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A.I.L.A | Review

A.I.L.A é um jogo de terror em primeira pessoa, ambientado em um futuro dominado por tecnologia imersiva. O game brasileiro, desenvolvido pela Pulsatrix Studios, responsável também por Fobia, e publicado pela Fireshine Games, está sendo lançado hoje, 25 de novembro, para PC e consoles.

Em A.I.L.A, você assume o papel do único testador de jogos de uma nova e revolucionária inteligência artificial fictícia. Sua missão? Sobreviver a experiências de terror intensas, que exploram seus medos mais profundos enquanto as linhas entre o virtual e o real começam a se distorcer. Prepare-se para enfrentar momentos perturbadores, resolver quebra-cabeças horripilantes, participar de combates viscerais contra mortos-vivos medievais e sobreviver a mundos sombrios e inquietantes criados pela própria A.I.L.A.

Ficou curioso para saber como A.I.L.A está se saindo no poderoso console de última geração da nipônica Sony? Então bora fazer aquela pausa rápida, preparar um coado bem quentinho e mergulhar comigo nesta análise ritualística do Pizza Fria!

Inteligência Artificial para Aplicações Lúdicas

O jogo começa com o protagonista pendurado de cabeça para baixo, trancado em uma cela e sem qualquer explicação. Com muito esforço, ele consegue se livrar das correntes e, usando um pedaço de metal encontrado na pia da sala, abre a fechadura e escapa daquela sala. Logo percebe que está preso em uma espécie de subsolo, aparentemente uma rede de esgoto abandonada, onde aprendemos os comandos básicos para avançar na jornada.

Após uma breve perseguição e uma repentina explosão nuclear, você é transportado para uma floresta, agora em um estilo de jogo completamente diferente, há um HUD de vida e vigor, um machado em mãos e uma ambientação que remete a um survival clássico. Até que uma mensagem de entrega aparece na tela, quebrando totalmente o ritmo da aventura.

É só então, quando o protagonista remove os óculos de realidade virtual, que você, jogador, finalmente percebe que tudo aquilo não passava de uma simulação. Explorando o ambiente, você descobre que sua encomenda da SyTekk chegou, um pacote único, contendo o tão aguardado kit de desenvolvimento A.I.L.A.

A.I.L.A.
Essa é A.I.L.A a inteligência artificial que dá nome ao jogo. (Imagem: Reprodução/Filipe Villela/Pizza Fria)

Chegou a hora de conhecer a inteligência artificial que dá nome ao jogo. A.I.L.A é a sigla para Inteligência Artificial para Aplicações Lúdicas, fruto de décadas de pesquisas tecnológicas nas áreas de neuropsicologia e terapia cognitivo-comportamental. Ela utiliza o histórico do usuário como base e se ajusta ao perfil emocional de cada pessoa, criando desafios contínuos e uma experiência genuinamente intensa.

E assim tem início a angustiante jornada do tester Samuel, atravessando cenários que beiram o “The Twilight Zone”, todos gerados pela própria A.I.L.A. Labirintos sufocantes, quebra-cabeças sanguinários e desafios psicológicos moldados pelos seus dados pessoais compõem uma experiência onde suas escolhas influenciam seu carma, alterando o rumo da narrativa e até mesmo o seu final.

Uma experiência diferenciada que merece ser apreciada

A.I.L.A é um jogo de horror em primeira pessoa que combina terror psicológico com jumpscares, ambientado em um futuro dominado pela robótica e pela inteligência artificial. Aqui, você vivencia diferentes jornadas dentro de um ambiente virtual, explorando cenários perturbadores que se moldam ao seu comportamento.

E não, eu não estava exagerando quando mencionei anteriormente, A.I.L.A realmente entrega aquele toque à la The Twilight Zone, o simulador apresenta ao tester Samuel experiências distintas, cada uma completamente diferente da anterior.

Cada simulação possui sua própria temática, trazendo estilos de jogabilidade variados e diferentes camadas de horror. Essa variedade torna A.I.L.A um título único, uma experiência diferenciada no gênero que merece ser apreciada pela criatividade e ousadia.

A.I.L.A
A experiência medieval é sombria, recomendo fortemente o uso de headset no game para aumetar ainda mais a imersão. (Imagem: Reprodução/Filipe Villela/Pizza Fria)

Os comandos são, em geral, simples e intuitivos, no entanto, em alguns momentos, A.I.L.A deixa a desejar na responsividade, especialmente em situações de combate corpo a corpo.

Houve momentos em que, ao tentar golpear um inimigo, o personagem demorava para executar o ataque ou a ação simplesmente não era registrada, algo que ocorreu principalmente com o gatilho adaptável ativado. Felizmente, nada que uma atualização futura não possa resolver, torçamos para que uma atualização day one, traga esses ajustes.

Diferentes formas de horror em um único jogo

Os cenários de A.I.L.A são bastante interativos, com destaque para a casa de Samuel, onde você pode mexer em praticamente tudo, de livros, a documentos, jornais, é possível navegar pelo computador, e até mesmo acariciar ou colocar ração para Jones, o seu gatinho de estimação. É um ambiente vivo, cheio de detalhes que reforçam a imersão e ajudam a construir a atmosfera ao redor do protagonista.

Já dentro dos corredores virtuais de A.I.L.A, encontramos estilos de cenários muito diferentes entre si. No primeiro deles, o foco está no horror psicológico, ambientes apertados, repetitivos e claustrofóbicos, que deixam o jogador constantemente tenso. No segundo, somos levados a uma casa na fazenda cercada por um enorme milharal, um espaço amplo, onde cada disparo precisa ser calculado para não ficar sem munição no pior momento possível.

O terceiro cenário se passa em um reino medieval, totalmente focado no combate corpo a corpo. E, meus amigos, que ambientação imersiva! A região conta com uma história bem construída e efeitos sonoros que mantêm a tensão o tempo todo. Em seguida, temos o navio fantasma, com seus quebra-cabeças criativos, fantasmas perturbadores e caminhos perigosos que exigem atenção constante.

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A.I.L.A está repleto de easter eggs, não tem como chegar na casa da bruxa e não lembrar da Bruxa do 71, aquela na vila do Chaves! (Imagem: Reprodução/Filipe Villela/Pizza Fria)

A quinta experiência é na floresta, onde nos vemos presos em um labirinto claustrofóbico formado por corredores de árvores, completamente sozinhos à noite. Com apenas uma pequena lanterna para iluminar o caminho, Samuel é obrigado a encarar criaturas humanoides com raízes saindo dos corpos, uma sequência extremamente inquietante. Por fim, para fechar com chave de ouro, surge a sombria experiência RECAP, que revisita o passado traumático do protagonista, utilizando elementos de todas as simulações anteriores.

E se você é o tipo de jogador que adora caçar easter eggs, fique atento, A.I.L.A está recheado deles, muitos fazendo referências deliciosas à cultura pop. Você encontrará desde a carteira de policial de Leon S. Michael, passando pela clássica plantinha usada para aprimorar itens de cura, pela casa da Bruxa do 71, até a recriação daquela icônica cena do primeiro zumbi de Resident Evil 1, entre outros segredinhos divertidos de descobrir.

Audiovisual de A.I.L.A no Playstation 5

Antes de mais nada, preciso deixar claro que a performance de A.I.L.A no console da Sony foi boa, mas com algumas ressalvas. O jogo roda a 60 quadros constantes, sem gargalos, porém tive problemas com travamentos e, como mencionei anteriormente, também com falhas nos comandos, o que trouxe certa frustração à minha experiência. São pontos que realmente espero ver corrigidos em uma atualização futura, especialmente em um patch de lançamento.

Dito isso, meus amigos, graficamente o game é bem bonito, com cenários sombrios, detalhados e muito bem modelados, exatamente como um bom jogo de horror deve ser. Os inimigos também se destacam pela criatividade, com menção especial aos homens-planta da experiência da floresta, que entregam um visual perturbador e marcante.

A trilha sonora e os efeitos sonoros de A.I.L.A estão simplesmente incríveis, com destaque absoluto para o capítulo da vila medieval. O ranger das lamparinas de ferro nos postes, o som de correntes batendo, vozes sussurrando atrás de portas fechadas, gritos vindo de dentro das casas e a música orquestrada com notas agudas de violino criam uma sensação constante de desconforto, elevando ainda mais a imersão.

A.I.L.A
A experiência na floresta chega é tensa, você nunca sabe quando um homem-planta desse vai te atacar. (Imagem: Reprodução/Filipe Villela/Pizza Fria)

E como era de se esperar, o jogo conta com localização completa para o português do Brasil, incluindo dublagem e legendas, a dublagem está impecável. O protagonista Samuel é interpretado por Fábio Azevedo, voz de Kyle Crane em Dying Light e Deacon em Days Gone, enquanto A.I.L.A é dublada por Luiza Caspary, conhecida por dar voz à Ellie em The Last of Us e à Elena em Uncharted, entre vários outros excelentes trabalhos. É um elenco de peso que realmente agrega valor à experiência.

Vale a pena jogar A.I.L.A?

Sim, vale a pena jogar A.I.L.A, especialmente levando em consideração tudo o que o jogo entrega, e o que ele representa. A produção da Pulsatrix Studios é, sem exagero, um dos projetos nacionais mais ambiciosos e bem executados dentro do gênero de horror em primeira pessoa, oferecendo uma experiência variada, criativa e cheia de identidade, com cinco cenários totalmente diferentes, cada um explorando um tipo distinto de medo, ambientação e jogabilidade. É um pacote que realmente se destaca.

Claro, o jogo tem seus problemas, os travamentos ocasionais e a falta de responsividade nos comandos, especialmente com o gatilho adaptável ativado, prejudicam um pouco a experiência, e foram momentos de frustração ao longo da jornada. Mas, ao mesmo tempo, são pontos corrigíveis, e tudo indica que atualizações futuras podem muito bem resolver esses detalhes.

O que realmente brilha em A.I.L.A é o conjunto, cenários lindos e densos, inimigos criativos, ambientações perturbadoras, efeitos sonoros de altíssimo nível e uma trilha sonora que prende o jogador na tensão do início ao fim. A dublagem brasileira também merece destaque, contando com nomes de peso que elevam a imersão e fazem toda a diferença para o público nacional.

E falando em público nacional, o preço acessível é um dos grandes trunfos do jogo. Por apenas R$ 79,95, A.I.L.A entrega muito mais do que muitos títulos que chegam custando três ou quatro vezes esse valor. É uma experiência completa, intensa e com excelente custo-benefício.

No fim das contas, se você curte jogos de terror com variedade, ambientações únicas e uma boa dose de criatividade, A.I.L.A definitivamente merece a sua atenção. É uma jornada sombria, intrigante e cheia de personalidade, e um orgulho para a cena brasileira de desenvolvimento.

 A.I.L.A chega hoje para PC, via SteamPlayStation 5 e Xbox Series X|S.

*Review elaborada em um PlayStation 5, com código fornecido pela Fireshine Games.

A.I.L.A.

BRL 79,95
7.8

História

9.0/10

Gameplay

6.0/10

Gráficos e Sons

8.3/10

Extras

8.0/10

Prós

  • Localização com dublagem brasileira impecável
  • Variedade de gameplay
  • Muitos easter eggs para quem ama caça ao tesouro
  • História criativa e cheia de identidade

Contras

  • Travamentos durante a gameplay
  • Problemas de responsividade nos comandos

Filipe "Bdama" Villela

    Aficionado por jogos desde cedo, de Bomberman, Zelda, Sonic ou Mário, indo dos clássicos das gerações passadas, até os indies e mais variados AAA atuais. Viciado em desafios, colecionador de platinas e consoles antigos, para mim não importa a plataforma ou gráficos de um jogo, sou movido pela emoção da aventura de conhecer e desbravar novos mundos, uma viagem única que apenas cartuchos e cd's podem nos levar. Embarque comigo nesse mundo de possibilidades infinitas e venha descobrir novos mundos e maneiras de se aventurar!