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The Stone of Madness | Review

The Stone of Madness é um jogo isométrico de furtividade que coloca o jogador no comando de cinco personagens presos em um monastério-prisão, obrigados a usar suas habilidades únicas para arquitetar uma fuga estratégica. Cada um dos protagonistas traz um leque de capacidades distintas, exigindo planejamento para explorar ambientes claustrofóbicos, desvendar segredos e, claro, escapar. A trama promete uma narrativa densa, entrelaçando elementos sobrenaturais e horror cósmico.

Confesso, porém, que meu interesse pelo título vai além da premissa: The Stone of Madness é criação da The Game Kitchen, mesma equipe responsável pelo incrível Blasphemous, aclamado por sua fusão de plataforma, RPG e um universo repleto de simbolismo sombrio. Diante desse histórico marcado por mecânicas inventivas e uma boa direção de arte, surge a dúvida: o novo projeto consegue repetir o feito e entregar algo tão bom quanto? Confira em mais uma análise antecipada do Pizza Fria!

Escapar a qualquer custo!

The Stone of Madness inicia sua narrativa apresentando os cinco protagonistas que os jogadores controlarão durante a audaciosa tentativa de escapar de uma prisão-monastério. Na introdução, o jogo já nos mergulha nos mistérios sombrios do local: desaparecimentos inexplicáveis, prisioneiros levados para áreas restritas e um clima de tensão constante.

Assumindo o papel do Padre, o primeiro personagem jogável, nossa missão inicial é descobrir o paradeiro de uma jovem arrastada por guardas para uma ala fortemente vigiada. Esse prólogo serve não apenas como tutorial das mecânicas básicas, mas também como introdução às habilidades únicas de cada personagem e à atmosfera intrigante que permeia o game.

The Stone of Madness
Os mistérios presentes em The Stone of Madness é o maior chamativo da história. (Imagem: Divulgação)

Um dos grandes trunfos de The Stone of Madness está na diversidade do grupo. Cada integrante traz habilidades distintas: uma criança ágil, um padre estrategista, uma idosa com poderes sobrenaturais e um prisioneiro com força descomunal. Através de diálogos e momentos de planejamento entre as missões, descobrimos fragmentos de suas histórias e motivações individuais. Embora a narrativa não se aprofunde excessivamente em desenvolvimento emocional, a dinâmica entre eles e seus objetivos pessoais sustentam o interesse na trama.

A verdadeira essência da história, porém, reside nos segredos macabros do monastério. The Stone of Madness constrói um mistério envolvente, incentivando a exploração de salas ocultas, coleta de documentos e interpretação de pistas ambientais. Esses elementos expandem a lore de forma orgânica, revelando experimentos sinistros e conspirações que dão peso à urgência da fuga. A narrativa, embora focada em suspense e intrigas, mantém-se coesa graças a esses pequenos detalhes que o jogador desvenda progressivamente.

Furtividade tática feita da maneira correta

Um dos grandes acertos de The Stone of Madness está em sua gameplay. O game adota uma perspectiva isométrica e foca intensamente na furtividade, aliada ao controle simultâneo de múltiplos personagens. Cada personagem pode realizar ações como andar, correr, se abaixar, explorar caixas em busca de itens e até mesmo trocar objetos entre si.

No entanto, durante a exploração, a maioria das ações exige cautela, já que algumas são proibidas e podem atrair a atenção dos guardas. Quando um personagem entra em uma área restrita, o título sinaliza o perigo com uma borda vermelha no chão, indicando que certas atividades naquele local devem ser realizadas com extrema discrição.

The Stone of Madness
Quase um Metal Gear Solid no século XVIII. (Imagem: Divulgação)

Por exemplo, em determinados momentos da campanha, é necessário recuperar uma chave para abrir um portão trancado. Para alcançar esse objetivo, o jogador deve se abaixar e se mover atrás de objetos para escapar da visão dos guardas. Essa visão é representada por um cone verde, e, caso o personagem entre nessa linha de visão em uma área proibida, será imediatamente atacado.

Além disso, em certas partes, é possível utilizar a escuridão como vantagem. Nesses cenários, o cone de visão dos guardas apresenta listras, indicando que o ambiente está escuro demais para que o jogador seja visto. No entanto, esse elemento nem sempre funciona de forma consistente, já que em diversas ocasiões fui detectado mesmo estando em uma área supostamente segura.

Quando finalmente conseguimos alcançar a chave, é necessário aguardar alguns segundos enquanto o personagem realiza a ação de pegá-la. Esse intervalo cria oportunidades para o uso estratégico de outros personagens. Em vez de apenas se abaixar e avançar diretamente, o jogador pode alternar para outro personagem, lançar um objeto para distrair o guarda e, então, prosseguir com segurança. Outra opção seria eliminar o guarda e esconder o corpo. Essas são apenas duas maneiras de superar um simples trecho da fase, mas The Stone of Madness oferece uma grande liberdade para abordar os desafios de diversas formas, incentivando a criatividade do jogador.

O poder das revelações

Uma das mecânicas mais interessantes de The Stone of Madness está nas chamadas revelações, que são habilidades únicas de cada um dos cinco personagens jogáveis. Essas habilidades estão divididas em dois tipos: as que podem ser usadas livremente e as proibidas, que alertam os guardas caso sejam executadas na frente deles. O game faz um excelente trabalho ao tornar cada personagem único com suas habilidades, exigindo que o jogador utilize-as de forma estratégica e em sinergia com os demais protagonistas para superar os desafios do monastério.

The Stone of Madness
As revelações oferecem a cada personagem habilidades únicas. (Imagem: Divulgação)

Por exemplo, o Padre possui a habilidade de utilizar seu lampião para ler e descobrir pistas ocultas. No entanto, o lampião precisa ser aceso em uma vela ou tocha próxima antes de ser usado. Essa tarefa, aparentemente simples, pode se tornar um desafio, já que alguns cenários apresentam obstáculos específicos, como janelas abertas que apagam o fogo devido ao vento, tornando impossível utilizar o lampião naquele ambiente. Para resolver situações como essa, é necessário coordenar ações entre os personagens, como encontrar uma forma de fechar a janela.

Além disso, algumas revelações possuem limitações, como tempo de espera ou uso restrito. Por exemplo, Leonora, que tem a habilidade de eliminar guardas, só pode matar um número limitado de inimigos por ciclo. Já para nocautear adversários sem matá-los, é preciso encontrar um pedaço de madeira, o que exige planejamento e exploração para reunir os recursos necessários.

Lidando com a loucura

Uma mecânica crucial em The Stone of Madness é o sistema de loucura. Cada personagem possui medos e fobias específicos que se manifestam durante a exploração, criando desafios extras. Um medidor de loucura acompanha o estado mental dos personagens: se a barra se esvaziar completamente, o personagem se torna atormentado e quase inutilizável para as tarefas no jogo.

Essas fobias tornam a gestão dos personagens ainda mais desafiadoras. Leonora tem medo de fogo, enquanto Eduardo teme o escuro. Isso força o jogador a considerar cuidadosamente o posicionamento de cada personagem no ambiente, evitando obstáculos que possam desencadear suas fobias.

The Stone of Madness
Gerenciar a barra de loucura é um fator importante em The Stone of Madness. (Imagem: Divulgação)

No entanto, o sistema de comandos apresenta algumas limitações que afetam a fluidez da experiência. O jogador pode apenas pedir que os companheiros sigam seu personagem atual, mas o sistema não é tão responsivo quanto deveria. Em trechos furtivos, isso se torna problemático com os personagens não seguindo corretamente as ordens, permanecendo parados ou se movendo de forma lenta, o que acabou gerando frustração.

Ciclo de dia e noite

Outro aspecto central da experiência em The Stone of Madness é o ciclo de dia e noite, que altera drasticamente o ambiente e o ritmo do jogo. Durante o dia, o monastério apresenta um clima mais tranquilo, oferecendo uma oportunidade ideal para exploração detalhada, descoberta de salas secretas e coleta de itens essenciais.

Já à noite, a dificuldade aumenta significativamente, trazendo novas ameaças, como fantasmas e outros perigos sobrenaturais. Esses desafios obrigam o jogador a usar as habilidades únicas dos personagens e o conhecimento adquirido durante o dia para sobreviver. É durante o período noturno que as maiores revelações sobre o monastério ocorrem, culminando na busca por uma forma de escapar desse pesadelo.

Gráficos e trilha sonora

The Stone of Madness possui um estilo visual que remete diretamente às pinturas do renomado artista espanhol Francisco Goya. Conhecido por retratar desde cenas alegres e retratos da realeza até obras de caráter sombrio e críticas sociais, Goya serve como uma inspiração evidente para o jogo. Essa estética se traduz em visuais cartunescos que capturam a angústia e a opressão presentes na campanha. Além disso, o jogo integra pinturas e textos que dialogam diretamente com os temas de Goya, intensificando a atmosfera sufocante e melancólica que permeia toda a experiência.

The Stone of Madness
The Stone of Madness apresenta uma excelente direção de arte inspirada nos trabalhos do artista espanhol Francisco Goya. (Imagem: Divulgação)

A trilha sonora também é um ponto de destaque, composta predominantemente por faixas instrumentais com influências da música clássica. Essa abordagem musical, somada a elementos religiosos, reforça a ambientação do monastério, aumentando a imersão do jogador.

Desempenho

Minha experiência foi no PC, com uma maquina equipada com uma RTX 3060. O jogo é bem leve, sendo que consegui jogar facilmente na resolução 1440P acima dos 60 FPS. Felizmente, também não tive problemas com bugs ou travamentos.

Vale a pena comprar The Stone of Madness?

The Stone of Madness oferece uma jornada fascinante em meio à loucura, opressão e elementos sobrenaturais do século XVIII. O jogo se destaca ao incentivar o uso estratégico das habilidades únicas de cada personagem, demandando que os jogadores planejem cuidadosamente suas ações e considerem cada movimento com precisão.

Embora o sistema de furtividade apresente algumas falhas, especialmente relacionadas à IA dos inimigos e à limitada responsividade dos comandos dados aos companheiros, no geral, ele proporciona uma experiência tensa e satisfatória. A ambientação sombria, combinada com a jogabilidade desafiadora e estratégica, torna o título uma excelente escolha para fãs de jogos com furtividade e que exploram temas sombrios.

The Stone of Madness foi desenvolvido pela The Game Kitchen e chega no dia 28 de janeiro para PC, via Steam e Epic Games StorePlayStation 5Xbox Series X|S e Nintendo Switch, publicado pela Tripwire Presents.

*Review elaborada em um PC equipado com uma Geforce RTX, com código fornecido pela Tripwire Presents.

The Stone of Madness

BRL 88,99
8.8

História

8.0/10

Gameplay

9.0/10

Gráficos e Sons

10.0/10

Inovação

8.0/10

Prós

  • Um elenco variado de personagens com habilidades únicas
  • Excelente sistema de furtividade que exige planejamento estratégico
  • A ambientação no monastério no século 18 é imersiva
  • Legendas em PT-BR

Contras

  • O sistema de comandos ao companheiros é muito limitado
  • A IA dos inimigos e dos companheiros nem sempre funciona como deveria

Leandro Paiva

Um estudante de jornalismo e o primeiro estagiário do site. Degustador nato de coxinha e pizza fria com ketchup. Amante de RPG, principalmente aqueles em que é possível pescar em vez de fazer a missão principal. Piadista em tempo integral e um grande degustador de café. Defensor de Birds of Prey e da DC em geral nas horas vagas.

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