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Eternights | Review

Eternights é um hack and slash, misturado com uma boa dose de anime de romance e simulador de relacionamentos e amores, desenvolvido pelo Studio Sai e publicado pela Kepler Interactive. Ele nos coloca para acompanhar as confusões de um bacana que queria apenas curtir a solteirice em paz com seu aplicativo de namoros, apenas para perceber que o trabalhador brasileiro não pode ter um dia de paz nessa vida. Ao invés de encontros com beldades, ele acabou dando de cara com monstros de verdade, mesmo.

E aí, será que vale a pena acompanhar esse rolê? É o que veremos agora, em mais uma apaixonante análise antecipada do Pizza Fria!

Vai dar namoro?

Ah, leitores e leitoras, como a vida moderna surpreende. Tudo na ponta dos dedos, pela tela do celular. Podemos fazer amigos, inimigos, rir, chorar e, até, acessar sites maravilhosos como esse, feito por gente linda, sábia, magnífica e, mais que tudo, humilde. Tem gente que até se apaixona! Como diria Bauman, vivemos a era dos amores líquidos, descartáveis e mais efêmeros que nunca. Deprimente, não é mesmo?

E será que vivemos a era dos jogos líquidos? Na qual somos bombardeados com lançamentos de todo lado, cada qual durando apenas quando a próxima novidade cair? Isso não sei, mas realmente é algo que vale se papear, não é mesmo amores meus? Mas não viemos aqui divagar, não hoje. As vozes de minha cabeça falaram que preciso contar para vocês do nosso jogo do momento: Eternights.

Admito que fiquei intrigado quando li a premissa dessa parada. Um título que mistura um combate hack and slash, salpicado com um simulador de relacionamento/ social nos moldes de Persona? Podem mandar, por favor. Tudo que precisava para me fazer feliz, não é mesmo? Bom, de certa maneira sim, mas de outra forma não. Vejamos por quê.

Eternights
Um abraço amigo. (Imagem: Divulgação)

Eternights conta a história de [INSIRA SEU NOME AQUI], um rapaz simples que vive uma vida pacata e sem surpresas. Um dia, após muita insistência de seu compadre Chani, ele decide se cadastrar em um aplicativo de namoros e tentar encontrar a tampa quebrada de sua panela velha. Só que não. No fim do dia, monstros surgem e começam a matar pessoas, nosso herói perde o braço, descobre que seu contatinho na verdade é uma divindade da luz e ganha um novo braço que pode se transformar em uma espada. Que beleza, não é mesmo?

Daí para frente, a trama segue acompanhando a luta de nosso chegado e seus aliados para tentar retornar o mundo ao que era, além de nos permitir acompanhar suas evoluções e tribulações enquanto pessoas. Sendo sincero, a trama por si só não sai do mundano e batido, em se tratando desse tipo de premissa. O que faz Eternights brilhar é a força de seus personagens.

Os diálogos são bem divertidos, salvo um ou outro que beira o ridículo, e muito bem legendados em nosso lindo idioma. Tive uma grande facilidade em me conectar com a galera, e muito disso foi graças a humanização de cada um de nossos aliados ou aliadas. Ver os relacionamentos desenvolvendo, até chegar em um namoro ou amizade pra vida toda, é muito gratificante.

Eternights
Achou que ia encontrar o amor, acabou perdendo o braço. (Imagem: Divulgação)

A jogabilidade de Eternights se divide, basicamente, em dois momentos. No primeiro, lidamos com a ameaça dos monstros enquanto exploramos locais em busca de avançar com a história. Nos outros, passamos tempo com nossos compadres e comadres para aumentar a sinergia da equipe e liberar novas habilidades e recursos para tornar nosso herói mais forte.

No primeiro caso, somos levados a explorar cenários bem repetitivos e pouco inspirados, devo dizer, enfrentando inimigos humanoides de diversos tamanhos, mas poucas mudanças em se tratando de mecânicas. Para deitar a oposição, podemos utilizar nosso braço-espada para realizar uma série de combos simples, aparar ataques e lançar magias. Além disso, nossos aliados também auxiliam, através de poderes que utilizam sua própria barra de recursos.

Uma coisa que fazemos muito, também, é destruir barreiras. Temos 4 elementos, e alguns inimigos precisam ter as suas derrubadas antes de tomar dano. Isso é feito atacando e enchendo uma barra que, ao completar, nos dá acesso ao comando que realiza essa ação. Também podemos melhorar atributos de nosso personagem, o que está ligado aos nossos amigos e ao nível de confiança que alcançamos.

Sendo sincero, Eternights é bem mundano nesse lado da experiência. O combate é OK, mas sem fazer nada a mais do que o necessário para ser funcional. Podemos desviar, deixando o tempo mais lento, fazer um combo simples, usar algumas habilidades e pronto. É gostosinho de jogar, mas sinto que não existe o suficiente para carregar o título nas costas. Felizmente, temos o lado B.

Eternights
O combate é simples e pouco inovador, mas funciona. (Imagem: Divulgação)

Quando não estivermos tretando, ficaremos por conta de nos tornar mais próximos de nossos amigos. Eternights tem um ciclo de dia e noite, que conta o tempo até algum acontecimento. Se passarmos desse limite, o jogo acaba. Enquanto não estivermos em campo, podemos bater papo com o pessoal, buscar por coisas e treinar através de algum minigame (o jogo tem alguns interessantes até).

Algumas coisas acabam se tornando repetitivas, como o ato de vasculhar em busca de itens para obter pontos de experiência para comprar habilidades. Ele se resume a escolher um dentre três lugares, achar um ponto de interagir e pronto. Contudo, a bizarrice de algumas buscas e os diálogos entre os personagens faz valer a viagem.

O melhor, aqui, é passar tempo com nossos confidentes e entender como suas mentes funcionam, e pelo que estão passando. Eternights possui um escopo, e duração, muito menor do que seus pares de gênero. Mas, mesmo assim, os desenvolvedores souberam humanizar e aproveitar bem os personagens, situações e cenários que tiveram em mãos.

Eternights
Passar tempo com a galera é bom demais. (Imagem: Divulgação)

Sons e Visuais

Eternights possui visuais maneiros, mesmo que seus cenários sejam bastante repetitivos e algumas texturas estejam meio pra baixo. As cores e ambientação ajudam a dar uma cara mais descolada ao título, e os modelos e animações faciais ficaram bem divertidos. Como podem ver nessa imagem de cima, eles deixaram os personagens bem expressivos, cheios de caras e bocas. Ah, e alguns monstros possuem um visual muito maneiro.

A trilha sonora também é competente, embora muito calma e passiva em alguns momentos que pedem mais intensidade. Contudo, nada de horrível acontece por isso. Eu achei a dublagem muito boa, com diálogos bem atuados e emoções nas vozes. Nas cenas cômicas, principalmente, isso ficou ainda mais evidente.

Eternights
Alguns inimigos de Eternights tem um visual bem legal. (Imagem: Divulgação)

Vale a pena comprar Eternights?

E aí, arrasta para a esquerda ou para a direita quando aparecer Eternights na nossa tela? Bom, vamos ver o que fofocamos até agora e tentar chegar em um consenso. O jogo chega com uma premissa interessante, juntando ação em hack and slash com simuladores de encontros, tipo Persona fez com os JRPGs. Um jeito despojado, com diálogos engraçados (e as vezes exagerados demais) fecham a premissa com chave de ouro.

Bom, o título tem uma jogabilidade competente, embora muito básica e com poucas ferramentas para inovar ou brincar. Ruim? De forma alguma, mas quando jogamos cenários repetitivos no meio a coisa pode ficar enfadonha. Contudo, o lado social eleva a experiência, com personagens adoráveis, fáceis de gostar e, de quebra, com uma tradução chique para nossa língua.

Ao fim e ao cabo, não posso falar que me decepcionei com Eternights. O título não vai quebrar barreiras, ou atingir o topo de nenhuma lista. Mas ele diverte, e isso que importa. Além disso, a premissa é boa e pode ser muito mais explorada para frente, a meu ver. Se você curte jogos com esse aspecto mais social, vai curtir bastante.

Eternights teve o lançamento antecipado e chegará nesta terça-feira, 12 de setembro, para PC, via Steam e Epic Games StorePlayStation 4 e PlayStation 5.

*Review elaborada em um PlayStation 5, com código fornecido pela Kepler Interactive.

Eternights

+ R$ 109,90
7.5

História

8.0/10

Jogabilidade

7.0/10

Sons e Visuais

8.0/10

Extras

7.0/10

Prós

  • Personagens divertidos e cativantes
  • Diálogos hilários, na maioria
  • O combate é divertido, até
  • Legendas muito bem feitas

Contras

  • Pode ser repetitivo em alguns momentos
  • Humor pode ser meio forçado aqui e ali
  • Combate competente, mas acaba sendo simples demais
  • Muita repetição de cenários

Matheus Jenevain

    Redator de idade não especificada e habilidade excepcional (segundo o próprio, acredite se quiser). Curte Metroidvanias, RPGs e jogos de luta. Reza toda noite, intensamente, para receber um remake de God Hand. Nunca foi atendido.