Phoenix Springs | Preview
Jogos de aventura point & click sempre possuíram um charme único. Entre as minhas aventuras favoritas no universo dos games, estão a exploração dos mistérios de uma antiga mina em The Excavation of Hob’s Barrow e a experiência de viver como uma jornalista com um passado conturbado em Kathy Rain. A propósito, em Phoenix Springs, também assumimos o papel de uma jornalista, que desta vez está à procura de seu irmão Leo.
Com a promessa de entregar uma história fascinante e cheia de mistérios, será que o novo game desenvolvido pela Calligram Studio impressiona? Confira agora nossas primeiras impressões em mais uma preview antecipada do Pizza Fria!
Em busca de Leo
Phoenix Springs começa de maneira bastante reflexiva, apresentando a protagonista Iris Dormer enquanto decide os primeiros passos de sua investigação em busca do irmão desaparecido. Desde o início, podemos explorar a sala, interagindo com vários objetos que desencadeiam comentários da personagem, algumas vezes indicando que determinado item não deve ser utilizado naquele momento. O título apresenta eficientemente a situação de Iris, permitindo que conheçamos um pouco de seu passado e da sua relação com Leo. No entanto, Phoenix Springs inicialmente não revela muito, instigando o jogador a montar o quebra-cabeça deste mistério aos poucos.
Nesse contexto, o jogo mantém um bom ritmo de investigação. Encontramos itens e devemos juntar pistas para determinar o próximo local a ser investigado. A aventura começa levando o jogador a um bairro onde Leo viveu supostamente por um tempo. Lá, encontramos moradores de rua e temos certa liberdade na maneira de interagir com o ambiente. Conversamos com as pessoas ao redor em busca de informações, desbloqueando novos diálogos. Embora a investigação principal siga um caminho linear, é interessante que o game permita aos jogadores coletarem as pistas na ordem que preferirem.
Outro destaque é o foco na criação da ambientação Neo Noir que o título se propõe a construir. Embora a protagonista esteja em sua própria jornada, Phoenix Springs retrata bem a situação das pessoas naquele mundo. Um exemplo claro é um garoto morador de rua com quem conversamos durante a investigação na rua da antiga casa de Leo.
Durante os diálogos com esse garoto, ele revela como a situação das pessoas na região é difícil, a ponto de precisarem saquear casas abandonadas. Uma das residências saqueadas foi a de Leo, e um dos objetivos principais dessa fase é buscar pistas entre os objetos roubados. Assim, mesmo que nem todas as conversas tenham o mesmo cuidado em estabelecer o cenário, como algumas interações na universidade que acabam sendo redundantes sobre os jovens gostarem de festas, o saldo é positivo, com diálogos que, no mínimo, são interessantes acompanhar.
Juntando pistas e entendo a ambientação ao redor
Phoenix Springs segue o padrão dos clássicos de aventura point & click. Utilizando o mouse, devemos selecionar o local no cenário para onde queremos que a protagonista se dirija e com o que ela deve interagir. No momento da interação, temos opções de usar, conversar ou observar, fazendo com que a personagem faça um comentário sobre o objeto ou pessoa em questão.
Nesse aspecto, a interface poderia ser mais intuitiva, pois não faz sentido o jogo oferecer opções de interação não disponíveis para certos objetos. Por exemplo, embora às vezes seja tentador “bater um papo” com uma porta, na história de Phoenix Springs essa ação não faz sentido, e a personagem comentar exatamente isso quebra um pouco o ritmo da investigação com ações desnecessárias. O ideal seria que o game oferecesse apenas opções que se encaixam no contexto do objeto ou pessoa com quem estamos interagindo.
Voltando aos aspectos positivos, uma ideia excelente apresentada pelo jogo é em relação ao inventário de Iris. Em vez de seguir o padrão dos títulos de aventura, onde temos um inventário cheio de itens para usar na jornada, Phoenix Springs introduz um inventário de pistas. Dessa forma, podemos coletar informações e tentar conectá-las com outros objetos e até pessoas durante a exploração, deduzindo novas informações que nos conduzem à próxima etapa da investigação. Esse recurso funciona muito bem e incentiva os jogadores a sempre buscar novas conexões na ambientação e nas conversas. De certa forma, é semelhante à elaboração de um mapa mental, onde várias conexões levam a novas descobertas.
A arte neo-noir é um grande destaque em Phoenix Springs
Outro aspecto que se destacou bastante durante minha experiência em Phoenix Springs foi a ambientação e a arte do jogo de forma geral. O título apresenta artes desenhadas e coloridas à mão, apresentando um visual único e característico aos cenários. Seja no calor de um deserto, em um quarto bagunçado ou em uma faculdade onde jovens aproveitam uma festa que dura vários dias, a ambientação consegue criar locais vivos e cheios de charme.
A dublagem também merece destaque, com a protagonista transmitindo de forma eficaz o sentimento de urgência em sua busca e até mesmo adicionando emoção em determinadas situações mais impactantes. No entanto, o jogo decepciona quando se trata da trilha sonora, que é em grande parte ausente ou marcada por uma repetição constante de faixas.
O que esperar de Phoenix Springs?
Phoenix Springs apresenta uma história promissora que, se bem conduzida, pode entregar uma narrativa empolgante e até surpreendente. Os sistemas de investigação funcionam muito bem, introduzindo novidades ao gênero com o foco no sistema de inventário de ideias. Além disso, a arte desenhada à mão e a ambientação são fatores que impressionam, junto com as pequenas histórias que descobrimos ao conversar com os NPCs durante a exploração.
Embora existam alguns problemas em relação à interface e a trilha sonora, que poderia ser melhor desenvolvida, o game apresentou o suficiente para me deixar curioso sobre a versão completa, que com certeza estará no meu radar.
Phoenix Springs está sendo desenvolvido pela Calligram Studio e chega no dia 16 de setembro para PC, via Steam.
*Preview elaborada em um PC equipado com uma RTX com código fornecido pela Calligram Studio.