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Samsung fala sobre sua linha de celulares e a democratização dos games mobile no Brasil

A Brasil Game Show 2025 estava lotada, barulhenta e vibrante como sempre. No meio de vários estandes, um chama bastante atenção: o da Samsung. A marca sul-coreana não veio apenas para mostrar smartphones, mas para reafirmar sua presença no universo gamer e, mais que isso, defender uma ideia que, há poucos anos, muitos torceriam o nariz para ouvir: jogo de celular é jogo, sim!

Durante o evento, conversamos com Renato Citrini, gerente sênior de produtos da Samsung, que falou com exclusividade sobre o papel da empresa na democratização dos games mobile, os bastidores da linha Galaxy S25, o impacto social da tecnologia e até deu pistas sobre o futuro da gigante coreana no Brasil.

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Imagem: Flávia “peachblues” Rodrigues

O celular como o novo console de bolso

“Hoje você tem celulares top de linha que rodam Ray Tracing, que têm Vulkan… muita coisa que antes era exclusiva do mundo do PC ou do console agora está no celular”, diz Citrini logo no início da conversa. De fato, a transição de um mundo gamer centrado em consoles e PCs para o ecossistema mobile é um fenômeno irreversível, e a Samsung parece estar bem determinada a liderar essa mudança.

Segundo o executivo, essa revolução se apoia em dois pilares: a evolução tecnológica e a portabilidade. “Quando você joga num console, ele está ali preso na tomada, é grande, precisa de espaço para refrigerar… já o celular está com você a qualquer momento. Você tira do bolso, tem cinco minutos numa fila, e joga. Essa é a magia dele.”

Isso ajuda a entender o que a marca chama de “visão democrática da tecnologia”, buscando ampliar o acesso aos seus modelos. No evento, o estande da Samsung exibe modelos diferentes de smartphones, de faixas de preço variadas. Desde o Galaxy A53 5G, intermediário robusto, até o poderoso Galaxy Z Fold 7, com sua tela expansiva de 8 polegadas e promessa de imersão total. “Cada modelo atende um público. O A53, por exemplo, roda a maioria dos jogos com fluidez impressionante. Já o Fold 7 oferece uma experiência de jogo quase cinematográfica. É uma questão de escolha, de necessidade e de bolso. A tecnologia está lá; o que a gente faz é garantir que mais pessoas possam chegar até ela”, explica.

O poder e a leveza do Galaxy S25

Um dos aparelhos mais comentados no stand da Samsung era o Galaxy S25, considerado o novo queridinho da linha. Tive a chance de testá-lo antes da entrevista, fazendo uma review detalhada, e a impressão foi exatamente como Citrini descreveu: um equilíbrio raro entre potência e eficiência térmica. Mesmo sob estresse máximo, o smartphone manteve a temperatura estável, sem comprometer o desempenho. “Essa geração é um marco para a Samsung”, conta o gerente. “A gente vem há anos refinando a linha S, e agora temos três versões: o S25, o S25 Plus e o S25 Ultra. O base já entrega performance de sobra para jogos pesados, mas o Ultra eleva o patamar.”

Segundo ele, o S25 Ultra é a “menina dos olhos” da marca, e não é por acaso. Além do processador mais avançado da linha, ele traz memórias mais rápidas, até 1 TB de armazenamento, e a icônica S Pen, que agora também pode ser usada para jogar. “Em alguns jogos de estratégia ou simulação, você pode usar a caneta para ter mais precisão no toque. É um diferencial que mostra como o smartphone pode se adaptar ao jogador, e não o contrário.”

O display impressiona: 200 megapixels na câmera principal e uma ultra-wide de 50 MP. Mesmo que a proposta principal do aparelho não seja ser uma câmera gamer, Citrini ressalta que o foco da Samsung é oferecer um produto completo. “O jogador hoje não quer só jogar. Ele quer gravar gameplay, criar conteúdo, streamar. Então o celular precisa ser bom em tudo: tela, áudio, câmera, processamento e refrigeração. O S25 Ultra é o pacote completo.”

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Imagem: Divulgação

O desafio da democratização tecnológica

Enquanto conversamos, é impossível não notar o contraste entre o luxo dos topos de linha e a realidade econômica de boa parte dos brasileiros. Questionado sobre isso, Citrini é direto: a Samsung quer, e precisa, atingir todos os públicos. “A gente tem produtos na faixa dos R$ 2.000, R$ 2.500, mas também tem modelos abaixo de R$ 1.000. É isso que permite a penetração da marca no país. O importante é que qualquer pessoa possa ter acesso a um celular que sirva para jogar, estudar e se conectar.”

Segundo dados recentes do IBGE de 2024, 88,9% da população brasileira com 10 anos ou mais possui um celular. Mas, como o executivo ressalta, acessar tecnologia não é o mesmo que acessá-la com qualidade. “Não adianta ter o aparelho se ele não entrega o que a pessoa precisa. Por isso, a gente trabalha para otimizar os jogos, o sistema, a bateria, para que mesmo os modelos mais simples ofereçam boa experiência.”

Citrini cita um exemplo técnico curioso: a inteligência dos próprios jogos em se adaptar ao hardware. “Quando o jogo detecta que o processador não é tão potente, ele reduz automaticamente algumas texturas, simplifica sombras ou efeitos visuais. O importante é que o usuário consiga jogar, mesmo que não seja com o máximo de qualidade gráfica.”

Do entretenimento à inclusão social

Para Citrini o celular tem um papel extremamente importante na realidade brasileira: “O smartphone hoje é o principal dispositivo eletrônico do brasileiro. Ele substituiu o PC dos anos 90. Serve para estudar, trabalhar, criar e se divertir. É ferramenta de inserção social.”

Para quem trabalha com educação, isso faz todo sentido. Como comentei com ele durante a entrevista, sou professor, e é impossível ignorar o quanto boa parte dos alunos dependem do celular, não só para jogar, mas para se comunicar e aprender. Muitos, inclusive, nunca usaram ou sequer sabem fazer o básico em uim computador. “É isso”, concorda Citrini. “A escola, o lazer e a comunicação estão no mesmo dispositivo. A gente tem muito orgulho de participar dessa transformação.”

De certa forma, o discurso da Samsung se encaixa perfeitamente no momento histórico do mercado mobile: uma era em que o celular não é mais apenas um telefone inteligente, mas um hub de cultura, estudo e entretenimento. A empresa, claro, aproveita essa tendência para consolidar sua imagem globalmente.

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Imagem: Divulgação

A cultura gamer e a nova identidade mobile

Há alguns anos, a frase “jogo de celular não é jogo” era quase um meme implicante e sem sentido. Hoje, soa completamente ultrapassada. Renato Citrini sorri quando o tema surge. “Acho que isso acabou. O que a gente vê é uma geração inteira que nasceu com o celular na mão. Para eles, Free Fire, Genshin Impact, Call of Duty Mobile são experiências legítimas de jogo.”

Na prática, isso muda tudo: desde o modo como as empresas desenvolvem seus produtos até a forma como os próprios jogadores se reconhecem como parte da comunidade. “Se você já jogou um jogo, a Samsung considera você um gamer”, diz Citrini. “Não importa se é casual ou competitivo, se joga Candy Crush ou PUBG. O importante é o prazer de jogar.”

Essa visão, já tratada em diversas pesquisas, redefine o que significa ser gamer. Bem, pelo menos para quem achava que jogadores de celular não eram jogadores. O público que antes se via excluído, por não ter um console, um PC potente ou dinheiro para jogos AAA, agora participa de um ecossistema que cabe no bolso. O mobile virou a porta de entrada definitiva para o universo dos games. No Brasil, jogos como Free Fire, PUBG Mobile e outros tantos competitivos, viraram uma forma complexa de possíve ascensão social.

O futuro: inovação e mistério

É claro que não resisti e perguntei o que vem pela frente. Afinal, rumores sobre o Galaxy S26 já circulam pela internet há meses, e todo mundo quer saber o que a Samsung está preparando para 2026. Citrini, porém, foi cauteloso: “Você sabe que a gente não pode abrir nada ainda, né?”, diz rindo. “Mas posso garantir que vem mais inovação, mais tecnologia e, principalmente, mais acesso. A linha S sempre vai surpreender. Mas a linha A também: a ideia é que todo mundo tenha um Galaxy que caiba no bolso, em todos os sentidos.”

Mesmo sem confirmar detalhes, a fala dele revela a direção da marca: unir performance, design e acessibilidade, mantendo a vanguarda da engenharia sem esquecer o público de entrada. Algo que, convenhamos, nenhuma empresa consegue equilibrar facilmente.

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Imagem: Divulgação

Um mercado em transformação

O estande da Samsung na BGS 2025 é só um vislumbre da transformação dos jogos mobile nos últimos anos. Lá, foi possível ver pessoas testando jogos no Z Fold 7 com sua tela dobrada; de outro, diversos jogadores e jogadoras utilizando os celulares de entrada da marca. A cena sintetiza o que Citrini chama de “ecossistema democrático”: uma ideia de que a diversão não deve depender do tamanho da tela ou do preço do hardware.

Nos bastidores, a empresa também investe em parcerias com estúdios e desenvolvedores de jogos mobile, oferecendo kits de otimização e suporte técnico para adaptar títulos ao hardware Galaxy. “O objetivo é que o jogo rode bem em qualquer modelo da nossa linha, seja um A15 ou um S25 Ultra. A experiência precisa ser consistente”, explica o gerente, apresentando algo essencial para a democratização dos jogos.

Essa política reforça a presença da Samsung num território que já movimenta bilhões de dólares: o mercado mobile gaming, que é responsável por mais da metade da receita global de games em 2025, segundo dados da Newzoo, chegando a cerca de US$ 103 bilhões de dólares. No Brasil, o cenário é ainda mais impressionante, com mais de 95 milhões de jogadores ativos, o país se consolida como o maior mercado da América Latina.

Com isso, Citrini conclui a entrevista explicando a importância de se estar em um evento gamer como a BGS: “Estar aqui é essencial”, comenta, olhando em volta para o estande lotado. “É o momento de ouvir o público, ver como ele reage, entender o que busca. A BGS é uma vitrine, mas também um laboratório.” De fato, um dos principais eventos de jogos eletrônicos no Brasil tem o seu devido impacto para que empresas como a Samsung consigam se alinhar com os anseios dos jogadores e jogadoras, algo que eles abordam no próprio site oficial.

Álvaro Saluan

Completamente apaixonado por videogames, escreve e pesquisa sobre o tema há uns bons anos. Vê os jogos para além do entretenimento, considerando todo o processo como uma grande e diversificada arte. Vai dos jogos de esporte aos RPGs tranquilamente, admirando cada experiência. Seu maior ídolo dos jogos é Hideo Kojima.