Valkyrie Profile: Lenneth | Review
Valkyrie Profile: Lenneth é o re³lançamento de um dos monstros sagrados do gênero JRPG, lançado originalmente para meu saudoso e glorioso PS1. Desenvolvido pela Tri-Ace e distribuído pela Square Enix, o título nos coloca nas botas metálicas da valquíria Lenneth, que deve reunir um exército de almas para lutarem no Ragnarok iminente.
Será que vale a pena revisitar essa pérola de outrora? É o que veremos agora, em mais uma análise do Pizza Fria!
Venham até mim, meus nobres Einherjar!
Hohoho, leitora, acredito que tenha me metido em uma enrascada de novo. Recentemente, tentei quebrar o recorde no Guinness para maior quantidade de cachorro-quente comido em rápida sucessão e, sendo generoso, tive uma pequena reação corporal adversa. Após acordar, me dei de cara com uma moça, coberta a cabeça aos pés em armadura pesada, dizendo se chamar Lenneth e explicando que veio buscar minha alma para enviar para as costas de Valhalla.
Contudo, antes de minha gloriosa ascensão, deveria fazer uma análise caprichada e imparcial do novo re³lançamento de sua primeira aventura, Valkyrie Profile: Lenneth. Me lembro de ter jogado um bocado a versão original do PS1, lá nos velhos tempos, e ter terminado o jogo mais uma vez no meu saudoso PSP. Inclusive, essa versão é um port daquela que tivemos nele.
Este jogo, inclusive, foi originalmente pensado como um complemento para a versão Deluxe de Valkyrie Elysium, um sucessor espiritual (de certa forma) lançado para a geração mais novas de console com reações mistas da crítica. Contudo, fosse como fosse, arrisco dizer que Valkyrie Profile: Lenneth ainda seria o título mais chique da série, de mãos dadas com Valkyrie Profile: Covenant of the Plume.
Valkyrie Profile: Lenneth conta a história da titular valquíria, enviada por Odin até a terra dos seres humanos (Midgard) em busca de almas dignas e fortes para serem enviadas até Valhalla. Uma guerra que ocorre no mundo dos homens, entre os Aesir e Vanir, serve como um esquenta para a vinda do Ragnarök, o temido evento cataclísmico da mitologia nórdica.
Para tentar evitar essa treta, nossa destemida donzela de combate (que título) deve buscar em todos os cantos do reino por almas dos recém falecidos a fim de reunir apenas os mais capazes. Treinar e enviar esses guerreiros, inclusive, é parte do ciclo de jogo, integrando bem o gameplay com a trama. Era muito divertido da primeira vez que joguei, e continua sendo agora.
Valkyrie Profile: Lenneth vai fazendo esse jogo ao longo de toda duração, enquanto desenlaça o balaio de gatos que é a história de vida da valquíria. Achei bem interessante, e prende nossa atenção (salvo no começo, que é um pouco maçante demais). Além disso, cada Einherjar (as almas que buscamos) tem uma história própria, algumas inclusive conectadas as outras. Esse é um dos aspectos chave do brilho desse lado do jogo, e a escrita competente eleva ainda mais a qualidade.
Valkyrie Profile: Lenneth tem uma jogabilidade que pode ser dividida, majoritariamente, em dois pontos: combate e exploração. Comecemos pelo primeiro. Quando entramos em confronto com qualquer uma das ameaças que assolam Midgard, somos apresentados a um sistema de turnos, no qual atacamos com cada um dos nossos personagens através de um dos botões de ação do controle: triângulo, círculo, X e quadrado.
Podemos, sim, fazer o mais fácil e sair rodando o dedo na manete para os bonecos atacarem em uma ordem doida qualquer. De fato, para alguns inimigos é perfeitamente aceitável. Contudo, cadenciar os golpes dos personagens (quase como criar um combo) aumenta significativamente o poder destrutivo, além de ser essencial para quebrar a guarda de alguns inimigos casca grossa que, de outro modo, nem sentiriam cócegas. Ah, e um combo bem feito aumenta a barra que permite usarmos finishers, ataques fortíssimos que causam um baita estrago. Como o famoso NIBELUNG VALESTI, da Lenneth.
Enquanto não estivermos tretando, estaremos explorando as masmorras em busca de itens, inimigos e novos recrutas. Esse é um ponto que envelheceu mal, acredito. Vejam bem, Valkyrie Profile: Lenneth tenta ser meio que um jogo de “plataforma”, no sentido de que precisamos pular de um lado para o outro para alcançar certos caminhos. Inclusive, utilizando cristais que criamos com uma habilidade. O problema, aqui, é que controlar é bizarro, e qualquer coisa que precise de um mínimo de precisão, certamente, irá causar uma quantidade significativa de tristeza.
E, além disso, temos a exploração do mapa aberto. Lenneth pode canalizar seus poderes de valquíria para ouvir os lamentos dos quase mortos e marcá-los no mapa. As localidades podem ser tanto cidades e vilarejos contendo histórias de Einherjar em potencial para recrutarmos (algumas excelentes, aliás) ou dungeons para treinarmos nossos personagens para enviar até Valhalla. Precisamos enviar? Não, mas a recusa em cumprir a missão pode alterar o final que temos. Além disso, o jogo conta com um sistema de “tempo” que corre enquanto exploramos e recrutamos, que representa o tanto que temos até o Ragnarok
Por fim, como disse, Valkyrie Profile: Lenneth é um relançamento apimentado do título de PSP. Contamos com algumas novidades boas, como um sistema de rewind para poder voltar atrás e refazer aqueles pulos infernais que erramos, um sistema de salvamento e carregamento rápido e opções visuais e algumas cenas novas. Não é pouco, mas sinto que poderiam ter feito um pouquinho mais. Afinal, me parece que as mudanças mais significativas foram melhorias de conveiência que todos remasters de hoje em dia recebem de praxe.
Sons e Visuais
Valkyrie Profile: Lenneth conta com os mesmos visuais charmosos e coloridos que vimos no PSP, com sprites bem feitas e animadas. O charme é inegável, atestando novamente como um trabalho bem feito resiste a qualquer provação do tempo. O único negativo que senti é que tudo parecia esticado demais, com uma resolução menor que o devido. Creio ser por conta do alargamento daquela utilizada no PSP, mas é apenas um chute. Seja como for, senti os olhos meio ardidos durante algumas sessões mais longas.
A trilha sonora é amor puro, sem mais. Músicas que tem um apelo emocional, que nos fazem sentir pelos personagens, ou ter raiva dos vilões, enfim. Simplesmente sensacional. Ainda que tenhamos algumas vozes em determinadas cenas, é a soundtrack que carrega esse departamento nas costas. Contudo, o charme das frases dos finishers não pode ser deixado de lado, não é mesmo?
Vale a pena comprar Valkyrie Profile: Lenneth?
Felicidade, leitores e leitoras! Fui aprovado em meu teste de Einherjar. Parece que minha primeira missão para impedir o Ragnarök será ir trocar tapas com um careca barbudo. Fácil! Mas, antes disso, vamos ver se realmente vai valer a pena enfrentar, novamente, todas as provações e doideras de nossa querida amiga Lenneth.
Como falei, Valkyrie Profile: Lenneth é um clássico atemporal. Uma trama bem feita e cativante (finais diferentes), personagens interessantes e bem escritos, voltas e reviravoltas, enfim. A história por si só valeria. Além disso, ainda temos um sistema de combate simples e divertido e uma trilha sonora da boa. Embora controlar nossa heroína pelos mapas seja meio torto, principalmente em plataformas, e o gráfico possa ser meio esticado, ainda não é o suficiente para manchar a boa fama do jogo.
Ao e ao cabo, Valkyrie Profile: Lenneth é um JRPG de peso que continua sendo, até hoje, uma pedida essencial para todos os fãs do gênero. O começo um pouco lento pode assustar alguns, mas digo com segurança que vale cada segundo, porque a oferta aqui é boa e vale nosso tempo. Agora resta orar, com vigor e zelo, para que lancem um remake de meu amado Covenant of the Plume.
Valkyrie Profile: Lenneth está disponível, em plataformas atuais, para PlayStation 4, PlayStation 5, Android e iOS. O título é gratuito para os compradores da versão deluxe de Valkyrie Elysium no PlayStation. No Metacritic, o game conta com média de 85 pontos.
*Review elaborada em um PlayStation 4, com código fornecido pela Square Enix.
Valkyrie Profile: Lenneth
+ R$ 99,90Prós
- História envolvente
- Personagens bem escritos
- Sistema de combate simples e divertido
- Função de rewind e salvamento automático é uma benção
- Jogabilidade e história bem interconectadas
Contras
- Poderia ter algumas melhorias e mimos a mais
- Começo um pouco lento demais
- Controle e plataforma podem ser meio tensos de aturar
- Sem legenda pt-br