Bad Dream: Coma | Review
Bad Dream: Coma é um jogo de aventura e terror point & click desenvolvido pela Desert Fox. O título foi lançado no dia 20 de abril deste ano para Xbox One e Xbox Series X|S, entretanto também está disponível no Nintendo Switch e PC, via Steam.
O game tem a premissa interessante de fazer uma mistura de gêneros, tentando assim apresentar uma aventura com diversos quebra cabeças e ao mesmo tempo manter um clima perturbador. Confira, em mais uma análise do Pizza Fria, se a obra consegue executar sua proposta e se destacar!
Tudo começa com um sonho
Bad Dream: Coma começa com o protagonista em sua cama prestes a dormir. Após ele finalmente cair no sono, um sonho se inicia. Assim sendo, o personagem se encontra em uma ponte e logo de cara temos algumas opções a se escolher. No cenário temos uma placa e alguns corvos próximo a ela. Podemos então imediatamente atacar os corvos, o que irá causar um efeito sonoro grave e uma tremulação no ambiente, que indica que a fase foi alterada e o final bom não pode mais ser alcançado.
Por falar nisso, todas as fases do game possuem três finais, sendo eles o bom, intermediário e ruim. Além disso, cada final de cenário irá contar e a soma da maioria alcançada irá levar a um final maior no fim de Bad Dream: Coma.
Voltando para a parte da ponte: o jogador deve ir avançando pelo ambiente em busca de objetos, normalmente chaves ou ferramentas que serão usadas para resolver quebra cabeças. Um dos primeiros que o player precisa resolver, envolve conseguir achar um jeito de atravessar uma ponte quebrada. Sendo assim, devemos explorar o local, sempre procurando objetos para interagir e em busca de itens, estes que normalmente são liberados após uma série de interações diferentes com o mesmo objeto.
Para exemplificar, na ponte temos um carrinho de brinquedo. Inicialmente a interação com ele é mínima. Entretanto, durante a exploração, encontramos uma bateria para o controle e chaves. Com esses dois itens é possível controlar o veiculo e fazer ele bater, o tornando então interativo. Assim, é liberada a ação de usar a chave encontrada anteriormente para abrir o porta malas e obter outro item que ajudará no progresso.
Outra coisa interessante que acontece é que o cenário irá mudar ao decorrer do tempo. Portanto, cada vez que avançarmos e irmos superando novos quebra cabeças, novos itens irão aparecer no local. Além disso, também teremos personagens aparecendo misteriosamente, quase todos eles com um visual bem perturbador e enigmático. Em determinados momentos da narrativa, o protagonista terá que fazer favores para eles em troca de itens importantes. Para exemplificar, no segundo local que adentramos, o hospital, encontramos uma faxineira que pede ao jogador que mate alguns insetos na cozinha em troca de uma chave para uma sala importante.
Uma história que tenta ser interpretativa
Bad Dream: Coma não apresenta uma narrativa contada de forma linear. Assim sendo, sua proposta é que o jogador interprete os acontecimentos para entender o que aquele sonho pode significar. Bom, na minha opinião o game não fez um bom trabalho nesse aspecto, pois, para uma história ser interpretada é preciso que algumas peças chaves sejam dadas ao jogador. Entretanto, Bad Dream: Coma não consegue estabelecer muito bem os acontecimentos, passando a impressão que tudo que acontece é aleatório.
Embora a narrativa não se destaque, temos alguns personagens que conseguem ser bem intrigantes. Entre eles está uma enfermeira, está que aparentemente estamos procurando desde o primeiro capítulo, e logo que a encontramos, temos diversos diálogos interessantes e que ajudam o jogador a entender um pouco sobre o local. Entretanto, isso acaba não sendo o suficiente para o entendimento completo.
Em relação aos finais do game, este foi o ponto de maior destaque durante a minha experiência. Pois a escolha de cada um deles causa um impacto no cenário. Assim sendo, se o protagonista seguir um caminho do mal, tomando atitudes ruins e violentas, os ambientes de Bad Dream: Coma irão se tornar mais sujos e manchados de sangue. Além disso, os personagens que encontramos pelo caminho irão dizer o quão ruim o nosso personagem está se tornando, o chamando até mesmo de monstro. Porém, se seguirmos um rumo mais pacifista, eles ficarão mais motivados a nos ajudar e eventualmente irão até nos elogiar por essa atitude.
Um gameplay simples, mas com falhas
A jogabilidade de Bad Dream: Coma é bem simples. Ela segue o padrão point & click durante toda a aventura, então não tenho o que falar sobre movimentação de personagem ou combate, pois esses sistemas não são apresentados aqui. Entretanto, mesmo com um gameplay simples, ele não consegue ser perfeito em todos os momentos.
Em diversas partes do game, os botões apresentam um atraso na hora da interação, e algumas vezes a opção nem chega a aparecer. Então, em alguns locais de Bad Dream: Coma que eu precisava interagir com determinados objetos, a opção simplesmente não aparecia, sendo necessário que eu saísse da sala e entrasse novamente. Admito que essa situação foi bem frustrante, principalmente na reta final do título, em que eu tive um reiniciar todo o capítulo, pois não conseguia interagir com o objeto necessário.
Uma ambientação perturbadora
Outro destaque de Bad Dream: Coma é a sua ambientação. O título apresenta ambientes com um visual desenhado a mão, que vão se moldando de acordo com as escolhas do jogador durante a narrativa. Assim sendo, durante a aventura iremos explorar pontes quebradas, hospitais, apartamentos e até mesmo uma floresta. Todos estes locais conseguem ser bem diferentes um dos outros e apresentar suas características únicas. No hospital por exemplo, iremos nos deparar com pacientes em estado grave, podendo até mesmo ajudar um deles, enquanto na ponte teremos contato com um mendigo, este que irá pedir um trocado para o protagonista.
Embora eu normalmente costume seguir uma linha pacifista em jogos de escolhas, admito que neste título a experiência neste rumo foi sem graça, sendo que em determinado ponto eu comecei a agir de forma violenta durante os cenários e ai as coisas realmente ficaram interessantes. Esse foi até um detalhe interessante, pois seguindo esse caminho do mal, Bad Dream: Coma se torna mais fácil, entretanto as consequências não são das melhores. Além disso, seguido com essas escolhas, os cenários vão ficando cada vez mais perturbadores, até um ponto em que aparentemente o protagonista se deixa levar pela loucura.
Sons e trilha sonora
Bad Dream: Coma foca em sua grande parte nos sons ambientes, sempre sendo caracterizados pelas escolhas do jogador. Assim sendo, se o player seguir um caminho sombrio na narrativa, gritos e sons perturbadores serão mais frequentes na trilha sonora, caracterizando o estado mental do protagonista.
Entretanto, se o personagem seguir um caminho pacifista, os sons ambientes irão ser mais frequentes, o que não deixa de ser perturbador também, principalmente no cenário da floresta em que estaremos escutando barulhos estranhos a todo momento, normalmente sendo caracterizados por galhos quebrando e animais.
Um desempenho ok
Eu joguei o game em um Xbox Series S e também não tenho muito o que avaliar em relação ao desempenho, pois Bad Dream: Coma tem um visual simples, e por ser point & click, o framerate acaba não sendo tão relevante assim. Entretanto, os tempos de carregamentos foram bem rápidos e no geral o único problema relevante foi aquele que tive que reiniciar o cenário citado anteriormente.
Vale a pena comprar Bad Dream: Coma?
O título apresenta uma história simples e interpretativa, entretanto não consegue entregar peças suficientes em sua narrativa para que o quebra cabeça seja montado. Os personagens que o protagonista encontra pelo caminho conseguem ser cativantes, porém eles não tem profundidade, normalmente apenas estando ali para dar uma tarefa ao jogador.
A jogabilidade é simples, porém consegue ser pouco responsiva em alguns momentos, o que pode frustrar em cenários importantes da narrativa. O grande destaque vai para o sistema de escolhas apresentado, este que irá levar o player para até três finais, sendo eles o bom, intermediário e ruim.
Além disso, a ambientação é bem perturbadora, e juntamente com os sons ambientes, uma atmosfera de terror é apresentada e no geral, embora tudo seja simples, o game consegue causar um pequeno desconforto em determinados momentos.
Por fim, Bad Dream: Coma é um jogo que poderia ser melhor se apresentasse uma história que entregasse mais peças para os jogadores interpretarem e focasse no desenvolvimento de personagens. Assim sendo, minha recomendação é que os jogadores que se interessarem pelo game, esperem uma promoção, pois no geral ele proporciona uma experiência intrigante.
*Review elaborada em um Xbox Series S, com código fornecido pela Ultimate Games S.A.