Shadow Gambit: The Cursed Crew | Review
Metal Gear é uma das minhas franquias de jogos favoritas e muito se dá pelo gameplay criado por Hideo Kojima, mesclando elementos de ação com stealth. Um gênero tão singular que até hoje são poucos os jogos que se arriscam no estilo, por medo de falhar. Felizmente, a desenvolvedora Mimimi Games, conhecida pelos aclamados Shadow Tactics: Blades Of The Shogun e Desperados III, é adepta de aventuras e resolveu explorar águas desconhecidas com Shadow Gambit: The Cursed Crew, nosso jogo da vez.
Mesclando uma jornada de pirataria com ocultismo, o jogo promete uma experiência stealth única com uma reviravolta sobrenatural e o ápice de mecânicas de gameplay no gênero stealth. Eu tive acesso antecipado ao jogo nas últimas semanas e te conto tudo que achei agora, em mais uma review antecipada do Pizza Fria!
Um conto pirata no Caribe Perdido
A trama central de Shadow Gambit: The Cursed Crew nos apresenta à Afia Manicato, uma pirata – e fantasma – que tem uma espada atravessada em seu peito. O jogo começa com nossa protagonista em busca do navio fantasma Red Marley, que encontramos e descobrimos que o navio, na verdade, é uma alma viva cheia de personalidade. Assim, Red Marley coloca Afia como responsável de uma missão para recuperar as lendárias Pérolas Negras, chaves para ressuscitar a amaldiçoada, e já morta, tripulação do navio, cada personagem dotado de habilidades sobrenaturais únicas.
No entanto, a tarefa de Afia não é tão simples. Isso porque nossa simpática protagonista deve explorar a região do lendário Caribe Perdido, tomada pelas forças da Inquisição. Este grupo religioso, fervoroso em suas crenças, domina a maior parte do Caribe Perdido e dedica-se obstinadamente à erradicação dos Amaldiçoados e da Energia das Almas, com um plano abrangente que detalha desde ações simples, como o modo correto de acordar pela manhã, até conceitos grandiosos como a estrutura organizacional da própria Inquisição.
Com essa breve explicação, dá pra ter uma ideia de que a narrativa de Shadow Gambit: The Cursed Crew é um pouco mais elaborada do que as de outros jogos do gênero, e apresenta uma certa profundidade que o game explora bem. E isso é legal, porque a história acontece em diferentes partes do jogo, e em formatos variados, como conversas entre personagens, cenas animadas e até mesmo vídeos introdutórios de cada nova ilha e missão que precisamos. Tudo com um humor irreverente que nos lembram os melhores filmes e jogos de piratas.
Uma grande evolução no gameplay…
Shadow Gambit: The Cursed Crew é o primeiro título publicado pela própria Mimimi Games, após o sucesso com Shadow Tactics: Blades Of The Shogun e Desperados III. Logo, era de se esperar que o gameplay, já muito elogiado nos títulos passados, também passasse por um level up. E felizmente, isso aconteceu! Tanto que a desenvolvedora passou a chamar o gênero de “Stealth Strategy”, o que aproxima ainda mais de Metal Gear.
A apresentação de gameplay segue no formato que consagrou a empresa, com uma câmera top-down, e com total liberdade para o jogador aproximar ou mudar o ângulo. No entanto, a principal mudança veio na progressão de Shadow Gambit: The Cursed Crew: com uma abordagem não-linear, a partir de determinado ponto do jogo, é possível escolher para quais missões ir ou qual ilha visitar a seguir.
E isso também interfere nas opções do jogador. Conforme progredimos e ressuscitamos tripulantes do nosso navio fantasma, podemos escolher quais membros da tripulação amaldiçoada vamos levar. Isso permite combinar diferentes personalidades e habilidades mágicas. O meu preferido foi John Mercury, um especialista em infiltração que tem o poder de se esconder no Abismo, o local entre vivos e mortos. Me mover e pensar antes de agir após a entrada dele no meu grupo foi um grande diferencial. Além disso, o jogador precisa considerar habilidades “passivas” dos personagens, como se sabe ou não nadar, como carrega o corpo dos inimigos, escalar plantas ou não, por exemplo.
Isso tudo tornou Shadow Gambit: The Cursed Crew um título bem interessante. A mistura de mecânicas mágicas com o gameplay funciona extremamente bem, e de fato oferece uma abordagem inédita ao estilo. Um exemplo? A Red Marley tem o poder de manipular o tempo, e é através dela que “salvamos” o jogo, ativando o que o jogo chama de Lembranças. A quantidade de Lembranças que você pode fazer por fase está ligada diretamente à dificuldade do jogo, que por sinal, é totalmente personalizável. Quer inimigos mais cruéis, mas que demoram a perceber você? É possível. Quer salvar quantas vezes achar necessário? Também. Ou não salvar nenhuma. A escolha é sua!
Além disso, Shadow Gambit: The Cursed Crew oferece missões secundárias e opcionais, que garantem uma dose extra de tempo de jogo. Por fim, conforme progredimos na história, ganhamos experiência, que podemos melhorar as habilidades dos membros da tripulação que já revivemos.
… mas os elementos bases estão ali!
Mesmo com tantas inovações, Shadow Gambit: The Cursed Crew faz jus às suas raízes e oferece elementos clássicos do gênero, que consagraram o estilo da Mimimi Games. Como disse acima, cada personagem tem habilidades únicas, que são incorporadas aos elementos de jogabilidade, aumentando o desafio para os jogadores. Personagens como Afia têm habilidades únicas, como a capacidade de usar a espada cravada em seu peito para teleportar-se instantaneamente e atacar inimigos. Já Suleidy, a médica do navio, pode criar arbustos que servem como esconderijos, e até mesmo sumir com corpos dos guardas.
A visão dos guardas é outra característica que vem importada há alguns jogos. Os jogadores conseguem, ao selecionar o inimigo, ver qual é o seu campo de visão através de cones, que indicam onde eles podem ou não ver. Linhas tracejadas no cone de visão indicam áreas em que o jogador não será detectado se estiver agachado. Essa mecânica exige que os jogadores planejem seus movimentos cuidadosamente para evitar serem vistos.
Em determinados momentos do jogo, é necessário combinar habilidades de personagens, ou mesmo usar bolar planos, quando precisamos controlar com mais de um Amaldiçoado ao mesmo tempo, em especial quando precisamos derrotar vários inimigos ao mesmo tempo. Isso funciona “pausando o tempo” e agindo somente com nosso personagem, definindo as ações que faremos e, em seguida, executando. Pode ser que as coisas deem errado, porque nem sempre prevemos os movimentos inimigos, ou não notamos algum Guarda escondido. Logo, as Lembranças são importantes demais nessas horas.
Soma-se à isso o fato das ilhas e demais ambientes de Shadow Gambit: The Cursed Crew serem extremamente detalhados e interativos. Podemos usar itens ou mesmo objetos disponíveis no cenário para avançar, como uma rocha para derrotar um poderoso inimigo. Felizmente, o jogo nos mostra tutoriais muito bem feitos para praticamente todas as ações que são introduzidas, o que é ótimo. Como o gameplay acaba funcionando como um grande puzzle, onde existem várias variáveis, avaliar o posicionamento e os movimentos dos inimigos, combinando habilidades e movimentos de personagens é fundamental para avançar nas missões.
Uma belíssima apresentação
Shadow Gambit: The Cursed Crew é facilmente um dos jogos mais bonitos que joguei esse ano. Seu estilo de arte é único, e o mapa é extremamente bem detalhado. Dá para notar o cuidado que os desenvolvedores tiveram com o título ao criar as artes, a ambientação, a movimentação e todos os elementos ligados ao visual do game. Desde os vídeos introdutórios de cada ilha, até os detalhes de cada tripulante, o título brilha nesse quesito. Por aqui, rodei em um PC equipado com uma RTX 2080 em 4K, com configurações no máximo e sempre acima dos 60 FPS.
E isso vem acompanhado de um ótimo trabalho audiovisual. Shadow Gambit: The Cursed Crew também acerta em cheio em sua trilha sonora, que é extremamente bem adequada para o estilo do jogo, a dublagem em inglês é muito divertida e caricata, e a localização em português do Brasil está um pitel, com piadas localizadas e bastante criativa.
Vale a pena comprar Shadow Gambit: The Cursed Crew?
Definitivamente, Shadow Gambit: The Cursed Crew é uma adição impressionante ao portfólio da Mimimi Games. A narrativa do jogo é rica e envolvente, apresentando um equilíbrio único entre humor e seriedade, caracterizado por uma profundidade que muitos jogos do gênero não conseguem alcançar. As mecânicas de gameplay foram evoluídas a partir de títulos anteriores da desenvolvedora, apresentando inovações bem-vindas, como a abordagem não-linear e a combinação de habilidades mágicas com o tradicional estilo stealth, tudo isso em cenários meticulosamente detalhados e visualmente deslumbrantes. De ponto negativo, só consigo destacar que é um desperdício um jogo desses ser apenas para um jogador. Seria incrível jogar online com amigos, com cada pessoa controlando um Amaldiçoado.
A dedicação da Mimimi Games em aprimorar seu já elogiado estilo de gameplay é evidente, tornando Shadow Gambit uma proposta intrigante para os fãs de títulos stealth e aqueles que buscam uma experiência narrativa imersiva. A alta qualidade da apresentação visual, combinada com uma trilha sonora adequada e uma localização em português do Brasil bem executada, só reforça a ideia de que este jogo merece atenção. Em resumo, para quem busca uma combinação única de narrativa, gameplay e elementos audiovisuais, navegar pelas águas de Shadow Gambit: The Cursed Crew garantirá uma excelente viagem!=
Shadow Gambit: The Cursed Crew será lançado no dia 17 de agosto para PC, via Steam e Epic Games Store, Xbox Series X|S e PlayStation 5.
*Review elaborada em um PC equipado com uma Geforce RTX, com código fornecido pela Mimimi Games.
Shadow Gambit: The Cursed Crew
Prós
- Narrativa rica e envolvente com elementos de pirataria e ocultismo
- Evolução notável do gameplay em relação aos títulos anteriores da Mimimi Games
- Abordagem não-linear que dá mais liberdade ao jogador
- Visuais deslumbrantes com muita atenção aos detalhes
- Dublagem em inglês divertida e caricata
Contras
- Seria perfeito se pudesse ser jogado online