Split Fiction | Review
Desde que Josef Fares e a Hazelight Studios colocaram o mundo para jogar junto com Brothers: A Tale of Two Sons, as expectativas para o próximo projeto do estúdio sempre foram altíssimas. Veio A Way Out em 2018 e, em 2021, o consagrado It Takes Two, que levou o prêmio de jogo do ano no The Game Awards do mesmo ano. Agora, em 2025, chega Split Fiction, com a missão de não apenas atender uma enorme expectativa, mas também de superá-las.
E eu não vou fazer média e já digo, desde o início: não apenas essas expectativas são atendidas — elas são superadas em um espetáculo cooperativo que celebra a criatividade, a amizade e o puro prazer de jogar em dupla, como na década de 1990. Quase como uma homenagem aos videogames, à convite da Electronic Arts, pude testar o game antecipadamente no PlayStation 5 Pro e joguei do início ao fim em modo online, ao lado de um amigo. E o que encontrei foi uma experiência memorável, encantadora e absolutamente obrigatória para todos os fãs de jogos. Os detalhes de tudo o que achei sobre essa experiência eu conto a partir de agora, em mais uma review antecipada do Pizza Fria!
Entre fantasia e ficção científica
Split Fiction nos coloca no papel de Mio e Zoe, duas escritoras de gêneros opostos — uma focada em ficção científica e outra apaixonada por fantasia colorida e otimista, que se conhecem no elevador. Após visitarem a editora Rader, com a promessa de transformar histórias em experiências imersivas, ambas acabam presas dentro de suas próprias criações literárias. A premissa simples é a faísca para uma jornada criativa e surpreendente, onde mundos se misturam, mecânicas se reinventam e a cooperação entre jogadores é elevada a um outro patamar.
O grande trunfo de Split Fiction é alternar entre os estilos de cada autora. De um lado, tecnologia de ponta e cenários espaciais e futuristas; do outro, florestas mágicas e criaturas fantásticas. Essa dualidade é o motor da aventura e mantém o ritmo sempre renovado, sem nunca deixar a sensação de repetição tomar conta.

Cooperação em seu estado mais puro
Assim como em It Takes Two, a colaboração entre os jogadores não é apenas recomendada — é essencial e obrigatória. O jogo só funciona se jogado por duas pessoas ao mesmo tempo. Todas as mecânicas são construídas para que Mio e Zoe dependam uma da outra o tempo todo. De puzzles ambientais a sequências de plataforma e batalhas contra chefes, nada pode ser feito sozinho. E o melhor de tudo: a divisão de protagonismo é absolutamente equilibrada, garantindo que ambos os jogadores tenham seus momentos de brilho e impacto na progressão.
Seja ajudando o amigo a alcançar uma plataforma distante, coordenando ataques combinados ou sincronizando ações em tempo real, Split Fiction usa a cooperação como mecânica central de forma fluida e divertida. Mesmo com todo esse foco no multiplayer, a acessibilidade é um ponto forte — comandos intuitivos e uma curva de aprendizado amigável tornam o jogo perfeito para iniciantes ou duplas, já que elementos são sinalizados com cores e sempre que uma mecânica nova é introduzida, tutoriais levemente disfarçados de gameplay são apresentados.

Uma carta de amor aos videogames e ao entretenimento
Pra mim, grande trunfo de Split Fiction é como ele homenageia a própria história dos videogames com referências e mecânicas inspiradas em clássicos. De referências sutis como um salto da fé, que remetem diretamente a Assassin’s Creed, passando por sequências de velocidade que parecem saídas de Sonic, até fases inteiras inspiradas em Fall Guys, Control, Metroid, Donkey Kong, Uncharted e até pinball e shoot ‘em ups — o jogo é uma verdadeira colcha de retalhos criativa.
Essas inspirações, porém, não são apenas fan service. Elas são habilmente costuradas ao longo da narrativa e adaptadas para funcionar dentro da proposta cooperativa. A cada novo trecho, uma surpresa. E esse dinamismo é o que faz com que Split Fiction nunca perca o fôlego ao longo de suas mais de 12 horas de gameplay.

Técnicamente impecável
A decisão de lançar o jogo exclusivamente para nova geração não foi em vão. No PlayStation 5, Split Fiction brilha com gráficos vibrantes, cenários extremamente variados e uma riqueza de detalhes impressionante. A cada nova ambientação, há um encanto visual diferente, com cenários espaciais de tirar o fôlego e florestas mágicas que parecem saídas de um livro ilustrado.
Os loadings são praticamente inexistentes, graças ao SSD, e o jogo roda de forma impecável em 4K dinâmico e 60 FPS, garantindo fluidez mesmo nos momentos mais caóticos. Isso sem falar nas opções de acessibilidade, como personalização de controles, modificadores de dano e a possibilidade de pular pontos de controle para quem sentir alguma dificuldade em superar os puzzles.

Uma trilha sonora que acompanha a criatividade
Se visualmente o jogo encanta, a parte sonora acompanha com perfeição. Em cada cenário, a trilha sonora se adapta ao tom e à atmosfera — música alegre em momentos descontraídos, silêncio opressor no espaço sideral, sons de floresta que complementam a ambientação. O cuidado com o design de som é evidente, e eleva a imersão de maneira constante.
Um destaque à parte vai para a localização brasileira, que mais uma vez acerta na dose de humor e carisma. Pequenas referências nacionais, como o “martelar o martelão” de um chefe, são o tipo de detalhe que só quem cresceu nos anos 90 vai pegar — e tornam a experiência ainda mais especial para o público brasileiro.

O poder do Passe de Amigo
Não dá para falar de Split Fiction sem exaltar uma das suas maiores qualidades: o Passe de Amigo. A possibilidade de jogar online com qualquer pessoa, sem que ambos precisem comprar o jogo, é uma demonstração de que a Hazelight entende que o cooperativo não é só mecânica, é uma filosofia. Isso, aliado ao crossplay entre PlayStation, Xbox e PC, garante que desde que algum dos jogadores tenha o jogo, você terá sempre alguém para embarcar nessa aventura — seja um amigo próximo ou um desconhecido simpático pela internet em busca de companhia.

Vale a pena jogar Split Fiction?
Bom, eu já disse quando comecei o texto, argumentei ao longo de toda essa review e, se você chegou até a minha conclusão, já sabe o que esperar. Split Fiction não é apenas mais um jogo cooperativo — é um verdadeiro manifesto criativo sobre o poder das histórias, da amizade e da diversão compartilhada. Com uma campanha envolvente, gameplay extremamente variado, referências apaixonadas à cultura gamer e uma execução técnica impecável, Josef Fares e a Hazelight Studios entregam, mais uma vez, uma obra-prima do cooperativo moderno.
Seja você fã de jogos cooperativos ou apenas alguém em busca de uma experiência divertida para compartilhar com alguém especial, Split Fiction é obrigatório.
O lançamento está marcado para 6 de março, disponível para PlayStation 5, Xbox Series X|S e PC via Steam, Epic Games Store e EA App.
*Review elaborada em um PlayStation 5 Pro, com código fornecido pela Electronic Arts.
Split Fiction
BRL 199Prós
- Gameplay cooperativo criativo e variado
- Visuais deslumbrantes e mundos extremamente criativos
- Trilha sonora adaptável e ambientação sonora rica, combinada com uma excelente localização em português
- Crossplay entre plataformas e o Passe de Amigo
- Narrativas envolventes
Contras
- Eventualmente, a aventura chega ao fim
- Você vai querer mais histórias, mais fases e mais homenagens a clássicos
- É tão divertido que pode te deixar mal-acostumado com outros jogos
- Se você não tiver um amigo ou amiga para jogar junto, pode perder parte da magia da experiência
- A sensação de vazio ao terminar é real