Dead Space | Review

Quando Dead Space foi lançado em 2008, angariou muitos fãs, mas não foi considerado na época um jogo de sucesso por não ter alcançado êxito nas vendas. Porém, entre vários gamers, o título de terror sci-fi teve um lugarzinho especial, o que fez com que a Electronic Arts e a Motive Studios decidissem por fazer um remake disponível para PlayStation 5, Xbox Series X|S e PC, via Steam e Epic Games Store. Mas será que o jogo honrou suas raízes, trazendo toda aquela atmosfera tensa e escura do título original? Esta e outras questões serão tratadas aqui, em mais uma review do Pizza Fria!

Bem-vindo ao espaço… ou não

Em Dead Space, incorporamos novamente o engenheiro Isaac Clarke, destacado para uma missão de rotina com o objetivo de consertar a nave de mineração USG Ishimura, o cenário principal do jogo. Contudo, ao adentrar a imensa nave, Clarke se depara com um cenário completamente caótico, em que a tripulação foi violentamente massacrada e infectada por seres monstruosos, os necromorfos, que surgem em meio a corredores escuros e apertados. Para piorar a situação, a namorada do protagonista, Nicole, também está na nave, perdida. Assim, o engenheiro, que conta apenas com suas ferramentas e habilidades de engenharia, enfrenta um cenário assustador, lutando por sua vida e… por sua própria sanidade.

A questão da sanidade de Clarke talvez seja o ponto mais interessante do game, sendo parte fundamental da história. No entanto, não darei nenhum spoiler para não estragar a experiência do jogo. Mas vale ressaltar aqui que, embora a história seja bacana e tenha nuances interessantes, o final me decepcionou muito, não tendo grandes surpresas ou nem mesmo uma cutscene mais alongada. Acabou, e pronto.

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Isaac Clarke está melhor do que nunca! (Imagem: Divulgação)

A ambientação de Dead Space é incrível e envelheceu muito bem. Andar por corredores escuros, com luzes piscando e todo um clima de terror é simplesmente insano. A sensação de se deparar com necromorfos a qualquer momento aumenta ainda mais a tensão. Isso fica ainda mais imersivo com os sons monstruosos e da nave ao fundo, alternado de momentos de silêncio mortal. Neste quesito, Dead Space toca terror sem necessariamente precisar apelar para jump scares e afins. Muito bom!

Vale mencionar também que o remake de Dead Space agora conta com um protagonista mais ativo, algo que não víamos no game original, onde Isaac Clarke ficava constantemente em silêncio. Inclusive foi trazido de volta o dublador do personagem em Dead Space 2 e Dead Space 3, Gunner Wright. No remake, o personagem interage muito mais, além de encontrar áudios e textos ao longo da narrativa explicando mais detalhes dos personagens e dos acontecimentos na Ishimura.

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Voe no espaço para resolver os problemas da USG Ishimura. (Imagem: Divulgação)

Por fim, outro ponto da narrativa merece ser ressaltado, mas sem dar spoilers. A Unitologia, uma religião repleta de fanáticos, que aparece junto dos acontecimentos na vida de Clarke e da tripulação da USG Ishimura. Ela soa como aquelas seitas bizarras dos EUA, em que seus seguidores fanáticos acreditam em absurdos e que os necromorfos são “anjos”. Todo esse cenário de crítica ao fanatismo religioso e terror sci-fi casam perfeitamente, algo que me deixou ainda mais vidrado na história.

Novidades do remake e a jogabilidade

O remake de Dead Space conta com algumas novidades, mas não necessariamente mudam de maneira radical o que foi visto em 2008. Inclusive, o próprio criador da obra, Glen Schofield, agradeceu a equipe da Motive por manter o jogo bem fiel à versão original. Assim, o que era bom ficou melhor, por conta das novas tecnologias para desenvolvimento de jogos. Isso é perceptível nos gráficos, sons e até no detalhamento da gameplay. No caso dos necromorfos, por exemplo, eles foram totalmente refeitos através do Peeling System, que traz camadas de carne, tendões e ossos, que se partem de maneiras ainda mais chocantes. Sim, o remake de Dead Space tem ainda mais carnificina!

Outra coisa interessante é que os jogadores e jogadoras poderão usar de diferentes maneiras o vasto arsenal disponível para Isaac Clarke, cujo cada uma apresenta características e habilidades únicas. Este ponto é ótimo, pois ao decorrer da narrativa, encontramos diversos dispositivos que podem mudar totalmente a forma como lidamos com munições, updates no traje, nas armas, e por aí vai. Esse clima de que “a bala vai acabar” faz com que nós tenhamos um cuidado especial ao encarar os inimigos, que são muitos…

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A ambientação do remake de Dead Space está incrível! (Imagem: Divulgação)

A inteligência artificial dos necromorfos está mais aprimorada com o Intensity Director. Eles cercam o protagonista de diferentes maneiras, além de surgirem em momentos específicos, mesclando todo o caos promovido pela perspectiva em terceira pessoa, que nos dá uma visão geral de tudo o que está acontecendo. Soma-se isso à ambientação, repleta de fumaça, partículas, luzes e sons. É simplesmente insano quando toda a ação começa e os batimentos cardíacos e a respiração do protagonista nos imerge em toda aquela tensão do estado físico e emocional vividas ali.

A USG Ishimura está repaginada, sendo totalmente reconectada, não contando com nenhuma tela de carregamento durante a experiência de jogo. Além disso, não é só o cenário que teve melhorias, mas também o sistema de interface do usuário, que está ainda mais dinâmico. E, neste ponto, o remake de Dead Space só teve aprimoramentos, ao passo que não descaracterizou o que era visto na versão de 2008, tendo a EA e a Motive executado um excelente trabalho!

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Os necromorfos, “anjinhos” da Unitologia. (Imagem: Divulgação)

Concluindo, o remake de Dead Space está com a jogabilidade redondinha, sendo um título maravilhoso de se jogar. Mas vale ressaltar aqui que em alguns raros momentos os restos dos necromorfos agarravam no protagonista, sendo um bug chatinho, mas que foi solucionado durante as atualizações pós-lançamento. Outros errinhos menores também surgiram, como a interface travando ao abrir e fechar rápido demais ou simplesmente não funcionar, mas esses probleminhas não atrapalharam a experiência final. Todavia, essas questões merecem ser merncionadas.

Vale a pena comprar o remake de Dead Space?

Aprimorando o que já era bom, o remake de Dead Space é uma ótima escolha para quem gosta de encarar jogos de tiro em terceira pessoa com um clima bem imersivo de terror sci-fi. Os gráficos e sons do jogo são incríveis, contando com traçado de raios e o que há de melhor na nova geração. Soma-se isso à jogabilidade, que é desafiadora na medida certa, trazendo puzzles e muita ação, deixando os jogadores sempre em estado de alerta. Os pequenos bugs são chatinhos, mas não atrapalharam a experiência final de jogo, provavelmente sendo ajustados nos próximos dias.

Concluindo, se você quiser sentir toda a tensão de um jogo de ação e terror, sem ser necessariamente algo assustador, mas tenso e desafiador, Dead Space é o que podemos chamar de um clássico, tendo envelhecido muito bem de 2008 pra cá, em 15 longos anos, tendo sido a nova versão muito bem cuidada pela Motive Studios, oferecendo cerca de 14 horas de história e um modo Novo Jogo+, com tudo legendado para o português brasileiro.

*Review elaborada em um PlayStation 5, com código fornecido pela Electronic Arts.

Dead Space

R$ 249,00+
9

História

8.5/10

Jogabilidade

9.0/10

Gráficos e sons

9.2/10

Extras

9.2/10

Prós

  • Clima de tensão é incrível
  • Experiência totalmente imersiva
  • Gráficos e sons maravilhosos
  • Legendas em português brasileiro

Contras

  • Pequenos bugs e glitches
  • O final do game desaponta

Álvaro Saluan

Historiador e cientista social de formação, é completamente apaixonado por videogames e escreve sobre o tema há uns bons anos. Vê os jogos para além do entretenimento, considerando todo o processo como uma grande e diversificada arte.