Sid Meier’s Civilization VII | Review
Cresci jogando Civilization. Desde o meu primeiro PC, pude ficar horas gerindo imerso em gestão, algo que se segue com Sid Meier’s Civilization VII, que chega com a difícil missão de inovar sem perder a essência que tornou esta franquia em um ícone dos jogos 4X (eXplorar, eXpandir, eXtrair e eXterminar). Trazendo uma série de novidades, o jogo da 2K e da Firaxis Games, que será lançado para PlayStation 5, PlayStation 4, Xbox Series X|S, Nintendo Switch, PC, via Steam e Epic Games Store, Mac e Linux via Steam certamente causará opiniões diversas, sobretudo por subverter muitas das mecânicas presentes nos jogos anteriores.
Desta forma, nossa review analisará se a Firaxis conseguiu ou não realizar a proeza de superar seus antecessores. Trazendo um renovado sistema de eras, mecânicas refinadas e uma abordagem mais acessível, mas sem comprometer a profundidade para veteranos, cabe saber se Civilization VII se consolida ou não como o título mais ousado da série em anos. Sendo assim, vamos para o que interessa!
Uma ousadia nunca vista antes
Como disse, eu joguei praticamente todos os jogos, embora tenha nascido apenas um ano depois do primeiro, lançado em 1991. E, desde sua estreia, a franquia Civilization estabeleceu um modelo de jogo 4X, podendo ser considerado a origem deste estilo, já explicado na introdução. Porém, a cada nova versão, a Firaxis tem trazido novidades, ao passo em que também traz aspectos tradicionais. No entanto, em Civilization VII, eles ousaram em um nível jamais visto. A maior mudança estrutural é a separação da campanha em três grandes eras históricas – Antiga, de Exploração e Moderna –, permitindo que o jogador alterne entre diferentes civilizações ao longo do jogo.
Essa inovação corrige um problema clássico da franquia: a previsibilidade de estratégias dominantes e o chamado efeito bola de neve (snowball effect), onde uma civilização que ganha vantagem cedo pode se tornar imbatível. Agora, cada nova era impõe uma espécie de soft reset, oferecendo a chance de reavaliar abordagens, adaptar estratégias e evitar um domínio excessivo de uma única nação. Nesse aspecto, o jogo fica muito mais balanceado, embora eu tenha descoberto isso da pior forma, após criar uma infinidade de unidades para atacar um inimigo. Quando a virada veio, perdi boa parte de meu contingente, algo avisado pelo jogo.

Outra grande mudança diz respeito à escolha do líder e da civilização, que agora são escolhidos de maneira separada, sendo muito mais impactantes durante a partida. Assim, agora não é mais necessário que Napoleão lidere os franceses ou que Confúcio esteja à frente da dinastia Han, usando uma pegada muito parecida com Humankind, outro game 4X. No início, confesso ter sentido um estranhamento, mas logo depois fez muito sentido. Desta forma, conseguimos criar uma série de combinações estratégicas inovadoras, mesclando estilos de jogo e habilidades específicas entre lideranças e povos. Eu mesmo ousei e escolhi Maquiavel e os imponentes persas, seguindo depois aos normandos, algo surreal diante dos outros títulos.
Por fim, vale ressaltar aqui a evolução do sistema, que permite um nível de personalização nunca visto em toda a longa história da franquia. As conquistas de cada era geram benefícios futuros, incentivando o planejamento a longo prazo, algo que ia ficando obsoleto a cada virada de era. Assim, o jogador que se dedicar à cultura na Era Antiga, por exemplo, pode colher frutos na Era da Exploração, sobretudo ao impulsionar uma vitória diplomática ou científica. No entanto, as guerras seguem mantendo o estilo tradicional, mas sendo ainda mais práticas para os novos jogadores.

O jogo mais acessível de toda a franquia
Uma das críticas recorrentes às edições anteriores da franquia, sobretudo pelos novatos, que não pegaram os perrengues dos primeiros títulos, era o excesso de pequenas coisas a serem controladas em sua civilização, algo que muitas vezes podia transformar a experiência em algo um bocado frustrante. Felizmente, Civilization VII trouxe consigo uma série de ajustes inteligentes para reduzir essa sobrecarga sem comprometer a profundidade da gestão econômica, geográfica e de todos os seus aspectos. Agora, os cidadãos não podem ser movidos individualmente entre hexágonos, e os comandantes militares lideram grupos inteiros de unidades, mudando um pouco da dinâmica de movimentações de várias unidades.
Com todas essas novidades, Civilization VII conta com um ritmo mais dinâmico em suas partidas, sem eliminar o seu charme: a complexidade estratégica. Com isso, o jogador continua tomando suas decisões sobre diplomacia, comércio, desenvolvimento urbano e progresso tecnológico, mas sem a necessidade de ficar cuidando de uma série de detalhezinhos administrativos que gastavam um baita tempo. Aliás, isso me fez refletir na questão da dinâmica em jogos mais longos, sobretudo após a vida adulta. Mas isso é assunto para outro dia… O que importa é que agora a franquia conseguiu apresentar um jogo extremamente bonito e acessível para todos.

Gráficos dignos da franquia
Entendo completamente que a questão gráfica não é o principal foco da franquia Civilization. Mas nem por isso deixei de perceber o aprimoramento deste aspecto em Civilization VII. O jogo é simplesmente lindo! A Firaxis aprimorou absurdamente a representação dos territórios apresentados, tornando cada bioma, cidade e até mesmo as unidades com visuais muito mais distintos. Uma coisa que fica nítida aos nossos olhos diz respeito ao processo de expansão das cidades, executado de forma mais orgânica. Nelas, percebemos que as maravilhas se destacam, sendo tratadas com mais detalhamento, representando as verdadeiras obras de arte da humanidade.
Outro ponto maravilhoso apresentado em Civilization VII, que vai bem além dos gráficos, mas que também são igualmente bonitos como todo o resto, são os diversos eventos narrativos que surgem ao passar do tempo, apresentando ainda mais camadas de imersão e imprevisibilidade ao jogo. Uma novidade incrível são os desastres naturais, como vulcões em erupção, inundações e até pragas, que danificam algumas construções e necessitam de uma maior atenção. Não só isso, também somos colocados para resolver dilemas diplomáticos, culturais e científicos, que criam narrativas únicas para cada partida. Com isso, o jogo apresenta sempre novidades, sendo único em cada partida, algo excelente para sua rejogabilidade.

Vale a pena jogar Sid Meier’s Civilization VII?
Depois de muitas horas de jogo, posso dizer tranquilamente (e muito feliz, não devo negar) que Civilization VII é, sem dúvida, um dos títulos mais ambiciosos e bem-executados de toda a franquia. No início, tive um pouco de receio, mas a introdução do sistema de eras, as mecânicas refinadas de personalização e a redução de pequenas tarefas, mas sem a perda de profundidade conhecida da série. Desta forma, este jogo se tornou essencial para fãs da franquia e do incrível gênero 4X. Agora, somos levados a um caminho renovado, com gráficos maravilhosos e mecânicas surpreendentes.
As únicas coisas que sinto que pode melhorar um pouco é a IA, que deixa de agir em alguns momentos, facilitando nossa vida. Em diversos momentos vi meu império ficar vulnerável, e os inimigos nada faziam. Não posso dizer o mesmo das unidades das Cidades-Estado hostis, que sempre estavam me dando dor de cabeça e surgiam o tempo todo, me obrigando a investir em unidades militares logo no início do jogo. Além disso, sinto a falta de mais lideranças e povos, algo que deve ser adicionado futuramente com o sistema de DLCs. Por fim, o jogo apresentou alguns pequenos bugs ao selecionar unidades para atacar, mas nada grave.
Seja liderando uma civilização através dos tempos, forjando alianças estratégicas ou moldando o destino do mundo com decisões diplomáticas, encontramos em Civilization VII uma experiência totalmente renovada, rica, dinâmica e simplesmente inesquecível. Portanto, respondendo à pergunta inicial desta análise, a Firaxis conseguiu, sim, redefinir totalmente o que significa governar um império digital com suas mecânicas 4X. Por fim, Civilization VII não apenas mantém a coroa dos jogos de estratégia 4X, mas também estabelece um novo padrão para o futuro do gênero. E tudo isso deve melhorar com a chegada de DLCs no futuro, algo que já aguardo ansiosamente.
*Review elaborada em um PC equipado com uma Geforce RTX, com código fornecido pela 2K.
Sid Meier’s Civilization VII
R$ 349,00+Prós
- Legendado para português brasileiro
- Gráficos surpreendentemente bonitos e imersivos
- Novas mecânicas e mudanças renovam totalmente a experiência
- É o jogo mais acessível da franquia
Contras
- Inteligência artificial dá alguns vacilos, não aproveitando as brechas
- Ausência de mais líderes e civilizações