necessária a cada área — seja uma seção da megaestrutura, seja alguma construção feita pelo próprio jogador.

Um sistema de crafting que poderia ser mais elaborado

Por se tratar de um jogo em acesso antecipado, é natural esperar que alguns dos principais sistemas de The Last Caretaker evoluam ao longo do tempo. Um dos aspectos que mais espero ver expandidos em futuras atualizações é o sistema de construções. Embora ele funcione bem, ainda há poucas possibilidades para o jogador explorar sua criatividade e realmente se expressar por meio das estruturas.

The Last Caretaker
O sistema de crafting poderia ser melhor elaborado adicionando mais opções de construções e customizações. (Imagem: Divulgação)

É possível ampliar o tamanho de determinadas áreas, construir torres de energia e buscar mais recursos pelo cenário. No entanto, essa dinâmica acaba gerando a sensação de que estamos explorando e coletando recursos em excesso para, no fim, não haver muita utilidade prática para tudo isso.

O combate é a pior parte de The Last Caretaker

Uma das partes mais decepcionantes de The Last Caretaker é, sem dúvida, o sistema de combate. O jogo adota uma perspectiva em primeira pessoa e, após alguns níveis, é possível fabricar armas que permitem enfrentar ameaças encontradas durante a exploração. Os inimigos são robôs que se tornaram hostis e, além da falta de variedade, algo que se torna evidente bem cedo, não há profundidade ou estratégia envolvida nas batalhas. Basta atirar com as armas disponíveis, que incluem rifles de assalto e até mesmo armamentos elétricos capazes de eliminar os inimigos mais rápido.

The Last Caretaker
A falta de confrontos desafiadores e variação de inimigos infelizmente quebra o ritmo da exploração. (Imagem: Divulgação)

Meu maior problema com esse sistema de combate é que ele não acrescenta nada relevante à experiência geral, justamente por não oferecer desafio e, muitas vezes, apenas interromper o fluxo natural da exploração e dos momentos de resolução de quebra-cabeças. Esse é, portanto, outro ponto que espero ver aprimorado nas próximas atualizações, seja com a adição de novos desafios e inimigos mais variados, seja com uma abordagem mais significativa que integre melhor o combate ao ritmo e à atmosfera de The Last Caretaker.

Gráficos e trilha sonora

Visualmente, The Last Caretaker é um jogo bastante bonito. Ainda que não apresente grande variação de cenários, algo compreensível, considerando que se passa em uma Terra devastada por um oceano, o título entrega resultados impressionantes dentro das propostas que apresenta. Seja nas imponentes megaestruturas metálicas ou nas vastas extensões marítimas que cercam o mundo do jogo, o trabalho visual é de excelente qualidade e contribui fortemente para a imersão. Além disso, The Last Caretaker conta com um sistema de clima dinâmico e ciclos de dia e noite, o que adiciona variedade e reforça o senso de passagem de tempo dentro da experiência.

The Last Caretaker
Os ciclos de dia e noite são um destaque em The Last Caretaker. (Imagem: Divulgação)

A trilha sonora também merece destaque, ainda que seja quase ausente para priorizar a imersão neste mundo devastado. Nos momentos em que surge, ela cumpre seu papel de forma eficiente, reforçando a atmosfera melancólica e contemplativa do jogo. No entanto, o verdadeiro destaque sonoro está nos efeitos de ambiente, que constroem de maneira exemplar a sensação de solidão e isolamento que permeia toda a jornada.

Por outro lado, o som das armas durante os confrontos deixa a desejar. Falta variedade e impacto, tanto na resposta sonora ao disparar quanto na reação dos inimigos atingidos.

Desempenho

Minha experiência foi em um PC equipado com uma RTX 3060. Jogando em resolução 1440p, com DLSS no modo balanceado e gráficos configurados no médio, mantive desempenho sólido acima dos 60 FPS, enfrentando apenas alguns stutters ocasionais ao transitar entre ambientes durante a exploração. Felizmente, não encontrei travamentos graves nem bugs significativos, o que, convenhamos, é quase um milagre nos jogos para PC atualmente.

O que esperar de The Last Caretaker?

The Last Caretaker apresenta boas ideias. O foco em puzzles e na necessidade de restabelecer a energia de diversos locais danificados após a queda da humanidade é uma premissa que me agradou bastante. No entanto, a falta de variedade no sistema de crafting e os trechos de combate — que acabam quebrando o ritmo da experiência pela ausência de desafio e diversidade — são pontos que ainda precisam de refinamento.

De modo geral, percebo um potencial considerável aqui. Se os desenvolvedores concentrarem seus esforços em aperfeiçoar os aspectos mais frágeis e aprimorar ainda mais aquilo que já funciona bem, The Last Caretaker tem tudo para se tornar uma experiência realmente marcante no futuro.

The Last Caretaker foi desenvolvido pela Channel37 e estreia no dia 6 de novembro em acesso antecipado para PC, via Steam.

*Preview elaborada em um PC com Geforce RTX, com código fornecido pela Channel37.

Leandro Paiva

Um estudante de jornalismo e o primeiro estagiário do site. Degustador nato de coxinha e pizza fria com ketchup. Amante de RPG, principalmente aqueles em que é possível pescar em vez de fazer a missão principal. Piadista em tempo integral e um grande degustador de café. Defensor de Birds of Prey e da DC em geral nas horas vagas.