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Broken Lines | Review

Jogos de guerra quase sempre são interessantes. Uns tentam se basear em fatos reais, outros fogem completamente disso, mas geralmente entregam um conteúdo bastante imersivo e que nos faz refletir sobre os horrores dos conflitos. E Broken Lines tem algo especial. É um jogo indie e despretensioso, mas que traz em sua simplicidade algo que surpreende. É aquele tipo de jogo que você não espera muito e, quando se dá conta, está jogando há duas horas.

Desenvolvido pela PortaPlay e distribuído pela Super.com para PC e em breve para outras plataformas, o jogo de estratégia em turnos tem aspectos interessantíssimos. Além disso, entre 2018 e 2019, o game recebeu diversos prêmios no circuito indie, sobretudo por sua narrativa. Enfim, esse e outros pontos serão abordados em nossa review. Confira!

A história de Broken Lines (sem spoilers)

Broken Lines oferece uma trama fictícia baseada na Segunda Guerra Mundial, onde um grupo de oito soldados sofre uma queda de avião atrás das desconhecidas linhas inimigas. E cabe ao jogador tentar levá-los todos para casa. Porém, como em toda guerra, você deverá encarar os seus horrores em diversas batalhas que devem muito bem analisadas.

No quesito história, o jogo oferece uma trajetória interessante, contando com cinco finais possíveis e diversos caminhos a serem percorridos. Por exemplo, a cada novo nível, você poderá escolher entre determinadas tarefas indicadas no mapa. Na maior parte, é possível escolher uma entre três missões, onde será possível fazer incursões com 4 ou 5 soldados. Além disso, ao longo dos diálogos ocorridos ao longo da trama, é possível tomar decisões que alteram as relações entre os soldados e, mais do que isso, nas próprias habilidades deles.

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Os diálogos são extremamente importantes na história de Broken Lines. (Imagem: Divulgação)

Jogabilidade interessante

Nesse quesito, Broken Lines é bem simples e chega a ser relativamente fácil, a depender da dificuldade de jogo, claro, que pode ser escolhida. Como em todo jogo de estratégia em turnos, você deverá colocar seus comandados em posição, buscando sempre coberturas contra eventuais inimigos. E quando eles aparecem, você deverá escolher o que fazer, pensando taticamente em como aniquilar todos. Além disso, em cada movimento, o game oferece a probabilidade de vantagem sobre os inimigos, o que auxilia a não cometer grandes erros.

Controlando sua equipe, você poderá colocar determinadas habilidades em cada um dos soldados, além das que já são ganhas automaticamente por meio das decisões ocorridas ao longo da trama. Outro ponto interessante é a possibilidade de se comprar armas para o pelotão, algo que pode facilitar as missões, sobretudo por conta de danos mais altos ou até mesmo alcance e precisão. Neste ponto, o jogo conta com metralhadoras, rifles de precisão e escopetas, sendo necessário escolher muito bem quais delas usar.

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Os detalhes da jogabilidade auxiliam em cada um dos movimentos. (Imagem: Divulgação)

Gráficos e outros detalhes

Sobre os gráficos, o game apresenta dois momentos distintos: em suas animações, apresenta traços cartunescos bem simples, sem muitos detalhes; já na gameplay em si, os gráficos 3D são simples, mas muito bonitos e eficientes, não sendo Broken Lines um jogo pesado. E nem por isso é um título sem graça ou morno, muito pelo contrário. A simplicidade gráfica simplesmente parece dar um tom mais sóbrio e, somada aos aspectos de jogabilidade, fica perfeita. Para se ter uma ideia, o design de personagens e ilustrador do jogo é Peter Snejbjerg, conhecido por seu trabalho criativo para grandes empresas como DC e Vertigo, gigantes das HQs.

Já o áudio do jogo é bem elaborado. Tanto a narração quanto os sons ambiente são bem interessantes. Nos diálogos entre os personagens não há suas vozes, apenas balões com as falas. Contudo, a narração principal do jogo é feita pela atriz vencedora do BAFTA, Cissy Jones, conhecida por papéis em Firewatch, The Walking DeadGrand Theft Auto V e Darksiders III. Ou seja, o esforço do indie Broken Lines é percebido claramente em seus variados aspectos.

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O mapa e as possibilidades apresentadas. (Imagem: Divulgação)

Vale a pena comprar Broken Lines?

Sinceramente, quando comecei o jogo, não esperava absolutamente nada. Talvez seria apenas um jogo comum, mediano. Mas não, Broken Lines me surpreendeu tanto, que quis terminar ele seguindo diferentes caminhos. Aliás, um “problema” no jogo é o fato dele não ser localizado para países de língua portuguesa, algo que pode ser ruim para alguns gamers, sobretudo por suas decisões pesarem no final. Fora isso, o jogo é bem simples, mas tem uma coisa tão gostosa e desafiadora nele, que você simplesmente quer continuar. Ao longo das horas de jogo, não tive problemas com erros ou bugs, algo que é bem raro para os jogos da atualidade.

Enfim, Broken Lines é um jogo extremamente simples, mas que conta com uma trama interessantíssima (que até poderia ser maior) e jogabilidade excelente, surpreendendo totalmente aos jogadores. Ou seja, vale MUITO a pena comprar e explorar os seus vários caminhos e finais de história. No Metacritic, a média do game é de apenas 77 pontos, algo que eu particularmente julgo que poderia ser melhor, visto que na Steam as críticas dos jogadores são “muito positivas”. Concluindo, Broken Lines é um jogo barato e que vale a pena ser jogado tanto pelos entusiastas das guerras, quanto pelos fãs de uma boa e diversificada narrativa.

*Review elaborado no PC, com código fornecido pela desenvolvedora.

Broken Lines

8.8

História

9.0/10

Jogabilidade

8.9/10

Gráficos e sons

8.2/10

Extras

8.5/10

Desempenho

9.2/10

Prós

  • História envolvente e variada
  • Jogabilidade excelente

Contras

  • A duração do jogo poderia ser maior

Álvaro Saluan

Historiador e cientista social de formação, é completamente apaixonado por videogames e escreve sobre o tema há uns bons anos. Vê os jogos para além do entretenimento, considerando todo o processo como uma grande e diversificada arte.

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