UNCHARTED Coleção Legado dos Ladrões (PC) | Review
A grandeza nos espera! Seis e cinco anos depois dos respectivos lançamentos originais, a gigante Naughty Dog juntamente da Iron Galaxy trouxeram, pela primeira vez, a franquia UNCHARTED para PC! Até então, a série era exclusiva dos consoles PlayStation, e a coletânea UNCHARTED Coleção Legado dos Ladrões traz aos jogadores de computador os títulos mais recentes, UNCHARTED 4: O Fim de Um Ladrão (2016) e UNCHARTED: O Legado Perdido (2017). Assim como outros grandes títulos dos Estúdios PlayStation, a chegada de UNCHARTED para uma nova plataforma significa um fôlego novo para a franquia e seus possíveis novos jogadores.
E agora, chegou a hora de nos aventurarmos em busca do tesouro em forma de game. Pegue o seu arsenal e venha nessa jornada de mais uma review antecipada no Pizza Fria!
Um pouco sobre a série… e o que esperar da história
Antes de O Fim de Um Ladrão e O Legado Perdido, a série UNCHARTED conta com três outros títulos principais, em ordem de lançamento: Drake’s Fortune, Among Thieves e Drake’s Deception (A Fortuna de Drake, Entre Ladrões e A Decepção de Drake, em tradução livre), todos com lançamento original no PlayStation 3.
A série foi criada e, até o terceiro jogo, roteirizada por Amy Hennig. Após a saída de Hennig da Naughty Dog, as próximas aventuras da série ficariam nas mãos de Neil Drukmann e Bruce Straley, conhecidos pelos trabalhos multipremiados em The Last of Us, e Josh Scherr, que já trabalhou na série em Among Thieves.
Apesar de Drukmann já ter trabalhado na série UNCHARTED, as histórias de Amy Hennig eram notavelmente mais cheias das “mágicas” dos grandes filmes de ação, enquanto os títulos mais recentes levam a história com um pouco mais os pés no chão. Mas, que fique claro: a fórmula clássica de UNCHARTED de misturar grandes peças de ação com muito bom humor não deixou de existir! Ela só foi melhor dosada em momentos específicos e explosivos… com o perdão da piada.
Então, se com UNCHARTED Coleção Legado dos Ladrões no PC você vai ter a sua primeira experiência com a série, é interessante saber que ela, aqui, é apresentada na sua forma mais madura – em todos os aspectos.
Nathan Drake, James Sullivan, Elena Fisher e Chloe Frazer já viveram muitas aventuras, juntos e separados, e durante O Fim de Um Ladrão e O Legado Perdido é perceptível notar o peso de suas vivências e da passagem do tempo em cada um desses personagens. O resultado são duas histórias cativantes, charmosas como sempre mas com uma carga emocional muito maior que anteriormente. Ação? Temos. Humor? Temos. Emoção? Temos!
Cadê os botões que estavam aqui?
E vamos para a ação! Mãos no teclado e mouse, é hora de nos aventurarmos!
Como um bom jogo de ação, o uso das armas nos jogos de UNCHARTED Coleção Legado dos Ladrões é indispensável. Atirar com o mouse segue o mesmo padrão de jogos de tiro já conhecidos no PC, sem grandes mudanças – e isso é bom!
O mesmo não pode ser comentado sobre o combate corpo-a-corpo do jogo. Para acertar um inimigo em curta distância, sem o uso de armas de fogo, é necessária quase sempre uma repetição de duas teclas diferentes: uma para atingir o inimigo e outra para sempre se esquivar. Isso, sem contar, do constante smash de botões para sair das mãos de inimigos que te prendem no meio do combate, e logo em seguida voltar à mesma tecla de ataque para atingir o inimigo.
Com um controle, essa tarefa parece um pouco menos irritante e mais realista; já com o teclado, me vi sempre evitando combates a curta distância para não realizar um completo malabares de teclas para bater em alguém.
A movimentação básica dos personagens, com teclas WASD, também cumprem o seu papel. As coisas ficam um pouco confusas quando precisamos escalar construções de qualquer tipo, uma das mecânicas principais da série UNCHARTED.
Aqui, as mecânicas de escalar foram refinadas para aparentar um pouco mais de realismo nos movimentos dos personagens, o que exige movimentos extras como alcançar uma pedra na diagonal; nesse momento, os personagens não criam o movimento automaticamente, como acontecia nos títulos anteriores. Agora, é necessário apertar dois botões ao mesmo tempo: um para levantar o braço dos personagens e outro para o ângulo onde o objeto a ser alcançado está. Por exemplo: se quiser alcançar uma borda à direita, precisamos apertar W para iniciar o movimento, e manter pressionado enquanto aperta D para ir para o lado direito.
Para jogar em um controle DualShock ou DualSense, esses movimentos extras fazem um pouco mais de sentido já que usaremos os controles analógicos. No entanto, isso se torna contraintuitivo no teclado, que necessita de mais comandos para realizar a ação e não possui a mesma flexibilidade de um analógico, o que pode tornar a escalação com o teclado algo desconfortável com o passar do tempo.
Nesse ponto, fica claro que algumas mecânicas que funcionam perfeitamente no controle precisavam de alguma automatização para a gameplay com teclado e mouse. Existem assistências de mira e de câmera, o que causa aquele gostinho de “quero mais” quanto à acessibilidade, que poderia ser resolvido com uma “assistência de bordas/escalação”.
E, por último, talvez o mais inusitado: ao usar um DualShock 4, a Steam até reconhece o controle, mas nenhum dos jogos de UNCHARTED Coleção Legado dos Ladrões apresenta os ícones dos controles de PlayStation. Além de curioso, já que UNCHARTED só existia nos consoles da Sony, pode ser confuso ao tentar descobrir o correspondente dos botões de Xbox.
Visuais de tirar o fôlego
Prepare-se para se encantar com a diversidade de cenários apresentados nos jogos de UNCHARTED Coleção Legado dos Ladrões. A franquia, nos seus dias de PlayStation 3, já era famosamente conhecida por alcançar gráficos exuberantes mesmo com as limitações antes existentes. Em O Fim de Um Ladrão e O Legado Perdido, a potência maior do console da época, o PlayStation 4, permitiu que a Naughty Dog explorasse ainda mais os gráficos e chegasse em personagens ainda mais realistas, ambientações repletas de vida e com ainda mais detalhes.
Aqui, os jogos de UNCHARTED Coleção Legado dos Ladrões chegam em versões remasterizadas, trazendo detalhamentos ainda maiores em comparação com as edições originais dos jogos para PS4. Desde até prédios distantes e inacessíveis até NPCs onde o jogador não interage, tudo em O Fim de Um Ladrão e O Legado Perdido oferece um nível a mais de atenção aos detalhes.
E isso também se estende para o in-game, onde geralmente a qualidade dos modelos é reduzida para beneficiar a performance; nos dois jogos, os personagens se mantém com modelos de alta fidelidade e suas reações e expressões faciais acontecem em tempo real e também podem ser vistas com detalhes durante a gameplay.
Esses detalhes podem ser apreciados também no novíssimo Modo Foto, que apesar de contar com poucos recursos de ajuste em comparação com outros títulos PlayStation lançados para PC, são suficientes para que capturemos belíssimas imagens tanto em cutscenes quanto durante as gameplays. Dois pontos inusitados: os Modos são diferentes em UNCHARTED 4 e UNCHARTED: O Legado Perdido. Em UNCHARTED 4 faltam opções de customização como “Expressões Faciais” e “Rotação do Sol”, presentes em O Legado Perdido. O motivo? Ótima pergunta.
O segundo ponto é a diferença de opções no Modo Foto quando usamos o teclado e mouse e quando usamos um controle. Mistérios que só especialistas como Nathan Drake e Chloe Frazer poderiam nos responder.
Infelizmente, nem tudo são flores nos cenários encantadores dos jogos de UNCHARTED Coleção Legado dos Ladrões. O port para PC sofre com a renderização checkerboard, técnica usada comumente nos consoles para diminuir o esforço gráfico ao gerar uma imagem com quantidade reduzida de pixels, mesclando com pixels gerados automaticamente.
É uma técnica de uso compreensível nos consoles de mesa já que limitações de hardware podem comprometer a performance dos jogos se renderizados em qualidades muito altas. Mas, no PC, a Iron Galaxy pecou em manter os gráficos usando essa forma de renderização, que causa um efeito pontilhado até mesmo durante cutscenes e mais ainda durante a gameplay, em objetos pequenos, folhagens e cabelos, evidenciando problemas de anti serrilhamento.
E o que podemos fazer, do lado do jogador, para suavizar o problema? Quase nada. As opções gráficas são bastante limitadas para um jogo moderno de PC, e em comparação com outros lançamentos PlayStation, as opções de configurações visuais são mais limitadas ainda, escolhendo apenas entre poucas pré definições que vão entre “Baixo”, “Médio”, “Alto” e “Ultra”, esse último sendo o de melhor qualidade de modelos e texturas.
Outras opões como desativar a aberração cromática e profundidade de campo, por exemplo, também estão ausentes. Essas configurações poderiam, inclusive, aliviar o poder de processamento gráfico, mas não podem ser ajustadas.
Na resolução Full HD (1920×1080) o efeito da renderização checkerboard em movimento pode incomodar os mais exigentes. Em 4K, apesar de suavizar um pouco, o problema ainda persiste. As tecnologias de upscaling, DLSS (NVIIDA) e FidelityFX (AMD) ajudam a contornar os pontilhados, em troca de uma menor resolução de imagem.
Um sonho de performance realizado (em partes)
Na E3 de 2014, as primeiríssimas imagens de UNCHARTED 4: O Fim de Um Ladrão nos apresentaram o jogo com performance a 60 quadros por segundo, em resolução Full HD (1920×1080). Infelizmente, a versão final do jogo chegou com os já conhecidos 30FPS, em uma decisão sábia da Naughty Dog para não comprometer a experiência geral do jogo.
Seis anos depois do lançamento original de UNCHARTED 4 no PlayStation 4, a coletânea UNCHARTED Coleção Legado dos Ladrões realiza o sonho antigo dos fãs da saga, que agora podem finalmente desfrutar de ambos os jogos da coleção em alta resolução e altas taxas de atualização. Não apenas isso: no PC, é possível alcançar a tão sonhada combinação de resolução 4K, rodando o jogo à 120FPS… se você tiver o hardware para isso, é claro.
Agora, é necessário honestidade: a review aqui no Pizza Fria está sendo feita em uma CPU Intel i9 de 12ª Geração, já ultrapassando as especificações recomendadas para uma experiência em alta qualidade. A predefinição detectada pelo jogo é das configurações Ultra, o que significa que a minha máquina atende os requisitos para, ao menos, gameplay fluída em Full HD e acima dos 60FPS.
E os requisitos foram cumpridos, mantendo uma gameplay acima dos 80FPS na maior parte do tempo em Full HD, e consumindo pouco da CPU, com o maior uso de hardware ficando na placa de vídeo, quase sempre atingindo o seu 100% de uso – mesmo em configurações de qualidade menor.
Para um jogo de 2016 lançado originalmente de forma exclusiva em consoles, a performance em um hardware atual e potente não pode ser considerada ruim, mas definitivamente poderia melhorar. Jogos lançados após UNCHARTED 4 e UNCHARTED: O Legado Perdido como God of War (2018), por exemplo, performou melhor no meu hardware em Full HD.
A minha RTX 2070, apesar de contar com 8GB de VRAM, não é uma placa que busca alcançar gameplays em 4K. No entanto, alguns jogos da mesma janela de lançamento de UNCHARTED 4 e UNCHARTED: O Legado Perdido se saem relativamente bem em resoluções maiores. E com as tecnologias de upscaling FidelityFX (AMD) e DLSS (NIVIDIA), é possível alcançar altas resoluções e maiores taxas de quadros…
…Mas não nos jogos de UNCHARTED Coleção Legado dos Ladrões. Mesmo nas configurações de Ultra Desempenho das ferramentas de upscaling, nenhum dos títulos consegue ao menos chegar perto dos 60FPS, exibindo resultados similares de uma média de 45FPS, com quedas de quadro bruscas e constantes.
Para um jogo originalmente tão caprichado, é notável que faltou capricho da parte da Iron Galaxy para otimizar a performance. Enquanto jogava e realizava testes, ambos os jogos sofreram com crashes em diversos momentos, de formas aleatórias. Quando eu menos esperava, o jogo me abandonava. É um aspecto que escrevo com tristeza e espero que seja corrigido em patches após o lançamento oficial.
Vale a pena comprar UNCHARTED Coleção Legado dos Ladrões?
A chegada dos jogos da gigante Naughty Dog no PC é motivo de comemoração e é emocionante; a franquia UNCHARTED indiscutivelmente mudou o paradigma de como videogames são feitos e percebidos como mídia e entretenimento.
Ter dois títulos importantes da saga disponíveis para um leque completamente diferente de jogadores é abrir caminhos para a chegada de mais fãs da série, e quem sabe receber, em um futuro próximo, a trilogia do PlayStation 3?
UNCHARTED 4: O Fim de Um Ladrão e UNCHARTED: O Legado Perdido são grandes jogos. Divertidos, emocionantes e repletos de charme, além de terem gráficos exuberantes. No entanto, chegam no PC sem a devida atenção nos detalhes, especialmente em gameplay e performance, que apesar de ser melhor que as versões originais, sofre com fechamentos repentinos dos jogos.
Por fim, eu recomendo a compra de UNCHARTED Coleção Legado dos Ladrões, mas aguarde e realize a sua compra apenas após patches de correção de performance. Dessa forma, você poderá ter a experiência grandiosa de uma das maiores franquias PlayStation. A grandeza vêm dos pequenos começos, até mesmo para ports de PC.
UNCHARTED Coleção Legado dos Ladrões está disponível para compra para PC, na Nuuvem, por R$ 199,90.
*Review elaborado em um PC equipado com uma Geforce RTX, com código fornecido pela Sony.