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Atomic Owl | Review

Atomic Owl é um roguelite de ação e plataforma em pixel art, estrelado por uma coruja guerreira que empunha uma espada falante em busca de vingança. Ok, essa é uma premissa, no mínimo, interessante. E acabou me chamando atenção. Desenvolvido pela Monster Theatre e publicado pela eastasiasoft, o jogo chega ao PC, via Steam, nesta quinta-feira, 31 de julho, prometendo combates ágeis, estética retrô vibrante e uma campanha curta, mas intensa.

O resultado é um retrato honesto de um jogo indie: Atomic Owl tem carisma e boas ideias, mas também tropeça em pontos que limitam seu voo. Os detalhes sobre essa aventura eu trago agora, em mais uma review antecipada do Pizza Fria!

Entre corujas e corvos: a trama e o mundo de Atomic Owl

A narrativa de Atomic Owl é simples, mas funcional para um roguelite. Encarnamos Hidalgo, da tribo Bladewing, que vê seus companheiros corujas serem corrompidos pelo vilão Omega Wing e forçados a lutar contra ele. Após ficar preso a uma árvore por dois anos, Hidalgo é resgatado por uma espada demoníaca de humor ácido chamada Mezameta, que se torna sua parceira de jornada.

O mundo do game se divide em regiões distintas, cada uma com identidade visual própria: florestas densas, cidades mecânicas iluminadas por neon e templos de inspiração japonesa. A atmosfera mistura um tanto de folclore oriental com elementos futuristas à lá Cyberpunk, o que me me manteve curioso para descobrir o que viria a seguir. No entanto, não estamos diante de uma história complexa: o enredo serve mais como pano de fundo para justificar o avanço e os chefes, mas o charme está na interação entre Hidalgo e sua espada. As provocações constantes de Mezameta dão personalidade ao jogo e até aliviam a frustração em momentos mais difíceis.

Atomic Owl
Atomic Owl é um jogo visualmente impactante. (Imagem: Divulgação)

O loop roguelite e a repetição inevitável

A espinha dorsal de Atomic Owl é seu ciclo roguelite: morrer, voltar ao início, investir pontos em melhorias e tentar novamente. Cada derrota devolve Hidalgo ao acampamento-base, onde é possível gastar as almas coletadas (Meza) em upgrades permanentes, como aumento de vida, número de revives ou melhorias nas armas. Essa progressão dá uma sensação satisfatória de avanço, mesmo após runs frustrantes.

No entanto, Atomic Owl não aposta em um dos pilares mais comuns do gênero: a aleatoriedade. As fases seguem o mesmo layout a cada tentativa, incluindo a posição de inimigos e chefes. Com o tempo, isso torna a repetição previsível. Apesar do aprendizado de padrões trazer uma sensação de domínio, entendo que isso foge muito dos padrões roguelite e acaba aproximando o título mais de um plataformer tradicional sem checkpoints do que de um roguelite dinâmico.

Atomic Owl
Apesar de ser um roguelite, não há aleatoriedade na geração dos ambientes de Atomic Owl (Imagem: Divulgação)

As armas são um dos destaques. Desde o início, temos acesso a quatro opções principais: uma espada equilibrada, um chicote de longo alcance, um machado pesado e uma foice arremessável que funciona como bumerangue. Alternar entre elas em meio ao combate é essencial para lidar com os diferentes tipos de inimigos. O chicote, por exemplo, tem bom alcance, mas deixa o personagem exposto a projéteis, enquanto o machado causa mais dano, mas é lento.

Durante as runs, é possível coletar upgrades temporários, como saltos triplos, ataques flamejantes ou reflexo de projéteis. Essas melhorias podem transformar totalmente uma partida, mas dependem de sorte, afinal, você pode acumular vários bônus em uma run, mas na seguinte, mal conseguir sair das primeiras áreas. Apesar dessa imprevisibilidade ser divertida, às vezes escancara o desequilíbrio do design, especialmente porque a dificuldade já é alta por padrão.

Atomic Owl
Hidalgo pronto para mais uma run (Imagem: Divulgação)

Desafios e frustrações no combate e na exploração

O combate de Atomic Owl é rápido e exige reflexos apurados. Alguns inimigos atacam em grupos, outros, incluindo chefes, trazem padrões que pedem memorização. Há ainda segmentos de plataforma que cobram precisão milimétrica, combinando pulo duplo e dash para atravessar abismos. O problema é que, em alguns momentos, o excesso de elementos na tela e a câmera afastada dificultam acompanhar a ação. Hidalgo é pequeno em meio ao caos de luzes em pixel art, que em alguns momentos me fizeram me perguntar: “cadê meu herói?

Outro ponto é a inconsistência do dano. Em certas situações, o mesmo golpe elimina um inimigo com um acerto; em outras, exige três ou quatro. Isso pode ser frustrante, principalmente quando o jogo não oferece defesa além da esquiva. A ausência de checkpoints reforça a tensão, mas também amplia o cansaço de repetir trechos longos após erros bobos – mas nem dá para reclamar muito disso em um roguelite.

Atomic Owl
Muita informação na tela? (Imagem: Divulgação)

Pixel art, trilha sonora e performance

Se no gameplay Atomic Owl tem altos e baixos, na apresentação visual ele brilha. A pixel art é caprichada, com cenários detalhados e paleta vibrante que mistura neon futurista e referências japonesas clássicas. A variedade de biomas ajuda a manter o frescor visual, mesmo que de forma sequência, e os efeitos de luz e partículas durante os combates são um espetáculo à parte.

A trilha sonora acompanha o ritmo: um synthwave pulsante que combina com a ação e reforça o clima do game. Os efeitos sonoros são competentes, e a dublagem em inglês, embora limitada e irregular em alguns trechos, adiciona personalidade, especialmente nas falas irônicas da espada Mezameta. Infelizmente, o jogo não tem tradução para nenhum outro idioma além do inglês, nem legendas, o que pode afastar aqueles que não falam o idioma. A ausência de localização é uma pena, já que a narrativa, mesmo simples, ganha muito com o humor da espada e as interações entre os personagens.

No quesito técnico, minha experiência foi surpreendentemente boa no Steam Deck. O jogo roda liso no portátil da Valve, sem quedas de desempenho perceptíveis, o que é ótimo para quem busca um roguelite para jogar em sessões curtas. Não tive nenhum problema crítico durante o meu tempo com o game.

Atomic Owl
Há algumas surpresas nos mapas de Atomic Owl (Imagem: Divulgação)

Vale a pena comprar Atomic Owl?

Atomic Owl me deixou dividido. Se por um lado eu gostei da ambientação, da trilha sonora e do combate que recompensa a persistência, as fases fixas, a falta de variedade nos upgrades e alguns problemas de clareza visual em certos momentos pesam contra a experiência. A progressão de upgrades é clara, e o loop “morrer e tentar de novo” funciona bem para quem gosta desse tipo de desafio. Mas a dificuldade elevada pode afastar jogadores menos acostumados ao gênero.

Para fãs de roguelites e action-platformers desafiadores, especialmente aqueles que curtem pixel art e música synthwave, Atomic Owl oferece uma boa dose de diversão, ainda que imperfeita. Se você se encaixa nesse perfil e não se incomoda com runs repetitivas, há um jogo cativante aqui. Caso contrário, talvez seja melhor voar para longe deste game.

Atomic Owl, game de estreia da Monster Theater, chega no dia 31 de julho para PC, via Steam e GOG.com.

*Review elaborada em um Steam Deck OLED, com código fornecido pela eastasiasoft.

Atomic Owl

6.3

História

6.0/10

Gráficos e Sons

8.0/10

Gameplay

6.0/10

Extras

5.0/10

Prós

  • Pixel art vibrante e cenários variados com inspiração japonesa e futurista
  • Trilha sonora synthwave marcante e bem integrada à ação
  • Combate ágil com diferentes armas e possibilidades de abordagem
  • Loop roguelite viciante para quem aprecia desafios

Contras

  • Fases fixas reduzem a variedade típica do gênero roguelite
  • Ausência de localização em português do Brasil
  • Clareza visual prejudicada em momentos de muita ação na tela
  • Falta de conteúdo extra além da campanha principal

Lucas Soares

Jornalista e fã de videogames desde criança. Já teve Mega Drive, Game Boy Color, PS1, PS2, PS3, PS4, PSVR, PS Vita, Nintendo 3DS e agora tem "só" um PS5, um Nintendo Switch e um PC Gamer. Para ele, o melhor jogo da história é Chrono Trigger, mas Metal Gear Solid 3, Final Fantasy X, The Last of Us Part II e Red Dead Redemption 2 completam o Top-5.