10 jogos baseados em história e mitologia
Eu sempre tive o desejo de fazer uma lista jogos baseados em história e mitologia. Pouca gente sabe, mas sou historiador de formação, algo que talvez aguce minha atenção para os aspectos baseados em eventos reais ou contos mitológicos. Além disso, constantemente abordo em minhas análises a importância de uma boa trama para que o jogo seja cativante, independente de sua inspiração. Em diversas ocasiões tive o desprazer de jogar títulos com grandes gráficos e uma história fraca, sendo algo um bocado frustrante.
Particularmente, acho que a narrativa é uma das coisas mais importantes em um jogo, sobretudo no quesito emoção. Mas é claro que existem jogos multiplayer baseados em eventos reais que também conseguem trazer um grau de imersão por meio das localizações, armas e vestimentas que impressiona. E eu falarei disso a seguir.
Como se sabe, diversas produtoras usam e abusam da história e da mitologia para criar um pano de fundo interessante em seus respectivos enredos. E isso é legal demais. Porém devemos levar em consideração que ainda estamos tratando de ficção, sendo sempre necessário um certo cuidado com a interpretação das coisas, não levando a trama de um jogo como um fato consumado – algo que acontece também com os filmes.
Saca só essa lista com dez jogos baseados em história e mitologia, feita carinhosamente por mim, um historiador gamer!
Age of Empires
Talvez o caso mais conhecido, a franquia Age of Empires é referência em jogos e história. O jogo em seus três primeiros títulos usou e abusou de referências de história das guerras no mundo. Porém, o designer Bruce Shelley alegou que o jogo não é sobre história em si, mas sobre a experiência humana, sendo as referências muitas vezes tirada de livros infantis.
De qualquer maneira, é perceptível alguns elementos interessantes que vão desde as Campanhas com William Wallace, pelos Celtas, Joana D’Arc e os franceses, Saladino e o povo sarraceno, Gengis Cã e os mongóis, até a descoberta do Novo Mundo chegando até mesmo aos pampas gaúchos em Age of Empires III, sendo uma divertida plataforma para explicar aspectos básicos da História, ou pelo menos atiçar a curiosidade dos jogadores.
Call of Duty
A série Call of Duty é referência em jogos de guerra. Os FPSs da franquia, sobretudo os baseados na Segunda Guerra Mundial e na Guerra Fria. A variedade de pontos de vista dos Aliados, pegando os soldados norte-americanos e até mesmo o Exército Vermelho, sendo amplamente explorada. Batalhas como a de Stalingrado, o Dia-D, na Normandia, a Batalha de Aachen, a Batalha da Floresta de Hürtgen e a Batalha das Ardenas são alguns dos exemplos da Segunda Grande Guerra, que é muito bem coberta pela série.
Além disso, a saga Black Ops pega um pouco do pano de fundo da Guerra do Vietnam e da Guerra Fria, onde uma trama conspiratória traz sósias de Fidel Castro e lavagens cerebrais a soldados inimigos, pegando aspectos que persistem no imaginário popular até os dias atuais.
Assassin’s Creed
Certamente uma das maiores referências em História, Assassin’s Creed é o jogo que praticamente cobriu mais eventos históricos, por assim dizer. Desde a Grécia Antiga a uma Inglaterra Vitoriana riquíssima em detalhes, o jogo se tornou referência por usar e abusar de localizações e personagens reais. O caso mais conhecido foi o da Catedral de Notre Dame de Paris, que sofreu um incêndio em abril deste ano, e que antes havia sido totalmente desenhada em Assassin’s Creed Unity, se tornando referência na restauração do edifício.
A minúcia da Ubisoft deve ser ressaltada, pois a empresa trabalha muito bem com esses aspectos e coloca a franquia em um patamar sem igual na relação entre jogos e história, embora algumas de suas decisões sejam polêmicas. Nem por isso deixam de ser interessantes para se relacionar com a disciplina histórica.
Company of Heroes
Seguindo a linha de jogos baseados em história, em especial na Segunda Guerra, Company of Heroes consegue recriar batalhas e dar uma narrativa interessante, sobretudo por ser um jogo de estratégia em tempo real. No primeiro título, você poderá jogar uma campanha com a Companhia Able, regimento norte-americano. Já no seu segundo título, os jogadores podem escolher o Exército Vermelho e lutar na gélida Rússia.
As estratégias e aprofundamento nos mapas auxiliam a aprimorar a relação entre jogos e História, sendo uma divertida maneira de saber um pouco mais sobre as unidades e eventos.
Civilization
Talvez a experiência mais completa, a franquia Sid Meier’s Civilization pode facilmente ser qualificada como uma enciclopédia da humanidade. A sua primeira versão, de 1991, já era revolucionária para o que o título se propunha. Os jogos, todos seguindo uma mecânica semelhante de estratégia em turnos, lançou um subgênero interessante, chamado “Explorar, Expandir, Tirar proveito e Exterminar”.
Em Civilization, você será o líder de uma civilização ao longo da História do mundo, atravessando o tempo e desenvolvendo-se em diversos aspectos como cultura, ciência, forças militares, territórios, etc. Em Civilization VI, podemos escolher Dom Pedro II para comandar a civilização brasileira rumo ao progresso desde a Idade da Pedra. Embora seja exagerado em alguns pontos, o jogo é riquíssimo em explicações detalhadas de cada descoberta feita pela humanidade, tendo inclusive uma série de monumentos, obras de arte e literatura retratadas, além de seus grandes criadores.
Total War
Focada em estratégias de guerra, a série Total War sabe bem como criar batalhas monumentais. Indo de guerras da Antiguidade Clássica a confrontos napoleônicos, a pegada estrategista dos títulos é rica em detalhes que buscam redesenhar como eram os confrontos em períodos remotos.
Com um total controle do campo de batalha é possível encurralar e dilacerar os mais variados inimigos nas mais diversas táticas, algo que torna o jogo em muito mais do que um simulador, sendo um grandioso espetáculo bélico para os fãs da estratégia militar. Em suas campanhas podemos reviver shogunatos orientais e suas incontáveis batalhas, o projeto expansionista de Napoleão Bonaparte, e até mesmo as invasões vikings.
Battlefield
A série Battlefield teve uma virada brusca desde a renovação ocorrida com Battlefield V. Antes, o jogo era apenas focado em captura de território, tendo como pano de fundo algumas batalhas da Segunda Guerra Mundial ou em cenários fictícios de guerras com armamentos contemporâneos.
A virada ocorrida em Battlefield V e Battlefield 1 trouxeram maior profundidade em seus curtos modos campanha, que tratam de forma completamente diferente a guerra, mostrando os pontos da crueldade e da morte de inúmeros homens e mulheres. O primeiro retorna aos campos da Segunda Guerra, enquanto o outro traz a série para um terreno inexplorado até então: a Primeira Guerra Mundial. Mesmo não sendo jogos que dialoguem 100% com a História, ambos tratam a questão humana de uma forma mais sútil que acaba chamando a atenção. E o resto é multiplayer, onde se manter difícil é um grande desafio.
Age of Mythology
Esse jogo talvez tenha uma das mais interessantes abordagens mitológicas já vistas no cenário gamer. Ao criar uma trama fictícia para Arkantos, um almirante atlante, que passa por diversos feitos épicos como as guerras de Troia, ajuda a ressuscitar Osíris e evita a libertação de Cronos, titã do tempo.
O mais interessante da série é ela explicar diversos aspectos das mitologias grega, egípcia e nórdica, além de contar mais coisas sobre a lenda de Atlântida. Não só isso, insere diversos heróis como Ajax, Odisseu, Quíron, Hércules, Jasão, Perseu e tantos outros conhecidos das mitologias. Além disso, coloca as criaturas das lendas como personagens importantes em cada uma das batalhas travadas, tendo habilidades sobre-humanas. Age of Mythology mescla aspectos baseados em História e mitologia como nenhum outro jogo!
Claro que existem muito mais títulos baseados em História e mitologia que abarquem os mais diferentes pontos e perspectivas da humanidade. A lista aqui tratou de ser o mais sintética possível, dando ao caro leitor um panorama geral da série. Jogos com essa pretensão de relacionar suas tramas com fatos reais parecem gostar de se reproduzir, sendo impossível falar apenas de um jogo. Por isso optei por colocar as respectivas franquias e explicá-las de uma forma geral.
Faltou algum jogo nessa lista? Conta pra gente aí nos comentários!
