AnálisesNintendoPCPlayStationSlideXbox

Eiyuden Chronicle: Hundred Heroes | Review

Eiyuden Chronicle: Hundred Heroes é um JRPG, com combate em turnos e um enfoque especial na quantidade de personagens recrutáveis, desenvolvido pela Rabbit & Bear Studios e distribuído pela 505 Games. Nele, acompanhamos a jornada de um jovem chamado Nowa e suas tribulações em um reino prestes a ser engolido por uma grande guerra.

E aí, será que vale a pena conferir o desenrolar dessa história? É o que veremos agora, em mais uma análise caprichada do Pizza Fria.

Garoto popular

Muitas coisas na vida, leitores e leitoras, formam pares maravilhosos. Doce de leite com goiabada, Sephiroth com produtos de tratamento capilar, figuras sombrias e as sombras da noite ou o Pizza Fria e seu público maravilhoso. De fato, certas coisa só conseguem exceder os limites quando combinadas com algo. Um outro bom exemplo seria o Kickstarter e os jogos inspirados por franquias há muito adormecidas.

É uma coisinha interessante, esse tal Kickstarter. Vez ou outra aparecem joias raras como Bloodstained: Ritual of the Night que me deixam cheio de alegria. Em outras, bombas como o horripilante Mighty Number 9. Imaginem minha ansiedade, em 2020, ao ver o funding completo de um projeto que se dizia inspirado pelo clássico Suikoden. Ah, que jogo!

Eiyuden Chronicle: Hundred Heroes é seu nome, e vi muitos dizendo ser um dos grandes lançamentos na área rpgzística deste ano. Seja pelo seu sucesso, seja pelo seu crowdfunding, é inegável que o joguinho chega cheio de promessas e expectativas. Eu mesmo me senti intrigado, e posso ter realizado um ou outro ritual arcano nível 3 em prol de uma experiência agradável. Mas, será que deu bom? Venham e descubram comigo.

Eiyuden Chronicle: Hundred Heroes
Eu e meus casas indo conferir o JRPG do momento. (Imagem: Divulgação)

História

Eiyuden Chronicle: Hundred Heroes nos convida a acompanhar um jovem patrulheiro chamado Nowa. Em seu primeiro dia de trabalho, nosso chegado entra em uma busca, liderada por oficiais do império, por um artefato antigo e poderoso. O mundo em que o jogo se passa possui o que chamamos de lentes-rúnicas, objetos capazes de conceder grandes poderes a qualquer um que os possua. A que nosso camarada procura faz todas as outras parecerem fichicha.

Contudo, a aparente paz entre o império e a liga de nações da qual Nowa faz parte rui rapidamente. Da mesma forma que a amizade de nosso protagonista com Sieg, um oficial em ascensão que faz parte do império. Agora, preso entre diferentes lealdades e amizades, nosso herói precisará reunir o máximo de aliados para o ajudar a enfrentar a tempestade que se aproxima.

A trama de Eiyuden Chronicle: Hundred Heroes é bem legal, lembrando em muito o que vemos nos títulos que o inspiram. Noções como a fragilidade dos tempos de paz e o horror da guerra são exploradas, e o título também analisa o peso dos laços que unem as pessoas tanto na amizade quanto no conflito. Um outro ponto legal é que o título se preza de possuir mais de cem personagem recrutáveis, o que é bem interessante.

O que achei mais agradável é que a grande maioria deles tem uma personalidade interessante, ainda que muitos sejam menos explorados, e que o título se esforça para que todos que usemos em nosso time tenham uma fala aqui e ali. É complicado dar palco pra esse monte de gente, mas acredito que a solução encontrada pelos desenvolvedores seja um passo na direção correta.

Eiyuden Chronicle: Hundred Heroes
Amizade intensa. (Imagem: Divulgação)

Jogabilidade

Em uma visão geral, Eiyuden Chronicle: Hundred Heroes se vende como um JRPG nas modas antigas. Logo, teremos muitas missões principais e secundárias para aceitar e completar, enquanto andamos pelas terras avançando a história, destruindo malfeitores, recrutando aliados e deixando nossos bonequinhos mais fortes. Sendo assim, vou me focar mais no que acredito que seja responsável por diferenciar o título de seus pares e honrar suas prestigiadas raízes.

Do lado do combate, temos um sistema de turnos no qual seis heróis, divididos igualmente entre vanguarda e retaguardas, agem vez por vez. As lentes-rúnicas que comentei, equipadas de acordo com nossa vontade e disponibilidade dos heróis, fornecem acesso para magias e poderes que podemos utilizar através do gasto de SP e MP. Algumas dessas, inclusive, podem ser utilizadas em formato de combo por heróis que possuam certas afinidades. Tudo bem legal e simples de utilizar, mas com um bom espaço para estratégia e customização.

Também podemos colocar um aliado como suporte, fornecendo benefícios como maior quantidade de itens coletados de algumas fontes. Possibilidade de trocar os membros de um time nas esferas de salvar (que deveria ser padrão, acredito), e por aí vai. Eles são importantes, principalmente, para auxiliar na hora de termos material para utilizar em uma mecânica de reconstrução de um forte que recebemos. Ela é bem divertida e serve como um bom lugar para gastar umas horinhas.

No geral, Eiyuden Chronicle: Hundred Heroes é bem justo e divertido em seu combate, e fornece uma boa mistura de estratégia e simplicidade. A opção de configurar estratagemas para cada aliado ajuda bastante quando utilizamos o modo de luta automático, inclusive, essencial para adiantar nossas vidas naqueles momentos de grind intenso.

Eiyuden Chronicle: Hundred Heroes
Uma samurai, um tubarão e uma bruxa entram em um bar. (Imagem: Divulgação)

Umas das mecânicas mais legais de Eiyuden Chronicle: Hundred Heroes, muito bem herdada do Suikoden queridão da galera, é a que nos permite recrutar personagens jogáveis para o time. Temos mais de cem, uns de recrutamento obrigatório e outros não, que vão se unindo ao nosso grupo de desajustados ao longo do tempo. Geralmente, eles o fazem após os ajudarmos com alguma coisa ou os derrotarmos em algo.

Ainda que eles se encaixem em arquétipos clássicos como guerreiros, tanks, personagens de apoio ou luta exclusivamente, e por aí vai, a diferença em atributos e habilidades únicas (não ensinadas por lentes-rúnicas) torna muito mais difícil aquele velho macete de termos um monte de gente copiada um do outro. Tal qual no próprio Suikoden, ou meu amado e idolatrado Radiata Stories (abençoado seja), recrutar a galera mais competente é tão divertido quanto essencial.

Só nisso, já posso dizer que me perdi no jogo e me diverti bastante. Eiyuden Chronicle: Hundred Heroes soube balancear bem essa premissa, sem fazer com que ela fosse apenas balela sem fundamento. Quanto ao gameplay, só queria a opção de salvamento em qualquer local e algumas qualidades de vida, disponibilizadas apenas através de certos personagens de suporte, abertas por padrão. Mais pequenos chateios do que grandes dores, no entanto.

Eiyuden Chronicle: Hundred Heroes
Morde ele. (Imagem: Divulgação)

Sons e Visuais

Eiyuden Chronicle: Hundred Heroes tem visuais bem legais, com um estilo 2.5 D parecido com o que vimos em meu amado Star Ocean The Second Story R. Logo, temos sprites muito bem desenhadas e animadas, colocadas sobre cenários bem coloridos e legais de ver, além de efeitos de magias e poderes que saltam aos olhos. O título atingiu bem um misto entre o novo e o antigo que me agradou bastante.

A trilha sonora também ficou legal, bem como as vozes e efeitos. Músicas que embalam os momentos emocionantes e dão aquele esquenta no sangue das horas de treta. Contudo, a maior estrela aqui é a tradução em português. Além de ficar muito correta e natural, a conversão de expressões e jargões do inglês para o português ficou filé. Quando vi uma personagem falar “eita, é hora de colocar esse bloco na rua” sabia que havia achado ouro.

Eiyuden Chronicle: Hundred Heroes
Um belo panorama. (Imagem: Divulgação)

Vale a pena comprar Eiyuden Chronicle: Hundred Heroes?

E aí, heróis e heroínas da guilda da Pizza em baixa temperatura, será que Eiyuden Chronicle: Hundred Heroes vai entrar para o hall de projetos gloriosos do Kickstarter? Ou será apenas mais uma promessa furada? Bom, é hora de relembrarmos o que falamos até aqui para tentar chegar até um consenso minimente aceitável. Começarei pelos pontos ruins, portanto se preparem.

Queria poder salvar a qualquer momento, para evitar problemas quando preciso sair do computador para me esconder das patrulhas alienígenas que passam por aqui, e que algumas habilidades fossem padrão, e não equipadas. É isso. Do lado positivo, temos uma história legal de acompanhar com muito personagens interessantes, um sistema de combate divertido, a mecânica de reconstrução de forte que ocupa nosso tempo, muita gente pra recrutar e uma tradução caprichada que ajuda o embalo da peça.

Portanto, posso dizer que Eiyuden Chronicle: Hundred Heroes entregou tudo, senão mais, do que eu esperava. Realmente curti a experiência, e acredito que serviu bem para preencher um pouco aquele vazio que Suikoden deixou no meu coração. Sejam vocês fãs deste ou do gênero em geral, podem dar uma chance para nosso queridinho da vez. É alegria na certa.

Eiyuden Chronicle: Hundred Heroes será lançado para PlayStation 5, Xbox Series X|SNintendo Switch e PC, via Steam e Epic Games Store, no dia 23 de abril. 

*Review elaborada em um PC equipado com uma GeForce RTX, com código fornecido pela 505 Games.

Eiyuden Chronicles: Hundred Heroes

+ R$ 199,99
9.5

História

9.0/10

Jogabilidade

9.0/10

Sons e Visuais

10.0/10

Extras

10.0/10

Prós

  • Sistema de combate bem legal e completo
  • Tradução excelente
  • Honra suas inspirações, mas não as copia
  • Muitos bonecos para recrutar e customizar
  • Montar equipes com os vários bonecos recrutados é um bom passatempo

Contras

  • Poderia ter opção de salvar em todo lugar
  • Certas coisas poderiam ser opções padrão, e não habilidades

Matheus Jenevain

    Redator de idade não especificada e habilidade excepcional (segundo o próprio, acredite se quiser). Curte Metroidvanias, RPGs e jogos de luta. Reza toda noite, intensamente, para receber um remake de God Hand. Nunca foi atendido.