ENDER LILIES: Quietus of the Knights | Review

ENDER LILIES: Quietus of the Knights é um jogo de ação e plataforma em 2D, no bom estilo metroidvania, desenvolvido em conjunto pela Livewire e pela Adglobe, sendo e distribuído pela Binary Haze Interactive. Ele te coloca nos belos sapatinhos de Lily, uma menina que acorda sem memórias em um reino em ruínas e parte em busca de respostas ao lado das almas de cavaleiros que já se foram.

Será que esse vai ser mais um metroidvania para minha lista de recomendações? É o que veremos agora, nessa análise.

Lindamente deprimente

ENDER LILIES: Quietus of the Knights teve um efeito complexo em mim, leitor. Veja, eu tenho orgulho de ser uma pessoa calejada e desiludida pelas várias decepções da vida. Futebolísticas, amorosas e em jogos de azar. Tudo isso trabalhou para me tornar o cidadão mais durão dessas bandas do Brasil. Que horror!

Veja minha surpresa, então, ao chegar ao fim de um jogo lotado de sentimentos. Só por isso eu deveria fazer uma análise terrível! Que obsceno! Brincadeiras à parte, o estilo visual e os sons de ENDER LILIES: Quietus of the Knights tiveram um impacto grande em mim. Junto de sua história e personagens, seria improvável pensar que não fosse assim.

Sem contar muito da história, ela nos coloca no papel de Lily. Ela é uma, talvez, sacerdotisa branca que se encontrar perdida ao acordar em um monte de escombros, sem memória e sem rumo. Pouco após acordar ela encontra o espírito de um cavaleiro, que começa a acompanhá-la em sua jornada em buscas de respostas e lembranças.

ENDER LILIES: Quietus of the Knights
Lily e o cavaleiro. (Imagem: Divulgação)

A trama se desenrola através do diálogo do cavaleiro, de notas e diários encontrados e das memórias vistas por Lily ao purificar os diversos chefes que encontra pelo caminho. Isso é muito interessante, pois ajuda a humanizar os vilões. Nenhum deles se tornou corrompido ao acaso, e cada um possui uma história mais triste que a outra.

Desde uma freira que se perdeu no caminho, até um cavaleiro que prometeu proteger um grupo de crianças até perder o último resquício de consciência. Até um garotinho que se tornou uma lesma monstruosa ou um cavalo que se manteve vivo pelo senso de dever para com sua mestra. Todos os inimigos são tragédias passadas, e isso ajuda muito a conferir um peso emocional para tudo que acontece.

Somado aos visuais e sons, isso tudo contribui para tornar ENDER LILIES: Quietus of the Knights uma experiência altamente melancólica e, um tanto quanto, sombria. Os cenários são escuros, destruídos e chuvosos. Os inimigos, deformados e corrompidos. Mas veja, leitor, não digo isso com maus olhos. É muito complexo criar uma atmosfera dessa, que seja genuinamente triste sem forçar a barra.

ENDER LILIES: Quietus of the Knights
Lindo e triste em igual medida. (Imagem: Divulgação)

Realmente não tenho como elogiar mais o lado artístico da obra. Eu recomendaria a experiência por isso, apenas. É realmente digno de nota e apreço quando um jogo consegue transportar tantas sensações e sentimentos de uma forma tão efetiva. Não é algo fácil de fazer, de fato.

A cereja do bolo é a jogabilidade, que é extremamente divertida. Lily conta, inicialmente, com o poder do cavaleiro negro para poder atacar. Ela mesma não bate em nada, apenas cura. Fica nas mãos de seus protetores toda a parte de quebrar o pau e mandar a louca.

As habilidades são referentes às diversas almas que a protagonista guarda dentro de si, adquiridas através de exploração e luta com chefes. Ao serem derrotados e purificados eles concedem sua alma, que permite o uso de habilidades importantes para o combate e para a exploração. Algumas, além do dano, são utilizadas para abrir caminhos por exemplo.

ENDER LILIES: Quietus of the Knights
Lily e alguns de seus guardiões em ENDER LILIES: Quietus of the Knights (Imagem: Divulgação)

Tal qual outros jogos do estilo como Lost Ruins e Phoenotopia: Awakening (meu grande amorzinho), ENDER LILIES: Quietus of the Knights se encontra no estilo que chamamos de metroidvania. Ele se resume, basicamente, em uma exploração de plataforma com combate e habilidades que são destravadas ao longo do tempo que concedem acesso às novas áreas.

Esse é um formato antigo, popularizado pelos saudosos Castlevania e Metroid, que está em moda outra vez. Particularmente, amo o gênero com todas minhas forças. O combate é super divertido, o fator de rejogabilidade é alto e a sensação de progresso ao atingir novas áreas é filé demais.

Tudo isso pode ser visto nesse jogo, dadas as várias habilidades que a protagonista tem acesso, relíquias que podem ser encontradas para aumentar atributos, formas de exploração, melhoria de personagem, enfim. Tudo casa bem e tem uma harmonia muito boa. Os controles são responsivos, os golpes têm impacto e nunca morri por falta de competência de ENDER LILIES: Quietus of the Knights. Apenas minha, mesmo. Como sempre foi, e deve ser. Excelente!

ENDER LILIES: Quietus of the Knights
Lily possui uma boa quantidade de poderes em seu arsenal. (Imagem: Divulgação)

Essas diferentes habilidades e suas formas de uso foram muito bem implementadas. Algumas se executam sozinhas, bastando apertar o botão de ativação para que o efeito ocorra e se mantenha. Por exemplo, podemos usar a alma da freira para que fique girando com dano em área enquanto usamos a do cavaleiro para atacar diretamente.

Isso confere outra camada tática aos combates, permitindo que jogadores mais habilidosos façam combos com altas quantidades de dano em um curto período. Achei uma boa adição, e um bom diferencial, visto que nem todos os jogos no estilo contam com essas opções.

ENDER LILIES: Quietus of the Knights
Uma trocação de tapa honesta. (Imagem: Divulgação)

Sons e Visuais em ENDER LILIES: Quietus of the Knights

Acredito que não precisaria falar nada, não é mesmo? Você, leitor sagaz e ligeiro que é, já deve ter percebido que achei os visuais de ENDER LILIES: Quietus of the Knights maravilhosos. Realmente levanta o ponto de que jogos podem ser vistos como expressões artísticas, e tiveram um papel essencial em gerar parte da minha sensação de maravilha pelo título.

As cores são vibrantes, ainda que escuras, e os modelos de personagens e ilustrações são simplesmente maravilhosos. Cada tela animada, cada cor selecionada, cada frame desenhado com o que me pareceu muito carinho e esmero. Realmente, não tenho o que dizer além de que ficou chique demais.

A trilha sonora não fica atrás. Músicas como a da floresta, por exemplo, me deram uma sensação de alegria e tristeza como, há tempos, não sentia. E acredito que esse era, justamente, o propósito da coisa. Todas as faixas são maravilhosas, bem compostas e carregadas de emoção e peso. Realmente sensacional.

ENDER LILIES: Quietus of the Knights
Viu como nem foi exagero? (Imagem: Divulgação)

Vale a pena comprar ENDER LILIES: Quietus of the Knights?

Então, nobre leitor, o que mais eu poderia dizer? Que ENDER LILIES: Quietus of the Knights foi uma das minhas melhores experiências do ano, até o momento? Que certamente vai figurar em minha totalmente inesperada lista de melhores do ano? Provavelmente isso, e montes a mais.

Resta que o jogo me agradou demais nos aspectos visuais, sonoros e de jogabilidade. Me diverti horrores jogando, me senti tocado pelas músicas e fiquei de queixo caído com as artes. Realmente é algo que não ocorre sempre, e que aprecio demais toda vez que acontece.

Em suma, querido leitor, digo que ENDER LILIES: Quietus of the Knights é um dos melhores jogos que tive prazer de jogar em memória recente. Independente do seu gosto pelo gênero, recomendo demais que confira. É bem feito, maravilhoso e, ainda, localizado em português. O que mais poderíamos querer?

ENDER LILIES: Quietus of the Knights chega na próxima terça-feira, 22, para PC, via Steam, e Nintendo Switch. Versões para PlayStation 4 e Xbox One estão previstas, mas ainda não ganharam data de lançamento.

*Review elaborada em um PC equipado com AMD RX, com código fornecido pela Binary Haze Interactive.

ENDER LILIES: Quietus of the Knights

10

História

10.0/10

Gráficos e sons

10.0/10

Jogabilidade

10.0/10

Extras

10.0/10

Prós

  • Jogabilidade precisa e bem feita
  • História bem construída e cheia de emoção
  • Gráfico sensacional
  • Trilha sonora impactante
  • Localizado em português

Contras

  • Me fez ter sentimentos novamente

Matheus Jenevain

    Redator de idade não especificada e habilidade excepcional (segundo o próprio, acredite se quiser). Curte Metroidvanias, RPGs e jogos de luta. Reza toda noite, intensamente, para receber um remake de God Hand. Nunca foi atendido.