Trinity Trigger | Review

Ah, os JRPGs… Como esse estilo marcou uma geração de jogadores que teve contato com videogames na década de 1990 no Brasil, mas acabou “esquecido” pela tecnologia moderna. Afinal, hoje não parece haver muito espaço para a calmaria e o tempo de pensar que muitos dos jogos de antigamente ofereciam, já que o dinamismo dos FPSs e RPGs de ação requerem ação imediata. Então, quando eu vi a proposta de Trinity Trigger, o game logo me chamou atenção. Primeiro pelo nome, obviamente, que remete ao maior JRPG de todos os tempos, mas também por mesclar o dinamismo de jogos atuais, com a estratégia dos jogos passados. Será que isso funcionou?

Nas últimas semanas, à convite da XSEED Games, pude testar o mais novo título que a empresa está lançado e tenho algumas coisas para pontuar para vocês agora, em mais uma review antecipada do Pizza Fria!

A velha luta do bem e do mal

A história de Trinity Trigger se passa em Trinitia, um continente afetado pela luta entre os deuses da Ordem e do Caos. Nossa história começa com Cyan, um jovem guerreiro que descobre ser um Guerreiro do Caos por possuir uma marca de nascença. Mas acontece que essa guerra dura várias gerações e nossa missão é tentar por um fim nela, dialogando diretamente com o Guerreiro da Ordem.

Apesar de ser uma história meio clichê nesse universo de JRPGs, Trinity Trigger vai diferente ao ousar um pouco mais. Isso porque o guerreiro que, supostamente era ser o do “mal”, é o protagonista, que teve censo e juízo ao longo da vida. Logo, ao conhecer Elise, outra personagem jogável, ela apresenta esse plano: usar a razoabilidade para dar fim à guerra de uma vez por todas.

Trinity Trigger
O combate de Trinity Trigger é bastante dinâmico (Imagem: Divulgação)

De uma forma geral, tanto Elise quanto Zantis, os outros dois personagens que junto à Cyan formam a “trindade” do jogo, são muito bem construídos e desenvolvidos. Eles são carismáticos, divertidos e apresentados de uma forma leve ao longo da narrativa. Isso porque não há diálogos enormes, e o roteiro é até bem simples, sem grandes tramas secundárias ou histórias muito elaboradas.

Os triggers e os elementos de gameplay

Um dos grandes diferenciais de Trinity Trigger são os triggers, criaturinhas que se assemelham à Pokémon, mas que são peças fundamentais ao longo da narrativa. Nossa primeira iteração com um trigger no jogo é logo na primeira hora, quando exploramos uma masmorra e encontramos o boss. Acontece que, após os primeiros ataques, o inimigo não sofreu nenhum dano. Assim, esse trigger apareceu, transformando-se em uma espada, capaz de ferir o primeiro chefe – e dar sentido à outros elementos de gameplay.

Trinity Trigger
O primeiro contato de Cyan com uma trigger (Imagem: Divulgação)

Um dos pontos mais altos de Trinity Trigger é sua exploração e o combate. Ele não inova, mas mescla elementos de jogos de sucesso e acaba criando sua própria identidade. Apesar de se apresentar como um RPG de ação, é possível parar o tempo a qualquer momento, seja para dar indicações aos seus companheiros sobre o que fazer, seja para utilizar itens. Temos botões para desviar e atacar, mas é preciso atenção, pois o combate pega emprestado uma barra de stamina do jogo, ou seja, se continuarmos atacando inimigos sem energia, nossos golpes farão apenas cócegas.

Trinity Trigger também traz uma dinâmica interessante de exploração de dungeons e mapas, com um número de baús disponíveis em cada região, lembrando os primeiros Final Fantasy. Encontrar os baús, em um primeiro momento, pode parecer um pouco complicado, mas quando você percebe a dinâmica de contrução dos mapas, as coisas ficam bem mais fáceis e divertidas. Trinity Trigger também conta com dinâmicas clássicas de JRPGs, como viagem rápida entre pontos já desbloqueáveis, inclusive dentro de dungeons, lojas, crafting de itens e outros recursos que “cansamos” de ver em jogos da década de 80 e 90, mas que não andam tão presentes em títulos mais recentes.

Trinity Trigger
A apresentação visual do game é semelhante ao remake de Secret of Mana (Imagem: Divulgação)

Além disso, Trinity Trigger permite que os jogadores joguem o jogo com amigos, de forma local, o que oferece uma verdadeira transformação e facilitação do gameplay, cada um assumindo o controle de um personagem, o que torna o jogo excelente para uma aventura em casal ou com filhos. Uma pena que não é possível jogar online, ao menos, no lançamento.

Visualmente belo e competente

Quando vi a lista de artistas envolvidos na criação de Trinity Trigger, eu sabia que coisas boas estavam a caminho. E felizmente, meu palpite foi certeiro. O jogo conta com artistas responsáveis por criar visuais de jogos de sucesso como Trials of Mana, a franquia Xenoblade, OCTOPATH TRAVELER, Pokémon e Chrono Cross. O resultado não poderia ser outro: um mundo vivo e muito competente em sua proposta, em que os elementos remetem ao reboot da franquia Mana da Square Enix, com visuais em 3D, cutscenes que lembram animes, além de claro, os próprios ambientes do jogo.

Trinity Trigger
Também há cenários noturnos em Trinity Trigger (Imagem: Divulgação)

Os modelos dos personagens são bem feitos, os movimentos de batalha são fluídos e há boas animações de durante as batalhas. Particularmente, achei os ambientes, embora não impressionantes, eles contam com detalhes e texturas que ajudam a criar uma sensação de mundo vivo e em constante mudança.

Já a parte sonora de Trinity Trigger cumpre bem seu papel. A trilha não é daquelas memoráveis, mas se encaixa perfeitamente na atmosfera do jogo. O game oferece músicas agitadas durante as batalhas a temas mais tranquilos durante a exploração e os momentos de história. Além disso, os efeitos sonoros são bem feitos e ajudam a criar uma sensação de imersão durante o jogo.

Trinity Trigger
Será que essa pedra aguenta nós três? (Imagem: Divulgação)

Há também uma dublagem em inglês, que é excelente, com vozes bem escolhidas para cada personagem e uma atuação que ajuda a dar vida aos diálogos e cutscenes. Não são todos os personagens dublados, mas os principais momentos, sim. Outros diálogos parecem aqueles em que sons aleatórios saem dos personagens, apenas para demonstrar que estão sendo usadas. Um ponto negativo é a ausência de textos em português.

Por fim, a interface do jogo é intuitiva e fácil de usar, com menus bem organizados e informações claras para o jogador. Há uma grande quantidade de informações disponíveis sobre personagens, habilidades e itens que ajudam a criar uma sensação de profundidade no mundo do jogo. O jogo também apresenta tutoriais intuitivos para todos os recursos, e que apresentam bons detalhes do que fazer.

Trinity Trigger
O diálogo entre os personagens acontece dessa forma, com dublagem, mas em inglês (Imagem: Divulgação)

Vale a pena comprar Trinity Trigger?

Trinity Trigger é um JRPG de ação competente, mesclando elementos clássicos de gameplay, com a possibilidade de “pausar” o jogo, dando um dinamismo interessante ao título. Além disso, é uma experiência audiovisual impressionante, com gráficos vibrantes, trilha sonora e dublagem competentes. A narrativa, apesar de simples, é meio diferentona por colocar o protagonista como responsável pelo Caos, e não Ordem. Além disso, o fato de poder ser jogado em modo cooperativo local é um atrativo a ser considerado.

Trinity Trigger será lançado nesta terça-feira, 25, para PlayStation 4, PlayStation 5, Nintendo Switch e PC, via Steam. O título está disponível em pré-venda a partir de R$ 179,90, somente em formato digital.

*Review elaborada em um PlayStation 5, com código oferecido pela XSEED Games.

Trinity Trigger

+ R$ 179,90
7.6

História

7.0/10

Gameplay

8.5/10

Gráficos e Sons

8.0/10

Extras

7.0/10

Prós

  • Os triggers
  • Belo visual
  • Combate divertido
  • Elementos clássicos de RPGs

Contras

  • Narrativa poderia ser mais aprofundada
  • Ausência de localização em PT-BR

Lucas Soares

Jornalista e fã de videogames desde criança. Já teve Mega Drive, Game Boy Color, PS1, PS2, PS3, PS4, PSVR, PS Vita, Nintendo 3DS e agora tem "só" um PS5, um Nintendo Switch e um PC Gamer. Para ele, o melhor jogo da história é Chrono Trigger, mas Metal Gear Solid 3, Final Fantasy X, The Last of Us Part II e Red Dead Redemption 2 completam o Top-5.