En Garde! | Review

De vez em quando, nos deparamos com um jogo que pega todos de surpresa, trazendo qualidade, carisma e um carinho raros na tão amada e ao mesmo tempo criticada indústria de games. En Garde! é um exemplo. Desenvolvido pelo pequeno estúdio Fireplace Games, percebe-se o amor e cuidado dos desenvolvedores em todos os detalhes. Isso, por si só, já sugere que o jogo seja, no mínimo, divertido.

No entanto, a maioria desses jogos costuma ser momentaneamente cativante. E será que En Garde! se destaca em meio a tantos outros? A resposta eu trago agora, em mais uma análise do Pizza Fria!

O que é En Garde!?

En Garde! é um jogo em terceira pessoa de ação e aventura, mais especificamente do subgênero beat’n up. Combina elementos de jogos como soulslike, SiFu e até jogos de plataforma 3D, proporcionando uma experiência temática e divertida no estilo “Capa e Espada”. A narrativa aborda a história de Adalia De Volador, uma mosqueteira e heroína que enfrenta a tirania do Cond-Duque, um ditador ganancioso.

Ao longo do jogo, que é dividido em capítulos, acompanhamos as aventuras de Adalia neste cenário caótico. Ela encontra amigos, enfrenta capangas do Conde e luta pela justiça, sempre defendendo os necessitados. A aventura, embora por vezes lúdica, é tão envolvente quanto um filme divertido.

O jogo também se destaca pelo seu combate expressivo, lembrando cenas de filmes como “Zorro”, “Robin Hood” e “Missão Impossível”, o que é notável, pois não é um enfoque comum em jogos, trazendo frescor ao combate corpo a corpo.

En Garde!
Cada detalhe e animação de En Garde!, esbanja um carisma e um carinho encantador (Imagem: Divulgação)

O combate

Este é o elemento central de En Garde!. Adotando princípios de jogos como SiFu ou Sekiro, o combate é cadenciado, com foco em parrys, esquivas e ataques precisos. Em En Garde!, esse estilo é traduzido de forma mais acessível, especialmente para quem não está familiarizado com tais mecânicas.

Isso porque ele é resumido em poucos botões, tendo apenas um botão para o ataque, outro para aparar os ataques inimigos, outro para esquiva e um para ativar o chute, que vou explicar pra que serve mais pra frente. Pode parecer desanimador, em especial para os entusiastas de combos e de combates complexos, afinalo, En Garde! não é para isso.

En Garde!
As arenas do jogo possuem infinitas interações e possibilidades, criando praticamente um jogo de puzzle. (Imagem: Divulgação)

Entretanto, apesar de simples, o combate de En Garde! é bastante profundo, já que foca menos nas lutas contra os inimigos em si e mais na interação dos cenários, tornando as arenas uma espécie de grande quebra-cabeça, visto que Inimigos diferentes requerem maneiras distintas para serem derrotados. Logo, é aqui que o En Garde! brilha de fato, pois usar o botão de chute para empurrar inimigos escada abaixo, chutar caixas na direção deles ou acender bombas no cenário traz uma complexidade que transcende o jogo de ação, transformando o título em um grande jogo de puzzle em 3D.

E todas essas interações esbanjam carisma e personalidade, pois os diálogos com os guardas são divertidos, as animações e até mesmo as possibilidades do combate, que brincam com o absurdo, com certeza irão te arrancar um sorriso quando você jogar um balde na cabeça de um guarda para distraí-lo.

A exploração

En Garde! intercala esses combates divertidos com algumas sessões de plataforma que lembram muito alguns jogos como Crash ou Spyro. Entretanto, esses momentos servem apenas para trazer um respiro para o ritmo da gameplay e não trazem nenhum grande desafio.

Apesar disso, essas sessões de plataforma são bastante divertidas muito pela identidade e personalidade que o jogo tem, visto que os momentos de pular no telhado, invadir castelos e explorar a cidade é por si só divertido tanto pelos visuais absurdos que o jogo traz, quanto pelo Level Design divertido de navegar. Mesmo essa movimentação e navegação toda ser divertida, o jogo é bastante linear e não permite que você saia muito dos trilhos planejados pelos desenvolvedores, o que é um pouco triste, pois diversos momentos eu queria sair explorando essa cidade exuberante e não pude.

En Garde!
Além de lindos, os cenários também possuem uma boa variedade em suas temáticas e em seus lugares exploráveis. (Imagem: Divulgação)

Além disso, essa exploração não é tão recompensadora, pois não há nenhum tipo de progresso da protagonista ou qualquer outro tipo de item coletável que influencie na gameplay. Entretanto, En Garde! tem sim alguns poucos itens coletáveis, que são basicamente documentos que expandem um pouco mais da narrativa do jogo. Para os amantes de história em jogos, pode ser um prato cheio ir atrás desses documentos, mas particularmente eu não acho que é um conteúdo que justifique explorar os cenários.

Vale a pena comprar En Garde!?

En Garde! é um jogo leve, divertido, criativo e que esbanja carisma em cada um dos seus pequenos detalhes. O jogo é uma experiência curta, de cerca de cinco horas, que entrega tudo aquilo que ele promete e nada mais, nada menos que isso. Em outras palavras, é um excelente jogo que com certeza vai te tirar alguns sorrisos, alguns momentos de epifania durante o combate e, principalmente, vai te entreter e divertir, visto que em muitos momentos me lembrou muito alguns jogos antigos que joguei na infância, em que o único objetivo era me divertir.

Entretanto, ele não é nem um pouco desafiador e muito menos complexo, então caso você esteja procurando um combate de esgrima complexo e profundo, En Garde! não é para você. Aqui o objetivo é somente a diversão, chutar uns guardas e se aventurar pela cidade no papel de Adalia de Volador, a Justiceira.

En Garde! foi desenvolvido e publicado pela Fireplace Games e está sendo lançado para PC, via Steam.

*Review elaborada em um PC equipado com uma Geforce RTX, com código fornecido pela Fireplace Games.

En Garde!

R$ 59,99
8.4

Gameplay

9.0/10

História

8.5/10

Visuais

10.0/10

Extras e Variabilidade

6.0/10

Prós

  • Gameplay simples e divertida
  • História leve e engajante
  • Adalia de Volador é maravilhosa

Contras

  • Falta de tradução para PT-BR
  • Pouco incentivo para explorar
  • O jogo é bastante curto

Matheus Feldmann

Game Designer de formação, preservador de jogos antigos, amante de MMORPG's, Jogos de Luta, jogos indies e RPG's em geral. Também assumo o posto de maior defensor de jogos ruins, especialmente Daikatana.