Eriksholm: The Stolen Dream | Review
Em um cenário que remete à Escandinávia do início do século XX, Eriksholm: The Stolen Dream é um jogo furtivo desenvolvido pela sueca River End Games, formada por veteranos de títulos como Battlefield, Mirror’s Edge e Unravel. O título nos convida a mergulhar em uma jornada de sobrevivência, mistério e resistência, entregando uma experiência essencialmente stealth, com foco narrativo, personagens marcantes e ambientação imersiva.
Mas como será que essa aventura foi entregue? Após trailers em eventos importantes como o Future Games Show, em que o título chamou atenção pelos belos gráficos, houve uma enorme expectativa sobre o que esperar. E a resposta sobre isso eu vou te trazer agora, em mais uma review antecipada do Pizza Fria!
Uma cidade, três personagens e um segredo
A história acompanha Hanna, uma jovem determinada a reencontrar seu irmão Herman, que desaparece sob circunstâncias misteriosas após sair para o trabalho. O grande mistério tem início quando a polícia vai à casa da nossa protagonista, e ela foge ao perceber que a visita aquela visita era incomum. Como toda boa trama, o que começa como uma busca pessoal rapidamente se transforma em uma teia de conspiração, perseguição e escolhas difíceis. O grande mistério — o que aconteceu com Herman e por que a polícia está atrás dele e da irmã — é o fio condutor da narrativa, e sustenta o envolvimento do jogador até o desfecho.
Além de Hanna, o jogador também assume o controle de Alva e Sebastian, cada um com habilidades distintas que exigem raciocínio tático e bom uso do ambiente. Hanna pode acessar dutos e usar uma zarabatana com dardos tranquilizantes, Alva escala canos e usa um estilingue para distrações ou apagar luzes, enquanto Sebastian, introduzido na segunda metade do jogo, é capaz de nadar e eliminar inimigos com estrangulamentos furtivos. A alternância entre personagens é fundamental para resolver os desafios propostos e manter a fluidez da progressão.

Furtividade pura, tentativa e erro
Eriksholm: The Stolen Dream é, acima de tudo, um jogo de furtividade. Não há combate direto — ser visto por inimigos resulta em falha imediata e retorno ao último ponto de salvamento. No entanto, o game não é punitivo: os checkpoints são frequentes e os desafios incentivam o uso inteligente das ferramentas disponíveis.
A comparação com jogos da Mimimi Games é inevitável. A estrutura lembra títulos como Desperados III e Shadow Tactics, especialmente no uso do ambiente como aliado. Desde os primeiros momentos, o jogador aprende a manipular distrações — como assustar pássaros para atrair guardas ou atirar pedras — e a se esconder estrategicamente nas sombras. Mapas noturnos reforçam a importância da iluminação, enquanto outros usam o som como elemento-chave. Cada fase possui uma identidade própria, o que evita a repetição e favorece a criatividade do jogador.

Uma história que evolui junto do gameplay
Ao longo dos oito capítulos e quase 12 horas que levei para finalizar o game, o desafio evolui de forma orgânica. Não há seleção de nível de dificuldade, mas a curva de aprendizado é bem calibrada. A variedade de situações, puzzles e mapas estimula o raciocínio sem se tornar frustrante, principalmente porque os mapas são feitos para que o jogador vença os desafios ali propostos. A reta final merece destaque, com trechos mais dinâmicos e com pouca margem para erros — o tipo de virada que coloca à prova tudo o que foi aprendido até então.
A narrativa é complementada por colecionáveis, como cartas, documentos e bilhetes. Embora a leitura no Steam Deck possa ser desconfortável em alguns momentos — apesar da opção de aumentar o tamanho da fonte — esses itens enriquecem o pano de fundo da história, oferecendo novas perspectivas sobre a cidade de Eriksholm e seus habitantes. É bom citar, no entanto, que o título é verificado no console da Valve.

Técnica, som e direção de arte
Dito isso, a performance foi sólida tanto no Steam Deck quanto no meu PC, que rodou Eriksholm: The Stolen Dream em 4K com tudo no máximo em uma RTX 2080. A direção de arte é caprichada, com belos efeitos de luz e sombra que reforçam o clima de tensão e o apelo visual da cidade fictícia. As cenas cinematográficas que já chamaram atenção nos trailers, seguem sendo um destaque pela qualidade, servindo como momentos de respiro e aprofundamento emocional.
Por outro lado, a trilha sonora, embora funcional, não se destaca. Ela acompanha bem a jornada, mas dificilmente será lembrada depois dos créditos. O destaque sonoro fica por conta dos efeitos ambientais, que reforçam a imersão e têm impacto direto nas mecânicas de furtividade. Também é bom alertar: Eriksholm: The Stolen Dream conta uma excelente localização em português do Brasil, o que aproxima o público local para conhecer melhor tanto a história, quanto às mecânicas do jogo.

Vale a pena comprar Eriksholm: The Stolen Dream?
Se você é fã de jogos de furtividade com estrutura clássica, foco narrativo e mecânicas bem amarradas, Eriksholm: The Stolen Dream certamente merece sua atenção. O título da River End Games entrega uma experiência sólida, com ambientação envolvente, personagens complementares e desafios que evoluem de forma inteligente ao longo da campanha. Mesmo com uma trilha sonora pouco memorável e algumas limitações pontuais na leitura de textos em telas menores, o game brilha pelo design de fases, pela direção de arte e pela forma como entrelaça história e gameplay.
É um jogo que respeita o tempo do jogador, convida à experimentação e recompensa a paciência — sem nunca parecer punitivo demais. Para quem curte títulos no estilo Desperados III ou Shadow Tactics, trata-se de uma ótima pedida. E com a vantagem de estar totalmente localizado em português do Brasil, o acesso à história e aos seus mistérios fica ainda mais natural.
Eriksholm: The Stolen Dream, que chega no dia 15 de julho para PC, via Steam e Epic Games Store, PlayStation 5 e Xbox Series X|S, pode não reinventar o gênero, mas entrega exatamente o que promete — e com bastante competência.
*Review elaborada em um Steam Deck, com código fornecido pela Nordcurrent Labs.
Eriksholm: The Stolen Dream
Prós
- Ambientação bem construída e visualmente impactante
- Mecânicas furtivas refinadas e dinâmicas
- Variedade de personagens e mapas com identidade própria
- Narrativa envolvente com evolução interessante até o final
- Localizado em PT-BR
Contras
- Trilha sonora pouco marcante
- Leitura de colecionáveis desconfortável no Steam Deck
- Falta de opções de dificuldade pode afastar jogadores menos pacientes


