NotíciasPC

IGDA pede transparência em políticas de moderação após remoção de jogos adultos em plataformas

A International Game Developers Association (IGDA) divulgou, nesta terça-feira, 29, um comunicado em que expressa preocupação com a forma como plataformas digitais têm moderado e removido jogos com conteúdo adulto. A organização pede mais clareza e equidade na aplicação das regras, destacando que criadores, especialmente de comunidades LGBTQ+ e outros grupos marginalizados, estão sendo afetados de forma desproporcional.

Segundo o comunicado, títulos com temáticas consensuais e legalmente permitidas têm sido retirados ou ocultados de lojas como Steam e Itch.io, muitas vezes sem aviso prévio, explicações claras ou possibilidade de recurso. A IGDA aponta que, embora regras para impedir a distribuição de material ilegal — como atos não consensuais ou envolvendo menores — sejam necessárias, a aplicação atual estaria impactando injustamente obras que não violam essas normas.

Pressão de processadores de pagamento

A associação também citou o papel de empresas como Visa e Mastercard na situação. De acordo com relatos reunidos pela IGDA, mudanças recentes em políticas de moderação teriam sido influenciadas por exigências de processadores de pagamento, que poderiam restringir serviços financeiros a plataformas que hospedam conteúdo adulto, mesmo quando legal e devidamente classificado.

Efeitos para os desenvolvedores

Entre os impactos relatados, estão a perda de receita e visibilidade, danos reputacionais e um aumento na autocensura entre criadores que trabalham com temas adultos, especialmente aqueles ligados a narrativas queer ou kink-positive. A IGDA alerta que essas medidas podem levar parte da produção independente para mercados paralelos, menos seguros para desenvolvedores e jogadores.

Recomendações e próximos passos

A IGDA defende que plataformas publiquem diretrizes mais detalhadas, comuniquem de forma clara os motivos de remoções e estabeleçam mecanismos de recurso para desenvolvedores afetados. Também sugere a criação de painéis consultivos com especialistas legais e representantes de comunidades marginalizadas, além da publicação regular de relatórios de transparência sobre ações de moderação.

A entidade está reunindo dados anônimos de criadores impactados para orientar futuras ações judiciais. O comunicado completo pode ser lido no site oficial da IGDA.

Entenda o caso

  • Em julho de 2025, milhares de jogos classificados como NSFW foram removidos ou ocultados de plataformas como Steam e Itch.io. No caso do Itch.io, todo o conteúdo adulto deixou de aparecer nas buscas.
  • A medida foi motivada por pressões de processadores de pagamento, como Visa e Mastercard, após campanhas de grupos como o Collective Shout, que pediam o bloqueio de títulos com temáticas como estupro, incesto e abuso infantil.
  • Apesar do foco inicial em conteúdos ilegais, obras consensuais e legalmente permitidas também foram afetadas, incluindo narrativas queer e autobiográficas.
  • Desenvolvedores relataram falta de comunicação e de processos de recurso, com impacto direto em visibilidade, receita e reputação.
  • O caso levantou debates sobre a influência de instituições financeiras no controle de conteúdo digital e seus efeitos sobre a liberdade criativa na indústria de jogos.

Lucas Soares

Jornalista e fã de videogames desde criança. Já teve Mega Drive, Game Boy Color, PS1, PS2, PS3, PS4, PSVR, PS Vita, Nintendo 3DS e agora tem "só" um PS5, um Nintendo Switch e um PC Gamer. Para ele, o melhor jogo da história é Chrono Trigger, mas Metal Gear Solid 3, Final Fantasy X, The Last of Us Part II e Red Dead Redemption 2 completam o Top-5.