Call of Duty: Vanguard | Review
Após um bom período explorando outras guerras, períodos e possibilidades, a franquia Call of Duty finalmente retorna para um dos momentos mais cruciais da história da humanidade: a Segunda Guerra Mundial. Call of Duty: Vanguard nos coloca de volta no período entre 1939 e 1945, ondo diversos lugares do mundo se tornaram palco do maior conflito da humanidade. Desenvolvido pela Sledgehammer Games e distribuído pela Activision, Call of Duty: Vanguard está disponível para PlayStation 5, PlayStation 4, Xbox Series X|S, Xbox One, e em uma versão completamente otimizada para Battle.net.
Aqui, abordaremos aspectos da nova campanha, seus personagens, jogabilidade e, além disso pontos conhecidos da franquia como o modo multiplayer e o modo Zumbis, que dão uma sobrevida a uma das marcas mais bem-sucedidas de FPS da história dos videogames. Sem mais delongas, venha comigo e atravesse os campos de batalha da Segunda Guerra Mundial em mais uma review do Pizza Fria!
A Vanguarda contra a iminência do Quarto Reich
Uma das coisas mais interessantes na história de Call of Duty: Vanguard é a possibilidade de controlar diversos pontos de vista dentro dos Aliados. Sem dar spoilers, a história de cada um dos protagonistas, embora curta, é bem interessante e traz um ar de familiaridade, além de explicar suas distintas habilidades e personalidades. Os personagens que jogamos, são: Arthur Kingsley, nascido em Camarões, mas radicado no Reino Unido, líder da Força-Tarefa Um; Polina Petrova, uma exímia sniper soviética que vê seu mundo ruir; Lucas Riggs, um australiano destemido e brigão, que dá jeito em tudo; e, por fim Wade Jackson, um piloto norte-americano arrojado.
Ao ver as origem de cada um, ao combater em quatro frentes da Segunda Guerra Mundial, podemos explorar habilidades únicas e detalhes muito precisos da época. E tal como em todos os jogos da franquia, a campanha de Call of Duty: Vanguard é cheia de emoções, tal como um filme de ação. Todavia, o que mais me chamou a atenção no jogo não foi nem a história em si, mas esses soldados-protagonistas, que se juntam para lutar contra a iminência do Quarto Reich.
No entanto, acredito que a narrativa, sobretudo em suas partes finais poderia ser mais bem explorada e até mesmo alongada, visto que o tempo de jogo, mesmo com as incríveis cutscenes, é de cerca de 6 a 8 horas. É claro, a franquia nunca teve jogos extensos, mas por elaborar a história de cada um dos personagens em diversas frentes de batalha, poderia facilmente “render mais”. Porém, vale destacar que os momentos de ação dessa curta campanha são bastante intensos e nos levam a lutar em terra e ar em momentos baseados em fatos reais como a Batalha de Midway ou a Batalha de Stalingrado. A imersão talvez seja o grande diferencial, sendo um trabalho muito bem feito.
Vale ressaltar que mesmo com uma história curta e superficial, Call of Duty: Vanguard merece o destaque por abordar questões um tanto quanto contemporâneas: o nazi fascismo, racismo e a falsa e ridícula ideia de superioridade racial. Além disso, o jogo aborda, mesmo que de forma pouco aprofundada, questões como o imperialismo britânico e os conflitos entre ingleses e austríacos. Por fim, vale dar um baita destaque à personagem Polina Petrova, que é basicamente uma homenagem as snipers do Exército Vermelho, que por muitos anos, por questões de gênero e apagamento da história, ficaram esquecidas. Aliás, a própria URSS fica completamente apagada em boa parte dos jogos baseados na Segunda Guerra, o que é uma pena.
A jogabilidade
Tanto na campanha, quanto nos outros modos, Call of Duty: Vanguard segue com suas características principais, não tendo mudanças radicais. Ainda assim, segue sendo um ótimo jogo de ação e tiro. A sensação de imersão na campanha, por exemplo, é simplesmente digna de Hollywood. Se você jogar em níveis mais difíceis, o jogo torna-se ainda mais emocionante e desafiador. Mas jogando nos modos mais fáceis, a história acaba sendo mais fluida, mantendo seus momentos de ação e excitação. Aliás, a narrativa atrelada ao fator jogabilidade são complementares e obviamente acabam criando um certo “sentido” para o jogo.
As armas e equipamentos são variados e possibilitam que os jogadores escolham diferentes estilos de abordagens nos ataques. Isso é essencial e acaba sendo explorado também no modo campanha, já que você jogará com personagens com características focadas nas principais armas, como o caso de Petrova, que é uma sniper. No entanto, ela ou os outros personagens podem coletar armas pelos mapas e mudarem o estilo sempre, variando com a necessidade de cada mapa. Ou você pode simplesmente sair atirando em tudo; a escolha é sua! No modo multijogador a questão é a mesma, mas com muito mais letalidade…
Imagens e sons da guerra
No quesito visual, Call of Duty: Vanguard segue mantendo a tradição de excelentes gráficos da franquia, contando com personagens bem desenhados, além de um baita level desing. O destaque pra mim fica por conta das partículas e diferentes iluminações apresentados ao longo do jogo. Incrivelmente, minha GeForce RTX 3060 Ti deu conta do recado e rodou o jogo com gráficos no máximo na resolução de 1080p, o que pra mim é mais do que o suficiente. Aliás, o quesito estético do jogo é essencial para uma verdadeira sensação de imersão, sobretudo somado à jogabilidade e narrativa. Mas, ainda temos que lembrar do áudio…
O áudio de Call of Duty: Vanguard é simplesmente incrível, seja em inglês ou na dublagem muito bem trabalhada em português, onde a única ressalva que tenho a fazer é que em raros momentos, as vozes perdem volume, se tornando quase inaudíveis. Fora isso, o trabalho dos dubladores brasileiros, seguindo uma excelente tradição de qualidade, deu um show. Nos aspectos da simulação de um campo de batalha e sons das armas, o jogo segue incrível, sendo este também um aspecto que deve ser levado em consideração no quesito imersão.
Os modos multiplayer
O modo multiplayer de Call of Duty: Vanguard traz 20 mapas, 12 Operadores e mais de 30 armas no renovado Armeiro. Além disso, traz novas formas de jogar com o sistema de Ritmo de Combate e o frenético modo de sobrevivência em múltiplas arenas Batalhas dos Campeões. Outro ponto de destaque em Call of Duty: Vanguard é o primeiro crossover do modo Zumbis da história da franquia, desenvolvido pela Treyarch, e expandindo a história do Éter Negro apresentada aos jogadores em Call of Duty: Black Ops Cold War.
Das partidas que joguei, não tive problemas com latência ou bugs. Aliás, foram formadas rapidamente, algo que é positivo demais para quem está sedento por jogar. Isso é possível pois Call of Duty: Vanguard traz suporte a cross-play, além de um sistema de progressão unificada. Vale ressaltar também a integração de Vanguard com Warzone, que segundo a Activision, trará a maior quantidade de novo conteúdo para o modo gratuito de Call of Duty, incluindo um novo mapa, operadores, armas e aviões, bem como progressão compartilhada.
O modo Zumbis, que é um modo mais voltado para a ação cooperativa e mais casual, tendo mais leveza se comparado ao outros modos multijogador, ainda carece de maiores conteúdos, o que é um problema. No entanto, já foi confirmado que o modo receberá atualizações ao longo do tempo, algo que é tradicional da franquia e que traz um certo alívio para os fãs do modo.
Vale a pena comprar Call of Duty: Vanguard?
Embora a franquia Call of Duty sempre lance jogos ao longo dos anos, sempre é interessante poder participar do hype que gira em torno de cada novo título. E com Vanguard não poderia ser diferente. Particularmente, o fato de Call of Duty ter retornado para a Segunda Guerra era algo mais do que necessário, sobretudo na atual conjuntura mundial. Relembrar o passado, de uma forma digamos mais “aceitável” do que em outros jogos da franquia é interessante, além de mostrar para as gerações mais novas a partir de uma ficção, alguns dos horrores vividos no século XX. É claro, a narrativa sempre pode melhorar, mas ainda assim, segue sendo um destaque desta versão.
Mais do que isso, ver o protagonismo de personagens como Petrova e Kingsley é um alento para jogos de guerra. Provavelmente alguns jogadores já estão se queixando por Polina ser uma personagem extremamente letal e incrível, alegando a “impossibilidade histórica” desse fato. Uma dica que dou para esses é: leia um livro de História. Snipers russas e mulheres estiveram presentes na guerra, seja no front ou nas campanhas, embora tal questão seja apagada constantemente, como disse anteriormente. O caso de Kingsley e o nazista racista, embora curto, mostra bem a face nojenta do regime do Terceiro Reich, que era extremamente eugenista.
Mas, voltando a falar sobre o jogo em si, Call of Duty no final das contas se destaca pela insanidade do modo multiplayer, algo que, mais uma vez, é muito bem entregue aos jogadores, com uma carga de emoção sem igual em diferentes modos. Aliás, ouso dizer que, embora a campanha seja sempre interessante, é no modo contra outros jogadores que o jogo tem uma sobrevida, ainda mais se levarmos em consideração as atualizações e a integração com o Warzone.
Concluindo, caso você seja fã da franquia ou um apaixonado por FPS, Call of Duty é sempre um jogo ótimo e deve estar na coleção de todo mundo, mesmo que não revolucione em nada. Porém, caso você não tenha urgência em curtir a Segunda Guerra Mundial no modo multiplayer, pode ser uma boa ideia esperar para adquirir o game em alguma promoção. Mas, largando de vista a questão financeira, Call of Duty é sempre uma boa pedida, sobretudo para se jogar com os amigos. Melhor ainda é poder voltar às velhas narrativas baseadas na Segunda Guerra Mundial.
*Review elaborada em um PC equipado com uma GeForce RTX com código fornecido pela Activision.