Final Fantasy Crystal Chronicles Remastered Edition | Review
Mais de 15 anos após o lançamento exclusivo para GameCube, Final Fantasy Crystal Chronicles Remastered Edition aprimora o spin-off que marcou a volta da franquia Final Fantasy a um console da Nintendo. Final Fantasy Crystal Chronicles para GameCube foi o primeiro jogo resultante do reatar de laços com a Square, uma vez que Final Fantasy VI (1994) no Super Nintendo seria a última aparição da série em um console da Nintendo pelos quase dez anos seguintes. Apesar de conter elementos e referências importados da linha principal, este título os apresenta marcado pela ação e RPG misturados com multijogador. Aliás, para que quatro amigos pudessem jogar, só se todos tivessem em mãos consoles Game Boy Advance e os respectivos cabos para conectá-los ao GameCube.
Final Fantasy Crystal Chronicles foi um Final Fantasy diferente e, por isso, apesar de ter belos gráficos e uma trilha sonora memorável, nem todos os aspectos convenceram fãs da série na época. Final Fantasy Crystal Chronicles Remastered Edition ganhará versões de PlayStation 4, iOS e Android, além de – claro – uma versão para Nintendo Switch, em 27 de agosto de 2020.
A versão remasterizada adiciona dificuldade mais alta nos labirintos do pós-jogo e uma dublagem inédita, bem como melhorias visuais e músicas novas e rearranjadas. Com o intuito de atualizar o multijogador, é possível jogar pela internet e entre plataformas diferentes. Além disso, uma versão free-to-play, Final Fantasy Crystal Chronicles Remastered Edition Lite, não só oferece os três primeiros labirintos, como também acesso a outros 10 para aqueles convidados por amigos que adquiriram o jogo.
Como será que o título se comporta em relação ao cenário de hoje em dia? Se você não teve a oportunidade de jogar no Gamecube, descubra se vale a pena jogar Final Fantasy Crystal Chronicles Remastered Edition atualmente com a análise feita para o Pizza Fria!
Índice da análise de Final Fantasy Crystal Chronicles Remastered Edition
- História
- Jogabilidade
- Multijogador
- Visuais e música
- Mais sobre Final Fantasy Crystal Chronicles Remastered Edition
- Vale a pena jogar Final Fantasy Crystal Chronicles Remastered Edition?
História
Há muito tempo, um meteorito gigante caiu sobre a terra, e um miasma mortal cobriu o mundo. Os cristais mantêm o miasma mortal sob controle, mas o poder dos cristais não é eterno. Jovens aventureiros embarcam em uma jornada uma vez por ano em busca de “gotas de mirra” para purificar os cristais. Estas são as crônicas de bravos jovens aventureiros que viajam para proteger sua casa. Estas são as “Crônicas do Cristal”.
Assim começa o prefácio do jogo com o objetivo de motivar as ações e história do seu personagem. Caso não saiba, miasma (acredite, é um substantivo masculino!) é um vapor tóxico e provavelmente foi usada no jogo como alegoria à teoria miasmática do século 18 – na qual dois médicos e cientistas propuseram que todas as doenças malignas surgiam dos odores repulsivos de matéria podre e de águas contaminadas. Em contrapartida, a mirra é uma resina aromática obtida das árvores com propriedades medicinais, muito valorizada na antiguidade.
Quando Final Fantasy Crystal Chronicles saiu, a ideia de um mundo sustentável já crescia como tendência. Desta maneira, a história retrata de uma forma simples parte de um anseio crescente. Para isso, ela se apropria dos elementos citados, conferindo ares de metáfora. O miasma é um veneno espalhado mundo afora e o ar tóxico é uma realidade quase irreversível; a mirra é o antídoto que o mundo produz paulatinamente, incapaz de atender a todos ao mesmo tempo. No jogo, as escassas e preciosas gotas são obtidas pelas brilhantes árvores azuis de mirra.
Já que Final Fantasy Crystal Chronicles Remastered Edition não é o típico jogo Final Fantasy, não espere uma imersão maior. Se a preocupação ecológica é pertinente e até mesmo exposta de forma bela, por outro lado o título “Crônicas do Cristal” faz jus à simplicidade da história. Crônicas são pequenas narrativas cotidianas e a partida de cada caravana é um conto despretensioso. Logo, o jogo retrata o diário de bordo da caravana ao visitar uma região insólita em busca de uma gota de mirra.
As Crônicas do Cristal
Não há a sensação de estar numa aventura épica para curar o mundo. Isso porque partimos com o objetivo da colheita da mirra e voltar para que cada sociedade, isoladamente, possa sobreviver. Para coletá-las, cada caravana leva um cálice com a capacidade de guardar mirra. Este cálice acompanhará o jogador durante cada labirinto, porém falaremos disso mais abaixo. A cada regresso com o cálice cheio de mirra, os gigantescos cristais das vilas, quase sempre nas praças centrais, são reabastecidos e reforçam suas barreiras de proteção contra o miasma.
Posto que o personagem é criado pelo jogador e não tem um arco de história – você pode personalizá-lo com a raça, gênero e visual que quiser – além de ser mudo, a história é modesta. Não se trata de uma jornada épica, mas da coletânea de relatos, da construção do seu caderno como explorador na busca por uma medicina para manter seu lar e sua tribo a salvos. Ou seja, tenha isso em mente antes de mergulhar com o referencial de outros RPGs épicos.
Quatro raças e opções de personagem
Assim como no original, quatro tribos habitam o mundo de Final Fantasy Crystal Chronicles Remastered Edition, de tal forma que cada espécie conta com características próprias. Com o intuito de promover um jogo equilibrado, o ideal é que cada jogador da caravana seja de uma classe diferente. As quatro tribos são clavat, lilty, yuke e selkie.
Clavats são parecidíssimos com humanos e pacíficos, apesar de habilidosos em combate com espadas e escudos. Por serem a classe com mais defesa e habilidades mágicas, são ideais para iniciantes ou exploradores de primeira viagem. Por outro lado, os lilties são os melhores atacantes físicos, porém péssimos com magias e se parecem com vegetais baixinhos. Yukes são criaturas misteriosas, etéreas que adotam figuras humanoides – são os melhores magos do jogo e os piores batedores. Finalmente, os selkies também se parecem humanos, contudo, selvagens; são rápidos, fortes e seu ataque focal carrega em um instante.
Em Final Fantasy Crystal Chronicles Remastered Edition, antes de mais nada, você deve criar um personagem (ou oito, se estiver disposto a preencher a vila de uma vez). Assim, cada raça representa uma classe (respectivamente: balanceado, guerreiro, mago, ladrão) com quatro opções visuais para cada sexo. Em seguida, nome e uma profissão que determinará qual casa a família deste personagem ocupa no vilarejo. É possível preencher todas as oito vagas para cada arquivo salvo e alternar entre os personagens criados.
Moogles – a quinta raça
Ainda que não seja jogável, moogles compõem a quinta raça presente em Final Fantasy Crystal Chronicles Remastered Edition. Moogles são criaturinhas fofinhas com asas de morcego. No entanto, não se deixe enganar pela aparência inofensiva, já que um deles, Mog, será seu companheiro caso jogue sozinho e ajudará com magias.
Ninhos de moogles estão espalhados por todo o mundo, de tal forma que é possível encontrá-los até pelos labirintos mais hostis. Encontrá-los, aliás, é uma espécie de grande missão secundária, já que cada um abriga um moogle disposto a carimbar seu cartão com selos (quase um cartão fidelidade).
Ao completar um grupo do cartão colecionável, a função Mimic fica disponível e você pode usar skins pelos labirintos. No total, são 23 selos com o objetivo de oferecer novos visuais ao personagem de acordo com sua classe. Pacotes de conteúdo adicional estão programados e trarão skins de personagens emblemáticos dos derivados de Crystal Chronicles lançados para Nintendo DS e Nintendo Wii. Salvo as forças específicas de cada classe, ao usar o Mimic, as diferenças são meramente estéticas.
Jogabilidade
Estrutura do jogo
Ao se começar a jornada na vila, jogadores devem manter laços com sua família já que a cada gota de mirra colhida poderá receber cartas e respondê-las enviando presentes e agradecimentos. Quanto melhor a relação com familiares, melhores descontos em diferentes itens. Para isso, vale mandar itens que têm a ver com a profissão de sua família (por exemplo, mande ferro e aço se forem ferreiros). O problema é que nem sempre fica muito claro quais itens são as melhores opções e o jogo não conta com um glossário interno.
Uma vez que estiver com sua caravana livre para andar pelo mundo, tem-se uma visão geral do mapa. É só escolher a rota e ir rumo ao ícone de cada labirinto ou vilarejo. Eventos aleatórios podem acontecer principalmente nas encruzilhadas, apresentando novos personagens. A princípio, parecem histórias desconexas, porém, com o passar da jornada, caracterizam toda a geopolítica e nos fazem conhecer os aventureiros que encontramos pelo caminho.
Das encruzilhadas, resta colher mirra algumas vezes até encher o cálice e poder voltar para a vila com o objetivo de reabastecer o grande cristal. Ao fazer isso, um ano se passa e as árvores colhidas não darão mirra novamente nem neste e nem no seguinte.
Entretanto, cada vez que a árvore produz mirra novamente, ocorre o que o jogo chama de “mudança de ciclo”, mudando a configuração do labirinto com inimigos mais difíceis e melhores recompensas. Em raras ocasiões, novas passagens são abertas e comerciantes viajantes transitam pelo mapa. Por fim, são três ciclos por labirinto, exceto para o último labirinto, que tem apenas um.
Toda essa estrutura torna as tarefas repetitivas, mesmo quando os eventos e os personagens possuem algum carisma. A indicação visual do ciclo é quase imperceptível, uma vez que é preciso ir até o labirinto e conferir se há um, dois o três ícones sutis no quadro. A navegação é lenta e não há nenhuma espécie de viagem rápida, o que torna encruzilhadas e seus encontros em inconvenientes. Felizmente, à medida que progredimos, o ritmo parece melhorar, porém não alcança a celeridade com qual estamos acostumados hoje em dia.
A lentidão também está presente nos confusos menus e na burocracia para acessá-los. Belamente ilustradas, as telas de pausa são lentas para acessar e também durante transições.
Labirintos
Final Fantasy Crystal Chronicles Remastered Edition é uma espécie híbrida de de ação, hack and slash e RPG. Por isso vemos os inimigos andando pelos labirintos e podemos “escolher” as rotas ao enfrentá-los ou evitá-los. Não há batalhas de turnos visto que o combate toma lugar ali, no campo. Durante a campanha, são 13 labirintos. Outros 13 foram incluídos na remasterização e fazem parte do pós-jogo com uma escalada na dificuldade, trazendo novos itens e melhores chances de encontrar itens raros. A inclusão é bem-vinda sobretudo com o multijogador, aumentando a vida útil do jogo.
Antes de mais nada, ao começar um labirinto, a tela de preparação sorteia um desafio bônus. Entre as possibilidades, estão objetivos como derrotar inimigos com ataques concentrados, derrotar inimigos com magias, causar dano, entre outros. A pontuação invisível durante a exploração aparece numa tela final com a classificação dos jogadores. Estes desafios, seja sozinho, seja em grupo, podem ser divertidos ou completamente ignorados, já que é preferível, às vezes, partir para cima dos inimigos do que perdendo tempo com magias ineficazes ou concentrando ataques para errar em seguida.
Cada local é único em visual e layout, o que instiga até o jogador mais distraído. Escondidos pelos labirintos estão passagens secretas, inimigos com chaves para áreas restritas e baús com tesouros. Baús, tanto quanto inimigos, podem presentear jogadores com receitas para armas melhores, artefatos e itens diversos. Por sua vez, os artefatos melhoram atributos do personagem, como ataque, magia, ou aumentam o inventário. O propósito da tela de classificação é definir a ordem de escolha dos artefatos encontrados. Assim, o primeiro lugar é primeiro a definir qual artefato quer. Em seguida, o segundo, e assim vai.
Ao final da maioria dos labirintos, a árvore com mirra espera para ser recolhida. Cada um possui elementos específicos (água, fogo, vento, terra e Holy), que alteram as propriedades do cálice e são necessários para atravessar grandes correntes de miasma e avançar no jogo. Ao final de cada labirinto, a recompensa chega na forma da desejada uma gota de mirra.
Mapeamento complicado dos controles
Final Fantasy Crystal Chronicles tinha um leiaute extremamente simplificado de comandos, mesmo que um controle fosse usado no modo solo. Isso se deve uma vez que o modo multijogador estava acessível apenas usando consoles Game Boy Advance conectados ao GameCube. Desta maneira, todas as ações deveriam ser traduzidas para um portátil com um direcional, quatro botões (A, B, L e R), além de Start e Select.
É provável que os principais problemas de Final Fantasy Crystal Chronicles Remastered Edition estejam presentes sempre que o assunto for jogabilidade. Por mais que a equipe de desenvolvimento tenha tentado modernizar o jogo com adição de multijogador online, priorizou comandos estranhos e manteve vícios desnecessários, inadmissíveis para um jogo moderno às vezes.
Por exemplo, os botões superiores (L e R no Nintendo Switch; L1 e R1 no PlayStation 4) servem para alternar a ação entre atacar, defender e usar qualquer item equipado do inventário. Em qualquer um dos consoles, apenas um botão executa a ação, isto é, A no Switch e X no PS4. Para piorar, a menos que você tenha apenas um espaço de inventário equipado, a rolagem da lista pode ser imensa.
E você pode se perguntar – “Ué, e os outros botões?” De fato, eles estão mapeados, mas usando as marcações do Switch como referência: B recolhe itens do chão, assim como o cálice; Y dá acesso aos menus; X ordena Mog a deixar o cálice no chão ou a recolhê-lo, quando jogando sozinho, ou abre a janela com frases pré-programadas para o chat, quando no multijogador. Não encontrei nenhum uso produtivo para LZ e RZ. Não seria mais fácil ter um botão dedicado para atacar com a espada, outro para defender com o escudo e um terceiro (e talvez quarto) para espaços do inventário? Se L e R fossem liberados da função de rolar ações, já seriam dois botões livres para novas ações.
O analógico, tanto quanto o direcional, controla o personagem. Aliás, recomendo usar o direcional, já que ao invocar o menu, apenas este funciona. Além disso, é estranho navegar pelas abas de inventário, equipamento, já que é obrigatório confirmar ou cancelar o acesso a cada uma delas. Isso seria facilmente corrigido aceitando que os botões superiores de cada lado fizessem a navegação.
Combate
Apesar de ter um mapeamento esquisito, o combate dentro dos labirintos é ideal para o estilo proposto por Final Fantasy Crystal Chronicles Remastered Edition. Não há muito no que pensar de início. Ande, encontre inimigos e – de acordo com seu estilo de batalha – parta para o ataque. Com a ação de ataque é possível golpear a espada e, acerte novamente o inimigo iluminado para deferir um forte combo e causar mais dano.
Ainda com a espada, segure o botão de ação por um tempo e um círculo aparece no chão. Este ataque é o ataque concentrado (Focus Attack), uma pancada devastadora, ainda que seja muito cansativo jogar usando-a repetidamente.
A outra opção para atacar são as magias. Final Fantasy Crystal Chronicles Remastered Edition traz as clássicas da franquia: Fire, Blizzard, Thunder, Cure, Clear, Raise, Holy, Gravity, Life, Slow, Haste e Stop. Ainda é possível combiná-las em versões mais potentes e de mais de uma forma.
Para isso, se estiver em modo multijogador, dois jogadores devem liberar, por exemplo, Fire sincronizadamente, deferindo Fira. Isso também vale sozinho, mas coordenar magias com Mog é um pouco desengonçado. A outra forma de potencializar o ataque mágico receber a mesma magia duas vezes e combiná-la no inventário.
Por falar em combinações, é possível fazer fusões entre magias diferentes e gerar uma terceira. Desta maneira, por exemplo, para ter Holy, experimente a fusão de Fire (ou Blizzard, ou Thunder) seguida de Life. Só para exemplificar, para ter Holyra, a fórmula seria Fire, Life e Life novamente.
Apesar de não ser perfeito, o combate entrega uma experiência de alguma forma dinâmica. O cenário ideal é poder conversar por voz com amigos no multijogador para poder coordenar a ação e quem fica responsável pelo cálice. Final Fantasy Crystal Chronicles Remastered Edition tem dezenas de inimigos únicos, apresentando uma boa variedade de adversários diferentes e que devem ser derrotados com as mais diversas estratégias. Alguns são resistentes a ataques físicos, enquanto outros são fracos a magias elétricas.
Isso sem contar os chefes, com visuais únicos e quase sempre trabalhosos. Jogar em equipe é o melhor remédio para não passar minutos e mais minutos se afastando, procurando um lugar para se recuperar e voltar atacar, já que eles são feitos para o confronto contra quatro jogadores e não apenas um.
Jogando sozinho – melhor estar mal acompanhado
Já que Final Fantasy Crystal Chronicles Remastered Edition não foi recalibrado com o intuito de uma experiência para um único jogador, as coisas ficam meio estranhas. Duas são facilmente detectáveis: em razão da alta dificuldade ao se jogar sozinho, o ritmo nos labirintos é mais lento e, portanto, demoram mais para serem explorados.
Em decorrência dessa combinação, os chefes ao final de cada labirinto apresentam barras de saúde que parecem exponencialmente maiores quando comparadas a uma jogatina em grupo. Para isso, falarei do multijogador abaixo. Pelo menos você conta com Mog, como citamos, o moogle que carrega o cálice (às vezes) e ajuda (também às vezes).
Por fim, tentar explorar o jogo sem companhia pode ser uma tarefa demandante e tediosa, uma vez que labirintos serão repetidos para garimpar melhorias de força e magias do personagem criado.
Meu amigo Mog
Como dissemos, Mog é o responsável por carregar o cálice para jogadores solitários. Ele fica cansado e reclamão às vezes, pedindo para que você divida a tarefa com ele um pouco. Se não o fizer, ele fica lento e você precisará estar atento para não ultrapassar a barreira de proteção. Por isso, a melhor estratégia é pegar o cálice logo que ele disser e carregá-lo por um tempinho até Mog avisar que já está “de boa”.
Dependendo de quão quente ou frio um labirinto, Mog pode se cansar mais rapidamente. Cortar seu pelo ou deixá-lo comprido pode dar mais ou menos energia ao parceiro. Por exemplo, se estiver com o cabelo curto justo antes de se aventurar em Kilanda ou em Lynari Desert, Mog aguentará carregar o cálice por mais tempo, já que não o deixa com calor. Em contrapartida, é melhor brigar com o barbeiro quando viajar por Tida, Connal Church, Rebena Tera, Mount Vellenge, Selepation Cave e Veo Lu Sluice com o objetivo de deixá-lo aquecido.
De acordo com a cor escolhida, Mog provavelmente usará uma magia ou outra. Só pra exemplificar, se estiver vermelho, é provável que o auxílio seja Fire. Assim como se pintado de azul, prepare-se para ver Blizzard com mais frequência. Por fim, verde para Thunder. Quando branco, a magia é igualmente aleatória.
Multijogador
A experiência ideal
Akitoshi Kawazu, produtor do jogo, considera o fato de Final Fantasy Crystal Chronicles Remastered Edition ser voltado para vários jogadores como sua principal característica. E, ainda que seja o ponto alto, novos problemas foram criados nesta versão.
Entretanto, vamos falar antes que Kawazu tem razão e com quatro pessoas Final Fantasy Crystal Chronicles Remastered Edition assume sua verdadeira forma e oferece o máximo de diversão. A coordenação é fundamental para garantir o sucesso da jornada. A partir do momento que a opção para jogar com outras pessoas é habilitada, Mog não aparecerá no labirinto mesmo se você ficar sozinho – portanto esteja certo de que terá companhia. Assim, jogadores devem decidir quem carregará o cálice e em quais circunstâncias. Parte do loot é compartilhado, exceto as esferas com as magias e, claro, os artefatos escolhidos ao final.
Independentemente de problemas técnicos, o multijogador é sim a experiência ideal para curtir Final Fantasy Crystal Chronicles Remastered Edition e fica melhor com a sala cheia.
Facilidades e novas barreiras para se jogar em grupo
Quantas vezes você já leu que era complicado jogar com amigos devido à parafernália requerida? Pois então: hoje podemos jogar online e com direito a cross-play. Isto é, as versões de todas as plataformas interagem entre si.
Mesmo assim, o jogo original tinha cooperação local na mesma tela, algo que foi completamente removido de Final Fantasy Crystal Chronicles Remastered Edition, que tampouco permite a jogatina em rede local. Desta maneira, Final Fantasy Crystal Chronicles Remastered Edition torna obrigatória a assinatura de serviços online para aproveitar o multijogador nos consoles Nintendo Switch e PlayStation 4. Jogadores dos sistemas Android e iOS não precisam pagar nenhum serviço adicional.
Menus e códigos confusos
Ainda que funcione, a tela para adicionar amigos é separada da porção para criar e buscar jogos em rede. Resumidamente, adicionar um amigo consegue ser pior que os temidos Friends Codes de um console Nintendo: Final Fantasy Crystal Chronicles Remastered Edition gera um código de seis dígitos que vale por meia hora e ambos precisam se seguir mutuamente para confirmar a amizade. Seis também são os dígitos para buscar uma sala específica, ou seja, mais um ingrediente para confundir.
Aqui no Pizza Fria, testamos Final Fantasy Crystal Chronicles Remastered Edition entre Nintendo Switch e PlayStation 4, com a ajuda do Lucas Soares. Ao trocarmos convites, apesar de a tela geral claramente indicar Y como botão para checar convites, nada acontecia ao pressioná-lo. Só conseguimos acessar o jogo do outro ao desbravarmos o menu com opções online.
Um pouco de lag
Em nossos testes, Final Fantasy Crystal Chronicles Remastered Edition apresentou alguns atrasos de comunicação, o famigerado lag, ou latência. Nada que comprometesse muito a experiência, mas sincronizar magias Fire em busca de Firaga, por exemplo, não aconteceu e provavelmente só acontecerá com um pouco de sorte.
O mesmo aconteceu durante a busca aleatória por jogadores, só que desta vez a demora também existiu até encontrar um jogador. Sem dúvida a população com Final Fantasy Crystal Chronicles Remastered Edition antes do lançamento era pequena e espero que o jogo consiga criar uma comunidade ativa por um bom tempo.
Migre seu arquivo salvo gratuitamente
Já que Final Fantasy Crystal Chronicles Remastered Edition é multiplataforma, é possível adquirir o jogo em mais de um sistema. Com o intuito de facilitar a vida dos jogadores, a Square Enix disponibiliza o serviço para migrar o progresso de jogadores gratuitamente entre as versões de Nintendo Switch, PlayStation 4, iOS e Android. O processo é intuitivo e pode ser iniciado a partir da primeira tela de Final Fantasy Crystal Chronicles Remastered Edition.
Apenas um amigo precisa ter o jogo – vantagens da versão Lite
Um excelente aspecto de Final Fantasy Crystal Chronicles Remastered Edition é a possibilidade de convidar amigos que não possuem o jogo para curtir a aventura juntos. Para isso, a Square Enix fez a demonstração com o nome de Final Fantasy Crystal Chronicles Remastered Edition Lite. A compilação não só permite aos usuários a exploração dos três primeiros labirintos quando sozinhos, como também libera todos os 13 labirintos durante o multijogador quando convidados por alguém que tenha o jogo.
Visuais e música
Atmosfera bucólica
O diretor de arte e designer de personagens Toshiyuki Itahana descreve a atmosfera de Final Fantasy Crystal Chronicles Remastered Edition como tendo uma atmosfera pastoril, bucólica. E o que percebo é bem isso mesmo.
O título de GameCube já era uma façanha com belos gráficos e composições memoráveis, já que seu desenvolvimento durou aproximadamente apenas um ano. Ainda que muitas texturas entreguem que se trata de um jogo antigo rodando em alta definição, Final Fantasy Crystal Chronicles Remastered Edition aproveita os modelos de cenários e de personagens de quase 15 anos atrás sem perder a compostura. Se bem que as texturas dos personagens parecem ter sido atualizadas e, a sua maneira, conseguem brilhar.
Os gráficos não causam estranheza e podemos afirmar, sem medo, que o visual de Final Fantasy Crystal Chronicles Remastered Edition é consistente e não cansa a vista. Claro, a imaginação cria algumas asas e ficamos pensando como seria se explorada a capacidade de uma atualização completa – assim como se o combate e controles fossem mais bem repaginados.
Todos os lugares carregam uma áurea única e nos transportam num convite imersivo a descobrir e analisar o cenário. A variedade surpreende principalmente porque Final Fantasy Crystal Chronicles Remastered Edition é fiel ao jogo de 2004. Cada labirinto é rapidamente identificável graças a essa personalidade artística e única – seja uma floresta, seja uma mina abandonada, seja uma mansão de monstros.
Apesar de toda a desgraça que paira sobre o mundo de Final Fantasy Crystal Chronicles Remastered Edition, os cenários e até algumas das animações farão qualquer um que tenha aproveitado a era GameCube-PlayStation 2-Xbox pensar quão incrível foi o feito do jogo na época.
Melodias memoráveis e dublagem em inglês
A trilha sonora original era tão boa que ganhou um cultuado lançamento em CD. O uso incomum de flautas e de orquestra presenteiam os ouvidos mais exigentes. Um dos principais pontos altos de Final Fantasy Crystal Chronicles Remastered Edition é a regravação da trilha, cujas composições foram rearranjadas. Além disso, algumas peças inacabadas antes do lançamento do jogo original foram finalizadas e incluídas na remasterização. A mesma personalidade dos visuais é capturada pela música ambiente e pelos temas de labirintos e vilarejos presentes em Final Fantasy Crystal Chronicles Remastered Edition.
Além disso, esta edição é a primeira a incluir dublagem para todos os encontros principais, algo muito divulgado pela publicidade do jogo.
Entretanto, infelizmente o mesmo talento dos músicos não se encontra na qualidade da direção de dublagem ou dos atores responsáveis. As falas são entregues mecanicamente, de maneira pasteurizada e sem emoção alguma. Um pequeno delito: além de soarem quase todos iguais, a voz de personagens com capacetes, por exemplo, nem mesmo soa abafada.
Mais sobre Final Fantasy Crystal Chronicles Remastered Edition
Diferenças em relação ao original
Com o intuito de reapresentar o jogo a fãs e novatos, a Square Enix publicou um vídeo sobre o desenvolvimento de Final Fantasy Chronicles Remastered Edition (áudio em japonês, legendas em inglês). Final Fantasy Crystal Chronicles Remastered Edition perde o modo multijogador em tela local em troca de um multijogador exclusivo por meio da internet e entre as plataformas, ainda que isso signifique o pagamento de um serviço. A remasterização ainda traz gráficos em alta definição sem alterar muito texturas e modelos, dublagem em inglês, trilha sonora atualizada com novas composições e regravações, nova interface e adição de um minimapa.
Breve histórico e legado de Final Fantasy Crystal Chronicles
Em 2003, a franquia Final Fantasy voltaria a um console Nintendo na forma do spin-off Final Fantasy Crystal Chronicles. Até a chegada Final Fantasy Crystal Chronicles Remastered Edition, o título era exclusivo para o GameCube porque a própria Nintendo o publicou ao reatar laços com a Square Enix. O estúdio responsável pelo desenvolvimento original era subsdiário à Square Enix com o nome de fachada de The Game Designers Studio, dirigido por ninguém menos que Akitoshi Kawazu, cocriador de Final Fantasy. Para entender todo o processo, recomendamos o vídeo “A História de Final Fantasy Crystal Chronicles” (em inglês).
O jogo ainda renderia outros cinco derivados com continuidade entre as histórias, desta forma abrangendo dois milênios de contos. Sem dúvida, o legado é grande, posto que foram lançados Final Fantasy Crystal Chronicles: Ring of Fates (2007) para Nintendo DS, Echoes of Time (2009) saiu para o portátil, tanto quanto para Nintendo Wii. O console, por sua vez, receberia ainda em 2009 The Crystal Bearers e mais dois títulos pelo serviço digital WiiWare: My Life as a King e a sequência direta My Life as a Darklord.
Vale a pena comprar Final Fantasy Crystal Chronicles Remastered Edition?
Já que pode ser considerado um pseudo-remake com roupa de remasterização, Final Fantasy Crystal Chronicles Remastered Edition apela à nostalgia daqueles que jogaram o título no GameCube, tanto quanto apela aos fãs da série Final Fantasy. Contudo, é obrigação informar que esta entrada é um Final Fantasy muito diferente do que normalmente se espera, com combate hack and slash e ação disfarçados de um RPG com ênfase no modo multijogador.
A história e os dilemas dos personagens não são as estrelas no jogo que brilha quando se joga acompanhado. E, se jogar junto é o status quo de Final Fantasy Crystal Chronicles Remastered Edition, como podem os menus e a interface serem tão pouco acessíveis e confusos? Começar o modo multijogador é perfeitamente possível, mas pouco intuitivo.
Além disso, Final Fantasy Crystal Chronicles Remastered Edition herda alguns vícios de 15 anos atrás por causa de limitações do Game Boy Advance a respeito da quantidade de botões. Isto acarreta num controle pouco intuitivo e atrapalhado, para não dizer desgastante – algo quase imperdoável hoje em dia.
O último aspecto negativo é a dificuldade irregular – nem inimigos comuns e nem chefes escalam de acordo com a quantidade de jogadores na tela, o que torna a tarefa demasiadamente árdua pra quem joga sozinho e extremamente fácil para aqueles com a caravana cheia.
Apesar disso, é possível encontrar beleza na simplicidade de sua narrativa, que é despretensiosa. Os visuais e a trilha sonora ajudam a construir uma ambientação de sonhos em um mundo desolado e praticamente sem conserto onde a missão é poder garantir a sobrevivência de seu vilarejo. A personalidade de todos os labirintos é única e a variedade de personagens ajuda a mergulhar nessa fantasia.
As falhas mecânicas podem – e são – superadas pela diversão em reunir amigos e atravessar os labirintos em um exercício de coordenação que só Final Fantasy Crystal Chronicles Remastered Edition pode oferecer, já que ar venenoso faz todos andarem próximos uns aos outros.
Com sua parcela de erros e acertos, é impossível também não citar a estratégia da Square Enix ao oferecer Final Fantasy Crystal Chronicles Remastered Edition Lite como uma boa demonstração que permite usuários explorarem quase toda a campanha quando convidados por amigos com o jogo completo. É impossível recomendar ou desprezar um jogo como Final Fantasy Crystal Chronicles Remastered Edition já que é tão específico e diferente. Por isso, se tiver o costume de jogar online e tenha um grupo de mais três amigos, aproveitem a versão de demonstração incomum e façam o teste. Não custa nada.
Talvez seja essa minha recomendação e, se gostarem, quem sabe não valha a pena dividir o valor e continuar jogando juntos no pós-jogo com novos desafios? Como disse, Final Fantasy Crystal Chronicles Remastered Edition passa uma sensação única e tem uma ambientação muito diferente quando comparado com qualquer outro jogo da linha principal de Final Fantasy. Ou com qualquer outro jogo. Logo, vale a experiência.
*Review elaborada em um Nintendo Switch, com código fornecido pela Square Enix.
Final Fantasy Crystal Chronicles Remastered Edition
R$ 124,90Prós
- Diversão para quatro jogadores em cooperação
- Visuais bonitos, ainda que antigos em alta definição
- Bela trilha sonora
- Variedade de labirintos e cuidado artístico transportam o jogador
Contras
- Controles pouco refinados com as limitações impostas pela versão original
- Multijogador apenas online
- Interface lenta e confusa
- Dificuldade irregular ao jogar sozinho ou acompanhado
- Dublagem medíocre em inglês, não conta com legendas ou texto em português