The Dark Pictures Anthology: Little Hope | Review
The Dark Pictures Anthology é uma série de jogos que a Bandai Namco e a Supermassive Games anunciaram, no começo de 2019, que seria composta por nove títulos de terror. O primeiro deles, lançado no ano passado, foi Man of Medan, que teve uma recepção mista por parte da crítica especializada. Um ano depois, estamos diante de Little Hope, o segundo game que as empresas se comprometeram a fazer.
O novo game de terro chega com a missão de consertar os erros apontados no game anterior, e elevar o patamar da antologia, afinal, a Supermassive Games é responsável pelo sucesso Until Dawn, lançado para PlayStation 4 em 2016. E será que o jogo alcançou os objetivos propostos? A resposta eu te conto agora, em um mais uma review sem spoilers do Pizza Fria!
O terror está por toda parte… ou não
Assim como outros jogos desenvolvidos pela Supermassive Games, The Dark Pictures Anthology: Little Hope nos coloca para controlar personagens distintos, cujas decisões que tomamos influenciam no destino deles e dos outros. Assim, nos vemos na pele de cinco pessoas: John, Angela, Daniel, Taylor e o protagonista Andrew, interpretado pelo ator Will Pouter (The Maze Runner, Black Mirror: Bandersnatch…). Após um acidente de ônibus, os jogadores se veem presos em uma neblina que envolve a cidade que dá nome ao jogo.
A partir daí, surgem vários mistérios e poucas respostas. O que mais me incomodou em Little Hope é que que, diferentemente de Until Dawn e Man of Medan, que respondem algumas das principais questões da história ainda ao longo do gameplay, há muito pouco aqui que possa evitar a perda de um personagem ou auxiliar no desenvolvimento da narrativa de uma forma que o jogador esteja mais no controle.
Um exemplo: eu cheguei na reta final com dois personagens vivos. Acertei todos os Quick Time Event (QTE) do jogo. Não tomei nenhuma decisão questionável para que um deles, simplesmente, morresse, sem mais nem menos. É lógico que essa morte foi explicada com a sequência de cenas finais, mas o que isso me trouxe foram mais dúvidas: será que se eu chegasse ao final com mais personagens vivos, todos teriam o mesmo destino?
Já um outro personagem morreu de forma patética. Parece que por uma simples escolha de diálogo no momento anterior à morte, o respectivo personagem esperava ser protegido, e como eu não fiz tal escolha, o jogo logo desencadeou a animação que determinava a sua morte. Foram, do meu ponto de vista, escolhas erradas.
Fora isso, Little Hope também apela muito mais para jump scares do que qualquer outra coisa. Apesar de toda a ambientação escura, com uma trilha sonora acertada, a sensação que tive é que não fosse o “sobe som” na edição, passaria todo o jogo sem levar sustos. Na verdade, essa tática assustou mais o meu cachorro do que eu, pra ser sincero. E isso é ruim, principalmente porque todas essas escolhas acabaram, de alguma forma, compondo a narrativa do jogo.
De toda forma, a história de Little Hope foi feita para ser rejogada, pois há vários caminhos para serem percorridos até o final e, claro, mais de um fim. O jogo também pode ser jogado em modo cooperativo online ou local, em que cada pessoa controlaria um personagem em específico. Isso, certamente, aumenta a imersão. Embora eu não tenha tido essa oportunidade em Little Hope, joguei Man of Medan com um amigo, após o lançamento, e a experiência é bem mais divertida.
Pequenas mudanças no gameplay
Little Hope, assim como Until Dawn e Man of Medan, segue a mesma premissa de jogabilidade. Ou seja: são jogos baseados em narrativa, cujas escolhas que você faz determinam o futuro dos personagens. Por isso, o jogo dispensa cenas de ação mais tradicionais, em que empunhamos armas ou saíamos socando tudo o que encontramos pela frente.
A principal novidade que reparei em comparação aos jogos anteriores é que o game tem mais câmeras (ou ângulos) disponíveis durante os diálogos, e até mesmo nas cenas de exploração. Você pode definir para qual direção apontar, mesmo que isso gere algumas duvidas principalmente em uma cena no começo da história.
Outra novidade é que agora os QTE simplesmente não aparecem do nada na tela. Há um aviso, com cerca de dois segundos, antes deles começarem. Isso certamente ajuda a nos deixar mais preparado, e com o tempo, a posição destes avisos pode até indicar qual botão pressionar, o que facilita o seu trabalho.
Além disso, eu também notei um jogo mais rápido e com transições melhores. Os gráficos são excelentes, e não deixam em nada a desejar para o que a geração já nos ofereceu. Já as animações, principalmente de algumas dos horrores que nos perseguem, poderiam ser mais bem otimizados. A sensação que tenho é poderia ser um pouco melhor.
Vale a pena comprar The Dark Pictures Anthology: Little Hope?
Vou ser direto: depende muito do seu gosto. Eu adorei Until Dawn, gostei bastante de Man of Medan, mas Little Hope, mesmo com as melhorias no gameplay, não me agradou muito. Creio que a narrativa não se desenvolveu tão bem quanto eu esperava, e as decisões de roteiro que definiram o destino de alguns personagens me incomodou profundamente.
Em uma segunda jogatina, já conhecendo o desfecho da história, tomei algumas decisões diferentes e até consegui mudar alguma coisa, mas mesmo assim, sinto que há uma enorme complexidade no que o game espera do jogador. Isso é bom? Mais uma vez, depende muito do seu gosto. Se você joga esperando manter todos os personagens vivos, é bom prestar atenção no primeiro ato do jogo. Ali ao menos um destino é traçado e se você falhar ali, uma morte inevitavelmente vai acontecer.
Por outro lado, tecnicamente, Little Hope chega ao mercado muito melhor do que Man of Medan chegou. O título está consideravelmente mais bem acabado e otimizado que o seu antecessor estava no lançamento. Não encontrei nenhum bug que mereça ser citado, os gráficos mantém o ótimo nível desde Until Dawn e a trilha sonora casa bem com a proposta do jogo.
The Dark Pictures Anthology: Little Hope foi lançado nesta sexta-feira, 30, e está disponível para PlayStation 4, Xbox One e PC, via Steam. O game tem compatibilidade garantida com os consoles da nova geração, o PlayStation 5 e os Xbox Series X|S.
*Review elaborada em um PS4 padrão, com código fornecido pela Bandai Namco.