Alina of the Arena | Review

Alina of the Arena é um roguelike, focado na construção de decks de cartas com diversos poderes e efeitos, desenvolvido pela PINIX Games e publicado pela DANGEN Entertainment. O título nos coloca no controle de uma gladiadora esforçada, que sonha escalar a escada feita com os corpos de seus inimigos para alcançar a fama e os espólios que apenas as deusas da arena possuem. Que romântico!

E aí, será que vale a pena nos digladiarmos (ha ha) com esse jogo? É o que veremos agora, em mais uma análise do Pizza Fria.

Spartacus lite

As coisas que não fazemos por nossos hobbies, caros leitores e leitoras. Se perceberem minhas vestimentas de papelão, e esse macarrão de piscina em forma de espada, verão que acabo de voltar das areias (ou gramas) do combate acirrado e ferrenho que todos participamos. Das areias ensanguentadas do coliseu moderno, do pão e do circo! Estou falando… das competições de LARP das boas e velhas convenções de animes.

Como prêmio por meus grandes feitos e destreza na arte de acertar pessoas nas costas com um pedaço de isopor, e me defender com destreza utilizando uma tampa de lixeira, ganhei a oportunidade de viver mais um dia e contar sobre nosso joguenho da vez: Alina of the Arena. Ah, como me traz alegria ao velho coração cansado ouvir que chegou um rogue na praça.

E, ainda mais, com essa pegada de lutas entre gladiadores e arenas. Até onde sei, dentro do mundinho de ilusão e fantasia em que vivo, o último jogo que tive o prazer de jogar que realmente capturava todo esse feeling foi o saudoso Shadow of Rome, na época do PlayStation 2 boladão. Ao lado de Godhand e Radiata Stories, é um dos títulos que mais rezo por um remaster. Ah, os sentimentos. Mas, vamos ao que interessa.

Alina of the Arena
Pancadaria generalizada. (Imagem: Divulgação)

História

A história de Alina of the Arena é centrada em Alina, que fica na arena. Grandioso, não é mesmo? Sendo sincero com vocês, meus caros, a trama se baseia apenas em nossa garota, sua vontade de subir até as grandes ligas para escapar da vida de escrava/gladiadora e de sua determinação de recomeçar sempre que alguma pessoa/monstro/inseto a esmaga no chão.

Sendo assim, vou dar um salto por cima deste pedaço e me focar na parte da jogabilidade, na qual está o grosso da experiência. Eu não considerarei isso como um negativo, nesse caso em específico, porque a proposta de Alina of the Arena é nos dar uma arena para tretar através de nossas cartinhas, sem mais nem menos. Nesse sentido, não seria de bom tom eu ficar com minha reclamação habitual, não é mesmo?

Alina of the Arena
Os eventos dão um pouco mais de contexto para a luta de nossa amiga. (Imagem: Divulgação)

Jogabilidade

Alina of the Arena pode ser dividido em duas partes mais ou menos iguais, como um bolo romano. De um lado, temos um deckbuilder. São jogos nos quais montamos baralhos contendo diversas cartas, cada uma com seus efeitos e ações específicas. São através delas que movemos nossa boneca, atacamos, defendemos, soltamos magias, e por aí vai. Slay the Spire é um bom exemplo disso.

O segundo, é o roguelike. Ou seja, toda tentativa que fazemos de chegar até a última arena é mais ou menos única. Cartas, equipamentos, inimigos, tudo sempre é misturado de forma a não deixar as coisas muito parecidas. Ao morrer, ou vencer, perdemos tudo, menos alguma experiência que pode ser utilizada para nos dar vantagens no início da próxima rodada. No caso de Alina, podemos utilizar moedas que liberamos para comprar novas cartas e equipamentos.

Em se tratando de cartas, temos como utilizar as que conferem poderes, ações e efeitos. Isso quer dizer que, dependendo de como estiver nossa mão, poderemos ter diversas combinações de ataques diferentes, com efeitos diferentes, além de defesas e outras coisinhas que irão persistir até derrubarmos o último contestante, ou nós mesmos irmos de base.

Alina of the Arena nos dá acesso a uma boa quantidade de cartas, que são disponíveis para todas as classes que nossa personagem pode utilizar. Ainda que os efeitos possam variar, saber qual combinação utilizar com qual especialização é essencial para a vitória. Por exemplo, uma Alina pyromancer precisa do máximo de cartas que deixem fogo no chão, e nos inimigos, quanto for possível. Afinal, a passiva dela gira em torno disso, e qualquer coisa diferente já seria uma perda de potencial.

Alina of the Arena
Um deck bem montado é essencial. (Imagem: Divulgação)

Alina of the Arena possui um combate por turnos, no qual tanto os inimigos quanto nossa heroína andam por turnos. No começo do nosso, podemos escolher gastar um ponto de energia, que sempre começa em 3 (salvo quanto utilizamos cartas que aumentam o valor), para andar um quadrinho. Qualquer ação além disso, de primeira, nos obriga a ficar no lugar. Esse é um grande problema do jogo, pois posicionamento é chave na maioria dos encontros e Alina se recusa a andar demais. Que preguiçosa!

Ainda que tenhamos cartas que deslocam a heroína, elas ou nem sempre aparecem, ou gastam nossa preciosa energia. Em um jogo no qual os inimigos geralmente batem de longe, ou nos fazem andar demais, esse tipo de desvantagem frustra demais. Principalmente em uma certa chefe, terrível, que nos deixa congelados, dobrando o custo de movimento, e acerta em uma longa área.

Contudo, Alina of the Arena ainda é divertido. Podemos montar builds bem legais, misturando classes com cartas e equipamentos, que nos ajudam a ganhar um pouco mais de vantagem. Por exemplo, equipar espadas que nos fazem bater em 3 espaços por vez, bestas que aumentam o alcance, e por aí vai. Além disso, podemos ver as ações que os inimigos irão tomar antes do turno deles, inclusive permitindo desviar ou lançar um monstro pra cima do ataque do outro. Que sensação maravilhosa!

Entre as lutas, podemos selecionar cartas que correspondem a eventos, novos combates, cura, compra de cartas ou de itens nas lojas. Precisamos vencer apenas 5 rounds para lutar contra o chefão, mas quanto mais dinheiro fazemos na arena, mais podemos comprar equipamentos melhores, ou melhorar as cartas que já temos. É um ponto de estratégia.

Apesar dos pesares, eu achei o ciclo de jogo bem divertido e viciante, embora frustrante em alguns momentos. Quando eu tinha minha classe certinha, e as cartas corretas no bolso, o bicho pegava. Matando vários inimigos por vez, pulando pra cima dos outros, realmente a rainha da arena. Mas quando as estrelas não batiam… bom, já sabem, não é mesmo?

Alina of the Arena
Acertando geral com o espadão. (Imagem: Divulgação)

Sons e Visuais

Alina of the Arena é um jogo bonito, com gráficos bem coloridos e sprites bem feitas e animadas, ainda que não possuam tanta variação entre os modelos de inimigos. Contudo, dado o fato minimalista do título, temos poucos cenários e modelos para poder avaliar. Isso foi um ponto negativo, em minha opinião, e que acaba por descer a crista do título.

O mesmo se dá no departamento sonoro, que faz bem o seu papel de nos deixar na empolgação enquanto trocamos tapas com o pessoal que, assim como nós, deseja sair dessa vida bandida.

Alina of the Arena
A adoração da arena. (Imagem: Divulgação)

Vale a pena comprar Alina of the Arena?

Hora de saber, leitores e leitoras, se fazemos o joínha, ou não, para Alina of the Arena. Será que a pancadaria vale mesmo a pena, ou acaba por ser leve demais para nossos corações? Bom, vamos tentar colocar o que conversamos até agora na mesa e tentar chegar em um consenso, não é mesmo. Pelo lado positivo, temos um sistema de combate viciante e bem variado, somando as classes, cartas e equipamentos que Alina pode usar. Além disso, prever os movimentos inimigos e utilizar todos os sistemas que o título nos oferece é legal demais. Parece simples, mas acaba por ser profundo quando colocamos todas as variáveis na mesa.

Do lado oposto, a questão da movimentação é muito frustrante, principalmente contra inimigos que andam demais ou nos deixam lentos. Visto que temos apenas 3 pontos de ação por turno, e cartas fortes de ataque e defesa geralmente custam 2 por ativação, acabamos ficando limitados. Se um carinha pular dois hexágonos para trás, já era. Ou usamos uma carta específica que nos permite pular e atacar na queda, gastando uma ferramenta importante, ou já era.

No fim das contas, eu me diverti bem com Alina of the Arena. Fiquei bem viciado por um tempo, testando as builds até ver a que realmente casava bem comigo, e depois combinando cartas e equipamentos para criar uma menina anime imbatível nas areias da arena. Mas, tudo isso foi permeado com frustração e um pensamento de que as coisas poderiam ser melhores do que foram, no final.

Alina of the Arena, um jogo de tática e construção de deck estilo roguelike, chega hoje para Nintendo Switch, PlayStation e Xbox. O título conta com 91% de avaliações positivas na Steam, onde foi lançado em 2022.

*Review elaborada no Nintendo Switch, com código fornecido pela DANGEN Entertainment.

Alina of the Arena

+ R$ 28,99
7.7

Jogabilidade

7.5/10

Sons e Visuais

7.5/10

Extras

8.0/10

Prós

  • Loop de jogo é viciante, em alguns momentos
  • Muita variedade entre cartas, classes e equipamentos
  • Sistema de previsão de ações dos inimigos dá uma boa visão estratégica

Contras

  • Movimentação custosa causa mais problemas do que deveria
  • Pode ser muito frustrante em alguns momentos
  • Alguns chefes são bem injustos, sendo sincero
  • Poderia ser um pouco mais incrementado em áreas que não fossem o combate

Matheus Jenevain

Redator de idade não especificada e habilidade excepcional (segundo o próprio, acredite se quiser). Curte Metroidvanias, RPGs e jogos de luta. Reza toda noite, intensamente, para receber um remake de God Hand. Nunca foi atendido.