Resident Evil Village | Review
Resident Evil é uma das franquias do universo pop mais conhecidas mundialmente. Nascida dos jogos, em 1996, ela também explorou outras mídias como filmes, livros, HQs e, em breve, séries de TV. Mesmo com todos esses desdobramentos, até hoje nada chegou perto do sucesso alcançado com os games. Os 25 anos de história celebrados em 2021 são comemorados com Resident Evil Village, o oitavo jogo da narrativa principal, que será lançado na próxima sexta-feira, 7 de maio.
Tivemos acesso ao game e agora podemos falar (quase) tudo o que achamos do mais novo título da Capcom. Será que Village é o que os fãs esperam da franquia? A resposta você confere agora, em mais uma análise antecipada do Pizza Fria!
Está tudo conectado!
A primeira coisa que você deve saber é que Resident Evil Village é uma sequência direta de Resident Evil 7: Biohazard, lançado no começo de 2017, mas talvez não seja necessário você jogar o game anterior para se localizar onde a história começa. Isso porque Village oferece um pequeno resumo de tudo o que aconteceu no jogo anterior, para que você se situe e entenda o que está acontecendo.
Nós estamos mais uma vez no controle de Ethan Winters, o protagonista de RE7. O jogo começa com uma paz incrível, com a família feliz reunida: Ethan e Mia se mudaram para a Europa, buscando distância dos traumas vividos na Luisiana há três anos, mas ainda estão sob a proteção da BSAA. Na Europa, eles tiveram uma filha, Rosemary, o que aproximou ainda mais o casal.
Mas essa aparente paz é rompida quando Chris Redfield (!) atira e mata Mia. Em uma sequência de ações, o “não-herói” amarra Ethan, sequestra Rose, e os leva para uma van. Algo no caminho acontece, e Ethan acorda somente na companhia de corpos de agentes da BSAA, enquanto Chris e Rose estão desaparecidos. Assim, você parte em busca de respostas.
Em um local desconhecido, Ethan acaba encontrando uma vila onde quase não há mais habitantes. Os poucos que restaram foram parcialmente transformados em licanos, mas há muitos segredos por trás disso. E você vai querer descobri-los jogando porque, acredite, esta é a melhor história de um jogo de Resident Evil já feita até hoje, e que responde muitas das questões de jogos passados – inclusive sobre a origem de uma certa corporação farmacêutica…
Explorando a vila
Se houve algumas críticas para o excesso de ação em Resident Evil 5 e Resident Evil 6, em detrimento aos elementos de survival horror e exploração que caracterizaram a franquia, Resident Evil 7 trouxe à franquia de volta às origens. E Resident Evil Village, como uma sequência direta, tratou de encontrar esse meio-termo. Pra mim, conseguiu com maestria.
Com o retorno da câmera em primeira pessoa, os sustos estão garantidos, mas a ação também faz parte do jogo. Ethan teve um treinamento militar da BSAA e agora é melhor com armas do que era no jogo anterior, dominando mais habilidades e podendo obter e usar mais equipamentos do que antes. Senti falta de elementos stealth, que poderiam ter sido introduzidos, principalmente porque alguns inimigos só notam nossa presença após atirarmos neles. No entanto, Resident Evil Village não perde muitos pontos por esse “problema”.
Isso porque toda a narrativa de Resident Evil Village é construída de acordo com a jogabilidade. Assim como a Delegacia de Racoon City, a vila funciona como uma área central do jogo, só que em um ambiente muito mais aberto, e com uma aparente calma. Isso significa que você vai passar por ela várias vezes, e ao melhor estilo Resident Evil, abrir novos caminhos a cada vez, de acordo com os itens obtidos na sua quest anterior.
Para facilitar aos jogadores exploradores, o jogo conta com um sistema que dá dicas sobre o que há ou não em determinada área para explorar. Ao acessarmos o mapa, áreas internas são sinalizadas em vermelho, quando há itens para serem obtidos, ou azul, quando não há mais nada para pegar naquela região. Fique atento para objetos com brilho pequeno, pois eles podem oferecer tesouros preciosos!
Enfrentando os vilões!
Antes mesmo do seu lançamento, Resident Evil Village ganhou uma vilã que prometia ser clássica: Lady Dimitrescu, a poderosa vampira que surgiu nos materiais de divulgação do jogo. Na trama, ela é uma das quatro lordes, cada um com características e habilidades diferentes. Os lordes de Village também têm a responsabilidade de guardar itens importantes para o desenvolvimento da história e, claro, estão bem protegidos por seus lacaios. Além de Dimitrescu, somos apresentados aos outros três personagens:
- Karl Heisenberg, um homem com poderes cinéticos, capaz de controlar e manipular metais, e que também desenvolveu criaturas humanoides, responsáveis por lhe protegerem.
- Donna Beneviento, uma misteriosa mulher que está sempre acompanhada de uma boneca, Angie, que possuí movimentos independentes.
- Salvatore Moreau, uma bizarra criatura que é metade homem, metade peixe, e se esconde em uma represa na periferia da vila. Na represa, um colossal monstro aquático é visto frequentemente.
Todos eles respondem à uma misteriosa mulher, conhecida apenas como Mãe Miranda. Eu recomendo que você leia todas as anotações que encontrar, pois elas vão te ajudar a entender melhor a história de Resident Evil Village e da franquia, além de compreender um pouco da relação entre os cinco vilões do jogo.
O que eu posso te garantir, caro leitor, é que, ao longo das quase 10h de gameplay que levei para finalizar Resident Evil Village pela primeira vez, todas as questões que eu tinha foram respondidas. De bônus, muitas das dúvidas da franquia também ganharam resposta. E ainda há uma ótima deixa – e cenas extras após os créditos! – para um novo game da franquia principal. Será que os boatos que apontavam para uma trilogia estavam corretos?
Clássicos de volta!
Não bastasse Resident Evil Village responder várias das questões da franquia, a Capcom também trouxe de volta algumas das coisas favoritas dos fãs de Resident Evil: o mercador e o modo mercenários. Em Village, o mercador é conhecido como Duque, um ser de origem misteriosa, que consegue estar em diversos locais do jogo, quase que ao mesmo tempo. Mas ele não é somente um mero vendedor. Detalhes você vai descobrir jogando.
No entanto, em seu papel principal, o Duque está disposto a comercializar tudo… por um preço, é claro. Dele, é possível comprar armas, munições, atualizações para Ethan, além de receitas de como criar itens e também melhorias permanentes de saúde, já que o mercador é um exímio cozinheiro. Assim, os jogadores terão a missão de caçar alguns animais espalhados pela vila, como porcos, peixes e galinhas, que vão fornecer itens para garantir que você aperfeiçoe saúde e a resistência de Ethan. Ou mesmo, vender muitos dos tesouros que você encontrar, que podem te garantir uma boa quantidade de Lei (moeda do jogo).
Já o Modo Mercenários é desbloqueável após o fim da campanha de Resident Evil Village, sendo comprado na loja in-game por um valor simbólico. A ideia central é a mesma: entre em um mapa, e derrote uma variedade de inimigos antes do tempo acabar. Ao conseguir ranking máximo em todas as fases, é possível desbloquear uma arma especial. Para te ajudar, o Duque também está lá para te oferecer armas e atualizações para te auxiliar no gameplay. Defina estratégias e tente vencer.
Mas isso não é tudo. Elementos bem familiares relacionados à Resident Evil estão presentes em Village. Combinar itens segue sendo fundamental para resolver as dezenas de puzzles que devemos enfrentar no jogo. Saber a hora de atacar, e de correr, também é importante para não perder todas as suas balas em inimigos comuns e ficar sem recursos para os bosses. A máquina de escrever está lá para salvar sua história. Misturar ervas garante itens de recuperação. E gerenciar o espaço de armazenamento, com o uso de maletas, para que você consiga sempre carregar o que encontrar. Houve até espaço para uma piada com uma das cenas mais icônicas da franquia!
Olá, nova geração!
Resident Evil Village foi totalmente construído na RE Engine, desenvolvida internamente pela Capcom, e que foi “inaugurada” em Resident Evil 7, com alguns problemas, é verdade. De lá pra cá, pudemos ver o motor gráfico também nos remakes de Resident Evil 2 e Resident Evil 3, além do multiplayer Resident Evil Resistance. E o padrão foi sempre subindo, e agora chega ao seu ápice, com as melhorias proporcionadas pela nova geração de consoles.
No PlayStation 5, Resident Evil Village conta com telas de carregamento muito rápidas e um visual bem bonito, mantendo uma taxa de quadros por segundo bem estável. Notei, em alguns momentos, uma queda nos FPS, mas rapidamente o videogame se recuperou e estabilizou a imagem.
A trilha sonora, embora não seja nada marcante como em outros títulos da franquia, consegue cumprir muito bem o seu papel e casa muito bem com a proposta sombria do jogo. A ambientação sonora, proporcionada pelo áudio 3D, é fantástica e eu recomendo fortemente jogar utilizando um headset ou TV compatível. Isso pode te ajudar a identificar de onde vem alguns inimigos em momentos chaves do jogo, principalmente em ambientes fechados!
Por outro lado, chamo atenção para um detalhe: Resident Evil Village é o primeiro jogo da franquia a ter uma dublagem em português e isso é ótimo para nós. De uma forma geral, a localização é boa, com destaques para as atuações dos dubladores do Duque e de Heisenberg. Ethan, no entanto, careceu de mais atenção. Não sei se por conta da pandemia, ou por questões contratuais, fiquei com a sensação de que o dublador não pode assistir às cenas em que dublava, pois claramente não há muita emoção na voz do personagem em alguns momentos. Não são em todas as cenas, mas em algumas delas, o fato de não haver mudança de tom me incomodou.
Extras! Extras!
Uma das marcas da franquia Resident Evil é o seu fator replay. Rejogar é uma das tarefas “obrigatórias” dos fãs, cada um com seu objetivo específico, seja para superar os desafios em um modo de dificuldade maior, ou explodir os vilões com a bazuca, ou mesmo ter munição infinita. Felizmente, podemos contar com essas alternativas.
Ao concluir Resident Evil Village pela primeira vez, o jogo nos dá Pontos de Conclusão, que podem ser usados na loja do jogo para desbloquear esses e outros recursos especiais, que tornam o gameplay mais zoeiro – e divertido. Me chamou atenção é que tudo me pareceu um pouco “caro demais”, e é possível que os jogadores tenham que terminar o jogo algumas vezes para explorar tudo, ou obter aquele sonhado item.
Vale a pena comprar Resident Evil Village?
Resident Evil Village certamente é um título obrigatório para os fãs de longa data da franquia, mas não deixa nada a desejar para quem nunca jogou. Arrisco a dizer que é o melhor já feito até hoje. E não é só pelo ótimo trabalho audiovisual de um modo geral, mas pelo excelente mix de gameplay e a narrativa, que consegue responder várias questões da franquia e todas as deixadas pelo jogo. Pra mim, deverá concorrer ao prêmio de Jogo do Ano de 2021.
Em formato digital, Resident Evil Village custa R$ 161,99 para PC, via Nuuvem, e R$ 249,90 para PlayStation 4 e PlayStation 5 e Xbox One e Xbox Series X|S. Já a versão física para consoles tem o preço diferente: no PlayStation 4 e nas plataformas Xbox ele tem o preço sugerido de R$ 299,99. A edição de PlayStation 5 é vendida por R$ 359,90. No entanto, caso opte pela versão de PS4, há upgrade digital gratuito para a versão de PS5, desde que utilize o console com leitor de discos. Resident Evil Village será lançado no dia 7 de maio.
*Review elaborada em um PlayStation 5, com código fornecido pela Capcom.