Rogue Lords | Review
Rogue Lords é um game de fantasia sombria com elementos roguelike. Com a popularização deste gênero, diversos games atuais apresentaram este conceito, sempre tentando apresenta-lo de uma forma única e inovadora. Entretanto, mesmo com este esforço constante das desenvolvedoras, alguns títulos acabam não fazendo um bom uso dos elementos de roguelike, tornando assim a experiência prejudicial e frustrante.
Rogue Lords apostou em misturar este gênero com combates por turnos, sendo está uma escolha que considero acertada. Pois, com está junção de mecânicas, é possível criar vários cenários diferentes para os jogadores criarem estratégias e agirem de uma forma criativa. Além disso, o jogo apresenta uma excelente premissa, na qual devemos controlar diversas criaturas obscuras e ajudar o Diabo na restauração do seu poder. Portanto, será que Rogue Lords consegue mesmo entregar uma jornada satisfatória para os jogadores? Confira agora em mais uma review do Pizza Fria!
Uma narrativa conceitual, porém pouco aprofundada
Rogue Lords começa com uma cinemática narrando alguns acontecimentos de forma bem simples. O Diabo estava estabelecendo o seu poder na Terra, quando um grupo de camponeses liderados por Van Helsing, conseguiu derrota-lo e bani-lo de forma quase definitiva. Portanto, mesmo enfraquecido, a criatura decide que precisa recuperar a sua influência e restaurar toda a sua força. Para isto, ele passa a desafiadora tarefa para os seus lacaios sobrenaturais de estabelecer o mal em diversas regiões para que possa restabelecer o seu poder.
Assim sendo, personagens como a Mula sem Cabeça, Drácula e até mesmo a Maria Sangrenta (Bloody Mary) terão o objetivo de aterrorizar várias regiões e os seus residentes, derrotar aqueles que ousaram defendê-los e então tornar a influência do maligno cada vez maior para que ele possa então derrotar o seu maior inimigo, Van Helsing.
Embora Rogue Lords apresente uma introdução interessante, a história acaba não sendo desenvolvida tão bem quanto poderia. A maior parte acaba sendo apresentada apenas por textos antes de cada novo cenário e alguns poucos diálogos que temos com chefes antes de lutarmos. Portanto, Rogue Lords prefere manter um storytelling conceitual e não se aprofundar muito no universo e em seus personagens. Isto acaba sendo decepcionante, pois, estamos falando de personagens sobrenaturais extremante ricos e interessantes, que poderiam ter tido uma maior profundidade narrativa, como objetivos únicos e até mesmo personalidade, sendo que estes elementos básicos também fazem falta no game.
Jogabilidade interessante, mas sem inovação
Após a introdução inicial, somos apresentados a uma espécie de sala de operações no submundo. Neste local podemos ler a descrição dos personagens, ver a evolução de cada um deles, como o ganho de XP e as novas habilidades e claro, podemos selecionar a fase que jogaremos. Ao fazer isto, devemos criar um grupo de 3 personagens e então partir para um cenário no qual devemos levar a influência do Diabo. Assim sendo, quando o jogo começa, podemos jogar com o Drácula, Maria Sangrenta e Mula sem Cabeça. Entretanto, na medida que avançarmos em Rogue Lords, será possível liberarmos mais criaturas sobrenaturais como Dr. Frankenstein e até mesmo Lilith.
Portanto, após selecionarmos a nossa equipe de malfeitores, devemos escolher a fase e a dificuldade. Embora seja possível escolhermos um modo mais facilitado, por assim dizer, está opção acaba não fornecendo muita vantagem. Pois, a dificuldade dos inimigos é gerada de forma procedural. Logo em seguida os jogadores adentram um grande campo com um dos protagonistas escolhidos.
Assim sendo, ao avançarmos encontraremos algumas vilas na qual teremos que entrar em confronto com alguns inimigos. Rogue Lords oferece algumas pequenas escolhas nestes segmentos, sendo que dependendo da escolha que fizermos, podemos ignorar alguns combates. Durante está exploração, nosso principal objetivo é espalhar a influência do Diabo, sendo que cada vez que este objetivo é alcançado, uma barra irá subir no canto da tela.
No geral, estes segmentos no qual o personagem simplesmente anda pelo mapa acaba sendo bem monótono e até desnecessário. Pois, a real ação acontece apenas nos momentos de confrontos com os inimigos do game. Logo, Rogue Lords poderia ter encaixado estas pequenas escolhas durante estes encontros com os inimigos, o que teria tornando o ritmo do game mais agradável.
Combates desbalanceados
O grande destaque de Rogue Lords são os confrontos por turnos. Ao explorarmos o mapa do game, em determinado momento iremos nos deparar com um inimigo para enfrentarmos. Assim sendo, quando um combate se inicia temos um número determinado de pontos de ações que usaremos para atacar os vilões. Quando os pontos se esgotarem, será a vez dos inimigos atacarem. Portanto, estes segmentos exigem que os jogadores planejem os seus ataques meticulosamente, pois, nunca se sabe o quão quebrada a dificuldade estará.
E este é um dos grandes problemas do jogo. A dificuldade do game é algo imprevisível e que torna alguns dos confrontos no jogo extremamente frustrantes. Pois, embora a ideia de um roguelike seja que em cada run tenhamos desafios diferentes, quando os confrontos são absurdamente desafiadores várias vezes seguidas e não podemos fazer nada para confrontar isto, a experiência acaba sendo chata e nem um pouco divertida.
Embora possa ser usado o argumento de que isto é proposital para aumentar o desafio, a realidade, é que está inconstância acaba apenas transmitindo um sentimento de pouco progresso. Logo, não importa quantos leveis os protagonistas avancem ou quantas habilidades sejam desbloqueadas. Pois, nunca existe um real sentimento de que os personagens estão ficando mais fortes.
Portanto, durante os combates, temos que usar as habilidades dos personagens para enfraquecer os inimigos e então ataca-los. Para exemplificar, a Maria Sangrenta pode usar um ataque no qual exerce um status negativo nos inimigos e logo em seguida, podemos sugar completamente o HP usando uma skill do Drácula. Logo, a combinação mais efetiva durante os confrontos, é usar uma habilidade passiva que aumenta o dano dos ataques e então usar um ataque poderoso logo em seguida.
O título oferece uma boa variação de ataques, sendo que cada personagem possui seus proprios golpes e fornece uma vantagem única para a equipe. Logo, é importante ter isto em mente ao montar a equipe de personagens. Embora pareça facil usar está estratégia, as coisas ficam complexas quando os inimigos possuem golpes muito mais poderosos que os nossos, o que torna os combates extremamente desafiadores, independente do nível dos protagonistas.
Usando a influência do Diabo
Para tentar equilibrar um pouco as coisas, Rogue Lords possui uma mecânica chamada de modo do diabo. Ao acessarmos este modo, podemos modificar algumas coisas do confronto, sendo que cada ação irá esvaziar um pouco da barra de influência que citei anteriormente. Portanto, uma das ações que podemos fazer, por exemplo, é esvaziar a barra de HP e de um inimigo e então encher a de um protagonista que está prestes a morrer. Embora este modo possa parecer injusto em um primeiro momento, é preciso que os jogadores saibam usa-lo no momento certo, pois, está mecânica irá fornecer a vantagem necessária para virar o campo de batalha durante algumas batalhas.
Por exemplo, em determinado segmento de Rogue Lords enfrentamos um inquisitor e alguns dos seus lacaios. Logo, uma excelente estratégia é focar no chefe e se o combate se tornar muito desafiador, usar o modo do Diabo para sugar a vida dos inimigos e recuperar o HP dos protagonistas. Entretanto, mesmo com está habilidade em mãos, é preciso estar preparado para os momentos no qual a dificuldade estará quebrada e os personagens não terão chance de derrotar os inimigos… sendo necessário então repetir todo o cenário e torcer para que as coisas estejam mais equilibradas.
Gráficos e trilha sonora
Rogue Lords apresenta um visual cartunesco e um estilo de arte simplista. Portanto, os personagens não possuem muitas expressões faciais e sempre estão com aquela cara clássica de vilão prestes a cometer uma travessura. Entretanto, o game se esforça em construir uma atmosfera sombria, fazendo um excelente uso das cores e do design de ambientes. Portanto, temos vilas sujas e com um aspecto de abandonado, construções que transmitem um aspecto gótico e até mesmo os personagens, transmitem o misticismo e influencia do oculto com as suas roupas.
Logo, temos sempre personagens fazendo uso de chapéus pontudos e grandes casacos e claro, usam bastante a cor preta, sendo que o grande destaque fica com o estilo dos protagonistas. Pois, eles representam totalmente as suas origens monstruosas e transmitem um ar ameaçador.
A trilha sonora de Rogue Lords é outro elemento que ajuda na construção de uma ambientação sombria. Embora não tenhamos uma grande variação no uso de faixas, o game consegue encaixar muito bem as músicas nos momentos certos. O destaque fica com os segmentos no qual enfrentamos chefes, sendo que as trilhas conseguem transmitir a importância daquele segmento e realmente deixar os jogadores engajados no confronto.
Desempenho
Minha experiência foi no Xbox Series S. Rogue Lords não apresentou nenhum travamento ou queda de quadros, entretanto, a interface do game bugou várias vezes durante a minha jornada. Para exemplificar, um problema bastante comum, era eu ativar o modo do Diabo, fazer as alterações na tela, entretanto, o jogo não retornava para o gameplay normal, sendo que os comandos que eu fazia não funcionavam. Portanto, a única forma de resolver era reiniciar o game. Isto foi bem frustrante e prejudicou algumas runs no título.
Vale a pena comprar Rogue Lords?
Rogue Lords é um game que possui uma boa proposta, entretanto, acaba não apresentando nada de novo. O título entrega uma narrativa conceitual sem profundidade, personagens esquecíveis e diálogos que servem apenas para seguirmos para o confronto ou a próxima fase. Embora tenhamos algumas escolhas no game, elas só servem para definir se existirá uma luta ou não naquele local e não exercem a função de expandir a história do jogo.
Os combates por turnos são simplistas demais, sendo que estes segmentos são ainda mais prejudicados pela dificuldade inconstante. Além disso, o modo do Diabo é divertido de se usar na primeira vez, entretanto, os problemas com os comandos acabavam tornando está habilidade mais prejudicial do que benéfica, sendo que muitas vezes eu escolhi não usa-lá com receio dos comandos pararem de funcionar e toda a run ser perdida.
Por fim, Rogue Lords é um game que eu recomendo para os fãs de roguelike e os apreciadores de obras com uma atmosfera sombria, entretanto, é preciso ter em mente que o game não apresentará nada de novo no gênero e entregará uma jornada com pouca profundidade e problemas ocasionais.
Rogue Lords foi desenvolvido pela Cyanide Studio e a Leikir Studio e lançado no dia 20 de abril para Nintendo Switch, Xbox One, Xbox Series X|S, PlayStation 4 e PlayStation 5. O título também está disponível para PC, via Steam e Epic Games Store.
*Review elaborado no Xbox Series S, com código fornecido pela NACON.
Rogue Lords
+ R$ 120,00Prós
- O estilo visual obscuro constrói uma excelente atmosfera
- A trilha sonora é boa, principalmente nas lutas contra chefes
- O recurso Modo do Diabo é divertido de usar quando funciona corretamente
- Legendas em português brasileiro
Contras
- Os comandos param de funcionar em alguns combates
- A narrativa é muito simples
- A dificuldade é inconstante demais
- Os combates não muito repetitivos