Haunted House | Review
Haunted House, desenvolvido pela Orbit Studios e publicado pela Atari, traz uma abordagem atualizada do clássico do Atari de 1982. Nesta versão, são incorporados elementos roguelite com Lyn Graves no centro da trama, sobrinha do caçador de tesouros Zachary Graves. Quando Lyn e seus amigos caem em uma armadilha na mansão, que é conhecida por ser assombrada, a aventura começa.
Lyn tem a missão de encontrar fragmentos de uma urna enigmática e resgatar seus amigos desaparecidos. Prepare-se para explorar corredores aterrorizantes nesta análise clássica no Pizza Fria!
Para os jogadores veteranos que, como eu, acompanharam a evolução dos games desde os tempos do Atari, a importância da Atari no universo dos games é inquestionável. Fundada em 1972, sua presença é marcante na cultura pop e foi pioneira em revolucionar o entretenimento. A Atari permitiu que pessoas de todas as idades jogassem seus títulos favoritos no conforto de suas casas, estabelecendo assim as bases para os gêneros de jogos atuais. A estratégia de marketing voltada para os games, promovendo diversas linhas de produtos, também é uma contribuição da Atari. Mesmo diante de desafios, a empresa se esforça para manter sua relevância, lançando coletâneas para os novos consoles e até investindo em seu próprio hardware, como o Atari VCS.
O Haunted House original, no momento de seu lançamento, foi reconhecido como um dos pioneiros no gênero de terror e sobrevivência nos games. O protagonista era simbolizado apenas por olhos navegando pela mansão de um idoso, Zachary Graves, com a missão de desvendar a lenda de uma urna mística. Seu gameplay era básico, consistindo em comandos direcionais e um botão que emitia luz em volta dos olhos. Agora, nesta versão repaginada de Haunted House, o jogo se transformou com gráficos mais elaborados, introduzindo Lyn como nova protagonista e seus amigos como personagens jogáveis.
Percorrendo o desconhecido
No início de Haunted House, Lyn cruza caminhos com Spooky, um fantasma que já foi um antigo colaborador do seu tio. Em uma das aventuras, Spooky sofreu um acidente que o transformou na alma errante que encontramos no jogo. Embora ele não tenha informações sobre o paradeiro do tio de Lyn, ele conhece a urna mágica que seu tio possuía, capaz de aprisionar fantasmas.
Quando essa urna se quebra, os espíritos são liberados e uma maldição é lançada, prendendo todos dentro da mansão. Spooky decide auxiliar Lyn na busca por seus amigos, levando a um tutorial onde os jogadores aprendem a andar, correr, esquivar-se, atirar objetos e interagir com elementos do cenário. Uma particularidade é que correr por muito tempo diminui o vigor de Lyn, e tanto correr quanto andar podem criar ruídos, alertando os inimigos. Derrubar itens também é uma ação que pode atrair monstros, pois os fantasmas são sensíveis a sons no ambiente.
Haunted House adota um estilo roguelike, mas com acessibilidade garantida. A mansão possui salas geradas aleatoriamente, diversificando inimigos e estratégias. Navegar pelo cenário exige táticas de furtividade. Certos adversários, ao detectarem Lyn, a perseguem agressivamente, tornando erros quase fatais. Fragmentos da urna são protegidos por chefes desafiantes. O visual do jogo, apesar de amigável e colorido, tem uma alternância entre momentos calmos e assustadores. Seu estilo isométrico 2D oferece uma visão abrangente do ambiente de Haunted House, e os quebra-cabeças se integram harmoniosamente ao cenário.
A expressão de medo constante no rosto de Lyn foi uma escolha acertada dos desenvolvedores, fazendo com que ela espelhasse as emoções dos jogadores. A tensão é elevada a cada novo cômodo explorado. Itens e habilidades são essenciais para evitar confrontos diretos, seja distraindo ou paralisando inimigos. A abordagem mais eficaz é atacar pelas costas, o que pode ser mais desafiador do que parece.
Os inimigos em Haunted House, quando estão ativos, apresentam um padrão de movimento que denuncia sua capacidade de detecção, ajudando na definição da melhor estratégia a ser adotada pelo jogador. A jogabilidade envolve desde a coleta de itens até a ativação de mecanismos específicos, garantindo uma dinâmica única. Armadilhas e obstáculos estão presentes, exigindo táticas renovadas de movimentação.
Fantasmas não são camaradas
Em Haunted House, os adversários que você enfrenta são únicos e muitas vezes remetem a figuras icônicas do mundo do terror. Temos o Espectro, que, ao perceber sua presença, irá persegui-lo e drenar sua energia vital; Frank, que, apesar de lento, possui um ataque letal; Maledictus, que proporciona surpresas, principalmente ao surgir repentinamente de um grande quadro na parede; entre outros.
No que diz respeito à inteligência artificial do jogo, ela reage de forma sensível e quase sempre realista às ações do jogador. No entanto, seria interessante ter um leque mais amplo de habilidades e itens, especialmente quando enfrentamos salas cheias de inimigos. Existem itens que acrescentam nuances táticas ao gameplay, como as armadilhas, que devem ser usadas estrategicamente. Para restaurar a saúde, podemos encontrar “heals”, que são itens alimentares guardados em baús. A navegação é auxiliada por um mapa e o caderno de anotações do tio de Lyn, que se atualiza conforme avançamos na história.
No caderno, os jogadores podem acessar várias seções, como estatísticas, inventário, colecionáveis, descrições de personagens e locais, todos categorizados por cores. A seção de estatísticas é particularmente útil, mostrando detalhes como saúde, vigor, potência da lanterna e outros aspectos do personagem, além das moedas e gemas coletadas. A lanterna, por exemplo, possui um super foco, que elimina fantasmas sem que eles percebam.
Ao morrer em Haunted House (quando sua energia se esgota), você será transportado de volta ao hall de entrada, perdendo todos os itens coletados. Esta característica é um traço comum em jogos roguelite. No entanto, o salão também é habitado por personagens que oferecem itens e conselhos valiosos. Por exemplo, atrás de uma das portas, Tobias apresenta uma coleção de relíquias da Atari, que são desbloqueadas ao longo do jogo. Sam, por outro lado, é um mercador que vende vários itens em sua loja de melhorias, onde você pode usar gemas para comprar melhorias como aumento de vida, vigor, e outras ajudas úteis para a jornada.
Em resumo, a proposta da Atari com Haunted House é um jogo que equilibra desafio e acessibilidade. Embora tenha um visual convidativo, o jogo esconde desafios que podem pegar jogadores de surpresa. Não é excessivamente punitivo como alguns roguelites, mas certamente desafia tanto novatos quanto veteranos que preferem uma abordagem mais direta.
Vale a pena comprar Haunted House?
Haunted House merece sua atenção e tempo e certamente indicaria a aquisição do mesmo. Em se tratando de clássicos e novas adaptações, a Atari investe em seu legado, mantendo o que é história com simbolismos em seus jogos ou coletâneas e adaptando-se a nova realidade de títulos cada vez mais exigentes. Não é um exemplo de roguelite para os que buscam desafios e ouse deixar jogadores de “cabelos em pé”, porém, assume o posto na categoria como um estilo acessível, encantador e com personalidade. Entrega o que promete e só. Simples, direto, sem grandes rodeios.
Haunted House foi desenvolvido pela Orbit Studio e já está disponível para PC, via Steam e Epic Games Store, PlayStation 4, PlayStation 5, Nintendo Switch, Atari VCS, Xbox One e Xbox Series X|S.
*Review elaborada no PlayStation 5, com código fornecido pela Atari.