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Stormgate | Preview

Alguns anos atrás, o gênero de RTS era um dos pilares da indústria de games. Títulos como Warcraft 3, Age of Empires 2, Age of Mythology e Starcraft 2 reinavam nas LAN houses, e essa era deixou uma marca duradoura em muitos jogadores, incluindo eu. Com o tempo, muitos migraram para MOBAs como League of Legends e DotA 2, enquanto outros, como eu, ficaram com saudades de um gênero que parecia estar perdendo relevância. Ainda hoje, guardo um carinho enorme por esses clássicos e sinto falta de quando as estratégias eram debatidas com fervor, e cada partida oferecia uma experiência infinita de aprendizado.

É nesse contexto que surge Stormgate, talvez o game que eu mais estava ansioso esse ano, e uma das grandes apostas para revitalizar o gênero de estratégia em tempo real. Desenvolvido pela Frost Giant Games, estúdio formado por veteranos de Starcraft 2 (meu RTS favorito), Stormgate promete inovar sem estar preso às limitações corporativas de uma grande empresa como a Activision Blizzard. A proposta é trazer mecânicas modernas e um toque de frescor que pode atrair tanto novos jogadores quanto veteranos.

Quando recebi o convite da Frost Giant Games para experimentar o jogo, fiquei empolgado para compartilhar minhas impressões com vocês. Sejam vocês membros da Vanguarda, dos Infernais ou dos Celestiais, convido todos a embarcarem nesta preview aqui no Pizza Fria!

O que é Stormgate?

Na essência, Stormgate se apresenta como um RTS clássico, familiar para quem já jogou títulos como Starcraft. No entanto, são os detalhes que realmente brilham. A Frost Giant Games demonstrou um cuidado especial em refinar a fórmula sem perder a essência.

O jogo herda vários elementos de Starcraft, como suas três facções principais: a Vanguarda (humanos), os Infernais (demônios) e os Celestiais (anjos). Cada facção oferece um estilo de gameplay único, sobre o qual falarei em mais detalhes logo adiante.

Minha maior curiosidade era como o título abordaria a complexidade inerente ao gênero, tornando-o acessível a novos jogadores. E, para minha surpresa, a equipe fez um ótimo trabalho. Stormgate incorpora elementos de MOBAs, como League of Legends, introduzindo Heróis — unidades poderosas com habilidades específicas que podem virar o jogo em momentos cruciais.

Stormgate
Imagem: Divulgação

Atualmente, Stormgate oferece quatro heróis: um da Vanguarda, dois dos Infernais e um dos Celestiais. Cada herói adiciona uma camada estratégica, impactando a forma como você interage com as unidades e os mapas.

Outro ponto interessante é que o jogo reduz o número de unidades na tela, facilitando o entendimento do que está acontecendo, sem sacrificar a complexidade estratégica. Ao invés de dezenas de unidades com funções semelhantes, Stormgate opta por um número menor de unidades, mas com habilidades diversificadas e importantes para o microgerenciamento.

A história

Para os fãs de RTS, uma campanha envolvente é fundamental. Embora Stormgate seja gratuito, ele traz uma campanha sólida, ainda que não revolucionária. A narrativa cria um pano de fundo interessante, mas os personagens deixam a desejar, especialmente em comparação com os de Starcraft. Eles são arquetípicos, sem muita profundidade: o vilão previsível, o herói bonzinho, o militar carrancudo, e assim por diante.

As animações também decepcionam. As cenas que deveriam ser dramáticas e emocionantes acabam parecendo cômicas devido à qualidade inferior das cinemáticas. Os personagens se movem de maneira robótica, quase como bonecos de argila, o que quebra a imersão em momentos cruciais.

Stormgate
Imagem: Divulgação

Apesar dessas falhas, a campanha acerta no design das missões e na jogabilidade. Com uma boa variedade de objetivos, como infiltração, dominação de pontos e defesa de estruturas, Stormgate mantém um ritmo envolvente. A forma como os desenvolvedores fizeram para misturar essas missões onde você controla várias unidades e missões onde você controla apenas o seu herói é de aplaudir de pé, e isso cria um ritmo de dar inveja em muitos jogos na indústria.

No fim das contas, a campanha funciona mais como um excelente tutorial para o verdadeiro coração de Stormgate: o multiplayer competitivo e cooperativo.

As facções

Antes de entrar no modo competitivo, vale a pena explicar como funcionam as três facções, já que cada uma oferece um estilo único de jogo.

  • A Vanguarda é a facção dos humanos, equilibrada e fácil de aprender. Com acesso a uma variedade de unidades e estruturas, a Vanguarda se adapta a qualquer situação, mantendo um ritmo de jogo balanceado.
  • Os Infernais, minha facção favorita, jogam de maneira agressiva. Você pode criar enxames de demônios rapidamente e sufocar o inimigo com ataques constantes. A estratégia aqui é vencer pela quantidade, não pela força bruta.
  • Os Celestiais são a facção mais lenta, focando em unidades e estruturas poderosas, mas caras. Para sobreviver até que suas tropas estejam prontas, você precisará mover sua base constantemente, coletando recursos e se adaptando ao inimigo.
Stormgate
Imagem: Divulgação

Como funcionam as partidas?

Agora que você sabe mais ou menos como as facções se comportam, podemos falar melhor de como o jogo é de fato. Stormgate é um game competitivo e tem esse objetivo de criar partidas onde o melhor e mais inteligente jogador vence.

O título funciona como a maioria dos RTS. Aqui há dois recursos para serem coletados e serem usados para construir estruturas e cada estrutura serve para fabricar novas unidades ou comprar upgrades em geral para o seu exército. Entretanto, Stormgate se destaca em incentivar os jogadores a se enfrentarem desde cedo na partida para dominar alguns pontos importantes espalhados pelo mapa que fornecem recursos e visão do mapa.

Stormgate
Imagem: Divulgação

Então por mais que os RTS sejam famosos por serem lentos e complexos, Stormgate tenta trazer partidas mais rápidas e com mais porradaria franca entre os jogadores. Esse tipo de gameplay pode desagradar alguns jogadores mais veteranos do gênero, mas honestamente eu acho que é um ar novo mais que bem vindo.

Stormgate, além de ter três facções, tem uma boa variedade de mapas e de composições que podem ser feitas com suas estruturas, habilidades, upgrades e unidades então o game, mesmo em acesso antecipado, tem bastante variedade de gameplay e tem muito espaço para descobrirmos novas coisas.

Como eu disse anteriormente, Stormgate foca em combates com menos unidades na tela e isso pode agradar ou desagradar você. O fato é que a complexidade e o microgerenciamento das batalhas é compensado pela complexidade que cada unidade tem em si, visto que há várias unidades com habilidades ativas e passivas diferentes que você deve ativar, desativar e usar no momento certo. Um exemplo disso é que algumas unidades possuem habilidades que podem destruir árvores e outros obstáculos do mapa, e isso por si só ja abre um leque imenso de possibilidades de jogadas e de estratégias, agora imagine isso espalhado por um exército de 30 ou 40 unidades diferentes cada uma com seus recursos, cooldowns e habilidades próprias.

O que esperar de Stormgate?

Como qualquer jogo em acesso antecipado, Stormgate ainda precisa de ajustes de balanceamento e mais conteúdo, como novos heróis e capítulos na campanha. Mas já está em um estado de dar inveja a muitos títulos do gênero. A profundidade da experiência para veteranos, combinada com uma curva de aprendizado acessível, é um grande feito.

Com um extenso roadmap e a promessa de um editor de mapas, o futuro de Stormgate parece brilhante. O game tem potencial para atrair jogadores que buscam uma experiência competitiva onde dependem apenas de si mesmos, sem a imprevisibilidade de companheiros de equipe. Afinal, Stormgate é a prova de que um RTS pode ser “fácil de aprender e difícil de dominar”.

Stormgate está disponível em acesso antecipado para PC, via Steam, e eu mal posso esperar para ver o que o futuro reserva para este promissor título.

Stormgate
Imagem: Divulgação

*Preview elaborada com código fornecido pela Frost Giant Games.

Matheus Feldmann

Game Designer de formação, preservador de jogos antigos, amante de MMORPG's, Jogos de Luta, jogos indies e RPG's em geral. Também assumo o posto de maior defensor de jogos ruins, especialmente Daikatana.

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