AnálisesNintendoPCPlayStationSlideXbox

Persona 3 Portable | Review

Persona 3 Portable é a versão de bolso do volume 3 da série Persona, um spinoff de Shin Megami Tensei, desenvolvido pela ATLUS e distribuído pela SEGA. O título conta a história de nossa, ou nosso, protagonista, que deve se unir a um clube extracurricular cujo objetivo é explorar uma torre endiabrada que aparece em uma hora sombria do dia, chamada de dark hour. Ah, mais uma hora de trabalho no expediente. Que maravilha!

Será que vale apena revisitar esse clássico que, verdade seja dita, reinventou a série Persona e a lançou nas boas graças do público e da crítica em geral? É o que veremos agora, em mais uma análise do Pizza Fria!

Baby, baby, baby¹²³

Ah, leitor, a nostalgia é uma ferramenta poderosa. Ela pode colocar um sorriso em nosso rosto, fazendo-nos lembrar das épocas de ouro das nossas vidas. Ou que fossem, talvez, de papelão que julgamos ser dourado por algum preciosismo. Sobre isso, tenho um pensamento para compartilhar: os bons tempos sempre parecem ser aqueles que já foram, e pensar assim nos faz esquecer do agora e viver em uma tristeza eterna. Logo, carpe diem, como falam por aí. Dito isso, hora de um dedo de prosa sobre Persona 3 Portable.

Me lembro de ter jogado a primeira versão de Persona 3 quando ainda estava no ensino médio. Um eterno melhor amigo chegou um dia, todo animado, com o DVD do jogo (Deus, que velhice) dizendo ser o RPG mais maneiro de todos os tempos, cara. Fui na ideia dele e, desde então, não só joguei todos os títulos da saga quanto uma boa parte de sua franquia mãe, Shin Megami Tensei. E, como minha análise de Persona 5 Royal pode mostrar, sou um grande fã até hoje.

Um adendo interessante, houve um debate acirrado entre os jogadores sobre a escolha de Persona 3 Portable como alvo de um remaster. O título original contou com outra versão, a FES, que vinha acompanhada de um capítulo extra com um epílogo da história e algumas melhorias, além de contar com navegação e a maior parte do controle de personagens em 3D. As opiniões variam, mas creio que, independente do argumento, o título que recebemos já é uma boa pedida. Lembrando, também, que ele foi lançado pela primeira vez no saudoso Playstation Portable.

Persona 3 Portable
E lá vamos nós. (Imagem: Divulgação)

Persona 3 Portable conta a história nosso protagonista, um rapaz ou moça, que acaba de ser transferido para a escola Gekkoukan. O que deveria ser apenas mais um ano pacato e chato em uma nova escola acaba se tornando uma aventura bizarra envolvendo uma torre gigante, uma hora bizarra na qual pessoas normais se transformam em caixões e as especiais invocam poderes de sua mente, relações sociais variadas e provas escolares. Ah, a vidinha pacata de qualquer estudante, não é mesmo?

Essa é uma das tramas mais pesadas da série, seja por tratar de temas com desilusão e depressão, seja por mostrar certas situações que nos fazem questionar questões mais complexas como a mortalidade e o que nos faz continuar vivendo. Mas nem tudo são lágrimas. Temos várias tramas paralelas, envolvendo os protagonistas secundários e outros personagens do círculo de convivência de nosso herói, que dão uma boa aliviada nos momentos certos.

Interessante notar, também, que Persona 3 Portable conta com duas histórias, de certa forma. No começo, podemos escolher se desejamos ver a trama pelo ponto de vista de uma protagonista feminina ou do protagonista masculino. Cada um dos dois possui uma personalidade distinta, e acesso a algumas amizades e relações específicas. Os acontecimentos são os mesmos, em sua maioria. Mas, de todo modo, é suficientemente arrojado para fazer valer uma segunda jogatina.

Independentemente do ponto de vista escolhido, é fato que a história de Persona 3 Portable é muito interessante e vale a pena ser vista. Ainda que possa ser pesada em alguns pontos, ela é tão bem contada, e com personagens tão interessantes, que não seria delírio dizer que a possibilidade de ficar engajado e ter o interesse preso durante toda sua duração é quase certa.

Persona 3 Portable
Vai ser um ano e tanto. (Imagem: Divulgação)

A jogabilidade de Persona 3 Portable se divide em duas grandes partes: a treta, e o social. Comecemos pelo primeiro. Um dos maiores objetivos de nossa intrépida heroína, e seu amável bando de arruaceiros, é explorar uma torre, chamada Tartarus, que surge durante a dark hour – um período de uma hora durante o dia no qual todos sem o potencial das personas se tornam caixões, e nenhum aparelho elétrico funciona.

Tartarus é composta por uma série de andares, divididos em blocos, que vão se tornando acessíveis conforme a história progride. Ela é utilizada, majoritariamente, para termos um lugar no qual lutar contras as shadows, realizar missões, e nos fortalecer e descobrir, pouco a pouco, o que diabos aquilo representa dentro do fenômeno da hora sombria.

As lutas acontecem em turnos, daquele jeito que todos amamos e adoramos. Um diferencial da saga é o sistema de personas, que conferem a nosso herói uma série de poderes mágicos e atributos. Podemos obtê-las através de um minigame que ocorre após algumas batalhas, chamado de shuffle hour e consistindo de escolher uma carta durante um jogo de embaralhar, ou fundindo.

A fusão de personas em Persona 3 Portable, bem como qualquer outro título da série, é um dos pontos altos da experiência. Adoro ficar por horas fundindo uma com a outra tentando conseguir uma que tenha as magias perfeitas, ou um nível mais alto do que possuo no momento. E isso é necessário, pois elas precisam de muita experiência para subir de nível. Logo, essa fusão é essencial para se manter poderoso ao longo do jogo.

Persona 3 Portable
O combate é no estilo mais amado pelo público. (Imagem: Divulgação)

A segunda metade de Persona 3 Portable se ocupa do lado social da parada. Temos os chamados social links, que nada mais são do que amizades que nossa heroína faz pelo caminho. Ser chegado de geral é bom por dois motivos: primeiro, porque ganhamos bônus ao fundir personas da arcana de um determinado social link. Segundo, porque as lutas e dores desses personagens são bem escritas (em maioria) e valem a pena de se acompanhar.

Além disso, é importante se lembrar de seguir o ano escolar. Afinal, lutar para salvar o mundo não serve como abono de faltas, nem justificativa para notas vermelhas. O jogo segue um calendário bem certinho, dia por dia, e precisamos ficar sempre ligados para ter tempo de explorar Tartarus, fortalecer nossos social links, os atributos sociais de nosso protagonista escolhido e tudo mais.

Parece assustador? Só no começo. Uma das graças de Persona 3 Portable é fazer esse malabarismo, e ver como nosso protagonista vai evoluindo e se tornando uma pessoa tanto melhor, quanto mais forte e menos solitária. Além disso, vale como um incentivo extra para uma segunda jogatina, visto que apenas um tempo muito bem gerenciado nos permite fazer tudo que o título oferece logo de cara.

Persona 3 Portable
O social link emperor torna essa fusão mais forte. (Imagem: Divulgação)

Sons e Visuais

Aqui começa a bronca de Persona 3 Portable. O título original contava com modelos e exploração em 3D durante todo o processo, fosse andando dentro de Tartarus ou fora. Este, contudo, deixou esse modelo apenas para dentro da torre e colocou todo resto através de imagem estáticas que selecionamos com uma bolinha para interagir. Somado ao fato de vermos artes dos personagens enquanto ouvimos diálogos, isso acabou por deixar o título com uma cara de visual novel, de certa forma. Os visuais, cenários e modelos continuam bem feitos como sempre. Contudo, acredito que essa forma não seja a mais ideal.

A trilha sonora é sensacional, mesmo após tanto tempo. Trilhas com personalidade e um ritmo bacana, que cola na cabeça feito chiclete, embalam bem todos os momentos. Seja lutando ou chorando, pode confiar que Persona 3 Portable vai ter a música certa para você. Além disso, lembro deste ser o primeiro título, ao menos que tive contato até então, que utilizou músicas cantadas em suas batalhas.

Persona 3 Portable
A famosa navegação por bolinha. (Imagem: Divulgação)

Vale a pena comprar Persona 3 Portable?

É hora, leitora. Vamos fazer um apanhado do que papeamos para decidir se Persona 3 Portable vale o esforço. Tudo isso, como sempre, baseado em meus devaneios e delírios de sempre. Sensacional! Bom, posso começar lançando que o título foi o responsável por começar a nova era da saga Persona mas, ainda assim, continua tão interessante quanto na época que lançou.

A história é intrigante e envolvente, os personagens são bem construídos e multifacetados, temos uma quantidade boa de conteúdo com o esquema de dois protagonistas, o combate em turnos é agradável, fundir e utilizar personas continua divertido como sempre e a trilha sonora é de arrasar. Ainda que eu acredite que a versão FES é a mais adequada de um remaster, Persona 3 Portable ainda continua sendo rainha.

Do lado negativo, posso dizer apenas que a mudança para esse modo “exploração de bolinha” mata um pouco do brilho do título, haja visto que vemos menos dos cenários e temos menos sensação de liberdade. E, fora disso, explorar Tartarus pode ser um pouco enjoativo as vezes, devido à repetição dos visuais dos andares. Eles tem um layout aleatório, mas são todos parecidos.

Ao fim e ao cabo, jogar Persona 3 Portable foi tão agradável hoje quanto da primeira vez que tive contato com o título. Fico feliz de ver essa belezinha portada para as novas gerações, e acredito ser uma indicação segura para qualquer fã de JRPG em geral, seja da série ou não. Agora, resta rezar fortemente para que as versões dos dois primeiros títulos da série, também para o PSP, receberem o mesmo tratamento.

Persona 3 Portable está disponível para Xbox One, Xbox Series X|S, PlayStation 4, Nintendo SwitchPC, via Steam, e é gratuito para assinantes Game Pass, tanto nos consoles, quanto no PC. 

*Review elaborada em um Nintendo Switch, com código fornecido pela ATLUS.

Persona 3 Portable

R$ 95
9.5

História

10.0/10

Jogabilidade

9.0/10

Sons e Visuais

9.0/10

Extras

10.0/10

Matheus Jenevain

    Redator de idade não especificada e habilidade excepcional (segundo o próprio, acredite se quiser). Curte Metroidvanias, RPGs e jogos de luta. Reza toda noite, intensamente, para receber um remake de God Hand. Nunca foi atendido.