Deathloop | Review
Antes de mais nada, começo esta review dizendo que Deathloop talvez tenha sido pra mim um dos jogos mais complicados de se concluir nos últimos anos. E isso é bom e ruim. Mas vamos com calma, que vou explicar os motivos disso logo abaixo. O jogo de tiro em primeira pessoa da Arkane Studios, disponível para PC, via Steam e PlayStation 5, nos coloca na pele de dois assassinos rivais, Colt e Julianna, que vivem em constante conflito enquanto se veem presos em uma misteriosa distorção temporal na ilha de Blackreef, onde repetem o mesmo dia por toda a eternidade…
Sem mais apresentações, vamos finalmente mergulhar neste insano loop temporal infinito (e repetitivo) em mais uma análise do Pizza Fria!
Lute contra o ciclo…
Colt, o único que deseja fechar o ciclo, tem uma única chance de escapar deste repetitivo dia. Para isso, ele deverá descobrir uma forma de assassinar oito alvos, os Visionários, responsáveis por manter o ciclo, em um único dia antes que a meia-noite chegue e mais um dia recomece. Desta forma, Deathloop nos convida a reviver o mesmo dia nos mesmos mapas por várias vezes. Desta forma, acabamos aprendendo bastante com cada retorno, coletando novas informações, armas, itens e habilidades. A cada missão concluída, Colt chega cada vez mais perto de sair do ciclo.
As missões, onde temos objetivos variados, nos levam a encontrar uma série de informações em quatro localizações da ilha. Neste ponto, muitos jogadores podem ficar incomodados com o vai e vem sem fim que o jogo proporciona. A ideia é até boa, mas acaba cansando, sobretudo quando não temos sucesso em executar determinadas tarefas e daí temos que voltar em outro dia. Isso é extremamente frustrante e cansativo! Mas a ideia de desafio pede tais dificuldades, embora tenha me cansado bastante, o que não achei tão legal assim.
No entanto, vale ressaltar que quanto mais você joga e completa as tarefas, mais simples as coisas vão ficando. As habilidades, adquiridas através dos repetidos assassinatos dos Visionários ou de Julianna (que também é uma Visionária), que entra em cena por diversas vezes como um bot ou um jogador real, fazem toda a diferença na jogabilidade, sendo este um ponto bem positivo, já que podemos ir acumulando melhorias e adequando táticas para diferentes missões.
Porém, antes de prosseguir, vale ressaltar um ponto complexo: quando jogamos contra jogadores reais e Julianna simplesmente surge na fase, a jogabilidade de Deathloop muda totalmente. Em diversos momentos morri sem saber de onde veio o tiro, de forma instantânea. A ideia pode até ser boa no papel, mas chega a ser desleal em alguns momentos os confrontos com jogadores rivais. Eu me frustrei muito ao estar prestes a concluir uma missão e ser morto de formas que até agora não sei explicar. Talvez o jogo seja desbalanceado, visto que, ao contrário, os bots são extremamente burros e fáceis de matar. Só acho que deveria haver um meio termo…
…ou mantenha-o inteiro!
E para manter o ciclo eternamente ativo em Deathloop, encarnamos na pele de Julianna. Desta forma, o objetivo é justamente o contrário: eliminar Colt a todo custo. Como eu havia dito no último parágrafo, a ideia parece ser realmente muito boa, mas na hora da execução senti muita dificuldade e me via em disputas totalmente desleais, algo que parece indicar a ausência de qualquer nivelamento, sendo necessário apenas matar e pronto.
Nesta parte, confesso que não me diverti muito jogando com a personagem. Era extremamente difícil encontrar partida em Deathloop e, quando eram encontradas, sentia uma certa latência que atrapalhava a fluidez dos movimentos e eu pouco durava. Sei que tenho minhas limitações, mas tinha hora que morria tão rápido que mal percorria o mapa. Neste aspecto, a Arkane talvez devesse criar um sistema de níveis ou algo do tipo. Enquanto estava com minhas humildes armas iniciais, Colt já estava pronto para a Terceira Guerra. Aí não dá… Leva tempo demais aprimorar Julianna, sobretudo por se tratar de conflitos online.
Aprimore seus personagens e faça sua carnificina! Afinal, amanhã tudo será igual…
O grande mote de Deathloop consiste em ir aprimorando os respectivos personagens com armas, habilidades e berloques, que são aplicados às armas e aos personagens. Eles dão uma série de melhorias que facilitam demais a vida do jogador. Ao estar com armas, berloques e habilidades de qualidade, você verá como as coisas ficam muito mais simples. Matar diversos inimigos à la Rambo acaba sendo moleza. No final de minha longa jornada em Deathloop , eu conseguia varrer o mapa em questão de minutos. Porém, algumas missões precisam ser feitas na surdina, onde o jogador precisa ter uma paciência danada (ou procurar dicas na internet, visto que o jogo é um pouco complicado com certas informações).
Ao conseguir elencar um bom conjunto que se adeque ao seu estilo de jogo, Deathloop se torna basicamente uma carnificina. Armas com tiros explosivos, tiros que ultrapassam os personagens, granadas, habilidades brutais, decapitações… Tudo perfeito para tornar o cenário cada vez mais caótico. Como FPS, Deathloop funciona muito bem, mesmo com os NPCs dando umas “moscadas”. Em outros momentos, somos cercados e morremos facilmente. Ao visitarmos sempre os mesmos lugares, mas em diferentes momentos, notamos como a disposição dos inimigos e outros aspectos mudam. É o mesmo dia, sempre.
Aprenda sobre os mapas e se prepare para conhecer cada pedaço deles (literalmente)
Nesta proposta, podemos ser espertos e criar atalhos ou formas mais rápidas de executar as tarefas. Todavia, você terá que prestar muita atenção no que cada missão pede, pois em alguns momentos as coisas ficam um pouco confusas. Aliás, há um excesso de informações no jogo que pode deixar os jogadores mais apressados bem perdidos. Bilhetes, fitas e outras coisas que acumulamos ao longo do tempo. É coisa demais! Temos que circular por quatro localizações, O Complexo, Updaam, Baía do Karl e Fristad Rock, durante quatro horários, manhã, meio-dia, tarde e noite.
Essa circulação toda é muito repetitiva. Tudo bem, eu sei que estamos em um loop temporal e tal, mas cansa. Isso atrelado à repetitiva música do menu, que ecoa até hoje em meus ouvidos em momentos de silêncio e telas de loading são pontos desanimadores. A ideia de não ser linear é boa, mas sinceramente, não há plot twist que justifique esse tanto de idas e vindas e o excesso de informação. Aliás, sem dizer o que acontece, nem mesmo os finais do jogo, que são três, são lá grande coisa. Terminei Deathloop por honra e ainda me frustrei com esse aspecto. Mas não darei spoilers…
Aspectos técnicos
Deathloop se apresenta com bons gráficos, mas ainda não é o ápice da nova geração. Todavia, o que ele apresenta é extremamente funcional e não chega a ser um problema. Outro aspecto também ligado à parte gráfica e que me agradou foram as animações ao concluirmos todas as missões. Elas apresentam um estilo cartunesco interessante e que dá uma certa leveza pra tanta matança ocorrida no jogo.
No quesito sonoro, Deathloop também é incrível. O som das armas é bem executado, alguns dos barulhos e diálogos feitos pelo rádio com Julianna são executados no DualSense, algo que sempre achei incrível, dando uma sensação de imersão surpreendente. Neste ponto, o jogo se destaca também pelo excelente trabalho de localização com legendas e dublagem em português do Brasil, que fazem toda a diferença e agrega muito a nós, jogadores brasileiros.
Vale a pena comprar Deathloop?
Deathloop é um bom jogo, mas confesso que me cansou. Porém, existem pontos que devem ser ressaltados aqui e que me fazem dar uma nota mais consistente a ele. A jogabilidade é fluida e oferece inúmeras possibilidades de armas, habilidades e berloques, que deixam seu personagem do jeito que você quiser. Outro ponto que é interessante, mas difícil, são alguns puzzles e o sistema de missões, que acaba nos deixando meio embaralhados no início. O jogo poderia ser mais intuitivo, pouparia um bom tempo aos jogadores. Essa questão de não ser linear é complexa, pois as missões devem ser finalizadas de qualquer maneira. Ou seja, não muda muita coisa.
A questão de ir e vir entre as quatro localizações e horas do dia também pode ser meio exaustiva, sobretudo por voltar sempre ao mesmo menu e ter uma tela de carregamento, que é até rápida, mas cansa. Acho que se fosse para ser não-linear mesmo, poderíamos executar o plano de assassinato dos Visionários de formas variadas, mas Deathloop não permite isso.
De toda maneira, a história e os diálogos, que são totalmente localizados para o português do Brasil, são pontos interessantes e que, junto da jogabilidade, merecem ser ressaltados. A questão é: o quanto você consegue repetir a mesma coisa por diversas vezes? Caso você não goste de constantes repetições, Deathloop pode não ser uma boa. Agora, se você é teimoso como eu e não consegue terminar algo que começou, este sem dúvidas é o jogo para você. Vá fundo, domine a jogabilidade, passe por poucas e boas, morra várias vezes e vá fundo até o fim. Este é um jogo realmente desafiador.
*Review elaborada em um PlayStation 5, com código fornecido pela Bethesda.