Mount & Blade II: Bannerlord | Review
A série Mount & Blade, da desenvolvedora independente TaleWorlds, que já pode ser considerada uma das mais relevantes nas simulações de guerra medieval, finalmente apresenta aos jogadores a versão 1.0 de Mount & Blade II: Bannerlord. O título, lançado para PC, via Steam, é a sequência do aclamado Mount & Blade: Warband. Os acontecimentos de Bannerlord transcorrem 200 anos antes de Warband. No entanto, o jogo aprimora o detalhado sistema de combate da versão anterior, além de expandir o mundo de Calradia. Confira todos os detalhes sobre o game em mais uma análise do Pizza Fria!
A narrativa de Mount & Blade II: Bannerlord
Mount & Blade II: Bannerlord se passa a 200 anos antes de Mount & Blade: Warband. Neste período, inicia-se o declínio do Império Calradiano e, consequentemente a formação de diversos reinos, que já apareceram nos títulos anteriores.
Contudo, vale ressaltar aqui que o Império Calradiano e seu declínio são uma analogia à um evento histórico: a queda do Império Romano. Como se sabe, neste momento se iniciou a formação dos vários reinos primitivos nas regiões da Europa, Oriente Médio e Norte da África. O jogo, bem como sua ambientação, reinos, contextos sociais, armas, armaduras, e até a arquitetura se inspiram no período que se dá entre 600 a 1100 d.C. Por fim, seguindo os traços da História, existem diversos vassalos diferentes que servem o Reino. E caberá a você reunir as peças da bandeira (daí o nome Bannerlord) e lutar para manter o Império ou destruí-lo.
Contudo, me furtarei a falar apenas isso, com o objetivo de não dar muitos spoilers. Nesse ponto, o jogo busca ser bem fiel em sua ambientação, algo que me surpreendeu bastante, sobretudo depois que percebi essa similaridade com a queda do Império Romano. Desta forma, os reinos e impérios buscam ser análogos aos observados na história da humanidade, e isso é refletido até mesmo nas questões estilísticas, tais como roupas, arquitetura e armas.
Reinos divididos entre facções e clãs
Oito facções fazem parte de Mount & Blade II: Bannerlord, onde cada uma é composta por diversos clãs e facções menores, que concorrem entre si – e você pode escolher qual delas apoiar ou até conspirar contra todas. A primeira, o Império de Calradia, é baseado nas civilizações greco-romanas, que tomavam uma parte substancial do mapa. Contudo, os calradianos foram enfraquecido por guerras civis e invasões de outros povos, que se parecem muito com os nórdicos (ou bárbaros, como são comumente conhecidos).
Os calradianos são divididos em três facções. A do norte acredita que o senado deve escolher o imperador. Já a facção do sul crê que a viúva do imperador mais recente deve se tornar a imperatriz. Por último, o povo ocidental acredita que os militares devem escolher o imperador. Todas elas usam um equilíbrio de cavalaria pesada, lanceiros e arqueiros.
Os outros povos
- Os vlandianos, baseados em reinos medievais da Europa Ocidental, particularmente os normandos, são um povo feudal especializado em cavalaria pesada.
- Inspirados nos russos, os sturgianos estão localizados nas florestas do norte. Além disso, são especializados em infantaria.
- Já os Aserai habitam o deserto do sul, sendo adeptos das táticas de cavalaria e infantaria e são baseados nos árabes pré-islâmicos, algo facilmente percebido em suas vestes e arquitetura.
- Os Khuzaits são um povo nômade e habitam a estepe oriental. São especialistas em tiro com arco montado, lembrando bastante os povos mongóis e turcos.
- Por fim, os battanianos, que são baseados nos povos celtas, habitam as florestas centrais da Calradia. Esse povo é especializado em emboscadas em táticas de guerrilha.
Jogabilidade e gráficos
Mount & Blade II: Bannerlord aprimora a jogabilidade, mas sem perder sua essência, trazendo gráficos ainda melhores para a franquia. Porém, em grande parte, a premissa do jogo segue a mesma lógica: relações com diversos personagens, a construção de um exército, fatores econômicos, batalhas, etc. É incrível de se perceber que, mesmo sendo um jogo feito por uma desenvolvedora independente, o título mantém uma qualidade geral considerável. Excelente trabalho da TaleWorlds!
No entanto, em alguns detalhes pontuais, falta um certo polimento. Por exemplo, a ausência de expressividade no rosto dos personagens, que acabam tendo características muito genéricas, embora tenhamos diversas opções de customização. No entanto, a parte gráfica no design de personagens poderia ser mais bem elaborada. Contudo, este ponto que não muda em NADA a jogabilidade, sendo mesmo um detalhe a ser analisado. Retornando ao quesito jogabilidade, o título corrigiu boa parte dos bugs e glitches percebidos por mim no decorrer das batalhas e outras tarefas da versão em acesso antecipado. Desta forma, Mount & Blade II: Bannerlord segue fluindo maravilhosamente, aprimorando o que era visto em Warband.
As grandiosas batalhas
E, por falar em batalhas, elas estão ainda maiores! Os cercos em Mount & Blade II: Bannerlord são ainda mais estratégicos ao serem comparados aos vistos em Warband. Ao sitiar cidades inimigas, os jogadores terão como opção a construção de diversas armas de cerco e, além disso, posicioná-las estrategicamente antes do início da batalha. Tais ferramentas são de extrema importância para atingir as fortificações inimigas, criando brechas para o exército adentrar as muralhas. Contudo, para desencorajar bombardeios prolongados, alguns dos mecanismos de cerco poderão ser destruídos durante os confrontos. Portanto, fique atento!
Porém, vale ressaltar que as fortificações dos castelos e cidades agem claramente a favor dos defensores. Aliás, isso faz todo o sentido, pois a arquitetura de tais construções é criada justamente para isso: dar vantagem defensiva aos internos. Um exemplo facilmente percebido é que os buracos abertos e até mesmo os caminhos dos portões ficam em pontos de estrangulamento muito estreitos. Assim, os defensores podem abater com relativa facilidade um grande número de inimigos. Portanto, antes de atacar qualquer fortificação, se prepare, pense bem antes de agir e guie seu exército da melhor maneira possível, pois se algo der errado, não sobrarão soldados para contar o feito. Só sobrará você.
Algumas novidades
O jogo apresentou algumas novidades e melhorias bem relevantes para o seu enredo. A primeira delas diz respeito ao sistema de relações entre os personagens, algo que já estava presente na versão prévia. Com esse sistema de relações, será possível usar diálogos para buscar convencer os personagens não-jogáveis a fazer determinadas coisas de acordo com o seu interesse.
Um exemplo recorrente é o de vender exércitos mercenários para líderes, algo que ocorreu diversas vezes comigo. Para isso, o jogador precisará preencher uma barra de progresso através da escolha de respostas; se a barra estiver cheia, o personagem cederá ao jogador e, caso aconteça o contrário, o desejo será negado. Nesse caso, há um jeitinho para resolver o problema: o jogador poderá empregar o sistema de troca para tentar subornar o personagem. Contudo, cuidado! Se o jogador insistir e não obter êxito, o acordo pode se tornar impossível e o relacionamento entre ambos ser afetado.
Outra novidade em Mount & Blade II: Bannerlord é o sistema de persuasão, que possibilita poder cortejar e casar com personagens não-jogáveis e ter filhos, prolongando assim sua linhagem e, consequentemente, estreitando relações com personagens poderosos. Desta forma, o jogo ganha uma sobrevida: se o personagem controlado por nós acabar morrendo, um de seus filhos poderá herdar seus soldados e feudos. Com isso, ele se tornará um personagem jogável. Interessante perceber que a desenvolvedora pegou um cenário provável da própria História da humanidade e o utilizou para prolongar a divertida experiência do jogo.
O modo multijogador
Tal como em Warband, Mount & Blade II: Bannerlord segue com o modo multijogador que permite aos jogadores entrarem em grandes combates entre si. Para isso, o título conta com uma variedade de mapas e modos de jogo. O modo multijogador de Bannerlord é totalmente restrito a batalhas, fugindo da fórmula de RPG encontrada no modo Campanha. Neste caso, foca-se muito mais na escolha de tipos de soldados específicos pautados na ação. utiliza um sistema de classes que permite aos jogadores escolher com que tipo de soldado querem jogar. A diferença é tanta, que os modos são separados no launcher do jogo, abrindo dois aplicativos distintos.
Os modos de jogo
- Siege: Um modo básico de ataque e defesa, onde um lado sitia um castelo e o outro time defende. Neste modo em especial, tive dificuldades de encontrar jogadores e, infelizmente não pude testá-lo.
- Team Deathmatch: Um dos modos mais comuns em jogos multijogador, consiste em entrar para uma equipe e matar a outra.
- Modo Skirmish: Este é um modo PVP 6v6, em que um jogador começa com uma quantidade limitada de pontos necessários para gastar a cada rodada. Portanto, tropas e equipamentos de melhor nível serão mais caras. Sendo assim, os jogadores precisam ser estratégicos sobre como gastá-los.
- Modo Capitão: Cada jogador irá liderar um grupo de personagens controlados pelo computador durante diversas batalhas neste modo de captura à bandeira 6v6.
Vale a pena comprar Mount & Blade II: Bannerlord?
Mount & Blade II: Bannerlord me surpreendeu, assim como os seus títulos antecessores, entregando um conteúdo extremamente sólido. Claro que o jogo tem certos detalhes em que poderia ser aprimorado, como a questão do design dos personagens no geral, que são um pouco engraçados. Outra coisa que o título deveria entregar são mais tipos de quests secundárias, pois as existentes acabam por se tornar muito repetitivas, sendo algo pode cansar os jogadores e jogadoras. No entanto, sua jogabilidade aprimora o que já foi visto nas versões anteriores e os gráficos estão bem interessantes, enfatizando aqui os efeitos de luz nos mapas e reflexos nas armaduras. Além disso, o jogo está legendado para o português, uma novidade bem-vinda na versão final.
Concluindo, Mount & Blade II: Bannerlord é o jogo ideal para amantes de simulações de combate pautados em História. Sua narrativa faz uma releitura interessante de acontecimentos reais, nos colocando no centro da ação, comandando exércitos e expandindo seus territórios. Desta forma, o game, que não deve nada a um AAA, é um sucesso, sobretudo se analisarmos os quesitos qualidade e diversão. Portanto, se você gosta de ver batalhas gigantes (e fazer parte delas) e, ao mesmo tempo, acha interessante gerenciar aspectos como relações sociais e econômicas com um pano de fundo medieval, este jogo é perfeito pra você, rendendo intermináveis horas de jogatina.
*Review elaborada no PC equipado com uma GeForce RTX, com código fornecido pela TaleWorlds.