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Witchfire | Preview

Recentemente, fui convidado para mergulhar no universo sombrio de Witchfire, a convite da desenvolvedora The Astronauts. Decidi então explorar o jogo e seus sistemas, que estão disponíveis em acesso antecipado na Epic Games Store.

Witchfire é um jogo singular e desafiador de se definir, mas, para não me alongar, posso dizer que é um Roguelike de tiro em primeira pessoa com elementos dos jogos Soulslike e Extraction Looters. Sinceramente, essa premissa já foi suficiente para capturar meu interesse, mas o que realmente agrega valor é a ambientação Dark Fantasy. A combinação de armas, magias, espadas e monstros, aliada a gráficos e efeitos especiais de tirar o fôlego, cria um título que, ao menos à primeira vista, é extremamente atraente para qualquer um que tenha visto o jogo em grandes eventos.

Mas será que essa abordagem inovadora de gameplay e os impressionantes gráficos resultam em uma experiência satisfatória? Ou será apenas uma “capa bonita” para o jogo? Foi isso que me propus a descobrir durante o acesso antecipado de Witchfire, em mais uma preview do Pizza Fria!

O combate em Witchfire é de tirar o fôlego

Como mencionei anteriormente, Witchfire combina diversos gêneros em uma tentativa de criar algo distinto. No entanto, em sua essência, é um jogo de tiro em primeira pessoa que acerta em cheio: o combate é, sem dúvida, o ponto alto do jogo até o momento. Cada arma tem um funcionamento diferente e único, que se transforma à medida que você progride e evolui, mudando não apenas em números, mas no próprio gameplay. Por exemplo, a metralhadora no nível dois possui um sistema de aquecimento que, se bem gerenciado, pode aumentar significativamente o dano.

O jogo também dispõe de uma variedade de magias, divididas entre fortes e fracas. As fortes são devastadoras com um tempo de recarga longo, enquanto as fracas podem ser utilizadas com mais frequência, geralmente agregando mais à dinâmica do combate do que ao poder puro. Aliadas às armas, as magias conferem ao jogador uma mobilidade incrivelmente alta, digna de comparação com jogos como DOOM ou Ultrakill.

A combinação dessas mecânicas cria uma experiência de combate única e cativante, perfeita para fãs de jogos de tiro intensos.

Witchfire
Além de prazeroso, o combate em Witchfire é visualmente impressionante. (Imagem: Divulgação)

Como funciona Witchfire?

Um bom combate é essencial, mas para sustentar o interesse dos jogadores, é necessário também ter sistemas e uma estrutura de gameplay que sejam funcionais e divertidos. Witchfire segue uma estrutura semelhante à de outros jogos Roguelike do mercado atual. Nele, você possui uma base onde pode aprimorar habilidades, armas e desenvolver seu personagem antes de embarcar em uma expedição.

As expedições em Witchfire assemelham-se a jogos de extração, como Escape From Tarkov: você entra em um mapa fixo em busca de recursos. Embora o mapa não seja gerado de forma procedural, os eventos que ocorrem são. Isso significa que cada partida é única devido às variações na disposição dos inimigos, mini-chefes e baús. Geralmente, esses eventos consistem em uma horda de inimigos com dificuldades variando entre fácil, médio e difícil, mas também incluem outros tipos de desafios, como enfrentar um mini-chefe.

Ao completar esses eventos, você recebe upgrades poderosos que valem apenas durante aquela partida. Derrotar inimigos e abrir baús garante a moeda do jogo chamada Witchfire, utilizada para melhorar seus equipamentos na base. Essa moeda é similar às “souls” da franquia Dark Souls: se você morrer, todas as Witchfires caem no chão e devem ser recuperadas na partida seguinte. No entanto, o jogo introduz um elemento de Extraction Looter, com portais espalhados pelo mapa que funcionam como pontos de saída. Ao usá-los, você salva suas Witchfires acumuladas para gastar na base.

O objetivo em cada mapa é derrotar um grande Chefe, marcado no local, que apresenta um desafio considerável e exige preparação cuidadosa. Atualmente, o jogo dispõe de apenas dois mapas e dois chefes, o que pode parecer limitado.

Witchfire
Além disso, Witchfire também oferece uma narrativa envolvente e uma construção de mundo interessante. (Imagem: Reprodução)

Porém…

Apesar da ideia intrigante de mesclar diferentes gêneros, a execução não resultou em uma experiência totalmente agradável para mim. Em teoria, a proposta era atraente, mas na prática, a diversão de Witchfire reside quase que exclusivamente no combate. A estrutura de risco e recompensa do jogo incentiva um estilo de jogo lento e cauteloso para evitar a perda de upgrades, já que a morte implica na perda de todo o progresso daquela sessão, a menos que você retorne para recuperá-lo. Lembra-se de que os eventos do mapa são gerados proceduralmente?

Muitas vezes, encontrei um evento extremamente difícil bloqueando meus recursos, tornando-os inacessíveis no início e forçando-me a iniciar uma nova partida para fortalecer meu personagem antes de tentar recuperar os recursos da partida anterior — isso se eu não morresse no processo.

Essa foi apenas uma das várias dificuldades que enfrentei durante o tempo que passei jogando. Além dos diversos bugs, que não mencionarei detalhadamente por serem esperados em um acesso antecipado, o jogo se mostra extremamente desafiador e punitivo. Os inimigos causam muito dano e a escassez de itens de cura praticamente não permite erros.

Minha experiência geral com Witchfire foi bastante frustrante, influenciada tanto pela estrutura do jogo quanto pela dificuldade e pela falta de recursos que realmente auxiliem durante a partida. Contudo, preciso dizer que adorei o combate do jogo, que foi um dos mais satisfatórios que joguei este ano em primeira pessoa.

Witchfire
Apesar dos contratempos, o combate do jogo sustenta a experiência até o fim. (Imagem: Divulgação)

O que esperar de Witchfire?

Witchfire desponta como um título de grande potencial: seus gráficos estonteantes, um universo cativante e uma ambientação meticulosamente criada se destacam e, aliados a um sistema de combate excepcional, têm tudo para consolidar o jogo como um dos melhores roguelikes dos últimos anos. No entanto, por ora, a escassez de variabilidade, a falta de opções de acessibilidade e certos problemas estruturais resultam em uma experiência mais frustrante do que prazerosa. É lamentável, pois Witchfire possui um potencial enorme, mas parece que, no momento, é como uma obra de arte com uma aparência esplêndida e uma execução que deixa a desejar.

Witchfire foi lançado no dia 20 de setembro e está disponível somente para PC, via Epic Games Store, em acesso antecipado.

*Preview elaborada em um PC equipado com uma Geforce RTX, com código fornecido pela The Astronauts.

Matheus Feldmann

Game Designer de formação, preservador de jogos antigos, amante de MMORPG's, Jogos de Luta, jogos indies e RPG's em geral. Também assumo o posto de maior defensor de jogos ruins, especialmente Daikatana.