Crash Bandicoot 4: It’s About Time | Review
Desenvolvido pela Toys For Bob, finalmente Crash Bandicoot 4: It’s About Time está entre nós. Após longos anos de espera e incertezas com a franquia, tivemos uma continuação direta da trilogia do nosso querido Crash Bandicoot, lá do PlayStation 1, à época desenvolvido pela Naughty Dog. Já sob o domínio da Activision, em junho de 2018, contamos com o lançamento do remake da trilogia original, trazendo toda aquela nostalgia nos moldes da atual geração, e sendo um sucesso de vendas. Dessa maneira, a publisher decidiu ignorar todos os Crash que não fazem parte da trilogia (obrigado por isso!), e fazer uma continuação direta dos acontecimentos do Crash Bandicoot: Warped, o terceiro da franquia.
Buscando por inovações, a Activision deixou Crash Bandicoot 4: It’s About Time nas mãos da Toys For Bob, que foi responsável também pelo remake da trilogia de Spyro. Na nossa preview de Crash Bandicoot 4: It’s About Time, cheguei a comentar que desenvolver uma continuação de um jogo já aclamado pode ser um “tiro no pé”, pois além de ser difícil elaborar uma nova história sustentável, já que o filtro de qualidade dos fãs será mais minucioso e qualquer deslize seria o suficiente pro jogo sofrer hate.
Nós do Pizza Fria recebemos o game de forma antecipada e vamos trazer a experiência do jogo para vocês. Crash é, de longe, meu mascote favorito nos games, e como um fã posso adiantar que simplesmente adorei a minha experiência em Crash Bandicoot 4: It’s About Time (apesar de quase ter quebrado meu DualShock em alguns momentos). Venha conosco para saber um pouco mais do que lhe aguarda no jogo do nosso Marsupial favorito!
O trabalho dos Bandicoot
Quem está familiarizado com os jogos anteriores de Crash Bandicoot, sabe que a história se baseia em salvar o mundo das forças do mal, contendo uma narrativa bem divertida de se experienciar. Após os eventos do terceiro jogo da franquia, Crash e Coco Bandicoot estão vivendo tranquilamente em uma ilha paradisíaca juntamente com Aku Aku. Entretanto, um evento protagonizado pelo famoso vilão Dr. Neo Córtex, juntamente com N. Tropy e Uka Uka, sai exatamente como o planejado e eles conseguiram abrir fendas de multiversos, dando a possibilidade de dominar todo o multiverso. Dessa maneira, o jogo se inicia e devemos viajar entre dimensões para deter os vilões, e acredite muita coisa inesperada vai acontecer na trama.
Após ter terminado o jogo por completo, posso afirmar com tranquilidade que os desenvolvedores foram felizes na escolha do enredo de Crash Bandicoot 4: It’s About Time. A história do jogo te cativa desde o início, e por cima com uma temática de multiversos que encaixou perfeitamente nos moldes que a franquia Crash propõe. No mais deixarei para vocês descobrirem tudo que essa história têm a oferecer.
De dinossauros a carros voadores
Um fator importante que é um marco da franquia Crash é a sua ambientação e cenários, me lembro bem o quão incrível foi a transição de uma floresta tropical na primeira fase, para um castelo medieval em uma das fases posteriores no primeiro jogo do Crash lançado em 1996. Dessa forma, a Toys For Bob tinha a missão de manter esse legado da franquia, mas também trazer novos ares em sua ambientação, algo original e sustentável. Com o enredo de Crash Bandicoot 4: It’s About Time levando o marsupial e sua irmã para vários mundos, a riqueza em cenários e ambientações foram bem abundantes. E vale ressaltar também a fluidez e variedade de todo o cenário no fundo.
Como já havia dito, em Crash Bandicoot 4: It’s About Time visitamos várias eras das mais variadas possíveis, e felizmente a desenvolvedora trouxe uma trilha sonora específica para cada multiverso que você se encontra. O que mais me agradou foi a conversa dos acontecimentos durante a fase e a trilha sonora. Teve uma fase em especial que faço questão de citar, já que ela é ambientada nos circos dos anos 40, contendo uma trilha sonora que lembra as músicas de Cuphead. Durante meu gameplay essa fase foi o ponto que mais me marcou por sua qualidade artística. Caso você tenha dúvidas sobre comprar o jogo, procure por essa fase, pois ela sintetiza muito bem o que é o game.
Uma surpresa agradável
Crash Bandicoot 4: It’s About Time nos dá a grata possibilidade de jogarmos mais mais personagens, e não pense você que isso é apenas em um modo extra ou algo do tipo, pois elas fazem parte da história. A princípio, jogamos com Crash ou a Coco, ambos têm as mesmas habilidades e são protagonistas da história, entretanto a Toys For Bob criou histórias com alguns personagens que ocorrem em simultâneo com a fase que você está jogando com Crash. Nesse hiáto, iremos ter algumas fases a se jogar com o Dr. Neo Córtex, o hoje aposentado Dingodile e por fim a Tawna com um visual Punk vindo de um dos multiversos.
Cada personagem, com exceção do Crash e da Coco, contém habilidades especiais em Crash Bandicoot 4: It’s About Time. Quando jogamos com o Dr. Neo Córtex temos um kit específico de habilidades que conta com sua poderosa arma, com a Tawna temos um gameplays com um gancho e movimentos de giro e pulo específicos de seu kit, e por último o Dingodile sendo um personagem mais pesado pelo seu tamanho e usando uma arma que suga tudo o que ver pela frente. Enfim, nesse quesito a desenvolvedora acertou com maestria em trazer mais variedade de gameplay a Crash Bandicoot 4: It’s About Time.
Como comentei agora pouco, as histórias desses personagens se passam em simultâneo com a história do Crash, e algumas ações acabam interferindo a fase do Crash, e aqui mora um dos meus poucos problemas com o jogo. Quando esse interferência de fato ocorre, ao terminarmos a fase com o Crash irá abrir a possibilidade de jogar com algum dos personagens, e ao chegarmos na parte onde vemos a ação desse personagem interferindo o caminho do Crash, o jogo te coloca instantânemanete com o Crash para rejogar toda a fase a partir daquele ponto. O ponto é que as vezes chega a ser frustrante passar novamente por aquela fase meio que 2 vezes seguidas.
E dependendo o quão difícil for a fase, chega a irritar passar por toda aquela dificuldade quase que em um “Déja vú”. Contudo no geral, essa implementação dos novos personagens passando ao jogador a perspectiva de cada um foi uma implementação louvável que deu uma nova cara para o Crash Bandicoot 4: It’s About Time.
Level desing e jogabilidade para um “novo” Crash
O ponto mais alto dos jogos de plataforma com certeza é a jogabilidade e as fases em si, e Crash Bandicoot 4: It’s About Time tinha uma difícil tarefa de manter elementos essenciais da franquia, mas também inovar dentro do que fosse possível. Encontrar essa linha tênue não é algo simples de se arquitetar. De imediato, tivemos uma ótima remodelagem dos personagens e um aprimoramento na engine do jogo em vista do remake lançado em 2018. As habilidades que já conhecemos do Crash 3 continuam no game com os mesmos botões, o que mudou foi um pouco da sua movimentação, um double jump mais assertivo e etc. Foram mudanças que acrescentaram ao jogo.
Após o início de Crash Bandicoot 4: It’s About Time, algumas máscaras que fazem parte da lore do jogo estão espalhadas durante o game, e cada uma delas tem uma função específica que dá ao Crash algumas skills especiais, como alterar a gravidade para podermos andar no teto, parar o tempo e por aí vai. São um total de quatro máscaras. Essa implementação criou uma personalidade própria e necessária para Crash Bandicoot 4: It’s About Time, o leque de possibilidades que se abriu para combinar o level desing das fases juntamente com os poderes dessas máscaras de fato foi um acerto extremamente importante para identidade de Crash Bandicoot 4: It’s About Time.
Quem é fã da saga Crash Bandicoot sabe que a dificuldade é um pilar intrínseco nos jogos do Marsupial, e a Toys For Bob felizmente soube trabalhar isso muito bem. Quando eu disse no início desse texto que quase quebrei meu DualShock, não era brincadeira. Nas fases iniciais, até certo momento de Crash Bandicoot 4: It’s About Time, o jogo é apenas desafiador até mesmo para nós acostumarmos com a jogabilidade. Entretanto, após sermos apresentados já a algumas máscaras, a dificuldade das fases são bem elevadas e o jogo exige do jogador um tempo de reação e precisão absurda, um pequeno deslize ocasionará sua morte. E sendo sincero, isso deixou o game com a cara de Crash Bandicoot como conhecemos.
Vale fazer um adendo que em Crash Bandicoot 4: It’s About Time, os desenvolvedores manteu aquele padrão de jogabilidade que transita pelo 3D para o 2.5D e, até, ao 2D. A grande cereja do bolo é que as fases não são apenas jogadas em uma câmera, elas alternam todas essas possibilidades em uma única fase, que por sinal acrescentou positivamente ao jogo.
Modos de jogo em Crash Bandicoot 4: It’s About Time
Parte interessante de Crash Bandicoot 4: It’s About Time está nos modos extras que o jogo traz dentro e fora de sua própria história. Como já havia comentado, temos as sides quest com alguns personagens além do Crash, e agora temos também algumas fitas espalhadas pelo mapa que mostram os experimentos do Dr. Neo Córtex com o Crash lá na introdução do primeiro jogo da franquia. Essas fitas são fases extremamente difíceis onde um erro por mais bobo que seja resulta em sua morte. E claro temos também diamantes, caixas e joias escondida nas fases, e quem pretende fazer 100% do jogo pode ir preparando um chá de camomila para conseguir encontrar tudo e vencer a dificuldade do jogo.
Ponto interessante também é que foi criado um novo modo dentro das fases chamado de N. Verted (uma piada com a palavra invertido), o qual vamos rejogar as fases em um modo espelhado, basicamente iremos concluir o que já passamos invertidamente. Lembrando que esse modo é totalmente opcional e bem interessante de se jogar, porém quem almeja fazer o 100% terá que passar por todas elas, pois alguns diamantes e joias estão escondidos apenas no modo invertido.
Crash Bandicoot 4: It’s About Time traz também um modo multiplayer local separado a história principal, onde 2 jogadores disputam em uma fase quem faz o melhor tempo nelas. Pode parecer banal, mas é um modo divertido para jogar com um amigo tomando aquela coquinha gelada. Outro fator incluso ao jogo também é a possibilidade do jogador escolher jogar no modo retrô ou moderno. O modo retrô nós já conhecemos onde vamos perdendo vidas a cada morte até chegar ao game over, já o modo moderno não existe vidas para serem coletadas ou perdidas, fica apenas um contador de mortes na tela e a cada deslize do jogador ele será colocado novamente no último checkpoint.
Por fim, mas não menos importante o jogo traz um turbilhão de easter egg e referências a vários outros games, e contém uma dublagem muito boa trazendo o jogo totalmente para o portugês brasileiro.
Vale a pena comprar Crash Bandicoot 4: It’s About Time?
Antes de finalizar, quero relatar que joguei o game em um Playstation 4 Slim, e tive alguns pequenos problemas de queda de frames visíveis durante algumas cinemáticas, e também uma inconsistência e engasgamento no áudio após usar algumas habilidades. Acredito que em um futuro próximo, a Toys For Bob deva lançar alguma atualização corrigindo esses pequenos erros. Mas, no geral, tive apenas um bug mais sério em todo o jogo, quando a trilha sonora de uma fase parou e acabei concluindo ela sem áudio. Entretanto, esse bug não atrapalhou a experiência como um todo.
Já falei e torno a repetir, Crash Bandicoot é meu mascote favorito nos games, e quando essa continuação Crash Bandicoot 4: It’s About Time foi anunciada confesso que cheguei a torcer o nariz para o jogo por medo de estragarem a obra da Naughty Dog produzida nos anos 90. E com grande felicidade posso afirmar que Crash Bandicoot 4: It’s About Time está incrível, a Toys For Bob soube orquestrar bem a mescla entre a nostalgia e o novo. Basicamente é um Crash refeito do zero, com a essência do Crash que já conhecemos. Por mais que existam alguns pequenos problemas como citei acima, a experiência como um todo foi bem positiva e merece carregar o nome Crash Bandicoot.
No Brasil, Crash Bandicoot 4: It’s About Time está disponível somente em formato digital, por R$249,90 para PlayStation 4 e Xbox One.
*Review elaborada em um PlayStation 4 Slim, com código fornecido pela Activision.