S.T.A.L.K.E.R. 2: Heart of Chornobyl | Review
S.T.A.L.K.E.R. 2: Heart of Chornobyl é um jogo de tiro em primeira pessoa, com grande foco em exploração e sobrevivência em um mundo inóspito e cruel, desenvolvido e publicado pela GSC Game World. Nele, somos convidados à retornar para a Zona de Exclusão de Chernobyl em busca do camarada que passou a perna em nós. Que indelicado!
E aí, será que vale a pena encarar? É o que saberemos agora, em mais uma análise caprichada do Pizza Fria!
Que dia maravilhoso
Que dia para se estar vivo, leitores e leitoras daquele que pode ser considerado o site com o público mais lindo das internets. Após um bom tempo de espera S.T.A.L.K.E.R. 2: Heart of Chornobyl finalmente desceu dos céus em uma nuvem radiotiva, rodeado por anjos que usavam balaclavas e ouviam eurodance enquanto me chamavam de blyat. Uma cena para entrar na história, de fato.
Tenho uma relação de longa data com a série, e sempre lembro com carinho dos bons tempos que passei explorando a famosa Zona nos primeiros títulos. Todos os sorrisos ao ser explodido por anomalias, assaltado e varado de balas por bandidos enlouquecidos, mordido por cães radioativos, vendo o jogo crashar para o desktop ou os personagens bugarem com os braços abertos e saírem voando. Ah, que lembranças incríveis!
Mas, será que S.T.A.L.K.E.R. 2: Heart of Chornobyl conseguirá repetir esse feito? Gerar todos esses sentimentos, bons e ruins, enquanto conta uma história completamente nova? Tudo isso, inclusive, utilizando todas as maravilhas tecnológicas da atualidade? E, se possível, com um pouco menos de erros e problemas? Essa é a pergunta do século, leitores e leitoras. E descobriremos a resposta agora.
História
S.T.A.L.K.E.R. 2: Heart of Chornobyl nos coloca nas botas de Skif, um camarada que entra na Zona de Exclusão em busca de uma maneira de carregar um artefato que encontrou no que, um dia, era sua casa. Decidido a mudar sua sorte, nosso camarada faz alguns acordos, pula um muro quebrado e segue em busca de seu destino. Até ser traído pelo camarada que havia contratado para auxiliar na missão e ser largado para a morte. Realmente, como é difícil encontrar gente confiável hoje em dia, não é mesmo?
O começo da trama é bem básico, inclusive sendo construído em cima de uma das motivações mais antigas do livro. Vingança, sério? Mas, pouco a pouco, o que seria um simples acerto de contas acaba se desdobrando em algo de proporções inimagináveis. Em pouco tempo, estaremos lidando com os diversos grupos que formam o cenário político e de poder da Zona, fazendo amigos, inimigos e, sem sombra de dúvidas, ajudando a moldar a região em algo novo. Nossas escolhas importam, e tudo tem uma consequência por menor que seja.
Eu curti bastante a narrativa de S.T.A.L.K.E.R. 2: Heart of Chornobyl, mesmo com o começo o tanto quanto familiar. Contudo, foi a forma de construir o mundo e seus habitantes que me cativou, tanto quanto da primeira vez que joguei o primeiro título da série. A Zona é um lugar vivo e inóspito, tão cheio de maravilhas quanto de perigos e miséria. O jogo realmente consegue transformar o lugar em algo que pode ser considerado um personagem da narrativa, construído em cima de uma atmosfera que realmente não dá para ignorar.
Com isso, o título consegue elevar sua história para novos patamares, dividido entre os diversos momentos em que a narrativa avança e aqueles em que vamos aprendendo, pouco a pouco, sobre as pessoas que vivem em nosso parque de diversões. O que viveram, as dificuldades que passaram, lágrimas e sorrisos. Tudo isso de maneira orgânica, entrando nos diversos bares dos vilarejos que passamos, sentando em fogueiras e conversando com outros stalkers enquanto tocamos violão, e por aí vai.
Jogabilidade
Como disse lá no começo, S.T.A.L.K.E.R. 2: Heart of Chornobyl é um jogo de tiro em primeira pessoa focado em exploração, no qual andamos de um lado para o outro em um mapa bem grande, e perigoso, enquanto procuramos o cara que nos passou a perna, encontramos armas e dinheiro e realizamos missões secundárias para todo tipo de gente. Além disso, precisamos ficar ligados para nos manter vivos, o menos irradiados possível e, com sorte, sem cair em uma anomalia explosiva demais.
Nas dificuldades normais, o título consegue ser bem desafiador. Os tiros machucam bastante tanto o jogador quanto os inimigos, sejam eles mutantes ou humanos, e a escassez de munição faz com que cada confronto precise ser encarado com seriedade. Além disso, o sistema de peso faz com que também precisemos tomar cuidado com o que levamos. Certa vez, fui morto por um bando de cães mutantes porque estava com a bolsa cheia de salsichões, pães e munição de escopeta. Que fase.
Os controles de S.T.A.L.K.E.R. 2: Heart of Chornobyl são bem responsivos, e trocar chumbo com os diversos perigos do lugar é bem divertido e intenso. Principalmente se não tomarmos o cuidado de manter nossos equipamentos em dia. Por exemplo, em certa feita quase recebi um penteado novo de um rifle inimigo porque o meu engasgou na hora de atirar. Como diriam os sábios, o único otário que um equipamento sem cuidado vai matar é você. Novamente mostrando, com toda tranquilidade, que o jogo realmente pune aquele que não presta atenção em suas mecânicas.
Falando em equipamentos, o jogo nos dá uma boa quantidade de armas, consumíveis e outras coisas do tipo para nosso aproveitamento. Rifles, escopetas, pistolas e outros que, se tivermos a pessoa correta para tal, podem ser customizados e melhorados conforme desejarmos. Por fim, não podemos esquecer dos artefatos que achamos pela Zona. Além de nos protegerem contra altos níveis de radiação, eles ainda conferem uma série de proteções e vantagens que não deve ser ignoradas. E, também, podem ser vendidos. Quer algo melhor do que isso?
Outra parada interessante em S.T.A.L.K.E.R. 2: Heart of Chornobyl são as anomalias, que consistem em fenômenos quase sobrenaturais causados pela radiação que tomou o lugar após a explosão dos reatores. Elas podem ir de coisas menores como ondas de vento que nos jogam de um lado para o outro até fontes de fogo, bolhas de água que amassam tudo que tocarem, e por aí vai.
Saber utilizar os equipamentos que temos, principalmente o radar e os parafusos que ativam as anomalias, é essencial para conseguir trafegar pelos mapas sem correr o risco de ser estraçalhado de maneira severa e repentina. Contudo, o stalker esperto vai utilizar isso ao seu favor, usando criatividade para virar os perigos do mundo contra seus inimigos. Nada é mais divertido do que limpar um grupo de bandidos usando apenas uma distorção espaço-temporal, um parafuso e um pouco de criatividade.
Mas, nem tudo são flores. Seguindo a tradição, S.T.A.L.K.E.R. 2: Heart of Chornobyl chegou com uma boa quantidade de bugs que, de certa forma, são suas próprias anomalias. Ainda que não tenha me deparado com muitos crashes, tive carregamentos lentos, queda de frames, o jogo carregando meu boneco no céu e fazendo ela morrer sempre que eu usava aquele save, itens de missão sumindo, e por aí vai. Nada que não seja resolvido com patches, mas presente o suficiente para precisar ser notado.
Sons e Visuais
Eu curti muito os visuais de S.T.A.L.K.E.R. 2: Heart of Chornobyl, que foram muito bem construídos e, salvo uma ou outra textura meio zoada, estão lindos de ver. Além disso, a Zona parece viva e, mais do que nunca, está cheia de personalidade e coisas para ver e apreciar. Isso é bem legal, pois ajuda a construir a atmosfera do jogo, nos mantém de queixo caído e faz com que o universo do jogo pareça ainda mais vivo.
A trilha sonora segue na mesma linha, com atenção especial aos efeitos sonoros que ouvimos enquanto exploramos e as músicas que tocam tanto nas rádios espalhadas pelas cidades que visitamos e que ouvimos nos violões dos moradores da Zona. Isso faz milagres para manter o jogo com aquela sensação de realidade, e realmente faz um trabalho louvável. Além disso, temos legendas em português!
Vale a pena comprar S.T.A.L.K.E.R. 2: Heart of Chornobyl?
Sendo sincero, leitores e leitoras de meus olhos, S.T.A.L.K.E.R. 2: Heart of Chornobyl conseguiu atender muitas das minhas expectativas. Vendo de maneira simplificada, ele entrega tudo que tem para se amar na franquia com uma série de melhorias e modernidades que tornam a experiência melhor como um todo, ainda que tenhamos um tropeço aqui e acolá.
A Zona é um lugar fascinante de se explorar, repleto de mistérios e perigos, e andar de um lado para o outro vendo o mundo mudar e a história se desenrolar é divertido demais. O desafio e o perigo existem, mas não chega ao ponto de deixar de ser algo instigante para se tornar irritante, mesmo quando somos pegos despreparados. Contudo, os bons e velhos bugs, sempre presentes, podem causar uma boa dor de cabeça em determinados momentos.
Mas, nada muda o fato de que S.T.A.L.K.E.R. 2: Heart of Chornobyl saiu muito melhor do que a encomenda. Poucos jogos oferecem uma experiência dessa intensidade, e com esse detalhe, e acredito que todos os apreciadores de mundos abertos encontrarão algo para se apaixonar aqui. Ainda que certas decisões ou falhas técnicas assustem, a Zona ainda é um dos mundos digitais que mais valem a pena de se explorar.
S.T.A.L.K.E.R. 2: Heart of Chornobyl foi lançado no dia 20 de novembro deste ano para Xbox Series X|S e PC, via Steam. O game pode ser jogado sem custo adicional por assinantes Game Pass, tanto no PC, quanto no console.
*Review elaborada em um PC equipado com GeForce RTX, com código fornecido pela GSC Game World.
S.T.A.L.K.E.R. 2: Heart of Chornobyl
BRL 239Prós
- Um mundo belo e hostil que merece ser explorado
- Mecânicas de combate e sobrevivência criam ação e tensão na medida certa
- Trama possui alguns pontos bem legais, e tem uma boa duração
- As anomalias adicionam uma camada e estratégia interessante ao jogo
- Boa quantidade de armas para usar e customizar
Contras
- Alguns bugs bem chatos e persistentes podem diminuir a diversão
- Certas missões podem falhar e se tornar impossíveis de completar por conta de alguns erros do jogo