The Outer Worlds 2 | Review
The Outer Worlds 2 é um jogo pelo qual tenho grandes expectativas desde o seu anúncio no Xbox Showcase de 2021. Entretanto, não necessariamente por eu ser um grande fã do primeiro game, inclusive, tenho uma relação bastante mista com ele, mas sim porque queria ver as grandes evoluções que a Obsidian traria para a sequência e se até mesmo melhoraria os aspectos mais fracos do título original.
The Outer Worlds chegou em 2020 com a grande promessa de ser um Fallout no espaço, com a desenvolvedora utilizando bastante essa comparação em seu marketing, sempre deixando evidente que os criadores de Fallout: New Vegas estavam por trás do projeto. No entanto, apesar das promessas, quando tive minha jornada no primeiro jogo, me decepcionei com o quão pouco elaborados foram os sistemas de RPG, dentro de uma campanha que, apesar de contar com personagens carismáticos em alguns momentos, se perdia demais em diálogos pouco cativantes e em uma história principal que falhou em me envolver.
Ainda assim, eu sempre enxerguei algo bom naquele jogo, pois nos momentos em que os diálogos funcionavam, nas partes em que podíamos realmente fazer uso dos perks e talentos dos personagens nas conversas, e até mesmo abordar confrontos de maneiras únicas, The Outer Worlds conseguia realmente brilhar. Com isso em mente, criei grandes esperanças de que The Outer Worlds 2 expandisse ainda mais esses aspectos que funcionaram no primeiro game e que, de preferência, reduzisse certos fatores que não “pousaram” de forma muito cativante, como o senso de humor estilo “MCU slop” presente em toda a narrativa, na qual nada era realmente levado a sério, mesmo quando algo dramático acontecia.
Felizmente, posso adiantar que, na maioria dos aspectos, a sequência desenvolvida pela Obsidian conseguiu entregar uma grande evolução em comparação ao título anterior, tornando este um dos meus jogos favoritos de 2025. Sendo assim, pegue um café, de preferência sem açúcar e me acompanhe agora em mais uma review antecipada do Pizza Fria!
Uma campanha bem mais séria, mas que ainda tem alguns tropeços
The Outer Worlds 2 apresenta uma narrativa que se leva bem mais a sério do que a do primeiro jogo, o que foi uma grande surpresa durante a minha jornada. Na história, criamos um personagem que é um agente da Diretoria Terrestre, um grupo que luta contra as injustiças impostas pelas corporações ao redor de toda Arcadia. Entretanto, quando nosso personagem acaba sendo afastado de sua missão após um grande acontecimento no começo da aventura, voltamos um tempo depois com o objetivo de retomar de onde paramos e lidar com as consequências disso.
Entretanto, as coisas estão ainda mais complicadas na galáxia, com uma grande guerra entre facções explodindo e um misterioso culto espalhando sua influência por vários cantos da região. Logo, nossa missão inicial em The Outer Worlds 2 é encontrar aliados, descobrir as origens dos maiores problemas em Arcadia e lidar com eles da maneira que o jogador decidir. Sinceramente, a narrativa de The Outer Worlds 2 não é tão interessante quanto a do primeiro jogo. Existem trechos que se destacam por apresentarem cinemáticas para certos eventos — uma novidade bem-vinda aqui —, mas no fator história e plot, eu realmente não me senti muito engajado.

Felizmente, The Outer Worlds 2 compensa bastante esse aspecto com o quão variados os cenários da história podem ser dependendo das nossas escolhas. Conforme nossas skills, escolhas de diálogos e até mesmo a forma como abordamos certos confrontos, optando por atitudes mais pacíficas ou violentas, a narrativa se desenrolará de maneiras diferentes, com mudanças na história que realmente podem ser sentidas. Isso ficou bem acima do que foi apresentado no primeiro jogo, em que apenas algumas quests e locais específicos eram afetados de acordo com as decisões do jogador.
Personagens que realmente tem grande destaque
Outro fator de grande destaque em The Outer Worlds 2 são os personagens. Primeiramente, falando sobre os companions, o jogo fez um bom trabalho em tornar cada um deles realmente único, com suas próprias personalidades e maneiras de pensar. Isso pode parecer um aspecto bem óbvio, mas era um grande problema no primeiro The Outer Worlds, pois quase todos os companheiros pareciam ligados no modo “positividade tóxica”, em que, a partir do momento em que se tornavam nossos parceiros de viagem, as interações deixavam de soar naturais.
Além disso, agora em The Outer Worlds 2 , as missões pessoais dos companions são bem profundas em suas histórias, e algumas apresentam momentos bastante dramáticos, que chegaram a me fazer mudar de perspectiva em relação ao personagem em questão. Para citar um exemplo sem dar spoilers, existe um companheiro da nossa equipe que passou um bom tempo sem convivência humana, tendo apenas um robô ao seu lado para conversar. O jogo aborda esse assunto de maneira bastante profunda nos diálogos e oferece uma vasta variedade de opções para que o jogador possa compreender melhor a situação do personagem e escolher como deseja interagir nessa circunstância.

Entretanto, não são apenas os companions que têm destaque em The Outer Worlds 2 , mas também a maioria dos personagens com os quais podemos interagir. Fica evidente que a Obsidian buscou melhorar bastante a naturalidade das conversas, algo que realmente deixava a desejar no primeiro jogo.
Missões opcionais variadas, mas com certas limitações questionáveis
The Outer Worlds 2 apresenta uma boa variedade de missões opcionais. Na maioria das vezes, podemos abordar as quests de maneiras diferentes, o que acaba mudando o desfecho delas — um fator que eu sempre gosto de ver em RPGs. Por exemplo, existe uma missão em que precisamos invadir um local e sabotar uma usina; entretanto, podemos escolher não invadir o lugar e, na verdade, trabalhar com o dono da usina contra o nosso mandante inicial. Além disso, podemos invadir a usina de forma furtiva e apenas roubar tudo, ou sair atirando em todo mundo como se o game fosse Doom Eternal, só que sem a parte dos demônios. Isso sem mencionar que, dependendo dos nossos talentos, temos uma série de diálogos extras envolvendo skills que podem mudar completamente o rumo das missões.

Infelizmente, é nesse aspecto que uma das grandes decepções de The Outer Worlds 2 aparece. Algumas quests acabam não oferecendo tanta liberdade na maneira como podemos progredir, exigindo que tenhamos habilidades específicas para avançar. Por exemplo, uma missão requer que tenhamos conhecimento suficiente em engenharia para interagir com um painel e chegarmos à próxima etapa da quest. Deduzo que isso seja para incentivar o jogador a retornar mais tarde, quando estiver mais preparado; porém, essa falta de liberdade acaba fazendo com que o jogador se sinta obrigado a investir em certas skills nas quais talvez não tivesse interesse, apenas para progredir naquela missão e ver seu desfecho.
Este não é um problema que ocorre muitas vezes, mas, quando acontece, realmente causa aquele sentimento de que poderiam ter adicionado mais opções ali, especialmente em um jogo que, de forma geral, acerta bastante nesse fator.
Excelente sistema de criação de personagem e de builds
The Outer Worlds 2 apresenta um sistema bem completo de criação de personagens. Apesar de que, se você conseguir se criar em The Outer Worlds 2, tenho péssimas notícias para te dar… Mas falando sério, logo na tela inicial de criação, temos uma boa variedade de personalização de rosto, que vai desde cabelo, barba, altura do nariz e queixo, e por aí vai — algo já esperado, considerando que o primeiro jogo também apresentava um sistema de criação bastante vasto.
Dito isso, o que mais importa nessa parte em The Outer Worlds 2 são as habilidades e talentos iniciais que o jogador irá escolher, fator bastante importante, pois, como mencionado anteriormente, essas skills influenciam bastante nos diálogos e na progressão de certas missões. Minha dica é: independentemente do caminho que for seguir, invista inicialmente em medicina, fala e ciência. São algumas das habilidades que mais aparecem em quests opcionais e que oferecem mais opções logo no início da campanha.

Outro fator importante em relação às builds é que podemos melhorar as skills únicas de nossos companheiros ao longo da história. Mas aqui isso funciona de uma maneira diferente em comparação ao primeiro jogo. Durante a campanha, realizaremos ações, sendo a principal delas completar as missões pessoais dos companions , que irão gerar pontos de habilidade. Em seguida, teremos que escolher entre duas skills qual aspecto do nosso companheiro queremos aprimorar. Gostei bastante desse sistema, pois ele adiciona um elemento de escolha relacionado às funções que o jogador deseja que determinado personagem exerça no grupo.
Muita ação para os jogadores que querem explodir tudo
The Outer Worlds 2 expandiu de forma bem ampla o arsenal de armas que os jogadores podem usar para explodir todos os cantos de Arcadia — ou agir de maneira furtiva, caso prefiram. Temos pistolas, rifles, metralhadoras e as armas científicas, que são equipamentos malucos que disparam lasers, raios e bolas de energia, adicionando uma camada extra de caos nos confrontos contra os inimigos. Em relação às batalhas diretas, a inteligência artificial dos adversários melhorou consideravelmente em comparação ao primeiro jogo. Agora, eles não apenas saem correndo em nossa direção esperando levar bala; em vez disso, agem de maneira mais tática, tentando flanquear e, em alguns casos, até buscar cobertura.

Esse aspecto brilha ainda mais em algumas batalhas contra chefes, onde enfrentamos maior quantidade de inimigos simultaneamente, e alguns até tentam pegar cobertura em locais mais altos para terem melhor visão do jogador, chamam reforços e agem de formas inesperadas que podem surpreender. Infelizmente, não posso dar o mesmo elogio para a IA dos companheiros, que continua abaixo do esperado, assim como no primeiro jogo e em alguns aspectos até pior. Mais de uma vez, meus companions ficaram atirando no ar ou se recusaram a usar as skills que eu selecionava, o que atrapalhava o fluxo do combate.
Falando no ritmo do combate, outro aspecto que mudou para melhor foi o sistema de cura. Agora, podemos usar alimentos que, dependendo do item, curam parcialmente ou totalmente a nossa vida, além de seringas, que possuem diversos tipos, algumas restaurando todo o HP de uma vez, enquanto outras o regeneram ao longo do tempo.

Entretanto, The Outer Worlds 2 trabalha com um sistema de countdown, no qual não é possível se curar diversas vezes em um curto período de tempo, pois isso causa uma espécie de overdose de cura que impede a recuperação de energia por alguns instantes. Eu realmente gostei desse sistema, pois ele adiciona uma excelente camada tática, fazendo com que o jogador pense duas vezes antes de sair se curando a todo momento.
Além disso, o sistema de Dilatação Temporal Tática também retorna em The Outer Worlds 2, permitindo ativar um modo slow motion por alguns segundos para melhorar a precisão ao atirar e atacar inimigos. É basicamente a versão do VATS de Fallout nesse jogo, mas oferecendo mais mobilidade de movimento para o jogador.
Gráficos e trilha sonora
O game apresenta visuais muito bonitos, com uma excelente variação de cenários. Temos locais mais paradisíacos, grandes usinas e cidades de diferentes classes sociais, com diversas arquiteturas e até estátuas que as tornam bastante únicas. Entretanto, a vegetação do game me passou uma sensação de asset genérico de Unreal Engine 5 demais para o meu gosto. Recentemente, eu joguei Borderlands 4, e foi difícil não reparar como ambos os jogos parecem utilizar exatamente os mesmos assets de vegetação. Claro, isso não chega a ser um grande problema, mas ainda assim, me causou certa distração em alguns trechos.

Falando agora da trilha sonora, este é outro aspecto que continua muito bom, com novas faixas nos momentos de ação e contando até mesmo com alguns remixes das melhores músicas do primeiro jogo. O único ponto negativo aqui, e que eu realmente gostaria que tivesse recebido mais atenção, é a seleção de faixas durante a exploração do mapa, que em sua maioria não são muito marcantes e acabam não transmitindo a sensação épica que os jogadores deveriam sentir ao explorar os grandes ambientes do game.
Desempenho
The Outer Worlds 2 foi desenvolvido usando a Unreal Engine 5. Ou seja, os jogadores no PC infelizmente terão que lidar com a habitual compilação de shaders, que pode demorar dependendo do processador, além dos inevitáveis stutters ao explorar o mapa. Felizmente, apesar disso, com um PC equipado com uma RTX 3060, tive um bom desempenho entre 50 e 60 FPS em 1440p, com os gráficos no médio e DLSS 4 no modo equilibrado. Entretanto, em regiões com muitos NPCs, o FPS caía para a faixa dos 40 em alguns momentos.

O jogo também conta com geração de quadros via DLSS para usuários que possuem placas da série 50 da NVIDIA e, surpreendentemente, também oferece suporte ao Frame Generation da Intel, que pode ser utilizado em GPUs mais antigas.
Assim, utilizando a geração de quadros da Intel, com os gráficos no alto e DLSS no modo qualidade, The Outer Worlds 2 apresentou uma média entre 80 e 100 FPS, com um pouco de latência, mas nada que tenha me incomodado durante a jogatina.
Vale a pena comprar The Outer Worlds 2?
The Outer Worlds 2 me surpreendeu bastante de forma positiva. Apesar de alguns tropeços envolvendo a história principal e o design de determinadas missões opcionais, o game consegue cativar com seu elenco carismático de personagens, um mundo que realmente recompensa a exploração e uma boa variedade de abordagens e escolhas que geram consequências reais na jornada do jogador. Seja você um player que prefere agir de forma furtiva ou explodir tudo pelo caminho, The Outer Worlds 2 oferece vastas oportunidades para que cada estilo de gameplay tenha seu momento de brilhar.
É realmente gratificante ver as boas ideias apresentadas inicialmente em The Outer Worlds atingindo seu ápice nesta sequência, o que me faz acreditar que a Obsidian pode finalmente estar voltando aos seus dias de glória, ainda que alguns tropeços precisem ser superados no futuro.
The Outer Worlds 2 foi desenvolvido pela Obsidian e publicado pela Xbox Game Studios, e fará sua estreia no dia 29 de outubro para Xbox Series X|S, PlayStation 5 e PC, via Steam e Microsoft Games Store, sendo também um game que chega no lançamento ao Xbox Game Pass Ultimate. Além disso, os jogadores que fizerem a compra da versão Premium, poderão jogar em antecipado, a partir do dia 24 de outubro.
*Review elaborada no PC equipado com uma Geforce RTX, com código fornecido pela Microsoft.
The Outer Worlds 2
BRL 299,00Prós
- Bom elenco de personagens carismáticos, especialmente os companheiros
- Boa variedade de builds e formas de jogar
- Vasto sistema de escolhas durante os dialogos que realmente trazem consequências na jornada
- O combate está excelente, com a IA dos inimigos sendo um grande destaque
- Legendas em PT-BR
Contras
- A narrativa principal não é muito interessante
- O game poderia oferecer mais variedade em algumas quests opcionais, em especial as que exigem habilidades pré determinadas para progredir
- A trilha sonora nos trechos de exploração poderia ser melhor
- A IA dos companheiros em combate continua sendo bem ruim, semelhante ao primeiro Outer Worlds


