SpongeBob SquarePants: The Cosmic Shake | Review
O Bob Esponja foi longe demais! Em SpongeBob SquarePants: The Cosmic Shake, retornamos à Fenda do Biquíni para um dia que prometia ser perfeito para Bob Esponja e seus amigos, mas tudo dá errado e cabe ao nosso amigo de calças quadradas resolver esse problemão!
O sucessor espiritual de Bob Esponja: Battle for Bikini Bottom – Rehydrated está entre nós, então vamos mergulhar nessa aventura em mais uma review antecipada aqui no Pizza Fria! E atenção: essa review contém spoilers!
História
É um bom dia na Fenda do Biquíni! Bob Esponja acorda feliz para um passeio no Mundo da Luva com o seu melhor amigo Patrick; ao chegarem lá, o dia não continua tão feliz assim… ao perceberem que não são tão legais ou descolados quanto os outros visitantes.
Coincidentemente, encontram com uma vidente misteriosa um assoprador de bolhas de sabão mágicas, que concedem o desejo de quem assoprar se tornar o que quiser ser.
O único problema é que esse assoprador de bolhas de Lágrimas de Sereia pertence ao Rei Netuno, e não poderia ser usado por mortais! O Rei então lançou a sua fúria sobre a Fenda do Biquíni, causando um buraco no espaço-tempo que levou as figuras mais conhecidas do fundo do mar para diferentes dimensões, e aqui começa a nossa aventura juntamente com o nosso melhor amigo Patrick, que virou um balão minúsculo!
A história é simples, afinal, estamos falando de um jogo do Bob Esponja. No entanto, ser simples não impede que a história tenha personalidade e cative o jogador; e SpongeBob SquarePants: The Cosmic Shake não tem uma história cativante.
É difícil se envolver na trama quando tudo acontece de forma muito rápida, e sem fazer muito sentido – e fica difícil de apreciar mesmo quando se tenta pensar que é uma história non-sense. Falta contexto, especialmente nas missões secundárias, que parecem completamente deslocadas da história principal em todos os aspectos.
Existem poucas explicações dos personagens apresentados na trama e o que aconteceu com eles ao serem enviados para uma dimensão completamente diferente, e os que se dão ao trabalho de explicar o fazem de forma superficial até demais. Fica confuso.
Além disso, as cutscenes por diversas vezes são interrompidas após o fim de uma frase para uma ilustração super realista e quase assustadora tomasse conta da tela, assim como no desenho original.
O único problema é que isso parece mais um jumpscare, já que essas ilustrações surgem em momentos completamente aleatórios, e durante diálogos que parecem tão sem importância que não se espera algo “especial” em seguida.
Apesar da história confusa, o jogo conta com dublagem em português do Brasil, com as vozes maravilhosas e icônicas que já conhecemos desses personagens tão amados! A localização também é impecável, tendo o cuidado de traduzir e localizar piadas que fazem sentido para os brasileiros.
Infelizmente, o trabalho incrível dos tradutores e dubladores é comprometido em uma história contada em pedaços, com sequências que terminam de forma abrupta ou são interrompidas por outras cutscenes que começam em cima da anterior, dando uma impressão de o jogo poderia ser melhor polido.
Gameplay
SpongeBob SquarePants: The Cosmic Shake abraçou o título de sucessor espiritual de Bob Esponja: Battle for Bikini Bottom e aproveitou de tudo do jogo antecessor; inclusive a gameplay, que dá a sensação de um jogo desenvolvido no máximo na década de 2010. O que não é um elogio.
As mecânicas simples mas lentas, da remasterização de Battle for Bikini Bottom, permanecem em SpongeBob SquarePants: The Cosmic Shake; a movimentação do Bob Esponja se torna pesada em alguns momentos, e especialmente durante as batalhas contra grandes ondas de inimigos se torna frustrante controlar o personagem.
Ainda sobre as batalhas, o jogo tem uma variedade muito limitada de inimigos, e por muitas vezes, inimigos muito fáceis estão juntos de inimigos bem mais difíceis e em uma quantidade cansativa de serem enfrentados, sobretudo quando os mais difíceis são enfrentados sempre da mesma forma, sem nenhuma variedade em como precisam ser derrotados.
O golpe de caratê que Bob Esponja aprende é sem sombra de dúvida o mais divertido de todo o jogo, que permite o jogador de fazer combos nos inimigos que permitem serem derrotados com o golpe. Infelizmente, apenas os inimigos mais fracos. A mecânica do chute de caratê também é utilizada em uma das fases, mas logo depois é descartada e permanece apenas como um golpe contra os inimigos.
SpongeBob SquarePants: The Cosmic Shake conta com oito mapas desbloqueáveis, cada uma com uma série de objetivos principais que devem ser completados para desbloquearmos os próximos mapas, e missões secundárias que podem ser realizadas à preferência do jogador. Em cada mapa, Bob Esponja descobre uma realidade alternativa e se veste a caráter, desbloqueando diversos trajes que podem ser utilizados nos outros mapas.
As fases são demasiadamente longas – primeiro pelo tamanho dos mapas, que tem um tamanho muito maior que o conteúdo que oferecem, já que boa parte dos mapas passamos apenas nos deslocando de um objetivo ao outro, e os trajetos se tornam longos demais para um personagem tão lento.
A Purple Lamp Studios, desenvolvedora de SpongeBob SquarePants: The Cosmic Shake, parece ter percebido que os mapas se tornaram longos demais para serem atravessados a pé, e implementaram diversos sistemas para cortar caminho: um elástico gigante que empurra o nosso calça quadrada de um ponto ao outro do mapa, pranchas feitas de bolhas de sabão que nos poupam alguns segundos de caminhada e anéis que dão um boost de velocidade ao Bob Esponja quando ele está planando.
Mesmo assim, não é o suficiente para suprir a morosidade de completar as missões principais, que são repetitivas e são muitas. O exemplo mais claro disso é na Lagoa Goo Pirata, onde das oito áreas do mapa, a maioria das missões se resumem em “Encontrar Meias”, e depois “Hastear Meias”, e quando você acha que acabou… “Encontre mais meias!” e “Hasteie mais meias!”, sem um motivo claro para isso.
Tudo fica ainda mais insuportável quando o Bob Esponja simplesmente não para de soltar bordões repetidos infinitamente, até mesmo durante batalhas. Infelizmente, no jogo o nosso protagonista não tem uma variedade de expressões, então você vai ouvir que “A pizza do Siri Cascudo é feita para você e eu” durante todo o jogo.
Essas frases de efeito mais atrapalham que ajudam, já que em alguns momentos elas interrompem até diálogos entre os personagens sobre a trama. Essa repetição também acontece com alguns personagens de cada mundo, que têm suas falas ativadas no começo de cada fase e praticamente não param de repetir a mesma coisa. Haja paciência… e ouvidos.
Os controles no teclado e mouse em SpongeBob SquarePants: The Cosmic Shake são quase os mesmos de Bob Esponja: Battle for Bikini Bottom, e são fáceis de serem decorados. Mas apesar de ser um jogo destinado para crianças, é importante respeitar a inteligência do jogador: vários tutoriais se repetem por diversas vezes durante o jogo, em momentos diferentes, e até mesmo depois de poucos segundos depois de já terem sido apresentados.
É importante que o jogo respeite o intelecto do jogador, tanto ao ensinar os controles do jogo quanto em fases que foram alongadas desnecessariamente e sem nenhum propósito.
Em raros momentos, SpongeBob SquarePants: The Cosmic Shake tenta mudar as coisas e adiciona minigames nas missões principais. O problema? Os minigames são abruptos e as instruções são mínimas. Em alguns deles, não há nenhuma explicação do que deve ser feito, ou como deve ser feito.
E chega a ser irônico, já que em um jogo onde alguns tutoriais básicos se repetem inúmeras vezes, em outros momentos em que uma explicação a mais seria apreciada, ela simplesmente não existe.
Importante: Deixo um alerta para quem sofre sensibilidade à flashes muito rápidos de luz! Na missão dos paparazzis, no mapa Karatê Centro da Fenda do Biquíni, os flashes dos fotógrafos aparecem na velocidade em que o jogador completa o minigame. Isso pode causar uma situação extremamente desconfortável na tela, com flashes piscando em milésimos de segundos.
Bugs, bugs, bugs
O meu save sumiu! Essa foi a minha primeiríssima impressão com SpongeBob SquarePants: The Cosmic Shake. Abri o jogo, joguei por algumas horas e, após fechar e reabrir, o meu progresso não estava mais lá. Para não ser injusta, ao começar o jogo novamente após o sumiço do meu progresso, tudo começou a salvar normalmente e inclusive automaticamente. Ufa!
Mas é importante pontuar que sim, SpongeBob SquarePants: The Cosmic Shake conta com muitos bugs a serem corrigidos. Um dos mais recorrentes é o de softlock quando o mapa é bloqueado para progresso até que os inimigos sejam derrotados.
Em inúmeras ocasiões me vi sozinha e abandonada no mapa, sem a possibilidade de progredir pois o jogo não desbloqueava o mapa, me forçando a reiniciar o checkpoint, que também funciona como em Bob Esponja: Battle for Bikini Bottom, no começo da missão principal mais recente.
A água, ironicamente, é mortal para o Bob Esponja. E o nosso companheiro Patrick de vez em quando nos leva vidas extras para compensar os danos em batalha… mas deixa as vidas extras diretamente na água, onde é impossível do Bob Esponja alcançar. E deixa em pontas de precipícios e outros locais mortais para o próprio melhor amigo coletar. Patrick é um fã ou hater, ou apenas um companheiro com problemas de inteligência artificial?
Para coroar os bugs de SpongeBob SquarePants: The Cosmic Shake, o que talvez mais me assustou foi o bug do teletransporte na Lagoa Goo Pirata, onde Bob Esponja era reposicionado automaticamente para completar as missões de hastear meias. Achava que o jogo estava quebrando completamente!
Performance e Menus
Apesar da falta de quaisquer opções para personalização de gráficos, SpongeBob SquarePants: The Cosmic Shake é bem leve, e os gráficos estilizados criam uma fidelidade ao desenho original sem exigir muito da máquina. No entanto, ou você tem um PC que cumpre os requisitos ou você tem um PC que cumpre os requisitos, já que não pode alterar nada dos gráficos.
Por aqui, alcancei impressionantes 200 frames por segundo em Full HD, e mantive os 60 frames por segundo em 4K nativo – e vai ter que ser nativo, já que tecnologias de upscaling como DLSS ou FidelityFX não existem na Fenda do Biquíni.
Assim como em Bob Esponja: Battle for Bikini Bottom – Rehydrated, em SpongeBob SquarePants: The Cosmic Shake os menus são simplórios e não permitem muitas alterações, tampouco oferecem opções. As poucas alterações de acessibilidade correspondem apenas às legendas e correção de cores para daltonismo.
Vale a pena comprar SpongeBob SquarePants: The Cosmic Shake?
Apesar da experiência quase traumática com Bob Esponja: Battle for Bikini Bottom – Rehydrated, ao ter a notícia do lançamento de SpongeBob SquarePants: The Cosmic Shake eu recebi o jogo de mente aberta, afinal de contas esse seria um novo jogo, sem as limitações de um remake ou reimaginação de um título antigo.
E esse talvez tenha sido o meu maior erro, já que SpongeBob SquarePants: The Cosmic Shake recicla tudo o que há de mais datado do seu predecessor e traz em uma versão com quase nenhuma melhora. O jogo parece ultrapassado em todos os aspectos, e se apega em memes e piadas tão ultrapassadas quanto para tentar parecer algo atual. Mas não consegue.
Além de ser um jogo de gameplay e narrativa atrasadas, bugs recheiam o jogo e criam uma experiência cansativa e desagradável para o jogador, seja lá de qual idade.
Assim como foi feito em Bob Esponja: Battle for Bikini Bottom – Rehydrated, SpongeBob SquarePants: The Cosmic Shake espera que o jogador esteja envolvido pela nostalgia e pelo amor aos personagens para relevar todas as fraquezas do jogo. E mais uma vez, o jogador merecia um pouco mais de respeito, e um jogo um pouco mais bem trabalhado, ainda mais por se tratar de uma série animada de tantos fãs pelo mundo.
Não vale a pena comprar SpongeBob SquarePants: The Cosmic Shake, pelo menos não em preço cheio. Espere por uma ótima promoção e espere por uma ótima correção de bugs se você quiser experimentar essa confusão em forma de jogo por si.
SpongeBob SquarePants: The Cosmic Shake será lançado no dia 31 de janeiro para PlayStation 4, Xbox One, Nintendo Switch e PC, via Steam.
*Review elaborada em um PC equipado com GeForce RTX, com código fornecido pela THQ Nordic.